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occidentalis) EM CONDIÇÕES CONTROLADAS

Adinã de Oliveira MATOS1, Luiz Augusto Gomes de SOUZA2,

José Nestor de Paula LOURENÇO3

1 Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido/PPG-ATU. Ins- tituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Inpa, Avenida André Araújo, 2936, Petrópolis. Manaus, AM. Caixa Postal 2223, CEP: 69080-971, e-mail: adinanma- tos@hotmail.com;

2 Coordenação de Sociedade Ambiente e Saúde – Csas/Inpa, e-mail: souzalag@ inpa.gov.br;

3 Embrapa Amazônia Ocidental, Rodovia AM – 010 km 29, CEP: 69.010-970, Manaus, AM, e-mail: nestor.lourenco@gmail.com

Palavras-chave: Fabaceae, produção de mudas, sementeira, plantas medicinais.

INTRODUÇÃO

A pesquisa agronômica sobre a semeadura e formação de mudas, é apoiada pela avaliação de técnicas que favoreçam a máxima expressão germinativa das espécies de interesse de cultivo. Além de luz, temperatura, água e oxigênio, o substrato ideal para a germinação das sementes tem influência direta no sucesso da seme- adura (Brasil 2009). Em condições controladas ou em equipamen- tos designados como germinadores, os substratos mais utilizados são: pano, papel-toalha, papel de filtro, papel mata-borrão, terra e areia. Sabe-se que o substrato ideal deve oferecer boas condições de umidade e aeração, em proporções adequadas, o que se consegue com constituintes que permitam boa drenagem (Alves et al. 2002).

A leguminosa herbácea Senna occidentalis (L.) Link, da família Fabaceae, subfamília Caesalpinioideae, é conhecida popularmente, no Brasil como manjerioba ou fedegoso, e tem centro de origem na área tropical americana (Lombardo et al. 2009). No Brasil, muitos trabalhos de pesquisa foram publicados para esta espécie empregando o seu sinônimo mais conhecido: Cassia occidentalis L. É uma planta pioneira, anual, que cresce até 3 m de altura, e atualmente tem ampla área de distribuição, que a classifica como planta cosmopolita tropical, ocorrente nos continentes africanos, asiáticos, europeus e também no Oriente Médio e nas ilhas dos oceanos Índico e Pacífico (Fowler e Carpanezzi 1997; Lombardo et

al. 2009). Na Amazônia, é comum em todos os estados, e também

tro-Oeste (Souza 2012). Alguns aspectos botânicos das flores, folhas, frutos e se- mentes de manjerioba estão apresentados na Figura 1.

As populações naturais de manjerio- ba se estabelecem em áreas perturbadas, formando algumas vezes coberturas aden- sadas nas bordas de áreas agrícolas como pastagens, roçados, solos férteis, próximo a estradas e espontaneamente, nos cul- tivos de soja, milho e sorgo (Tokarnia et

al. 2000), onde é considerada uma planta

invasora das áreas de cultivo. A floração e frutificação das plantas pode persistir por vários meses, a partir do seu início, condicionada pelos fatores ambientais

(Embrapa 2013). Algumas pesquisas fo- toquímicas já realizadas identificaram toxidez nas vagens, folhas e caules da planta de manjerioba, mas é na semente que se verifica a maior toxicidade (Riet- Correa et al. 2007). Quando consumidas pelas criações, nas áreas de pastejo onde prospera espontaneamente, os princi- pais animais afetados são os bovinos, os suínos e as aves (Takeuti et al. 2011). A intoxicação pode também ser provocada pela ingestão de ração e feno, mistura- dos com sementes ou consumo in natura em período de escassez de oferta para o pastoreio. Se explorada com outros fins, o cultivo de manjerioba deve ser feito em local protegido da entrada de animais.

Figura 1. Características da floração (a) folhas (b) e frutos (c) e sementes (d), da leguminosa herbácea

pioneira manjerioba (Senna occidentalis), Fabaceae, Caesalpinioideae.

A B

Dentre as razões que pressupõem a potencialidade de cultivo de uma espécie como a manjerioba, que é reconhecida por oferecer riscos às criações, está o seu uso popular com fins medicinais e como base para o preparo de produtos fitoterá- picos. Com essa finalidade, as partes da planta que são utilizadas são a casca, as sementes e as raízes, por sua ação anti- -inflamatória, antiplaquetária, antitumo- ral, relaxante muscular, anti-hemolítica e também com fins medicamentosos contra a hepatite B. Há também aproveitamento por sua ação tônica, contra febre, náuseas e dores de cabeça (Vieira 1992). Recente- mente, algumas pesquisas foram desen- volvidas com a manjerioba também para cultivo em agrossistemas que manejam meliponários na Amazônia Central, como planta para a suplementação alimentar das abelhas, especialmente para os perío- dos onde a oferta de alimentos é reduzida com o declínio das floradas.

Como a maioria das espécies de le- guminosas pioneiras, a manjerioba apre- senta mecanismos de dormência das sementes associado à dureza e imperme- abilidade do tegumento. No meio técnico, o método pré-germinativo usado para su- peração das causas de dormência das se- mentes de manjerioba é a embebição em H2SO4 concentrado por 5 minutos (San- tarém e Áquila 1995; Fowler e Bianchetti 2000). Outros fatores que podem favore- cer os processos germinativo de uma dada espécie de interesse, dentre eles o tipo de substrato utilizado para a sua semeadura. Assim foi desenvolvido um estudo experi- mental para avaliar o efeito do substrato na germinação das sementes de manjerio- ba, em condições controladas.

DESENVOLVIMENTO DA

PESQUISA

Um experimento em condições con- troladas foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Solo, da Coordenação de Pesquisas em Sociedade, Ambiente e Saúde do Instituto Nacional de Pesqui- sas da Amazônia – LMS/Cosas-Inpa, no Campus do Inpa V-8, em Manaus, AM. As sementes de manjerioba (S. occiden-

talis (L.) Link) utilizadas nesta pesquisa,

foram procedentes de matrizes coletadas em áreas devolutas da Comunidade de Três Corações, município de Amaraji, RR, no ano de 2009. No Herbário do Inpa, uma exsicata botânica da espécie foi depositada com o número de registro 230.888. Após a limpeza e beneficiamento dos frutos, um lote de sementes de manjerioba foi arma- zenado no banco de sementes ortodoxas do LMS, com 8,56 ± 0,50 de umidade, em recipientes não porosos, na temperatura de ± 8ºC, mantido em geladeira. Antece- dendo a armazenagem, as sementes foram medidas em comprimento, largura e es- pessura e pesadas em balança analítica, obtendo-se a média de 10 repetições.

Os seguintes materiais foram selecio- nados para uso como substrato de ger- minação: casca de cupuaçu pulverizada, carvão vegetal, pau, areia, casca de arroz, esterco bovino e serragem de madeira. A areia, procedente de material de constru- ção foi lavada em água corrente por 40 minutos, após sua obtenção. A casca de cupuaçu foi procedente do município de Presidente Figueiredo, AM e a serragem foi obtida em serrarias locais derivada de múltiplas espécies. O pau foi coletado em troncos em decomposição no interior

da mata primária de terra firme e carvão vegetal foi obtido em área de queimada para o preparo da terra na Estação Expe- rimental de Fruticultura Tropical do Inpa, na BR 174, Km 45, em Manaus. Por fim, o esterco bovino procedeu de uma área de pastagem do município de Iranduba, AM. Todos os materiais foram secos, pulveri- zados, peneirados em malha de 5 mm e autoclavados a 1,2 atm por 60 minutos, antes de seu uso. Os recipientes utilizados no teste foram placas de Petri de 11 cm de diâmetro, preenchidas até 0,5 cm com cada um dos substratos. Foi também uti- lizado um tratamento definido como con- trole, constituído por quatro camadas de papel toalha, totalizando oito tratamentos.

Antecedendo a semeadura, após a distribuição dos diferentes materiais nas placas, estas receberam 10 mL de água destilada estéril, aplicada como pipeta de igual volume, uma única vez ao início do teste, com fins de umedecimento do substrato-sementeira. As sementes de manjerioba foram tratadas com H2SO4 por 5 minutos seguido da lavagem em água corrente e de um período de embe- bição das sementes em água à temperatu- ra ambiente. O semeio foi realizado com uma pinça esterilizada, após imersão das sementes em álcool 70 % por 30 segun- dos, com finalidade de assepsia e em seguida foram distribuídas 20 sementes por placa, semeadas entre substrato.

Após a semeadura, as placas seguida foram mantidas em estufa de incubação a temperatura média de 24-25ºC, sem lu- minosidade. Como critério para se consi- derar uma semente germinada foi obser- vada a emergência do caulículo. Durante o período de monitoramento, todas as

placas foram submetidas diariamente a casualização, oferecendo as mesmas condições aos tratamentos. As plântu- las correspondentes às primeiras emer- gências foram retiradas das placas com auxílio de pinça estéril. Aos sete dias de acompanhamento, antecedendo a extra- ção de plântulas germinadas, as placas foram fotografadas e a imagem está apre- sentada na Figura 2. O monitoramento da germinação foi diário até os 16 dias, quando deu-se o encerramento.

O delineamento experimental em- pregado foi o inteiramente casualizado constituído por oito tratamentos e quatro repetições de 20 sementes, totalizando 640 sementes. Para a interpretação dos resultados foi considerado o número de sementes germinadas, a porcentagem de germinação e Índice de Velocidade de Emergência das sementes (IVE), calculado segundo Brasil (2009). Para o cálculo do IVE consideraram-se os registros diários de germinação, dividindo-se o número de sementes germinadas por dia, pelo número de dias transcorridos após a se- meadura. A somatória dos valores define o índice. Também foi registrado o número de dias para o primeiro registro de emer- gência e o período germinativo, que cor- respondeu ao número de dias compreen- dido entre o primeiro e o último registro da germinação em cada parcela.

A análise estatística dos dados da análise de variância ANOVA foi proces- sada pelo programa Estat, versão UNESP 2002, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabili- dade. Para efeito de análise os dados do IVE foram transformados para ϒx+0,01 e valores em porcentagem para arco-seno ϒx+0,01, conforme Centeno (1990).

EFEITO DO SUBSTRATO