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SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DAS SEMENTES DE CINCO ESPÉCIES DE Chamaecrista

(FABACEAE, CAESALPINIOIDEAE)

Luiz Augusto Gomes de SOUZA1, Augusto Cruz de MEIRELLES2

1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Inpa, Avenida André Araújo, 2936, Petrópolis. Manaus, AM. Caixa Postal 2223, CEP: 69080-971, e-mail: sou- zalag@inpa.gov.br;

2 Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido/PPG-ATU, do Inpa, em Manaus, AM. e-mail: gugaadams@gmail.com.

Palavras-Chave: Biodiversidade, Leguminosas, Germinação de Sementes,

Amazônia.

INTRODUÇÃO

O gênero Chamaecrista (Fabaceae, Caesalpinioidae, tribo Cas- sieae, subtribo Cassiinae) abriga 265 espécies tropicais, 239 origi- nadas no neotrópico e algumas na África, Ásia e Austrália (Irwin e Barneby 1982). No Brasil foram registradas 232 Chamaecrista spp. e o centro de radiação do gênero é a Bahia (Lewis 1987). Considerando sua filogenia, Irwin e Barneby (1981) segregaram

Cassia, Senna e Chamaecrista do antigo gênero Cassia. As Chama- ecrista diferem de Cassia e Senna no habito de crescimento quase

exclusivamente herbáceo e na capacidade de formar simbioses fixadoras de N2 com bactérias do grupo dos rizóbios (Moreira et

al. 1992), o que evidencia seu potencial de algumas Chamaecrista

spp. na recuperação de áreas degradadas.

Na Amazônia, foram feitas poucas pesquisas sobre germi- nação de sementes de Fabaceae. As informações básicas sobre germinação de sementes precedem outros estudos para explora- ção do potencial das espécies e são importantes para sua mul- tiplicação e cultivo. Pesquisando a germinação natural de legu- minosas nativas, Silva et al. (1988), concluíram que 70 % das espécies germinam rapidamente, em menos de 60 dias. Outros estudos registram a dormência das sementes e sugerem que sua principal causa é o tegumento impermeável, o que foi constata- do para muitas espécies como: Cassia grandis (Ledoux e Lobato 1969), Pithecellobium parvifolium, Cassia excelsa e Piptadenia

obliqua (Souza et al. 1980), Mimosa scabrella (Bianchetti 1981),

1981), Dinizia excelsa (Vastano Júnior et

al. 1983), Parkia pendula (Barbosa et al.

1984), e para várias leguminosas herbá- ceas (Souza et al., 2000).

A dormência nas sementes é identi- ficada quando em condições favoráveis de luz, umidade, temperatura e aeração, a germinação é baixa, atrasada e irregu- lar. Nas sementes duras, a germinação natural só ocorre após dano ao tegumento feitos por abrasão mecânica, degradação microbiana, variações de temperatura, ou até mesmo pela passagem pelo trato digestivo de animais (Thompson e Ooi 2010). O amolecimento da casca também pode reduzir o período de dormência das sementes (Copete et al. 2011). Como as espécies apresentam grande variabilida- de entre si, entre indivíduos e entre se- mentes de uma mesma árvore, é preciso pesquisar métodos adequados para favo- recer a germinação. Este trabalho avaliou o efeito de métodos pré-germinativos para superar a dormência das sementes de cinco espécies de Chamaecrista.

DESENVOLVIMENTO DA

PESQUISA

Os trabalhos foram desenvolvidos no Laboratório de Microbiologia do Solo (LMS) do Instituto Nacional de Pesquisas

da Amazônia (Inpa), em Manaus, AM, no ano de 2008. O germoplasma foi co- letado entre os anos de 2001 e 2008, em diferentes municípios do Estado do Ama- zonas. A classificação dos táxons foi feita com o preparo de exsicatas, depositadas no Herbário do Inpa, em Manaus. Após a limpeza dos frutos, as sementes foram registradas no Banco de Sementes, em recipientes vedados e em baixa tempera- tura (± 8ºC), em geladeira.

As espécies de Chamaecrista pes- quisadas foram: prateada (C. desvauxii (Collad.) Killip var. latistipula (Benth.) G.P. Lewis), mandubirana (C. diphylla (L.) Greene), sensitiva (C. mimosoides (L.) Greene), falsa-dormideira (C. nicti-

tans (L.) Moench.) e cássia-rasteira (C. rufa (M. Martens & Galeotti) Britton &

Rose var. exsul H.S. Irwin & Barneby). Antecedendo os ensaios, foram determi- nados: o número de sementes por grama e tomadas medidas do comprimento, largura e espessura, com o auxílio de pa- químetro digital, com 10 repetições. As informações sobre hábito de crescimen- to, ambiente e registro em Herbário estão apresentadas na Tabela 1.

Os ensaios de germinação foram feitos em condições controladas em estufas reguladas a temperatura ambiente (24- 26ºC), no escuro. Foram usadas placas Tabela 1. Nome científico e popular, hábito, ambiente ecológico e número de registro em herbário de cinco

espécies de Fabaceae do gênero Chamaecrista.

Espécies Nome popular Hábito Ambiente no Herbário do InpaNúmero de registro

C. desvauxii prateada arbusto cultivada 221.372 C. diphylla mandubirana erva reptante áreas abertas 220.881 C. mimosoides sensitiva erva ereta campinarana 220.898 C. nictitans falsa-dormideira erva ereta igapó 148.577 C. rufa cássia-rasteira erva reptante áreas abertas 202.418

de Petri com duplas camadas de papel toalha umedecidas com água destilada, 10 mL placa-1. Antecedendo a instalação, as placas preparadas foram autoclavadas por 15 min em pressão de 1,2 atm. Algumas informações sobre a procedência das se- mentes e período de armazenamento estão apresentadas na Tabela 2.

Os tratamentos pré-germinativos aplicados foram:

1) Testemunha (germinação natural das sementes);

2) Escarificação química com H2SO4 por 5 minutos.

3) Escarificação mecânica manual pelo atrito entre lixas por 1 minuto; 4) Choque térmico com água em ebu-

lição (100ºC).

Na escarificação ácida, as sementes foram dispostas em um Becker e reco- bertas com o produto. Em seguida foram lavadas em água corrente, até completa extração dos resíduos. As lixas utilizadas na escarificação mecânica eram 120 PN, e as sementes foram atritadas no tempo determinado. A água em ebulição foi adi- cionada sobre as sementes. Antecedendo a semeadura todas as sementes foram imersas em água por 24 h.

A distribuição das sementes nas placas foi feita com pinça flambada. A contagem de sementes germinadas foi feita diariamente e o critério adotado para considerar a semente germinada foi a emergência da radícula. O delineamen- to experimental foi o inteiramente casua- lizado, com quatro tratamentos e quatro repetições de 25 sementes, totalizando 400 sementes por espécie. Cada espécie constituiu um experimento.

Foram considerados na avaliação: o número de sementes germinadas, a porcentagem de germinação, o período germinativo e o Índice de Velocidade de Germinação (IVG). Os IVG foi calcula- do segundo Popinigis (1977). O período germinativo correspondeu ao número de dias decorridos entre o primeiro e o último registro da germinação. Aos 7 dias, foram tomadas medidas do comprimento da plântula inteira de cada espécie, com 10 repetições.

A análise dos dados foi feita no pro- grama estatístico Estat 2.0. No proces- samento os dados da percentagem de germinação foram transformados para arcoseno √x+0,01. O número de sementes germinadas, IVG e período germina- tivo foram transformados para √x+0,01, conforme Centeno (1990). Foram pre- paradas curvas de germinação para Tabela 2. Dados da procedência e do período de armazenamento das sementes de cinco espécies de

Chamaecrista.

Espécies Data da coleta Local de coleta (AM) Data do experimento armazenamento (meses)Período de

C. desvauxii 20/09/2008 Manacapuru 01/10/2008 0,4 C. diphylla 24/03/2007 São Gabriel da Cachoeira 29/07/2008 16,4 C. mimosoides 27/03/2007 São Gabriel da Cachoeira 15/10/2008 16,3 C. nictitans 22/03/2006 Manaus 24/08/2008 29,5 C. rufa 18/11/2001 Benjamin Contant 12/08/2008 81,9

comparar a resposta aos tratamentos pré-germinativos.

MÉTODOS PARA SUPERAR A