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5 METODOLOGIA DA PESQUISA

5.1 Classificação da pesquisa

A classificação da pesquisa é de fundamental importância para a compreensão dos métodos empregados no trabalho. Sob esta concepção, a classificação tem em vista os seguintes enfoques: a) quanto à abordagem do problema; b) quanto aos objetivos da pesquisa; e c) quanto aos procedimentos técnicos empregados.

5.1.1 Quanto à abordagem do problema

Quanto à abordagem do problema, as pesquisas podem ser classificadas como qualitativas ou quantitativas. Segundo Martins e Teóphilo (2009) os estudos consideram-se quantitativos quando os dados e evidências coletados pelo pesquisador podem ser quantificados e mensurados e prosseguem ensinando que, dependendo da natureza das informações e das evidências, poderá ser feita uma avaliação quantitativa, o que se faz por meio das seguintes etapas: organização dos dados, sumarização, caracterização e interpretação dos dados numéricos coletados. Para isso, os dados poderão ser tratados estatisticamente.

Sabe-se que, para apresentar a resposta ao problema da pesquisa, este estudo necessita coletar os dados para o calculo dos nove indicadores de gestão por curso para, em seguida, testar o grau de influência desses indicadores no comportamento do desempenho dos discentes desses mesmos cursos no ENADE. Para tanto, faz-se necessário o emprego de ferramentas estatísticas para a realização dos testes de Regressão Linear Múltipla. Com isso, tem-se que, para que se possa apresentar uma resposta ao problema, é necessária a coleta de dados, os quais são filtrados, organizados e tabulados e em seguida submetidos a técnicas e testes estatísticos. Então, sob este enfoque, pode-se afirmar que a pesquisa é quantitativa.

5.1.2 Quanto aos objetivos

Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser consideradas exploratórias, descritivas ou explicativas. Para Martins e Teóphilo (2009) as pesquisas existem para que o homem possa

compreender melhor a realidade, o que se faz por meio de um processo de estudo, construção, investigação e busca. Quando essa busca se destina a encontrar nexos entre diversas variáveis relacionadas com o seu objeto de estudo, diz-se que a pesquisa é explicativa.

Segundo Corrar, Teóphilo e Bergmann (2004), por vezes, o gestor precisa descrever ou prever o comportamento de determinada variável. Por vezes, isso é possível ser feito a partir de uma única variável, entretanto, em algumas situações, tem-se mais de uma variável para explicar o comportamento de outra. Na primeira situação, quando se tem uma variável explicativa para uma variável explicada, a ferramenta estatística adequada é a análise de regressão linear simples, entretanto, quando se tem duas ou mais variáveis explicativas para uma variável explicada, faz- se necessário o emprego da análise de regressão linear múltipla.

Depreende-se do que aqui foi mencionado, que a pesquisa explicativa busca identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Um estudo de natureza explicativa pode ser a continuação de um estudo com natureza descritiva, uma vez que, explicar um fenômeno requer a sua descrição detalhada. Sob esta esteira de entendimento, uma pesquisa explicativa pode ser experimental ou ex-post facto.

Tendo em vista o objetivo geral do presente trabalho, pode-se ver claramente que o mesmo tem como escopo explicar o comportamento do ENADE, a partir do desempenho de nove indicadores de gestão. Já que se tem nove variáveis independentes ou explicativas (indicadores de gestão do TCU, calculados por curso) buscando explicar uma variável dependente ou explicada (desempenho dos cursos no ENADE), a ferramenta estatística que melhor se mostra para esta situação é a Regressão Linear Múltipla. Além disso, este estudo limita-se, no tempo, aos indicadores apurados de 2006 a 2011.

Face o exposto, sob este enfoque, pode-se afirmar que, quanto aos objetivos, a presente pesquisa é explicativa ex-post facto, pois o estudo tem por escopo apresentar um modelo com nove variáveis (indicadores do TCU, calculados por curso) que se propõe a explicar o comportamento do desempenho destes cursos no ENADE. Como se vê, o estudo será feito após a ocorrência das variações na variável dependente (ENADE) no curso natural dos acontecimentos.

5.1.3 Quanto às técnicas empregadas

Para Marconi e Lakatos (2008) entre as técnicas de pesquisa está a documentação indireta, a qual abrange a pesquisa documental e a pesquisa bibliográfica. Para as autoras, a pesquisa documental pressupõe que os dados são coletados por meio de documentos, escritos ou não. Quando estes dados são feitos ou compilados pelo autor do trabalho, diz-se que a fonte é

primária. Quando feitos por terceiros ou transcritos de fontes primárias, diz-se que a fonte é secundária. São consideradas fontes de documentos: a) arquivos públicos (ex.: legislações, atas, assentos cartoriais, relatórios, anuários, alvarás etc.); b) arquivos particulares (ex.: correspondências, diários, autobiografias, ofícios, atas, comunicados etc.); e c) fontes estatísticas. São exemplos de documentos não escritos, fotografias, objetos, canções, vestuário, folclore etc.

Para Martins e Teóphilo (2009), a pesquisa bibliográfica é uma estratégia de pesquisa indispensável para o desenvolvimento de qualquer pesquisa científica, uma vez que ela permite explicar ou discutir um tema, tendo como base referências publicadas em fontes tais como livros, periódicos, revistas, enciclopédias, jornais, sites, CD’s, anais de congresso, enfim, fontes de estudiosos na matéria objeto da pesquisa, devendo-se dar preferência à consulta de fontes primárias. Na impossibilidade de acesso a fontes primárias, seja por se tratar de obras raras ou edições esgotadas, podem ser consultadas fontes secundárias. Segundo Marconi e Lakatos (2008, pg. 185) a pesquisa bibliográfica é uma técnica de pesquisa que propicia o exame de um determinado tema, sob novo enfoque ou abordagem, permitindo ao pesquisador conclusões inovadoras acerca daquele assunto.

Face ao que foi exposto neste tópico, quanto às técnicas empregadas no presente estudo, pode-se afirmar que, para a construção do referencial teórico da pesquisa, o trabalho se utiliza de pesquisa bibliográfica, tendo como principais fontes de coleta dos dados, livros, periódicos e revistas, além de sites e anais de congressos, entre outros. Cabe salientar que, sempre que possível, dá-se preferência à consulta de fonte primária. Tudo tendo em vista o acesso a obras dos principais autores que dão suporte ao tema de avaliação educacional, notadamente sobre o Modelo CIPP de Avaliação.

Para a construção do referencial legal do trabalho, o estudo se utiliza de pesquisa documental, tendo como principal fonte de coleta de dados, as normas do TCU que tratam sobre os indicadores objeto da análise desta pesquisa, todos mencionados na Decisão nº 408/02, do TCU, e alterações posteriores.

Este trabalho utiliza-se ainda de uma pesquisa empírica aplicada às unidades acadêmicas da FACED, FADIR e FEAAC, no período de 2006 a 2011. Para a coleta dos dados necessários à pesquisa empírica, utiliza-se pesquisa documental de fontes primárias. Considerando que o trabalho tem como objetivo geral explicar a variável desempenho no ENADE a partir dos indicadores de gestão do TCU calculados por curso, no âmbito das três unidades acadêmicas anteriormente mencionadas, então pode-se afirmar que a pesquisa empírica é do tipo explicativa,

uma vez que a análise de regressão múltipla tem como procedimento o teste de hipóteses necessárias à produção de informações para explicar o comportamento da variável explicada.

5.1.4 Quanto aos métodos científicos utilizados

No que diz respeito à pesquisa, cabe uma abordagem acerca dos argumentos de natureza indutiva e dedutiva utilizados no referido estudo, bem como se faz imprescindível a apresentação das etapas e desenvolvimento deste estudo.

5.1.4.1 Método argumentativo indutivo e método argumentativo dedutivo

Sobre os métodos argumentativos, Marconi e Lakatos (2008) ensinam que os mesmos podem ser indutivos ou dedutivos. No caso do método indutivo, a formulação de regras gerais parte de situações específicas e, no caso do dedutivo, regras gerais aplicam-se para a formação de regras específicas. No caso do argumento indutivo, quanto maior for a amostra dos dados específicos, maior será a força da regra geral que se pretende formular, pois a conclusão geral jamais estará 100% incluída na verificação das situações específicas, de forma que tal conclusão é provavelmente, mas não necessariamente, verdadeira. No caso do argumento dedutivo, a conclusão ou formulação da regra específica deve ser verdadeira, pois a mesma já estaria contida na regra geral. Face o exposto, no caso de utilização do método argumento indutivo, sugere-se aumentar o mais que possível a amostra e assegurar-se que ela seja representativa da população, a fim de se minimizar os efeitos da limitação deste método.

Para a melhor compreensão dos argumentos que advêm do método dedutivo e do indutivo, anteriormente mencionados, segue no Quadro 16, um demonstrativo das diferenças entre os aspectos que distinguem os dois métodos. Para tanto, os mesmos são segmentados em três grupos: i) quanto à origem e destino do argumento; ii) quanto à conclusão; e iii) quanto à possibilidade de fortalecimento da validade do argumento.

Quadro 16: Método Argumentativo Indutivo X Método Argumentativo Dedutivo

Aspectos observados Método Argumentativo Indutivo Método Argumentativo Dedutivo

1 Quanto à origem e destino do argumento

Parte de situações específicas buscando a formulação de regras gerais.

Parte de regras gerais buscando a aplicação das mesmas a situações específicas.

2 Quanto à conclusão A conclusão do argumento (regra geral) é sempre mais abrangente (maior) do que as observações específicas que a geraram, portanto, ela é provavelmente, mas, não necessariamente, verdadeira. Isso é uma limitação do método indutivo

A conclusão do argumento (regra específica) deve ser verdadeira, pois, em princípio, a mesma está contida na regra geral.

3 Para fortalecer a validade do argumento

a) Quanto maior for a amostra, menos insuficiente ela se mostrará no processo da análise dos dados

b) Quanto mais representativa for a amostra, menos tendenciosa ela será.

Não é necessário pois a conclusão já deve ser verdadeira

Fonte: Elaborado pela autora

No que concerne aos métodos argumentativos utilizados na Pesquisa empírica, há a predominância do método dedutivo no que diz respeito ao cálculo dos indicadores de gestão por curso. Observe-se que as regras gerais para o cálculo dos indicadores de gestão das IFES têm origem normativa, pois advêm da Decisão no 408/02 do TCU e alterações posteriores. Esta metodologia de cálculo é uma regra geral aplicada às IFES de maneira global, as quais não evidenciam as características específicas de cada curso ofertado em cada unidade. Em princípio, o presente estudo não tem por escopo discutir a validade (fidedignidade) de representação deste indicador, mas tão somente aplicar este regramento geral às situações específicas de cada curso, como se cada um deles fosse único na UFC.

No que concerne à validação das conclusões resultantes da análise de resultados aplicada aos cursos da FACED, FEAAC e FADIR, tem-se que o argumento conclusivo será indutivo, pois estas são apenas 3 (três) unidades acadêmicas da UFC, restando fora da análise mais 13 (treze) unidades acadêmicas na UFC que não foram objeto do presente estudo, o que faz com que as conclusões às demais unidades sejam provavelmente, mas, não necessariamente, verdadeiras.

Inobstante, a limitação do método indutivo, considerando a delimitação do trabalho, é desejável que, no âmbito da delimitação espacial da pesquisa, a amostra seja ampliada tanto quanto possível, pois, quanto maior for a amostra, em relação à população, mais ela se mostrará suficiente e representativa do total desta população, conferindo, por sua vez, uma maior validade das argumentações conclusivas do estudo no âmbito deste estudo, qual seja, as unidades acadêmicas da FACED, FADIR e FEAAC.

5.1.4.2 Método hipotético dedutivo

Karl Popper, crítico do método indutivo, deu uma imensa contribuição à ideia do que vem a ser conhecimento científico. Analisando as relações que envolvem as observações e as teorizações, Popper (1975) defendeu que as conclusões só se aplicam ao que foi observado, nunca podendo serem tomadas como regramento geral válido, sobre o que não foi observado. E prosseguiu dizendo, a título ilustrativo, que não importa quantos cisnes brancos alguém observou. Isto não é suficiente para que se possa afirmar, cientificamente, que todos os cisnes são brancos, pois, basta o surgimento de um único cisne negro para derrubar a afirmação de que todos os cisnes seriam brancos.

Sob este argumento, Popper (1975) defendeu que só é científico o conhecimento que pode ser falseado (testado). Marconi e Lakatos (2008) afirmam que, consoante os ensinamentos de Popper (1975), o processo investigatório passa por três estágios. São eles: i) A identificação do problema, o qual encontra-se inserido em um contexto, em meio a expectativas e teorias pré- existentes; ii) A solução proposta ou conjectura, que pode ser entendida como a nova teoria, obtida por meio de deduções de consequências na forma de proposições testáveis; e iii) Testes de falseamento da nova teoria, a qual será aceita ou refutada, produzindo, a partir de então, novo conhecimento científico.

O processo anteriormente mencionado que envolve a identificação de um problema, a identificação da solução provisória testável e o teste de falseamento desta solução é que Marconi e Lakatos (2008) chamaram de método hipotético dedutivo.

O presente trabalho traz uma pesquisa empírica, a qual apresenta um modelo para explicação da variável dependente por variáveis independentes, consoante mostrado na Figura 9. Esse modelo será testado estatisticamente para ser validado. Sendo assim, sob esta concepção dos testes estatísticos que permitirão a validação do modelo ou a sua refutação, é que se pode afirmar que a Pesquisa empírica utiliza-se também do método hipotético-dedutivo oriundo dos ensinamentos do que vem a ser conhecimento científico conforme Popper (1975).