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LARANJEIRAS-DOCES ENXERTADAS NOS PORTA-ENXERTOS LIMOEIROS ‘CRAVO’ E

‘VOLKAMERIANO’ EM MANAUS

Jorge Hugo IRIARTE MARTEL1*, Luiz Alberto Guimarães de ASSIS2

e Charles Roland CLEMENT1

1 Coordenação de Tecnologia e Inovação, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Cotei-Inpa, Av. André Araújo, 2936, 69067-375, Petrópolis, Manaus, AM. e-mail:cclement@inpa.gov.br;

2 Coordenação Sociedade Ambiente e Saúde, COSAS/INPA, e-mail: luizlab1@ inpa.gov.br;

*in memorium

Palavras-chave: Citricultura, fitopatologia, penetração de água no caule,

resistência varietal.

INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor de citros e o maior exportador de suco de laranja concentrado do mundo. No Estado do Amazonas, a área ocupada com a atividade da citricultura é estimada em 3.000 ha, entretanto, dados de IDAM (2007) consideram que esta área corresponda somente ao plantio com laranja. Sabe-se que na região da Amazônia Central, 89 % da área cultivada com laranja é constituída pela variedade “Pera-Rio”, e, no preparo das mudas para o plantio, o principal porta-enxerto utilizado por 78 % dos ci- tricultores regionais é o limão “Cravo” (EMATER-SEPROR, 1997). Em contraponto ao cultivo de subsistência, a atividade da citri- cultura é altamente rentável e tem tendência regional de crescimen- to, e pode ter importância na geração de renda e capitalização dos agricultores. Entretanto, no Amazonas tem sido verificado que os pomares de laranja possuem uma base genética restrita, o que fragi- liza o potencial de cultivo da espécie, reduzindo sua resiliência, com consequente incremento da incidência de pragas e doenças. Esta maior vulnerabilidade compromete a manutenção da produtividade dos laranjais, contribuindo para o seu declínio. Em termos compa- rativos, a produtividade das laranjeiras no Estado de São Paulo é de 22 t ha-1, no Pará é 16 t ha-1e no Amazonas é de apenas 6 t ha-1, e esta baixa capacidade de produção pode estar relacionada com o germoplasma cultivado assim como aos problemas fitossanitários

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O “declínio” em citros, é uma doença de causa desconhecida, foi descoberta na década de 70 (Beretta et al., 1986), e que se está espalhando por quase todas as áreas citrícolas do mundo (EPPO/CABI, 1996). Em alguns países com grande área ocupada pelo cultivo de laranjas, como nos Estados Unidos, esta doença tem ocasio- nado a erradicação de 500 mil plantas por ano (EPPO/CABI, 1996), causando perdas anuais de U$ 60 milhões (Futch et al, 2005). No Brasil, há registros de que somente no Estado de São Paulo mais de 10 milhões de plantas tornaram-se improdutivas pelo mesmo mal (Baldassari et al. 2003).

A sintomatologia associada ao diag- nóstico de “declínio” é frequentemente associada a alteração do desenvolvimento normal das plantas, seguido da perda gra- dativa e acentuada das folhas, e da pro- dução excessiva de brotações nos caules e nas pernadas. Com a progressão dos sinto- mas há o secamento gradativo dos galhos e outras anormalidades fenológicas, como floradas inesperadas e fora de época. Pa- ralelamente, sintomas indiretos se mani- festam, como a deficiência de nutrientes, principalmente de zinco, nas folhas das laranjeiras, ao mesmo tempo em que a concentração deste elemento aumenta no tronco das árvores, especialmente em locais acima da região do enxerto.

Considerando-se outros aspectos nu- tricionais, a ocorrência de Declínio tem sido associada a solos com teores limi- tantes de fósforo e potássio, baixos teores de cloro e enxofre, mais com disponi- bilidade elevada de cálcio e magnésio (Baldassari et al., 2003). Com relação a morfo-anatomia da planta, outro sintoma constatado de Declínio é a obstrução de

vasos do xilema, que reduzem ou limitam o transporte e distribuição de água para o tronco, ramos e raízes (Cohen, 1974; Young, 1980). O colapso provocado pela soma dos sintomas faz com que as plantas atacadas tenham baixa produção de frutos (Baldassari et al., 2003), afetan- do a produção e produtividade das laran- jeiras em suas áreas de cultivo.

Há evidências de que a perda de varia- bilidade genética dos citros tenham relação direta com a incidência de “declínio”. Sabe-se que as combinações de laranjas- doces enxertadas nos limoeiros “Cravo”, “Rugoso”, “Volkameriano” e “Trifoliata” e nos citranges (híbridos de laranja doce com a trifoliada) “Morton” e “Troyer”, são susceptíveis ao “declínio”. Por outro lado, os porta enxertos de tangerinas “Sunki” e “Cleópatra” e de laranja “Caipira” têm sido considerados como resistentes e/ou tole- rantes (Baldassari et al., 2003).

As variedades de laranjas mais ata- cadas pelo “declínio” em São Paulo têm sido a “Valência”, “Pera”, “Natal”, “Hamlin” e “Baianinha” (Costa et al., 1998). Há necessidade de pesquisa e diagnóstico no Estado do Amazonas, onde desconhece-se o prejuízo causado pela manifestação desta doença. Portan- to, este trabalho objetivou avaliar pre- ventivamente o ataque de “declínio” la- ranjeiras-doces enxertadas nos limoeiros “Cravo” e “Volkameriano”.

DESENVOLVIMENTO DA

PESQUISA

Os trabalhos de campo foram realiza- dos em plantios de laranjeiras-doces, com 14 anos de cultivo em solo de terra firme

da Estação Experimental de Fruticultura Tropical do INPA, localizada no Km 41 da rodovia BR 174, no município de Manaus, AM. As coordenadas geográficas do local são: 02º 37’ S e 60º 02’ W. Gr., com altitu- de de 79,8 m. As observações foram rea- lizadas em dezembro, começo do período chuvoso na região da Amazônia Central. O clima da região é classificado como ‘Afi’ (Tropical quente e úmido) no esquema de Köppen, com precipitação média anual de 2.478 mm, e uma estação seca distribu- ída entre os meses de junho/julho e se- tembro/outubro, quando há um déficit hídrico (Ribeiro, 1976).

Foram analisadas 18 variedades de laranjeiras doces (Citrus sinensis (L.) Osbeck, Rutaceae), com histórico de enxertia conhecido, correspondente aos porta-enxertos dos limoeiros “Cravo” (Citrus limonia Osbeck) e “Volkame- riano” (Citrus volkameriana Pask). As variedades de laranja-doce foram: “Baianinha”, “Seleta Itaborai”, “Natal”, “Valência”, “Bahia cabula”, “Pera”, “Seleta branca”, “Lue Gim Gong”, “São Miguel”, “Mortela”, “Hamlin”, “Diva”, “Rubi”, “Westin”, “Mangaratiba”, “San- guinea de Mombuca”, “Tardia” e “Perão”. O espaçamento utilizado foi de 3 x 5 m, e os tratos culturais e adubações foram aplicados simultaneamente na área plan- tada. O solo do local de plantio foi clas- sificado como Latossolo Vermelho-Ama- relo, álico, textura argilosa, com relevo ondulado curto e drenagem boa a mode- rada (Ranzani, 1980). Analisado quimica- mente, o solo apresentou pH de 4,3; 7,0 ppm de fósforo; 1,9 ppm de potássio; 1,5 ppm de cálcio; 1,4 mmolc/dm-3 de mag- nésio; 9,0 mmolc/dm-3 de alumínio; CTC

efetiva de 13,8; e Soma de Bases (SB) de 4,8 (Iriarte Martel & Falcão, 1997).

MÉTODO PARA A DIAGNOSE DE