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Programa de Avaliação da Reforma Universitária (PARU) – 1983 a

2 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E O MODELO CIPP DE AVALIAÇÃO

AVALIAÇÃO SOMATIVA

3 AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: ENADE E INDICADORES DO TCU

3.1 Evolução histórica da Avaliação do Ensino Superior no Brasil

3.1.1 Programa de Avaliação da Reforma Universitária (PARU) – 1983 a

A Lei n°. 5.540, de 1968, também conhecida como Lei da Reforma Universitáriaentrou em vigor no auge do Governo Militar. A primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB) fora aprovada por meio da Lei n°. 4.024, de 20/12/1961 e foi revogada justamente pela Lei da Reforma Universitária (Lei n°. 5.540, de 28/11/1968), a qual foi revogada mais tarde quase que na sua totalidade, pela Lei n. 9.394, de 1996, a qual manteve apenas o art. 16 da Lei da Reforma Universitária, que versa sobre a nomeação dos Reitores e Vice-Reitores. (BRASIL: 1961, 1968, 1996).

Segundo Arrosa (2002), o foco da denominada Reforma Universitária de 68 foi a estrutura administrativa e os papéis de professores e alunos. Como consequência das mudanças, viu-se o surgimento de inúmeras faculdades para suprimento das demandas nos arredores das grandes metrópoles e nas cidades de médio porte situadas no interior dos estados mais desenvolvidos. Ainda não se observa na Lei da Reforma Universitária de 1968 alusão à qualidade do ensino, avaliação ou regulação.

Segundo Frauches (2004, on-line), a Lei da Reforma Universitária caracterizou-se pela presença dos seguintes elementos:

 ensino indissociável da pesquisa;

 autonomia das universidades (didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira);

 a universidade como ambiente prioritário para o desenvolvimento do ensino superior, embora permita a existência dos estabelecimentos [...];

 modelo organizacional único para as universidades, públicas ou privadas (art. 11):  primeiro ciclo de estudos (ciclo básico), tendo por objetivo a recuperação de

insuficiências evidenciadas pelo concurso vestibular na formação de alunos; orientação para escolha da carreira e realização de estudos básicos para ciclos ulteriores;

 eliminação da cátedra e a sua vitaliciedade;

 o Departamento como "a menor fração da estrutura universitária para todos os efeitos de organização administrativa, didático-científica e de distribuição de pessoal", compreendendo disciplinas afins;

 o regime de matrícula semestral por disciplina, em substituição à matrícula por série anual (até então vigente), com pré-requisitos;

 o Crédito como unidade de medida para a contabilidade acadêmica de integralização curricular;

 a extensão como instrumento para a melhoria das condições de vida da comunidade e participação no processo de desenvolvimento;

 vestibular unificado para todos os cursos da mesma instituição;

 renovação periódica do reconhecimento de universidades e estabelecimentos isolados de ensino superior;

 necessidade social como requisito para a autorização de instituições e cursos superiores;

 representação estudantil nos órgãos colegiados; estimula a criação dos diretórios centrais dos estudantes e dos diretórios setoriais ou centros acadêmicos.

Em 1977, observou-se a primeira experiência sistemática da avaliação na Educação Superior brasileira, feita pela CAPES, e com foco nos programas de pós-graduação stricto sensu. Entretanto, para Lima (2005), a primeira experiência abrangente de avaliação no Ensino Superior brasileiro nasceu em 1983, com o advento do Programa de Avaliação da Reforma Universitária (PARU), que veio para acompanhar e monitorar como estava sendo processada a qualidade do Ensino Superior diante do crescente número de matrículas para atender as demandas. Portanto, o PARU foi a primeira iniciativa de avaliação institucional pública federal de forma abrangente.

Considerando que o PARU teve como foco avaliar as universidades para ver como as demandas do mercado estavam sendo atendidas, encontra-se aqui traços do modelo Tyleriano de avaliação.

Segundo Barreyro e Rothen (2008), a experiência bem sucedida da CAPES, na avaliação dos programas de pós-graduação, foi um dos fatores que contribuíram para o pensamento de uma avaliação mais abrangente do Ensino Superior, originando o PARU. Para tanto, o escopo desta

avaliação era conhecer as condições reais nas quais se realizavam as atividades de produção e disseminação do conhecimento do sistema de Educação Superior.

Sob este escopo, a avaliação nos moldes pretendidos pelo PARU entendia como necessária a participação da comunidade acadêmica, para a reflexão sobre suas práticas, bem como da comunidade externa para identificar as demandas bem como explicitar as expectativas quanto à organização da universidade e seu papel perante a sociedade. Com esta concepção, o PARU foi elaborado mediante consulta a segmentos representativos da comunidade acadêmica. Sob este foco, encontram-se traços da avaliação responsiva, orientada à negociação, preconizada por Stake, estudada no item 2.1.3 deste trabalho.

Segundo Barreyro e Rothen (2008), a avaliação nos moldes do PARU trouxe uma concepção voltada para o conhecimento sobre a realidade, na forma de uma metodologia de pesquisa que permitiria não apenas a obtenção de dados, mas também fazer uma reflexão sobre a prática, considerando: i) uma abordagem sistêmica de avaliação; ii) avaliação dos resultados da Gestão das Instituições de Educação Superior; iii) avaliação institucional externa e interna; iv) idéia da participação da comunidade na realização de auto-avaliação; v) enfoque qualitativo; e vi) concepção de avaliação formativa e emancipatória.

O PARU adquiriu a forma de um projeto de pesquisa e, com isso, assumiu um caráter de busca, indagação e investigação, com vistas a fundamentar ações futuras. Os resultados da pesquisa consistiriam em uma possibilidade efetiva de reflexão sobre a prática. A partir de então, observam-se no PARU traços de avaliação formativa também defendida por Scriven.

Este programa de avaliação para a reforma universitária reconheceu a importância de uma avaliação sistêmica do objeto avaliado, bem como da avaliação institucional, a qual se manteve presente também, mais tarde, no PAIUB e no SINAES.

A proposta da participação da comunidade no processo de autoavaliação (avaliação institucional interna) no PARU, em que pese ser uma presença da abordagem da avaliação

emancipatória proposta por Saul (1988) ou avaliação para empoderamento de Fetterman

(2000), entretanto, infelizmente, estas características não chegaram a ser efetivamente implementadas.

Para Cunha (1997, apud Barreyro e Rothen, 2008), devido a disputas internas no próprio Ministério da Educação, em torno de a quem competia fazer a avaliação da Reforma Universitária, o PARU foi desativado um ano depois de ter começado e, em virtude disso, não chegou a apresentar resultados.

3.1.2 Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB) – 1993 a