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DE COUVE-FLOR DE VERÃO NA AMAZÔNIA CENTRAL

Rafaela Noel SERUDO1, Danilo Fernandes da SILVA FILHO2

1 Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido/PPG-ATU. Ins- tituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Inpa, Avenida André Araújo, 2936, Petrópolis. Manaus, AM. Caixa Postal 2223, CEP: 69080-971, e-mail: rafaelano- el@gmail.com;

2 Coordenação de Sociedade Ambiente e Saúde – Csas/Inpa, e-mail: danilo@ inpa.gov.br

Palavras-chave: Brassica oleracea var. botrytis, adaptabilidade, produtividade, qualidade.

INTRODUÇÃO

A couve-flor, Brassica oleracea var. botrytis, pertence à família Brassicaceae (antes Cruciferaceae), que abrange grande número de culturas oleráceas, dentre elas o agrião-d’água, o brócolis, a couve-chinesa, o couve-comum, a couve-de-bruxelas, o couve-rá- bano, a mostarda, o nabo, o rabanete, o rábano, o repolho, a rúcula, etc. A origem da couve-flor é a Costa do Mediterrâneo, de onde se expandiu pela Europa, no início do século XVII. No Brasil, foi introduzida pelos primeiros imigrantes italianos.

Considerando-se a filogenia da espécie, é provável que a espécie cultivada Brassica oleraceae seja derivada de uma con- gênere selvagem denominada de B. oleracea var. silvestris, se- melhante à couve-comum, a B. oleracea var. acephala. A couve silvestre ainda é encontrada no litoral atlântico da Europa ociden- tal e nas costas do mar Mediterrâneo. Esta planta originou sete distintas culturas oleráceas, todas pertencentes à mesma espécie, porém classificadas em diferentes variedades: o brócolis (B. olera-

cea var. italica), o couve-de-bruxelas (B. oleracea var. gemmifera),

o couve-flor (B. oleracea var. botrytis), o couve-de-folhas (B. olera-

cea var. acephala), o couve-rábano (B. oleracea var. gongylodes),

a couve-tronchuda (B. oleracea var. tronchuda) e o repolho (B.

oleracea var. capitata) (Filgueira, 2008).

A couve-flor é uma espécie alógama, bienal, indiferente ao fo- toperíodo, que exige frio para passar do estádio vegetativo para o reprodutivo. Suas principais características morfológicas são:

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de; suas folhas são alongadas de limbo elíptico; a inflorescência ou cabeça se de- senvolve sobre um caule curto e são for- madas a partir do conjunto de primórdios florais, sendo estes transformados, pos- teriormente, em botões florais, de cores branca, creme, amarela, roxa e verde; a flor tem quatro sépalas e quatro pétalas; os estames são em número de seis; as anteras são receptivas somente no período que antecede a abertura da flor; o fruto é uma síliqua com número de sementes variando entre dez a trinta, em condições normais (May et al. 2007; Filgueira, 2008).

A China é o maior produtor mundial de couve-flor, seguido da Índia, Espanha, Itália e França. No Brasil, a couve-flor é mais cultivada nos Estados da região Sul, Sudeste e Centro Oeste. As três espécies de Brassicasseae mais comercializadas no Brasil são a couve-flor, o repolho e o brócolis. Segundo a Central de Abasteci- mento do Estado de São Paulo, em 2007 foram comercializadas 10,9 mil toneladas de couve-flor, quantidade acima da média anual comercializada entre os anos de 2001-2007, de 10 mil t. (Ceasa-São Paulo, 2013) Pela variação sazonal das entradas e preços, os meses de maio a outubro têm a maior oferta, e os maiores preços ocorrem nos meses de janeiro a abril.

A couve-flor devido as suas caracte- rísticas nutracêuticas é muito consumida nas várias formas, em deliciosos pratos quentes e frios. A sua composição química em 100 g de polpa fresca contém 93 % de água, 286 mg de potássio, 188 mg de fósforo e 150 mg e 72 mg, respectivamen- te de vitaminas, B e C. É uma hortaliça rica em fibras e com apenas 30 calorias em 100 g de polpa (Mambreu et al. 2007).

Mesmo sem resistência a geadas, o couve-flor já foi considerado uma cultura típica de outono-inverno, e exige tem- peraturas amenas ou frias para produzir inflorescências comerciais. Ao longo do tempo, o melhoramento genético vegetal selecionou cultivares mais adaptadas a temperaturas elevadas, possibilitando o cultivo ao longo do ano (May et al. 2007). A faixa ótima de temperatura para cou- ve-flor é de 14-20ºC; o cultivo em tem- peraturas acima de 25ºC influencia na formação da inflorescência ou na perda de compacidade. As temperaturas próximas a 0ºC causam injúrias por congelamento no ápice dos ramos, resultando também em não formação da inflorescência.

Sob condições favoráveis, o estabele- cimento e produção do couve-flor pode ser dividido em quatros estádios: o primeiro, de 0 a 30 dias, compreende o crescimen- to inicial após a emergência das plântulas até a emissão de 5-7 folhas definitivas; o segundo estádio, de 30 a 60 dias, ocorre a fase de expansão das folhas externas; o terceiro estádio, de 60 a 90 dias, carac- teriza-se pela diferenciação e o desen- volvimento dos primórdios florais e das folhas externas. No quarto estádio, de 90 a 120 dias, ocorre o desenvolvimento da inflorescência, sendo este o estádio mais importante para produção de sementes, onde ocorre a formação e enchimento das mesmas. Contudo, o comprimento desses estádios fenológicos pode variar segundo as características da própria cultivar e também da resposta da planta às condi- ções ambientais de cultivo. O segundo e o terceiro estádios de desenvolvimento da couve-flor são de grande importância na produtividade (tamanho e conformação

de inflorescência), uma vez que atuam decisivamente sobre o número e tamanho de folhas, que definirão a área foliar da planta (May et al. 2007).

A couve-flor se desenvolve melhor nos solos argilosos, ricos em matéria or- gânica e bem drenados. Assim como a maior parte das hortaliças cultivadas, é pouco tolerante à acidez e ao Al3+, exi- gindo pH entre 6,0 e 6,8. A calagem e adubação com macro e micronutrien- tes são fundamentais para sistemas de cultivo que buscam alta produtividade (Trani et al. 1994).

Atualmente, a maioria dos produtores de couve-flor no Brasil utilizam sementes híbridas para a produção no verão; entre- tanto, essas sementes apresentam preço muito superior aos das cultivares de poli- nização aberta (Maluf, 2001). Porém, na região Norte do Brasil, não há conheci- mento sólido existente sobre as cultiva- res de couve-flor de verão que poderiam ser utilizadas. Desta forma este trabalho avaliou o desempenho de diferentes va- riedades de couve-flor de verão no muni- cípio de Manaus, AM.

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE