A produção de conídios do antagonis- ta ALF247 foi afetada significativamente pela de fonte de inóculo e também pela formulação do substrato, assim também para a interação dessas duas condições, no nível de 5 % de probabilidade. Os resulta- dos observados para as diferentes fontes de inóculo e o efeito do acréscimo de nu- trientes na fonte básica de arroz usada no meio de cultivo para multiplicação do fungo estão apresentados na Tabela 1.
Foi verificado que entre os tipos de fonte de inóculo, a adição dos discos de micélio + conídios foi o melhor veículo
para multiplicação do fungo T. martia-
le, seguido pela suspensão de conídios.
O emprego de arroz pré-colonizado não foi eficiente como inóculo. Entre as for- mulações dos substratos, a presença de CaCO3 com e sem ureia estimularam um aumento significativo na produção coni- dial em relação ao uso somente da ureia ou ao controle com água. A melhor res- posta foi obtida utilizando-se discos de micélio + conídios em arroz enriquecido com CaCO3, que superou significativa- mente todas as outras combinações de
fonte de inóculo e acréscimo de nutrien- tes que foi aqui avaliada.
Em seguida, foi também avaliado o efeito da sensibilidade do isolado antago- nista ALF247 a fungicidas na fase da ger- minação dos conídios. Foram avaliados dois fungicidas, o hidróxido de cobre e Fosety-Al um fungicida sistêmico específi- co para controlar espécies de Straminipile, tais como Phytophthora spp. Inicialmente suspensão de 106 conídios mL-1 foi depo- sitada nas soluções dos fungicidas, hidró- xido de cobre (1,5% de ingrediente ativo) e fosetyl-Al (0,4 % de ingrediente ativo) e mantidas a 25ºC, por 30, 60, 90, 120 e 180 minutos. Após o período de incubação, a germinação dos conídios foi avaliada.
A média de germinação dos conídios variou entre 91,3 e 94,7 %, não havendo diferenças significativas entre os tra- tamentos (p>0,05). Estes resultados mostram que o isolado ALF247 não apre- senta sensibilidade a nenhum dos dois fungicidas mais utilizados no controle da doença. Portanto, o antagonista pode ser utilizado num eventual possibilidade de combinação entre agente biocontrole e fungicida. As pesquisas já desenvolvidas apontam para o potencial de adoção de práticas de controle biológico com Tricho-
derma para minimizar ou controlar o os
problemas decorrentes da proliferação da podridão parda nos frutos de cacau cujo aumento é considerado generalizado na áreas de produção.
CONCLUSÕES
Foi demonstrado o potencial de ino- culação do isolado ALF247 (Trichoder-
ma martiale) como agente biológico no
Tabela 1. Avaliação da produção conidial do isolado
ALF247 de Trichoderma martiale utilizando-se arroz como substrato de crescimento, suplementados com diferentes nutrientes, em condições controladas. *1
Acréscimo de
nutrientes Fontes de inoculo (10Produção de conídios7 conídios g-1 de arroz)
CaCO3 Micélio +
conídios 10,17 a CaCO3 + ureia Micélio + conídios 8,50 b Ureia Micélio + conídios 8,60 b Controle Micélio + conídios 7,20 c CaCO3 Suspensão de conídios 5,53 d CaCO3 + ureia Suspensão de conídios 9,77 a Ureia Suspensão de conídios 6,50 c Controle Suspensão de conídios 4,30 e CaCO3
Arroz pré-
colonizado 4,10 e CaCO3 + ureia Arroz pré-
colonizado 1,70 f Ureia Arroz pré-
colonizado 1,53 f Controle Arroz pré-
colonizado 1,97 f *1Médias seguidas pela mesma letra não diferem significa-
tivamente de acordo com o teste Scott-Knott (P>0,05). O coeficiente de variação foi de 8,8%. (Adaptado de Hanada et al. 2009).
controle da podridão parda causada por
Phytophthora palmivora em frutos de ca-
caueiro (Theobroma cacao).
A multiplicação do inóculo ALF247 foi eficaz quando utilizou-se discos de micélio + conídios em substrato de arroz
enriquecido com CaCO3, que favorece
o incremento de população fúngicas em níveis que viabilizam o seu emprego como inoculante em práticas de controle bioló- gico nas áreas de produção cacaueira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bailey, B.A., Melnick, R.L. 2013. The Endophytic Trichoderma. In: Mukherjee, P.K.; Benjamin, A.H.; Singh, U.S.; Mukherjee, M. (Eds.)
Trichoderma: Biology and Applications.
CAB International. p. 154-174. Benítez, T.; Rincón, A.M.; Limón,
M.C.; Condón, A.C. 2004. Biocontrol mechanisms of Trichoderma strains.
International Microbiology, 7(4): 249-260.
Bettiol, W.; Ghini, R. 2003. Proteção de plantas em sistemas agrícola alternativos. In: Campanhola, C.; Bettiol, W. (Ed.) Métodos alternativos
de controle fitossanitário. Jaguariúna:
Embrapa Meio Ambiente. p. 79-95. Carvalho Filho, M.R.; Mello, S.C.M.; Santos,
R.P.; Menezes, J.E. 2008. Avaliação de
isolados de Trichoderma na promoção de crescimento, produção de ácido indol acético in vitro e na colonização endofítica de mudas de eucalipito. Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia. 15p. Chet, I.; Inbar, J. 1994. Biological Control of
Fungal Pathogens. Applied Biochemistry
and Biotechnoogy,. 48: 37-43.
De Meyer, G.; Bigirimana, J.; Elad, Y.; Hofte, M. 1998. Induced systemic resistance in
Trichoderma harzianum T39 biocontrol
of Botrytis cinerea. European Journal
of Plant Pathology, 104: 279-286.
El-Katatny, M.H.; Somitsch, W.; Robra, K.H.; El-Katatny, M.S.; Gubitz, G.M. 2000. Production of chitinases and β 1,3-glucanase by Trichoderma harzianum for control of the phytopathogenic fungus Sclerotium rolfsii. Food
Technology Biotechnology, 38: 173-180.
Gajera, H.; Domadiya, R.; Patel, S.; Kapopara, M.; Golakiya, B. 2013. Molecular mechanism of Trichoderma as bio-control agents against phytophatogen system - a review. Current Research
Microbial Biotchen., 1(4): 133-142..
Hanada, R.E.; Souza, J.T.; Pomella, A.W.V.; Hebbar, K.P.; Pereira, J.O.; Ismael, A.; Samuels, G.J. 2008. Trichoderma
martiae sp. nov., a new endophyte
from sapwood of Theobroma cacao with a potential for biological control.
Mycological Research, 112: 1335-1343.
Hanada, R.E.; Pomella, A.W.V.; Ramirez, W.S; Loguercio, L.L.; Pereira, J.O. 2009. Biocontrol potential of Trichoderma
martiale against black-pod disease
(Phytophthora palmivora) of cacao.
Biological Control, 50: 143-149.
Hanada, R.E.; Pomella, A.W.V.; Costa, H.S.; Bezerra, J.L.; Loguercio, L.L.; Pereira, J.O. 2010. Entophytic fungal diversity in Theobroma cacao (cacao) and T. grandiflorum (cupuaçu) trees end their potential for growth promotion and bio control of black-pod disease.
Fungal Biology, 114: 901-910.
Harman, G.E. 2000. Myths and dogmas of
biocontrol: Changes in perceptions derived
from research on Trichoderma harzianum T-22. Plant Disease, 84: 377-393.
Harman, G.E.; Howell, C.R.; Viterbo, A.; Chet, I.; Lorito, M. 2004. Trichoderma species - Opportunistic, a virulent plant symbionts. Nature Reviews, 2: 43-56. Hermosa, R.; Viterbo, A.; Chet, I.;
effects of Trichoderma and of its genes. Microbiology, 158: 17-25. Howell, C.R. 2003. Mechanisms employed
by Trichoderma species in the biological control of plant diseases: The history and evolution of current concepts. Plant Disease, 87: 4-10. Kirk, P. 2013. Index Fungorum. CABI
Bioscience, CBS and Landcare Resarch. Disponível em: <www.indexfungorum. org> Acesso em: 10/02/2013.
Lisboa, B.B.; Bochese, C.C; Vargas, L.K.; Silveira, J.R.P. 2007. Eficiência de
Trichoderma harzianum e Gliocadium viride na redução da incidência
de Botrytis cinerea em tomateiro cultivado sob ambiente protegido. Ciência Rural, 37(5): 1255-1260. Lucon, C.M.M. 2008. Trichoderma no
controle de doenças de plantas causadas por patógenos de solo. Instituto Biológico. Disponível em <www.biológico.
sp.gov.br>. Acesso em: 02/02/13. Machado, D.F.M; Parzianello, F.R.; Silva,
A.C.F.; Antoniolli, Z.I. 2012. Trichoderma no Brasil: O Fungo e o Bioagente. Revista
de Ciências Agrárias, 35(1): 274-288.
Melo, I.S. 1998. Agentes microbianos de controle de fungos fitopatogênicos. In: Melo, I.S.; Azevedo, J.L. (Eds.).
Controle Biológico. v. 1. Embrapa-
CNPMA. Jaguariúna, SP, p.17-68. Melo, I.S.1996. Trichoderma e Gliocladium
como bioprotetores de plantas. Revisão
Anual de Patologia de Plantas, 4: 261-295.
Ozbay, N; Newman, S.B. 2004. Biological control with Trichoderma spp. with emphasis on T. harzianum.
Pakistan Journal of Biological Sciences, 7(4): 478 -84.
Torres, J.B.; Michereff, S.J. 2000. Desafios
no manejo integrado de pragas e doenças. Recife, Ufrpe. 247p.
Romão, A.S. 2010. Análise da Comunidade
fúngica associada à cana-de-açúcar e estudos da interação Trichoderma virens - planta hospedeira. Doutorado
em Ciências: Genética e Melhoramento de Plantas. ESALQ: Piracicaba. 264p. Sanogo, S.; Pomella, A.; Hebbar, P.K. 2002.
Production and germination of conidia
Trichoderma stromaticum, a mycoparasite
of Crinipelis perniciosa on cacao.
Phytophatology, 92 (10): 1037-1047.
Souza, A.Q.L.; Souza, A.D.L.; Astolfi Filho, S.; Pinheiro, M.L.B.; Sarquis, M.I.M.; Pereira, J.O. 2004. Atividade antimicrobiana de fungos endofíticos isolados de plantas tóxicas da
Amazônia: Palicourea longiflora (Aubl.) Rich e Strychnoscogens bentham.
Acta Amazonica, 34: 185-195.
Schirmbock, M.; Lorito, M.; Wang, Y.L. 1994. Parallel formation and synergism of hydrolytic enzymes and peptaibol antibiotics, molecular mechanisms involved in the antagonistic action of Trichoderma harzianum against phytopathogenic fungi. Applied and
Environmental Microbiolog, 60: 4344-4370.
Weiler, C.A. 2004. A interação Fumo-
Trichoderma sp. no floating de produção de mudas. Dissertação (Mestrado).
UFRGS, Porto Alegre, 42p.
Windham, M.T.; Elad, Y.; Baker, R.A. 1986. A mechanism for increased plant growth induced by Trichoderma spp. Phytopathology, 76:518-521.