• Nenhum resultado encontrado

4 CUSTO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO

4.1 Características qualitativas da informação contábil a partir da Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade

4.1.2 Características qualitativas da informação contábil

As qualidades da informação contábil são atributos que devem existir de modo a aumentar a utilidade das informações para os seus usuários. Sobre tais atributos, Hendriksen e Van Breda (1999) os ensinaram, dispondo-os hierarquicamente. Para que tais qualidades possam ser elencadas neste trabalho, observe-se a Figura 6.

Limite de Reconhecimento Qualidades Secundárias

Qualidades Principais Qualidades específicas às

decisões Qualidades específicas aos

usuários Restrição Geral Usuário da Informação

contábil Tomador de Decisão

Benefícios > Custos

Compreensibilidade

Utilidade para tomada de decisão

Relevância Valor preditivo Valor como feedback Oportu- nidade Confiabilidade

Verificabilidade RepresentaçãoFidelidade de Comparabilidade Neutralidade

Materialidade

À luz da Figura 6, tem-se que o tomador de decisão na condição de usuário da informação contábil é quem demanda a informação, a qual deve se nortear pelas seguintes qualidades:

a) Relação custo-benefício: O custo com a obtenção da informação não deve ser superior aos benefícios que tal informação trará ao usuário, pois, do contrário, a obtenção da informação não se justificaria. Assim, a análise da relação custo-benefício deve ser entendida como uma restrição geral à geração da informação. Sendo elevada tal relação, a informação não deve ser gerada;

b) Compreensibilidade: A informação deve ser compreensível ao seu usuário, o qual necessita ter entendimento ou conhecimento prévio, sem os quais a informação não atingirá os seus fins;

c) Relevância: Diz respeito à utilidade da informação e pode ser entendida como a capacidade que a informação possui de influenciar na decisão. Segundo a Figura 6, para

Fonte: Adaptada de Hendriksen e Van Breda (1999)

que a informação seja considerada relevante é preciso que ela seja dotada cumulativamente de três qualidades:

i. Oportuna: Informação oportuna é a que chega de forma tempestiva ao decisor. Informação intempestiva normalmente não tem mais condição de influir na decisão, pois o momento em que a mesma deveria ser levada ao conhecimento do gestor já passou. Assim, só a informação oportuna pode ser dotada de valor preditivo e de valor como feedback;

ii. Valor preditivo: Diz respeito à capacidade que a informação possui de viabilizar ao usuário da informação fazer inferências sobre o comportamento de determinadas variáveis, considerando determinados contextos;

iii. Valor como feedback: Diz respeito ao papel da informação, seja para confirmar ou para corrigir expectativas do gestor em relação a ações passadas;

d) Confiabilidade: Também diz respeito à utilidade da informação e sua mensuração e pode ser entendida como a informação que é produzida livre de resultados tendenciosos. Sendo assim, a informação confiável representa qualitativa e quantitativamente aquilo que deveria efetivamente representar. A informação confiável deve guardar cumulativamente três características:

i. Fidelidade de Representação: Diz respeito à validade da informação e deve ser compreendida como a correspondência ou concordância entre uma medida e o fenômeno que ela deve representar. Quando esta correspondência fica comprometida, diz-se que a validade da informação fica prejudicada.

ii. Verificabilidade: A informação é verificável quando outros estudiosos na matéria, adotando os procedimentos tecnicamente adequados, encontrariam o mesmo valor para a informação;

iii. Neutralidade: É a qualidade que assegura a ausência de viés ou tendenciosidade de uma informação. A informação gerada de forma neutra possui a mesma probabilidade de situar-se abaixo ou acima do valor que deveria representar.

e) Comparabilidade: A utilidade da informação é ampliada quando permite a comparabilidade das informações geradas, seja da entidade com outras, como da mesma entidade, em momentos diferentes. A comparabilidade é potencializada à medida em que se observam:

i. Uniformidade: Assegura que eventos iguais devem ter o mesmo tratamento. A ausência da uniformidade pretendida prejudica a comparabilidade;

ii. Consistência: Diz respeito à conservação de procedimentos adotados em dois ou mais períodos. A ausência da conservação destes procedimentos pode comprometer a comparabilidade das informações geradas;

f) Materialidade: Toda informação que seja considerada material deve ser divulgada (evidenciação ou disclosure). Associada a esta ideia, acrescente-se que o decisor sempre possuirá uma limitação à quantidade de informações nas quais se embasará para a tomada de decisão. Diante disso, a ênfase na geração de informações deve ser àquelas consideradas materiais. As imateriais devem ser desprezadas.

Como se pode observar, quanto mais presentes tais qualidades, maior será a utilidade da informação para o usuário, tomador da decisão. Como a abordagem contábil deste trabalho tem como escopo o cálculo do custo por curso e por aluno, mostra-se importante uma abordagem acerca das terminologias utilizadas pela Contabilidade de Custos.

4.2 Terminologias utilizadas pela Contabilidade de Custos

De acordo com Martins (2003), Padoveze (2004) e Bruni e Famá (2004), entre as principais terminologias importantes para a Contabilidade de Custos, as quais também se mostram relevantes para o presente estudo, têm-se:

a) Gastos: São sacrifícios financeiros para a aquisição de um bem ou de um serviço, podendo ter implicado um desembolso ou uma promessa de desembolso futuro, dependendo se a aquisição do bem ou do serviço foi a vista ou se foi a prazo. Em se tratando de gastos públicos, as despesas públicas submetem-se a três estágios: i) O empenho, que consiste no ato do ordenador de despesa autorizador do referido gasto; ii) A liquidação ou apropriação contábil e iii) O pagamento. Face o exposto, em relação aos gastos públicos, todos representam uma promessa de

pagamento futuro, uma vez que, conforme Brasil (1964), todos os gastos públicos precisam ser previamente empenhados (art. 60, da Lei n. 4.320/64). São exemplos de gastos: compra de uma mesa e o consumo de energia elétrica;

b) Investimentos: São os gastos ativáveis, ou seja, são os gastos que irão ser acrescidos aos saldos das contas que registram os ativos. Por exemplo: Compra de veículos, compra de imóveis e compra de material de expediente de consumo não imediato, como é o caso de papel A4;

c) Custos: São os gastos efetuados para a produção de bens ou serviços destinados à atividade-fim da entidade. Remete à ideia de que o consumo do gasto está associado à produção de um bem ou de um serviço objeto da atividade-fim. No caso daquelas com finalidade lucrativa, é mais simples encontrar a atividade-fim, pois, normalmente, ela se identifica com o que se destina à comercialização. Por exemplo, na fábrica de refrigerantes, representam custos os gastos que contribuirão para a fabricação dos refrigerantes. Nas escolas particulares, os gastos com a prestação dos serviços educacionais. No caso das IFES, de acordo com Brasil (1988), a atividade-fim pode ser compreendida como as atividades de ensino, pesquisa e extensão, todas três constantes no art. 207 da Constituição Federal Brasileira de 1988. Deste modo, embora não possuindo finalidade lucrativa, os custos nas IFES podem ser compreendidos como os gastos necessários para a realização das atividades-fim de ensino, pesquisa e extensão, embora tais atividades não sejam objeto de comercialização por parte das IFES.

d) Despesas: são os gastos necessários para a gestão das entidades (administração) e para a comercialização dos bens e/ou serviços, compreendendo também as despesas de natureza financeira. No caso das IFES, torna-se importante conhecer a classificação da despesa a noção de despesa orçamentária, a qual, segundo ensinam Angélico (2006), Kohama (2010) e Bezerra Filho (2004), consoante a categoria econômica, as despesas classificam-se despesas corrente e despesas de capital. O primeiro grupo compreende as despesas de pessoal e seus reflexos, os juros e encargos da dívida e as demais despesas correntes. O segundo grupo

compreende os investimentos, as inversões financeiras e a amortização de dívida, os quais podem ser compilados no Quadro 14

Quadro 14: Gastos na área Pública: abrangência e paralelo com a Contabilidade Privada

CLASSIFICAÇÃO DAS