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Os primeiros anos

No documento V.0, N.0 - Edição Impressa (páginas 134-136)

Se fôssemos datar o processo de constituição da Rede Brasileira de Educação Ambiental – Rebea, poderíamos retroceder aos fóruns de educação ambiental promovidos em São Paulo nos anos 90, pelo Grupo Interinstitucional de Educação Ambiental2 e ao contexto

da ECO-92. Seguindo a pista dos fóruns paulistas, situamos no II Fórum de Educação Ambiental, em março de 1992, no clima que antecedia a ECO-92, o lançamento da idéia de uma rede brasileira de educação ambiental. Era também o momento de uma intensa articulação mundial de educadores ambientais pela elaboração da Carta de Educação Ambiental.3

A Carta, um documento coletivo elaborado em rede sob a coordenação da educadora Moema Viezzer, foi apresentado no Fórum de ONGs, evento paralelo à conferência oficial como um tratado, e foi entregue às autoridades governamentais presentes na Rio-92, juntamente com os outros documentos produzidos pela sociedade civil.

O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, como passou a chamar-se, tornou-se uma referência para os educadores ambientais e foi adotado como a carta de princípios da Rede Brasileira, sendo um dos seus objetivos a divulgação e implementação das diretrizes e propostas do documento.

Assim, podemos identificar, desde o início da constituição da Rebea, a vocação e o objetivo de uma articulação nacional dos educadores brasileiros. As reuniões foram acontecendo paralelamente aos fóruns de educação ambiental e em vários encontros ambientalistas e de educadores, com uma participação maior de São Paulo e com uma presença forte de professores universitários, muitos da área de pós-graduação, e de seus alunos.

Aos poucos, uma estrutura de funcionamento e gestão foi gerada, com a formação de uma instância de coordenação, a Facilitação Nacional, que procurava ser representativa das regiões geográficas brasileiras e que tinha como apoios regionais, os elos locais. Neste período a estrutura da rede tinha um desenho referenciado nas regiões geográficas do país, o que era muito mais um desejo de abrangência nacional que uma realidade de interiorização. A idéia de trabalho em rede era muito nova e vaga, um campo de atuação em fase bastante inicial de constituição.

A rede funcionava apoiada pelas instituições-membro. Fazem parte desta fase inicial da Rebea, entre outros, Cristina Guarnieri (Cecae-USP), Marcos Sorrentino (Instituto Ecoar / Cecae-USP), Gabriela Priolli (Instituto Ecoar-SP), Haydée de Oliveira – (Rede de Educação Ambiental de São Carlos), Luis Afonso Vaz de Figueiredo (Fundação Santo André-SP) Martha Tristão (UFES -ES), Lilite Cunha (Gambá-BA) Claudia Macedo (Roda-Viva- RJ).

O III Fórum de Educação Ambiental, realizado em 1994 no Parque Anhembi, em São Paulo, reforça o compromisso dos educadores em torno da Rebea e a articulação e comunicação posteriores consolidam a rede. Definiu-se que os próximos fóruns seriam

2 Formado pela Universidade de São Paulo, 5 Elementos, Instituto Ecoar para a Cidadania, Central Única dos Trabalhadores, Clube Alpino Paulista, Colégio Santa Helena, Cetesb, Cesp, Cepam, Fundação Santo André, Grupo de Estudos da Serra do Mar, Prefeitura Municipal de Garulhos (Secretaria de Meio Ambiente), Prefeitura Municipal de São Paulo (Secretaria de Educação), Rede Brasileira de Educação

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organizados pela Rebea e que deveriam acontecer em outros estados brasileiros. A Editora Gaia publicou os “Cadernos do III Fórum de Educação Ambiental”, organizados pelo Instituto Ecoar para a Cidadania, e pelo Grupo Interinstitucional de Educação Ambiental de São Paulo, com recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente/MMA.

O IV Fórum de Educação Ambiental, realizado em Guarapari, Espírito Santo, em agosto de 1997, foi um momento rico para a consolidação da Rede Brasileira e para o fortalecimento de metodologias e práticas voltadas para a EA no país. A organização do evento coloca em operação, talvez pela primeira vez, o padrão organizacional em rede, uma ação descentralizada e coordenada tendo como elos ativos no processo: a Associação Projeto Roda-Viva/RJ e Instituto de Estudos Socioeconômicos/INESC-DF (Facilitação Nacional), Movida – Movimento pela vida/ Al (Nordeste), FAOR – Fórum da Amazônia Oriental/Pará (Norte), Bioconexão – Instituto Ecologista de Desenvolvimento (Centro-Oeste), Instituto Ecoar para a Cidadania (Sudeste), Apremavi – Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto do Vale do Itajaí/SC (Sul).

A realização do IV Fórum, precedido pelos pré-fóruns regionais, expande e descentraliza a rede no país. Um dos resultados foi a estruturação da malha da Rebea em abrangência nacional, com as instituições parceiras atuando como nós de uma grande rede. O período pré-IV Fórum durou cinco meses, de março a julho de 1997. Nele foram realizados oito pré-fóruns, os quais envolveram 39 entidades em sua organização. A articulação representou um avanço na organização dos educadores ambientais brasileiros e da própria Rebea. Como evento paralelo ao IV Fórum foi realizado o I Encontro da Rede Brasileira de Educação Ambiental. O Fundo Nacional do Meio Ambiente financiou, além dos pré-foruns, a publicação dos anais.

Durante o IV Fórum, no Encontro da Rebea, foi aprovado em plenária que a Secretaria Executiva da Rebea seria de responsabilidade do Ecopantanal – Instituto de Ecologia e Populações Tradicionais do Pantanal/MT, tendo como articulador Heitor Medeiros. Definiu-se que o V Fórum seria organizado em Belém-PA, pelo FAOR, tendo o Movida/RN se colocado como mais uma opção para a organização do mesmo.

Buscando efetivar a realização do V Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, a Facilitação Nacional da Rebea se reuniu em Maceio-AL, em outubro de 1999 com a participação do Instituto Ecoar para a Cidadania (Marcos Sorrentino), Cristina Guarnieri (Cecae/USP), Claudia Macedo (Roda-Viva), Martha Tristão (UFES), Movida (Virginia Muller) e Ecopantanal (Heitor Medeiros).

Com a decisão do Ecopantanal de paralisar suas atividades, a Facilitação Nacional, nesta reunião, deliberou pela transferência da Secretaria Executiva da Rebea para o Bioconexão, entidade na qual Heitor Medeiros passava a trabalhar.

Com essa responsabilidade o Bioconexão assume a Secretaria Executiva da Rebea e em função de sua dinâmica interna de trabalho, define que Heitor Medeiros assumiria a Secretaria Executiva da Remtea – Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental e Vivianne Amaral seria a responsável pela Secretaria Executiva da Rebea.

A partir daí a responsabilidade da realização do V Fórum ficou com a entidade não- governamental Movida, de Alagoas, membro da Facilitação Nacional da Rede. Por uma série de dificuldades o evento foi adiado, sendo assumido pela Rede Mineira de Educação Ambiental para acontecer em outubro de 2002, mas novamente foi adiada a sua realização.

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Passaram-se sete anos desde a realização do IV Fórum até que, num esforço de parceria com os Ministérios do Meio Ambiente, da Educação, Governo de Goiás e Prefeitura de Goiânia, a Rebea atua no momento para realizar o V Fórum Brasileiro de Educação Ambiental e o Encontro da Rede Brasileira de EA, em novembro de 2004, em Goiânia. O fórum é evento nacional dos educadores que atuam em rede e que constituem a grande malha nacional da Rebea.

No documento V.0, N.0 - Edição Impressa (páginas 134-136)

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