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Caminhos e obstáculos na construção e consolidação da REASul

No documento V.0, N.0 - Edição Impressa (páginas 105-108)

Uma rede é um processo dinâmico de interações e envolvimento interpessoal entre os atores e atrizes que a compõe, e que se envolvem intensamente com a rede, por motivações diversas, mas com um objetivo comum, a “idéia-força” que os move e empondera, relacionada com um valor maior que é a defesa da vida e a inserção da dimensão ambiental nas práticas educativas e sociais.

Foram muitas as dificuldades enfrentadas para a realização das atividades do projeto do FNMA. A falta de vivência inicial e experiência do próprio grupo sobre os fundamentos da cultura de redes foi um dos principais obstáculos a serem superados durante o processo de implantação.

Conforme a análise da estrutura organizacional da REASul, realizada por Zanoni (2004), a distância física entre os parceiros, a dificuldade e o custo da realização de reuniões periódicas restringiram a participação de um maior número de pessoas e de membros da própria equipe técnica, fazendo com que a CGP se estruturasse dentro de um modelo administrativo fechado, de centralização das funções, muito vinculado às atividades do projeto e às ações do mesmo, dificultando a participação e formação efetiva da rede e prejudicando as conexões entre os elos.

Já no levantamento dos dados do diagnóstico para a inserção no Sibea, a falta de pessoal nas instituições públicas, a exclusão digital de um grande número de pessoas e organizações, os prazos de execução e os problemas técnicos no Sibea para a recuperação dos dados, foram obstáculos consideráveis. As tarefas e prazos do diagnóstico se confundiram ou até prejudicaram o processo de expansão e consolidação da rede.

No entanto, esses obstáculos também foram uma grande oportunidade para que os membros da CGP, da REASul, vivenciassem um processo participativo na divulgação do diagnóstico e das atividades da rede, através dos contatos presenciais, integrando-se também a outras redes com pesquisadores das universidades que passaram a constituir-se em novos elos da rede, a interação com comissões organizadoras das conferências de meio ambiente e infanto-juvenil em Santa Catarina e no Paraná.

Da mesma forma, participaram de eventos nacionais e regionais como o I Simpósio Sul Brasileiro de EA (Erechim-RS), II Encontro Pesquisa em Educação Ambiental (São Carlos – SP), das Reuniões Anuais da Anped (Caxambu e Poços de Caldas – MG), do III Congresso Brasileiro de Educação Ambiental (Ibirubá – RS), e do V Encontro Paranaense de Educação Ambiental, no qual foi criada a Rede de Educação Ambiental do Paraná – REA-Paraná, com o apoio da REASul.

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Em 2004 participou no VI EPEA e realizou o II Encontro da rede e o II CPEASul no Simpósio Gaúcho, em Erechim, auxiliando na organização do V Fórum Brasileiro e do V Congresso Ibero-Americano de EA (Joinville-SC) e do III Simpósio Sul Brasileiro de EA, que será em 2005.

A rede tem possibilitado essa vivência não-hierarquizada entre pesquisadores, técnicos de órgãos públicos e educadores ambientais das OSCIPS e ONGs da REASul, também permitindo uma interação e troca de saberes, metodologias e vivências muito significativas entre os que produzem o conhecimento e aqueles que executam as ações de gestão e conservação ambiental.

A análise dos dados do diagnóstico do Sibea também culminou na elaboração conjunta de um novo projeto para encaminhamento ao FNMA, com a manutenção de quatro das instituições que formaram a CGP da REASul, e a inclusão no projeto de novos elos regionais. Assim, apesar dos obstáculos, a REASul tem boas possibilidades de expansão com a ampliação de sua estrutura organizacional, mobilizando o capital humano e social necessários à constituição das redes sociais, e agregando-os em torno da formação de novos elos locais e regionais da rede, nos três estados, permitindo a interação interinstitucional de universidades, órgãos públicos, ONGs e movimentos sociais, sensibilizando pessoas para a divulgação da cultura de redes e potencializando as mesmas no planejamento e execução de programas e projetos conjuntos.

É necessário também fortalecer e ampliar formas de integração e articulação para a conectividade e a estrutura de seus elos regionais, articulando-se também em cada estado, como em Santa Catarina, onde a REASul foi convidada pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente para compor a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental. A rede também estabeleceu parceria com a Fundação Municipal de Meio Ambiente de Itajaí, no desenvolvimento do Projeto do Programa Participativo de Construção da Agenda 21 local de Itajaí, financiado pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente. Como única rede que congrega três estados na Região Sul, uma utopia possível é a idéia-força que move seus atores e atrizes, e que nos remete aos versos do poeta Amílcar Cabral, lembrados pelo saudoso Paulo Freire: “Se um sonho nos parece impossível, cabe a nós torná-lo possível”.

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Resumo

Criada a partir de 2002 por meio de alguns levantamentos de iniciativas de CEAs realizados pela OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental3, da Esalq/USP, a Rede

Brasileira de Centros de Educação Ambiental – Rede CEAs, chamada de “a caçula das redes de EA”, vai pouco a pouco se consolidando. Sabemos das dificuldades que há no âmbito da EA brasileira na atualidade (institucionais, financeiras, técnicas, de pessoal, cultural, etc.), mas entendemos que o campo da EA vivencia um momento bastante rico e intenso. O objetivo deste artigo é apontar e debater os desafios da Rede CEAs, como um forma de contribuir para processos de formação de redes temáticas no campo da EA, socializando angústias e inquietações.

Fomentar o surgimento de redes, em qualquer que seja seu campo de atuação, constitui-se em tarefa complexa e ousada. Embora observemos que a cultura de redes ganha espaço a cada dia, quem participa e atua diretamente nesses processos organizacionais vivencia na pele suas contradições, dificuldades e desafios, como também suas potencialidades e virtudes.

Palavras-chave: : : : : redes, educação ambiental, centros de educação ambiental.

Dialogando sobre a

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