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QUEBRA DA DORMÊNCIA EM SEMENTES DE CÁSSIA-RASTEIRA

(Chamaecrista rufa var. exsul)

Seguindo o padrão morfológico de C.

mimosoides e C. nictitans, as sementes de C. rufa var. exsul também apresentaram

cor negra e formato quadrangular achata- do, porém com dimensões maiores que a das outras espécies, com ± 12 mg de peso e volume de ± 1,4 mm3. A cássia-rasteira apresentou mecanismos consistentes de dormência e naa ausência de tratamentos pré-germinativos, nenhuma semente ger- minou (Tabela 8). As melhores respostas germinativas foram quando as sementes foram tratadas com ácido sulfúrico ou com água quente, que promoveram a ger- minação para > 90,0 %. Mas, ao consi- derarmos o IVG obtido nos processos ger- minativos, a escarificação ácida superou significativamente os demais.

A escarificação com lixas não favoreceu a germinação de cássia- rasteira, e só 28,0 % germinaram. Considerando-se o IVG, os tratamentos de choque térmico e escarificação entre lixas não diferiram entre si, mas foram menos eficientes que o tratamento

com ácido. O período germinativo de sementes escarificadas com ácido foi de somente 1 dia, quando quase 100 % das sementes germinaram. Com água quente, o período germinativo foi de 9 dias.

Bechara et al. (2007) obtiveram índices de 73,5% de sementes germinadas de Chamaecrista flexuosa após a imersão em água à 80 ºC por 5 segundos, comprovando que o método também pode ser aplicado em espécies congêneres. Segundo McDonald e Copeland (1985), o processo germinativo é favorecido por alternância diária de temperatura, porém essa necessidade pode estar associada à dormência. A Figura 5 apresenta as curvas de germinação das sementes de cássia- rasteira em resposta aos tratamentos pré- germinativos aplicados.

A escarificação com ácido promoveu um pico de germinação um dia após a semeadura, com germinação residual no 2º e 3º dia e alta homogeneidade. O choque térmico promoveu uma curva progressiva ascendente, reforçando que embora a taxa final tenha sido alta, se distribuiu por nove dias. Aos seis dias após a semeadura, as plântulas inteiras de cássia-rasteira apresentavam ± 10,9 cm. Tabela 8. Efeito da aplicação de tratamentos pré-germinativos na quebra da dormência das sementes de

cássia-rasteira (Chamaecrista rufa var. exsul).1

Tratamentos Número de sementes germinadas Germinação (%) Índice de Velocidade de Germinação Período germinativo (dias)

Testemunha 0 c 0,0 c 0,0 c 0 c

H2SO4 por 5 minutos 23 a 99,0 a 24,46 a 1 b Atrito entre lixas 10 b 28,0 b 4,28 b 7 a Água a 100ºC 23 a 91,0 a 8,53 b 9 a

CV (%) 15,27 18,85 22,08 21,83

Teste F 84,41** 77,39** 55,89** 52,04** 1Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si no nível de 1 % de probabilidade (P<0,01), pelo teste

CONCLUSÕES

As espécies Chamaecrista desvauxii var. latistipula, C. diphylla, C. mimo-

soides, C. nictitans e C. rufa var. exsul

apresentaram mecanismos de dormência física atribuída a dureza e impermeabili- dade do tegumento.

Para todas as espécies, os mecanis- mos de dormência foram superados qui-

micamente quando expostas ao H2SO4

por 5 minutos. As sementes de C. des-

vauxii var. latistipula, C. mimosoides e C. nictitans, também podem ser escarifica-

das mecanicamente pelo atrito entre lixas por 1 minuto e C. rufa var. exsul apresen- tou boa resposta ao tratamento térmico com água quente à 100ºC.

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Figura 5. Efeito da aplicação de tratamentos pré-germinativos na porcentagem de germinação de sementes de cássia-rasteira (Chamaecrista rufa var. exsul).

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CAPÍTULO

EFEITO DO SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO