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RESULTADOS DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

Todas as espécies cultivadas apre- sentaram boa adaptação ao solo de terra firme da Amazônia Central e estabelece- ram-se nas condições edafo-climáticas que encontraram mesmo considerando-se suas características intrínsecas. Em seu ambiente de distribuição natural as es- pécies lianescentes de Fabaceae de ciclo Tabela 3. Características químicas de um solo Latossolo Amarelo na Rodovia BR 174, Km 40, selecionado na

Estação Experimental de Fruticultura Tropical do INPA, município de Manaus, AM.

Blocos pH Ca Mg K Al+H P Zn Fe Mn C M.O.

H2O KCl cmolckg-1 mg kg-1 g kg-1

I 4,28 4,38 0,38 0,18 0,11 1,23 6,6 1,3 352,0 4,9 20,1 34,5 II 4,19 4,33 0,14 0,11 0,16 1,52 3,3 1,2 344,0 2,6 22,0 37,8 III 4,18 4,32 0,09 0,15 0,06 1,67 9,6 1,3 391,0 2,2 23,3 40,0 Médias 4,22 4,34 0,20 0,15 0,11 1,47 6,5 1,3 362,3 3,2 21,8 37,4

mais longo, muitas vezes usam as árvores como suporte em busca da luminosidade do terço médio superior da estrutura flo- restal. As medidas de comprimento das ramas e biomassa da parte aérea fresca estão presentadas na Figura 2.

No grupo avaliado, o feijão-bra- vo (Centrosema plumieri) apresentou o maior comprimento de rama (5,1 m) após 24 semanas do transplante. E enxada-ver- de (Calopogonium mucunoides) teve o menor comprimento (2,0 m) (Figura 2a). Algumas espécies como mata-cabrito (Cli-

toria falcata var. falcata) e mucuna-preta

(Mucuna pruriens var. utilis), reduziram a velocidade de crescimento das ramas com 16 semanas de cultivo, expressando pouco incremento na segunda avaliação. Noutras, o crescimento das ramas é con- tinuo, porém mais lento, o que inclui a enxada-verde, mas também bico-de-pa- to (Dioclea guianensis) e feijão-peludo (Vigna lasiocarpa. Em duas espécies, o feijão-bravo e o papo-de-mutum (Canava-

lia brasiliensis), as ramas cresceram ± 2

m entre a 16ª e a 24ª semana.

A produção de biomassa fresca é uma característica determinante nas

Figura 2. Avaliação do comprimento da rama (a) e da biomassa da parte aérea fresca (b) na 16ª e 24ª semana após

o plantio de sete espécies lianescentes de Fabaceae, cultivadas em solo Latossolo Amarelo, em Manaus, AM. *1

*1Médias seguidas da mesma letra para cada data de avaliação, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,01).

A

plantas selecionadas para adubação verde e/ou cobertura do solo e as espé- cies mostraram diferenças significativas, tanto na 16ª quanto na 24ª semana após o plantio (Figura 2b). A mucuna-preta, que já é cultivada em várias partes da região tropical produziu na 16ª semana de plantio a maior biomassa fresca entre as espécies avaliadas, mas que não se diferenciou significativamente (P<0,01) de mata-cabrito, que é uma planta nativa pouco conhecida, distribuída nas ilhas da região do alto rio Negro, mas também presente em toda a sua calha.

Foi verificado que na 16ª semana a espécie com maior biomassa fresca foi a mucuna-preta (de 1,0 t ha-1) e o mata- cabrito (0,9 t ha-1) (Tabela 4 e Figura 2b) o que indicaria que estas poderiam ser recomendadas para adubação verde às 16 semanas. Em solo Argissolo Vermelho Amarelo, De-Polli e Chada (1989), cul- tivaram a mucuna-preta para adubação verde do milho, aumentando a produ- ção dos grãos tanto quando incorporada como aplicada em cobertura, mas não esclarecem se essa produção deu-se no primeiro corte.

Na 16a semana as plantas enxa-

da-verde, feijão-peludo e bico-de-pato tiveram as mais baixas produtividades de biomassa fresca, entorno de 0,3 t ha-1. Em consequência não seriam as espécies mais adequadas para fazer adubação nesse momento.

O feijão-peludo e o bico-de-pato são plantas que têm ciclo mais tardio, e na

avaliação da 24a semana produziram

148,3% (de 0,29 a 0,43 t ha-1) e 309,4 % (de 0,32 a 0,99 t ha-1) mais biomas-

sa fresca que na 16ª semana (Tabela 4). No entanto, a maior produtividade nesta semana foi de papo-de-mutum (1,3 t ha-1). Outras espécies também apresenta- ram uma elevada produção de biomassa nesta semana, o feijão bravo (1,0 t ha-1) e o mata-cabrito (0,98 t ha-1). Portanto, o papo-de-mutum poderia ser recomenda- da para adubação verde às 24 semanas.

Para as espécies lianescentes como é neste caso, a divisão da biomassa fresca em biomassa de ramas e de folhas auxilia na seleção de espécies, já que materiais mais lenhosos são de decomposição mais lenta que a biomassa foliar (Figura 3).

Foi verificado que na 16ª semana, a maior biomassa seca das ramas foi a de mucuna-preta (37,4 g por planta) seguido do mata-cabrito (29,1 g por planta). O menor valor foi de enxada-verde (7,1 g por planta). Na avaliação efetuada na 24ª semana as maiores biomassas das ramas secas foram de papo-de-mutum (60,8 g por planta), mata-cabrito (43,5 g por planta), feijão-bravo (42,2 g por Tabela 4. Estimativas da produção de biomassa

fresca da parte aérea de sete leguminosas lianescentes cultivadas em solo Latossolo Amarelo, as 16 e 24 semanas após o plantio.

Espécies popularNome

Biomassa fresca da parte aérea (t ha-1) 16ª semana semana24ª Calopogonium mucunoides Enxada-verde 0,31 0,15 Canavalia brasiliensis Papo-de-mutum 0,54 1,27

Centrosema plumieri Feijão-bravo 0,68 1,01

Clitoria falcata var.

falcata Mata-cabrito 0,91 0,98 Dioclea guinanesis Bico-de-pato 0,32 0,99

Mucuna pruriens utilis Mucuna-preta 1,02 0,47

planta) e bico de pato (36,7 g por planta) (Figura 3a). Contrariamente a espécie com menor biomassa foi enxada-verde (12,7 g por planta).

Em relação ao número de folhas foi verificado que na 16ª semana após o plantio, os maiores valores foram do ma- ta-cabrito (131 folhas por planta) e papo- de-mutum (111 folhas por planta) (Figura 3b). Em contraste, o feijão-bravo teve o mais baixo valor (36 folhas por planta). Na 24ª semana destacaram o bico-de-pa-

to (165 folhas por planta) e mata-cabri- to (158 folhas por planta). E os menores valores foram de enxada-verde (22 folhas por planta) e mucuna-preta (31 folhas por planta). A menor emissão foliar pode ser explicada ao clima seco que predomi- nou entre os dois momentos de avalia- ção. Portanto bico-de-pato e mata-cabrito seriam resistentes à seca.

Os resultados para biomassa seca das folhas e massa total das plantas são apre- sentados na Figura 4. Foi verificado na

Figura 3. Avaliação da biomassa das ramas secas (a) e do número de folhas (b) na 16ª e 24ª semana após o

plantio de sete espécies lianescentes de Fabaceae, cultivadas em solo Latossolo Amarelo, em Manaus, AM. *1*2

*1Médias seguidas da mesma letra para cada avaliação não diferem entre pelo teste de Tukey (P<0,01).

A

16ª semana após o plantio que mucuna- -preta (45,2 g por planta) e mata-cabrito (45,6 g por planta) tinham os maiores valores de biomassa foliar seca. Em con- traste o menor valor foi de feijão-peludo (5,6 g por planta) (Figura 4a). Na 24ª semana, constatou-se que mata-cabrito manteve a maior biomassa foliar seca (54,9 g por planta). E a enxada-verde teve a menor biomassa (3,6 g por planta).

Considerando-se total seca da planta, verificou-se que na 16ª semana

as maiores quantidades de biomassa total seca eram de mucuna-preta (87,9 g por planta) e mata-cabrito (84.3 g por planta), que não diferiram significativa- mente (p<0,01) entre si.

Estes resultados sugerem que a época de corte destas espécies para uso como adubo verde pode ser feito com quatro meses após o plantio. O pior desempenho foi do feijão-peludo (19,9 g por planta). Na 24ª semana, papo-de-mutum (118,4 g por planta) e mata-cabrito (115,9 g por

Figura 4. Avaliação da biomassa das folhas secas (a) e da biomassa total seca (b) na 16ª e 24ª semana após o

plantio de sete espécies lianescentes de Fabaceae, cultivadas em solo Latossolo Amarelo, em Manaus, AM. *1*2

*1Médias seguidas da mesma letra para cada avaliação não diferem entre pelo teste de Tukey (P<0,01).

A

planta) tiveram maior biomassa total seca. E enxada-verde o mais baixo valor (18,1 g por planta). Amabile et al. (2000) consideraram que a época de semeadura influencia diretamente a produção de fi- tomassa de leguminosas para adubação verde. É possível que as espécies nativas aqui cultivadas com germoplasma não domesticado, tenham desenvolvimento inicial menos expressivo, com potencial de corte após seis meses do plantio, dado que seus ciclos é pelo pelos anual.