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3 POLÍTICA, GESTÃO, AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA E QUALIDADE DA

4.2 Caracterização da Mesorregião Geográfica Oeste do Paraná

A Região Oeste do Paraná é formada por cinquenta (50) municípios. A população foi estimada em 2015 em 1.302.065, e sua Densidade Demográfica é de 56,95 (hab./km²).

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O IPARDES é uma instituição de pesquisa vinculada à Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral – SEPL. Sua função é estudar a realidade econômica e social do Estado para subsidiar a formulação, a execução, o acompanhamento, e a avaliação de políticas públicas (2015).

A Mesorregião Oeste Paranaense está localizada no Terceiro Planalto Paranaense e abrange uma área de 2.290.859 hectares, que corresponde a cerca de 11,5 % do território estadual. Esta região faz fronteira com a Argentina e o Paraguai e possui como principais divisas os rios Piquiri, Paraná e Iguaçu. É constituído por 50 municípios, dos quais se destacam Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, em função de suas dimensões populacionais e níveis de polarização.

Mapa 2 - Mapa da localização da Mesorregião Oeste do Paraná

Fonte: Adaptado de IPARDES (2003).

A Mesorregião Região Oeste foi a última região do estado a ser ocupada. A região ficou isolada durante muito tempo, sem infraestrutura, comunicação e instituições e ações do governo estadual e federal (IPARDES, 2003).

A história da região oeste remete a ocupação indígena na América do Sul e, posteriormente, a ocupação dos espanhóis e dos portugueses. Com o tratado de Tordesilhas, a região onde hoje fica o Oeste do Paraná ficou caracterizada como o 3º espaço4

e ficou sob o domínio dos espanhóis. Esse espaço, historicamente, foi palco de disputas entre indígenas, espanhóis e portugueses (IPARDES, 2008).

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São nomeados de espaços relevantes “aqueles recortes espaciais com expressão econômica e institucional, em diversos níveis, destaca-se uma espacialidade de máxima relevância, concentração e densidade, formada pela aglomeração metropolitana de Curitiba, pelo entorno de Ponta Grossa e por Paranaguá (1.o espaço), e duas espacialidades com elevada relevância, uma no Norte Central (2.o espaço) e outra no Oeste do Estado (3.o espaço)” (IPARDES, 2008, p. 8).

Com o Tratado de Madri, em 1750, o território onde se encontra a Região Oeste do Paraná passou a pertencer aos portugueses. Os indígenas que ali habitavam passaram, como em toda a América do Sul, a sofrer forte perseguição e extermínio. Atualmente, restam apenas alguns índios remanescentes nos municípios de São Miguel do Iguaçu, Tupãssi e Guaíra. “No Paraná, vivem cerca de 13.300 indígenas. Aproximadamente 70% pertencem ao povo Kaingang (tronco linguístico Macro-Jê) e 30% ao povo Guarani (tronco linguístico Tupi- -Guarani)” (SEED/PARANÁ, 2017). O governo federal demarcou 17 terras indígenas no Paraná e três delas estão na Região Oeste. A população total na região soma 2.598 indígenas: Reserva Indígena Ocoí (172 pessoas), Reserva Indígena Rio das Cobras (2.263 pessoas) e Reserva Indígena Tekoha-Añetetê (163 pessoas).

No império brasileiro, tem início, a partir de 1824, a chegada de imigrantes europeus, principalmente alemães, que buscam trabalhar em pequenas propriedades para a sua subsistência. O governo imperial desenvolveu uma política de concessão de terras através de companhias colonizadoras que desenvolveram o sistema de “obrage” 5

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Com o advento do governo de Getúlio Vargas, tem início um novo movimento.

Nos anos de 1930, ocorre um novo momento na ocupação dessa porção do território paranaense, com o início do movimento denominado “Marcha para o Oeste”. Implementado pelo governo do presidente Getúlio Vargas, tinha o intuito de adensar a ocupação do território brasileiro. A marcha para o Oeste deu prosseguimento à exploração da madeira, mas introduziu a exploração agrícola. Outros aspectos marcam essa fase da ocupação: a nacionalização da força de trabalho, pois decreto da época impunha a composição por 2/3 de trabalhadores brasileiros; a alocação de infraestrutura viária; e a implementação do processo planejado de ocupação da faixa da “fronteira ocidental” por companhias colonizadoras gaúchas, voltadas ao mesmo tempo a atividades imobiliárias e à exploração de madeira (IPARDES, 2008, p. 14).

Teve importância também a exploração do café por parte de agricultores de origem alemã e italiana vindos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Todos esses movimentos de ocupação fizeram com que, na região, aumentasse a população e os centros urbanos.

Na metade do Século XX a região era marcada pela economia agropecuária em pequenas áreas rurais. Essas pessoas vindas do Sul do Brasil buscavam construir uma nova vida mais promissora. Diferente dos produtores do início do Século XX, que tinham uma

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O termo, retirado do castelhano, passou a designar as propriedades e/ou explorações instaladas em regiões onde predominava a existência de uma flora tipicamente adequada ao clima subtropical nos Estados vizinhos da Argentina e do Paraguai. (COLODEL, 1988, p. 53)

A “obrage” foi um tipo de exploração ou propriedade que se desenvolveu no Paraguai e Argentina. “Obragero” era o proprietário desse tipo de latifúndio. No final do século passado, ela era típica no Paraguai e nas províncias argentinas de Corrientes e Missiones. O “obragero” argentino explorava a erva-mate e a madeira em toros (WACHOWICZ, 1988, p. 227).

agricultura de subsistência, essa nova demanda tinha uma produção mais voltada ao comércio e ao mercado.

A Região Oeste toma novos rumos com a melhoria da infraestrutura, principalmente pela construção da Ponte Internacional da Amizade (1965), que liga Brasil e Paraguai, e pela construção do asfalto da BR-277, que liga a Região Oeste do Paraná com a capital do estado, Curitiba, e com a cidade de Paranaguá, dando acesso ao Porto de Paranaguá, assim, possibilitando escoar a produção e o movimento de mercadorias e produtos.

Outra enorme contribuição foi a construção da usina hidrelétrica de Itaipu6

, construída em parceria entre o Brasil e o Paraguai, teve início em 1969. Com a construção, uma nova etapa de ocupação e transformação de toda a Região Oeste ocorre desde Guaíra até Foz do Iguaçu (IPARDES, 2008, p. 17).

A década de 1970 foi marcante pela utilização de novas técnicas e mecanização da produção agrícola. Formam-se uma estrutura fundiária e ocorre um aumento significativo da população.

A presença do Estado na região começa com a instalação da Colônia Militar do Iguassú, em 22 de novembro de 1889, buscando delimitar o espaço geográfico brasileiro e acabar com a influência de estrangeiros na extração e comércio de madeira e erva-mate. Em 09 de abril de 1910, a Colônia Militar do Iguassú passou a ser um distrito do Município de Guarapuava, sendo denominada Vila Iguassu. Em 14 de março de 1914, o governo do Paraná criou o Município de Vila Iguaçu, e foi instalado e efetivado em 10 de junho de 1914. Em 1918, o município mudou sua nomenclatura para Município de Foz do Iguaçu. A tabela 8 mostra a evolução do número de municípios na região.

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Em 2016, a Itaipu Binacional foi a primeira hidrelétrica do mundo a ultrapassar 100 milhões de megawatts- hora (MWh) de geração anual. Com um total de 103.098.366 MWh, a usina superou o recorde de 98,8 milhões de MWh estabelecido pela chinesa Três Gargantas, em 2014, e recuperou o primeiro lugar mundial em produção anual de energia limpa e renovável. A Itaipu também é a maior hidrelétrica do mundo em produção acumulada. Desde quando começou a operar, em maio de 1984, já gerou mais de 2,4 bilhões de MWh (ITAIPU, 2017).

Tabela 8 - Evolução da criação de municípios e crescimento populacional na Região Oeste do Paraná (1950-2000). Censo Número de municípios População total População urbana População rural Grau de urbanização (%) 1950 1 16.421 3.404 13.017 20,73 1960 4 113.752 29.843 84.412 26,24 1970 19 763.723 152.354 611.948 19,95 1980 20 953.364 490.662 452.902 51,47 1991 35 1.017.300 738.136 279.164 72,56 2000 49 1.140.315 937.484 202.831 82,21

Fonte: Adaptado de IPARDES (2008).

Até 1950, Foz do Iguaçu era o único município da região com ocupação e presença do Estado; essa estrutura se modificou tendo um salto significativo para 49 municípios em apenas 50 anos. As três primeiras décadas apresentadas na tabela 8 são marcadas pela forte concentração das pessoas no espaço rural. Com o aumento da ocupação, a melhoria da infraestrutura, expansão do comércio e maior presença do Estado a região se desenvolve e as três últimas décadas demonstram a expansão do número de municípios e do crescimento populacional. A década de 1980 é marcada por certo equilíbrio entre a população urbana e rural quase tendo o mesmo percentual de ocupação. Com o aumento do número de municípios nas décadas de 1990 e 2000, o maior percentual de ocupação se fixou no espaço urbano. Na década de 1980, os números das populações urbana (490.662) e rural (452.902) são muito próximos, mas esse quadro se altera significativamente na década de 1990 com prevalência da população no espaço urbano (738.138) em vista do espaço rural (279.164). Ocorreram nas décadas de 1970, 1980 e 1990 a construção da Usina de Itaipu e o processo de desapropriações das terras que formariam o Lago de Itaipu. Esse processo interferiu na organização da população do campo e cidades, mudando o espaço geográfico. Três cidades importantes quanto ao número populacional e econômico fazem parte da Região Oeste do Paraná, configurando-se o número de habitantes em Cascavel com 319.608, Foz do Iguaçu 264.044 e Toledo 135.538 (IPARDES, 2017).

Porém, com o início das obras de Itaipu (1973/1974), o município de Foz do Iguaçu salta de 33.966 habitantes, em 1970, para 136.321, em 1980. Isso significa que 50% do acréscimo populacional registrado na região deu-se apenas em um município. Foz do Iguaçu concentrava na época todo o canteiro de obras da binacional, alojando em seu perímetro a massa de operários, ditos “barrageiros”, que para lá foram em busca de trabalho, e com eles algum tipo de agregado. Mais uma vez, o 3o espaço

vivencia o impacto de uma ocupação humana veloz e densa, fato que irá redefinir, ainda que num espaço mais restrito do seu território, uma nova grandeza de tempo – expressa na celeridade dos eventos – nas relações sociais, culturais e econômicas até então existentes. (IPARDES, 2008, p. 17)

O impacto social da construção da usina de Itaipu foi imenso. Foram realizadas muitas obras que melhoraram as condições para a população, mas por outro lado surgiram muitos problemas devido à enorme demanda por serviços públicos, além do aumento da violência e criminalidade.

Atualmente, no Oeste do Paraná, a coordenação de projetos da Hidroelétrica Itaipu Binacional vem desenvolvendo em conjunto com as municipalidades locais vários programas na área do meio ambiente, como por exemplo: reflorestamento, matas ciliares, água boa, coleta solidária do lixo, treinamento de jovens no parque tecnológico de ITAIPU, parcerias com as universidades da região e mesmo com outras instituições. Assim, percebe-se uma vontade de contribuir com o estoque de capital social de toda a região. Mas ainda falta mais afinidade nas relações sociais de cooperação e de solidariedade, traduzida em associações, grupos e redes sociais que são em boa parte responsáveis pelo êxito da economia de mercado regional e a do desenvolvimento dos municípios do Oeste, quando se aplicam aspectos não econômicos, produzindo valores econômicos que beneficiam a comunidade regional. (PIFFER; et al., s. d., p. 15)

O Parque Nacional do Iguaçu é um dos elementos naturais de importância na Região Oeste do Paraná. O parque foi criado em 1939, após Santos Dumont levar ao conhecimento do governador do Paraná e presidente da época, a importância desse espaço natural na demarcação do território nacional. O parque abriga as Cataratas do Iguaçu e o maior espaço remanescente de floresta Atlântica da Região Sul do Brasil, espaço rico em biodiversidade e espécies da flora e fauna. É um espaço de proteção e preservação de espécies animais como a onça-pintada, jacaré-de-papo-amarelo e vegetais como peroba-rosa ameaçadas de extinção (ICMBIO, 2017). Devido a sua importância, o Parque Nacional do Iguaçu foi considerado a primeira unidade de conservação do Brasil e, em 1986 a UNESCO o declarou Patrimônio Natural da Humanidade. O parque tem 185.265,50 ha, sendo 8,1% da área total da Região Oeste paranaense. Atualmente, o parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), órgão federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (ICMBIO, 2017).

As Cataratas do Iguaçu são formadas por 275 quedas do Rio Iguaçu a 18 quilômetros antes de sua foz, onde se junta com o Rio Paraná. O Rio Iguaçu é um dos marcos da divisa do Estado do Paraná com Santa Catarina e fronteira do Brasil com a Argentina. A formação geológica do terreno é estimada em aproximadamente 150 milhões de anos e a formação das quedas é estimada em 200 mil anos. Em 2011, as Cataratas do Iguaçu são consideradas uma

das Sete Novas Maravilhas da Natureza, a partir de um concurso internacional promovido pela Fundação New Seven Wonders. As cataratas são formadas por 275 saltos d’água e, juntamente com o Parque Nacional do Iguaçu recebem todos os dias milhares de visitantes. “A vazão média do rio fica em torno de 1.500 m³ por segundo, variando de 500 m³/s [...]” (ICMBIO, 2017).