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4 CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS MICRORREGIÕES DE PICOS,

4.2 Características econômico-sociais

O Piauí, de acordo com o IBGE (2017), possui 3.219.257 habitantes, distribuídos sob uma área de 251.529 km². Devido a sua histórica formação, o maior percentual desta população habita o norte do estado, o que faz com que o sul tenha municípios de grandes dimensões, mas com população reduzida (baixa densidade demográfica). Portanto, os municípios investigados apresentaram a característica de baixa densidade demográfica. A seguir, na Tabela 22, a população total das referidas microrregiões.

Tabela 22: População estimada das microrregiões do Médio Parnaíba Piauiense, de Floriano e de Picos.

MICRORREGIÕES POPULAÇÃO ESTIMADA

2010 2017

MÉDIO PARNAÍBA PIAUIENSE 130.789 133.120

FLORIANO 121.544 123.007

PICOS 199.627 20.5104

TOTAL 451.960 461.231

Como observado na Tabela anterior, a microrregião de Picos é a que concentrou maior número de habitantes, se comparado com as outras duas microrregiões. Em sete anos, levando em consideração a população total da região, houve um crescimento de apenas 2,0%. A população apresentada em 2017 nestas microrregiões representava apenas 14,3% do total do estado. Dentre estes habitantes, foi percebida uma distribuição proporcional da situação domiciliar destes indivíduos, como apresentado na Tabela 23.

Tabela 23: Situação domiciliar (população urbana e rural) das microrregiões do Médio Parnaíba Piauiense, de Floriano e de Picos.

MICRORREGIÕES SITUACAO DOMICILIAR

URBANA RURAL

MÉDIO PARNAÍBA PIAUIENSE 82.369 82.420

FLORIANO 86.302 35.242

PICOS 116.148 83.479

TOTAL 284.819 201.141

Fonte: IBGE, Censo Populacional (2010)

Os dados demonstraram que, em 2010, a taxa de habitantes residentes na área rural das microrregiões do Médio Parnaíba Piauiense, de Floriano e Picos era de 50,0%, 28,9% e 41,81%, respectivamente. Analisando o total, o percentual de pessoas que moram na área rural foi de 41,3%. Considerando a porcentagem de habitantes do campo no estado do Piauí (34,2%), a população rural na área estudada é grande, inclusive se comparada à média nacional (15,6% de população rural).

É visível, assim, a importância do território rural para a economia e para a vida da sociedade das regiões supracitadas. O campo nunca deve ser visto como algo atrasado, pois ele mantém relações de interdependência com o meio urbano. Outro aspecto importante a se considerar da formação populacional piauiense é a quantidade de homens e mulheres residentes nas microrregiões. Sobre isso, a Tabela 3 apresenta a quantidade populacional por sexo.

Tabela 24: Divisão da população por sexo nas microrregiões do Médio Parnaíba Piauiense, de Floriano e de Picos.

MICRORREGIÕES SEXO

MASCULINO FEMININO

MÉDIO PARNAÍBA PIAUIENSE 64.131 66.658

FLORIANO 59.602 61.842

PICOS 97.167 102.460

TOTAL 220.900 230.960

Consoante aos dados do Censo, há mais mulheres do que homens, tanto por microrregião quanto na soma das microrregiões (51,1%). Essa quantidade influencia diretamente na gestão econômica da residência. Como pontuou Brasil (2015), no país, havia em 2010 37,3% de residências com a mulher como a principal responsável financeira.

A quantidade de mulheres em relação aos homens na região também impactou no perfil da educação institucionalizada. Na questão da frequência escolar no ensino médio, elas ficaram na frente dos homens (42,4% de frequência dos homens e 52,2% das mulheres). Dessa maneira, a escolarização do sexo feminino apresentou maior crescimento, tanto no Brasil quanto no Piauí (BRASIL, 2015).

Em relação à zona rural, as mulheres também são trabalhadores fundamentais para a gestão da atividade camponesa. Ademais, é imprescindível destacar a importância da mulher como membro fundamental para a gestão da vida no campo, mesmo desempenhando outras funções fora da lavoura.

Além disso, do ponto de vista econômico, a população dessa região do Piauí apresentou um nível baixo de rendimento per capita, como fica demonstrado na Tabela 25.

Tabela 25: Percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até meio salário mínimo nas microrregiões do Médio Parnaíba Piauiense, de Floriano e de Picos.

MICRORREGIÕES

% DA POPULAÇÃO COM RENDIMENTO DE ATÉ MEIO

SALÁRIO MÍNIMO

MÉDIO PARNAÍBA PIAUIENSE 49,7

FLORIANO 52,6

PICOS 52,8

MÉDIA TOTAL 51,7

Fonte: IBGE, Censo Populacional (2010)

Em conformidade com os dados apresentados na Tabela 25, pode-se perceber que mais da metade da população dessas microrregiões tem rendimento per capita de meio salário mínimo (em 2010 o salário mínimo no Brasil era de R$510,00). Esses dados acompanham a realidade de todo o Piauí. De acordo com o estudo do IBGE (2017), o rendimento domiciliar per capita define o estado na posição 24ª (do total de 27), um dos mais baixos do país.

A situação tende a se agravar nas comunidades rurais, onde as atividades remuneradas são escassas, o que impele muitas vezes os residentes no campo a procurarem oportunidades de emprego nos centros urbanos. Também, um fenômeno que auxilia no processo de desemprego em áreas rurais é a industrialização que ocorre na agricultura; mas,

como discutido anteriormente, a principal forma de resistência do campo é a produção agrícola e, por isso, a atividade do setor primário é tida como um dos principais alicerces para a economia Estadual. Para exemplificar essa questão, a Tabela 26 salienta a área (em hectares) destinada para a produção em lavouras temporárias e permanentes na área investigada.

Na Tabela 26, pode-se observar que é reservada maior quantidade de hectares para as lavouras temporárias. A soma das áreas disponibilizadas para as lavouras temporárias nas microrregiões diz respeito a 78,0% do total de área produtiva. Nesses territórios piauienses, as principais culturas permanentes são as frutas (banana e laranja, principalmente), enquanto temporárias destacam-se: feijão, mandioca, milho e arroz. Com a chegada de novos produtores de agronegócio, a soja também possui visibilidade com seu desempenho de produção.

Ao se tratar da criação de gado, a pecuária extensiva é destaque na região analisada. Outros efetivos de rebanhos, do mesmo modo, complementam a atividade criatória: caprinos, ovinos, galináceos e suínos. De acordo com IBGE (2006), ao se considerar todo o estado do Piauí, a quantidade de unidades destinadas a pastagens naturais é de 59.015 unidades, enquanto que o montante de pastagens plantadas em boas condições é de 34.892 unidades.

Ademais, também é de relevante ponderar sobre a quantidade de estabelecimentos totais nas zonas rurais. Assim, a Tabela 27 demonstra os números relativos ao total de estabelecimentos agropecuários na área examinada.

Tabela 26: Área dos estabelecimentos (em hectares) por tipo de lavoura, nas microrregiões do Médio Parnaíba Piauiense, de Floriano e de Picos.

MICRORREGIÕES ÁREA (HA) POR TIPO DE LAVOURA

PERMANENTE TEMPORÁRIA

MÉDIO PARNAÍBA PIAUIENSE 5924 21864

FLORIANO 6451 38052

PICOS 20654 57754

TOTAL 33029 117670

Tabela 27: Quantidade de estabelecimentos agropecuários nas microrregiões do Médio Parnaíba Piauiense, de Floriano e de Picos

MICRORREGIÕES QUANTIDADE

MÉDIO PARNAÍBA PIAUIENSE 11799

FLORIANO 8559

PICOS 23450

TOTAL 43808

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (2006).

A Tabela 27 assinala que o Médio Parnaíba Piauiense é a microrregião com maior quantidade de estabelecimentos agropecuários, seguida pela de Picos e de Floriano. Comparativamente ao Piauí, que tinha em 2006 245.378 unidades de estabelecimentos agropecuários, as três microrregiões somadas corresponderam a 17,8% do estado. Portanto, os quarenta e nove municípios que constituem as microrregiões apresentaram relevante força produtiva no estado, se forem combinados os dados de quantidade de estabelecimentos e a produção agropecuária.

Em suma, as microrregiões aqui caracterizadas apresentaram heterogeneidade em relação aos seus dados, mas seguem certas tendências econômico-sociais em nível estadual e nacional. É relevante salientar também que as condições físicas, aliadas à disponibilidade de terras (que será abordada com mais acuidade em capítulos posteriores), é fator de atração de novos produtores, principalmente os grandes empresários do setor primário. A partir dessa constatação, é necessário entender a nova dinâmica rural que está se instalando no campo e quais processos de (re)territorialização os camponeses e agronegócio vêm promovendo no Piauí.

5 MODO DE VIDA E PRODUÇÃO AGRÍCOLA