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CAPÍTULO EFEITO DA ÉPOCA DE COLHEITA E DO TIPO DE SOLO NA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DE

LARANJA E LIMÃO NA AMAZÔNIA CENTRAL

Jorge Hugo IRIARTE MARTEL1*, Mozar Alves GONDIM NETTO2

e Newton Paulo de Souza FALCÃO1

1 Coordenação de Tecnologia e Inovação, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - COTI/INPA, Avenida André Araújo, 2936, Petrópolis. Manaus, AM. Caixa Postal 2223, CEP: 69080-971, e-mail: nfalcao@inpa.gov.br;

2 Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Acre - IFAC, Rio Branco, AC. *in memorium

Palavras-chave: Fruticultura Tropical, Fitotecnia, Citricultura, Terra Preta de Índio.

INTRODUÇÃO

A citricultura brasileira é parte de uma das mais eficientes cadeias de produção do agronegócio, destacando-se pela sua im- portância econômica (Avilés, 2009). Sua área cultivada é ± 833 mil ha, com rendimento médio anual de frutos de ± 22 t ha-1, tornando-a a maior produtora mundial de suco cítrico concentra- do, comercializando quase 100 % deste suco, o que corresponde a 80 % da produção mundial (Azevedo, 2003). A exportação de suco cítrico, e seus derivados tem gerado receitas de ± US$ 1,5 bilhões ano-1.

Na região norte do Brasil, predomina a laranja da variedade “Pera Rio” (Citrus sinensis (L.) Osb.) com ± 16.700 ha, seguido da tangerina 745 ha e da lima ácida 1.174 ha. Especificamente, no Amazonas, estima-se haver ± 4000 ha de cítricos, dos quais 85 % são de laranja, 13 % são de limões e 3 % são de tangeri- nas, pomelos e outros cítricos. A maior produção do Estado está no município de Manaus, mas também em nos municípios de Iranduba, Manacapuru, Itacoatiara e Rio Preto da Eva (Anuário Estatístico, 2010; Coelho & Nascimento, 2004).

Existe uma variedade de solos na Amazônia, a maioria são ácidos, pobres de nutrientes e com elevados teores de alumínio. Porém, existem áreas onde a terra é fértil não precisando de adu- bações, estas são conhecidas como terra preta de índio. Neste Estado, plantios de laranja “Pera Rio” e limão “Tahiti” estão plan- tados em diferentes tipos de solos e avaliar o efeito destes solos sobre a produtividade poderia ajudar a orientar melhor os próxi-

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As árvores de lima-ácida Tahiti tem porte médio de até 4 m de altura, tronco reto e a copa é densa e arredondada. A floração ocorre durante quase todo o ano, principalmente nos meses de outubro e novembro. O limoeiro Tahiti é precoce, frutificando, em geral, já a partir do 2º ano. Aos 8 anos, a produtividade alcança 1200 frutos ou 96 kg/planta. Os frutos tem formato arredondado, com casca lisa ou ligeiramente rugosa e coloração verde. A polpa é esbranquiçada e suculenta. O fruto ideal apresenta um teor de suco em torno de 50 % do seu peso (Embrapa, 1999).

Na Amazônia, a produção de laranjas despertou interesse dos produtores pelo bom preço de comercialização no mercado e as condições edafo-climáticas favoráveis (Silva, & Garcia, 1999). Mas, a expansão da área de cultivo ainda é emergente no

setor primário. Um possível fator limitan- te é a estreita base genética das plantas atualmente cultivadas, com número limi- tado de variedades de copa e menor ainda de porta-enxertos, o que deixa a laranjeira vulnerável a pragas e doenças.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do tipo de solo sobre a qualidade da produção destes dois cítricos na Ama- zônia Central.

DESENVOLVIMENTO DA

PESQUISA

Foram estudadas duas propriedades agrícolas localizadas na margem esquerda do rio Solimões, com acesso pelo ramal do Laranjal, no km 59 da Rodovia AM 070, na Comunidade Nossa Senhora da Con- ceição, em Manacapuru, AM (Figura 1).

Figura 1. Localização do Município de Manacapuru, na área Metropolitana de Manaus, na Amazônia

Central, Brasil.

A espécie estudada foi a laranja va- riedade “Pera Rio” (Citrus sinensis (L.) Osb.), enxertadas no limão “rugoso” (Citrus macrophylla Wester), em plantios com oito anos de cultivo, estabelecidos em Latossolo Amarelo Antrópico conhe- cidos popularmente como Terra Preta de Índio (TPI), assim como em Latossolo Amarelo Coeso Típico (LA) e em Terra Mulata (TM).

Também foi pesquisado o limoeiro ‘Tahiti’ (Citrus latifolia Tan.), enxerta- do em limão “rugoso” (Citrus jambhiri Lush.), cultivado em Terra PretaTPI e TM em Manacapuru, e em limão “cravo” (Citrus limonia Osbeck) em Latossolo Amarelo no Ramal do Brasileirinho, em Manaus, AM. O espaçamento utilizado para o limão Tahiti foi de 5 x 5 m. Os plantios apresentavam boas condições fitossanitárias, e em TPI e TM recebiam irrigação em dias sem chuva, enquanto que no LA, não tinham irrigação.

Foram coletadas amostras compostas de solo, representativas da área cultivada com frutas cítricas, para determinações químicas. Os solos foram coletados na profundidade de 0-10 cm e as amostras foram encaminhadas para análise no La- boratório Temático de Solos e Plantas – LTSP do Inpa, em Manaus. As determi- nações analíticas foram obedeceram os protocolos descritos em Embrapa (1999).

A demarcação das parcelas foi feita ao acaso, em pomares com idades e de- senvolvimento semelhantes com bom estado fitossanitário. A altura das laran- jeiras foi medida com régua topográfica, do solo até a parte superior da copa. O diâmetro médio das copas foi determi-

nado pelas medidas feitas com trena, no sentido da linha de plantio é perpendi- cular a esta. Os troncos foram medidos com suta, registrando-se as medidas 2 cm acima e 2 cm abaixo do ponto de en- xertia. A altura de enxertia foi definida como a medida tomada entre o solo e o ponto de enxertia. O volume (V) da copa foi calculado com a fórmula V = 2 π r2 h/3: Onde: π = constante (3, 1416); r = raio e h = altura (Mendel, 1956).

A coleta dos frutos, de laranja e de limão Tahiti, foi efetuada na safra de 2005- 2006, em três épocas distintas nos meses de setembro, novembro e abril. Para cada espécie, em cada amostragem, 20 frutos da mesma florada foram colhidos. Para a biometria dos frutos foram tomados o comprimento e largura com régua, e estes foram pesados. Depois, foram cortados transversalmente para determinações da espessura das cascas. Dos frutos corta- dos, extraiu-se o suco com espremedor do tipo industrial seguido de sua pesagem. A percentagem de suco foi calculada pela fórmula: Porcentagem do suco = massa do suco/massa dos frutos x 100.

Utilizando-se um refratômetro, foi co- locada uma gota do suco no espelho do aparelho e em seguida foi feita a leitura direta em graus Brix, a 27º C. A acidez titulável foi determinada seguindo a meto- dologia recomendada por Tressler & Joslyn (1961) onde: a 10 g de suco foram adicio- nados 75 mL de água destilada. A amostra foi titulada com NaOH a 0,05%, padroni- zada, usando como indicador o azul de bromotimol a 0,1 %. Este resultado foi expresso em g de ácido cítrico/100 g de suco. As sementes dos frutos foram conta- das. A cor do suco foi determinada através

da carta de Cores da Royal Horticultural Society. O pH dos frutos foi determinado em potenciômetro elétrico (MS TECNO- PON® – MPA210/ MPA210 P), registrando- se a leitura direta. O “descarte” dos frutos (polpa, cascas e sementes) foi pesado.

O Índice de Qualidade do suco foi estimado pela razão entre oBrix/acidez (Chitarra & Chitarra, (1990). O suco concentrado foi qualificado pelo Índice Tecnológico (IT) foi calculado com a fórmula: IT = B x S/100, onde: B = Sólidos Solúveis (Brix) e S = % de Suco. O índice de conformação de copa (ICC) foi avaliado pela razão entre a altura da planta e o seu diâmetro da copa.

O delineamento experimental adotado foi o de inteiramente casualiza- do, considerando-se o arranjo em parce- las subdivididas, com fator principal atri- buído aos três de solos (Terra Preta de Índio, Terra Mulata e Latossolo Amarelo) e fatores secundários correspondentes às três épocas de avaliação (setembro, novembro e abril), com cinco repetições. Cada parcela foi constituída por seis árvores, 30 plantas por sistema. Os dados foram analisados pelo Programa Compu- tacional Estat, e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5 % de probabilidade (Banzatto & Kronka, 1989).

AVALIAÇÃO DOS PLANTIOS DE