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Quanto às Políticas Educacionais no Município de Assis Chateaubriand

3 POLÍTICA, GESTÃO, AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA E QUALIDADE DA

4.5 Município de Assis Chateaubriand: Caracterização, Indicadores Sociais e

4.5.2 Quanto às Políticas Educacionais no Município de Assis Chateaubriand

Este tópico trata do conjunto de questões direcionadas aos gestores municipais de educação que buscam compreender a formulação de políticas educacionais. Para tal intento foram feitas questões aos gestores municipais de educação considerando: o processo de

construção de políticas educacionais municipais, uso dos resultados da Prova Brasil e do IDEB na formulação de políticas educacionais municipais, legislações e documentos municipais que consideram a Prova Brasil e o IDEB.

Os trechos a seguir apresentam como foi organizado o processo de construção de políticas educacionais municipais segundo a concepção do entrevistado Entrevistado ‘A’ – Ex-Secretário Municipal de Educação – Município Assis Chateaubriand. Os excertos destacam que foram adotadas políticas internas no próprio município, com o aval da equipe da secretaria, prefeito e vereadores. A primeira ação destacada na fala é referente ao convite às professoras aposentadas para trabalharem com os alunos no reforço e simulados da Prova Brasil. Outra ação destacada foi a relação da secretaria de educação com outras secretarias da prefeitura como a de transporte, ação social, saúde, agricultura entre outras secretarias e órgãos públicos de atendimento as crianças e adolescentes.

Ocorria segundo a fala do respondente um contato com pessoas das secretarias que tinham participação no atendimento ao aluno como no caso especificado do motorista de ônibus que transportava os alunos. Esse processo de aproximação do secretario e equipe também ganha destaque na fala ao descrever as funcionárias das escolas que ele visitava. Ao realizar esse contato com os funcionários das secretarias municipais e da secretaria de educação podia conversar e ouvir a demanda de necessidades desses prestadores de serviços e pensar a formação desses profissionais.

Outro elemento importante de ações da secretaria municipal de educação diz respeito ao material utilizado pelos alunos que saia por um custo baixíssimo em relação à rede particular, e que era considerado um material de qualidade. Entre as ações destaca que a secretaria de educação sempre buscou trabalhar de forma isonômica tanto no trato das escolas quanto dos funcionários públicos. É descrito em sua fala que buscou implantar um modelo que despartidarização e despolitização da educação com amplo destaque também a sua atuação como gestor. É presente na fala um encaminhamento de que cada um tenha um papel ou função a fazer e que ela deve ser bem feita. Na sua visão ele deveria ter uma boa gestão e servir de exemplo, ter bons resultados nos indicadores, avaliando o processo internamente e externamente conforme os ritos do governo federal. É destacado na fala que muito dos problemas da gestão da educação se deve a falta de continuidade nas gestões municipais e gestão da educação.

O entrevistado Entrevistado ‘A’ – Ex-Secretário Municipal de Educação – Município Assis Chateaubriand tratava as unidades escolares como unidades de negócio demonstrando uma visão mercantil de gestão. Em dados momentos é presente uma fala autoritária ao

demandar que os projetos políticos pedagógicos e as propostas pedagógicas curriculares deveriam ser rasgados (simbolicamente) e que no município seria necessário somente um documento que serviria para todas as escolas. Quanto a este fato fica evidente na fala não houve maiores problemas na aceitação dessa postura. Quanto aos aspectos da meritocracia que buscou tratar todos de forma isonômica e que não havia retorno financeiro, mas que era uma prática valorizar o trabalho que se destacava e cobrar os trabalhos que não atingissem as metas das avaliações e políticas. Na fala é apresentado que o município elaborou os projetos políticos pedagógicos, as propostas pedagógicas curriculares das escolas além do plano de carreira dos profissionais do magistério, e o plano municipal de educação.

[...] eu fiz um convite às professoras municipais aposentadas, de maneira voluntariosa porque não tinha como pagar para que elas dessem reforço para os alunos nos contra turnos para simular as provas.

[...]. Quando eu chamava o secretário de transportes para capacitar motorista, poucos entendiam o que eu estava querendo dizer. Motorista não dá aula, mas carrega 30 crianças dentro do ônibus duas vezes por dia, às vezes andando 50, 60, 100 quilômetros por dia.

Eu chegava à secretaria numa escola específica, pode ser no interior, na zona rural, ou na própria cidade, a uma zeladora, "tia, o que a senhora precisa?" [...] ela fala com aquela simplicidade, "[...] eu nunca tive um ventilador". [...] ela precisava de um ventilador porque até o alimento talvez fosse melhor produzido. [...] fazer capacitação para as zeladoras, para as merendeiras, para as zeladoras, o quão importante é.

Tentamos implantar num custo baixíssimo, à época eram 20 reais por aluno, por ano, um material que o professor certamente conhece, do Positivo. Em Curitiba, o sistema Positivo de ensino.

E eu era gestor da secretaria, então eu tinha que ter uma boa gestão, servir de exemplo, etc. O resultado vem nas avaliações em massa, não é só para isso, mas como política pública tentar fazer algo diferente. No indicador, se der resultado, bom, se não der temos que tempo para ir avaliando internamente, externamente, seguir os ritos que a educação federal.

[...] tinham aquelas que eu chamava 18 escolas, ou 18 unidades de negócio, assim, para entender como negócio que tem pessoas trabalhando e tem que dar resultado, tem estrutura física, pessoas e resultado.

[...]. Eu estava numa reunião falando do PPP, eu rasguei (simbolicamente) os 18 sem revolução, sem briga, sem nada, numa reunião sentado com as 18 diretoras, eu sozinho, eu sem minha equipe e as 18, eu pedi para elas trazerem, cada um, era um diferente do outro. [...], eu mostrei para elas que o município era muito pequenininho com 18 escolas, algumas com quatro alunos numa sala de aula, a outra com 800, que nós tínhamos que ter um PPP.

[...] uma política da secretaria com apoio da prefeita à época de tratar todo mundo isonomicamente, não quer dizer que é mérito, mas isonomicamente, aí eu mostrava para essas pessoas que sim, uma vai ter que receber mais tapinha nas costas, mais parabéns do que a outra, mas não vai receber mais lápis de cor do que a outra que foi mal.

[...] um plano de carreira para todos os servidores que contemplaram evidentemente os servidores da educação, então tinha o plano de carreira, tinha um plano da educação municipal definido, evidentemente que não regrado como tinha que ser como política nacional.

[...] eu tentei, da maneira mais simples possível, mostrar que envolvimento da comunidade interna com alguns membros da comunidade externa, claro, pastoral, conselho tutelar [...]. (Entrevistado ‘A’ – Ex-Secretário Municipal de Educação – Município Assis Chateaubriand).

Os trechos a seguir apresentam como foi organizado o processo de construção de políticas educacionais municipais a partir de como o município se organiza para enfrenar os problemas educacionais apontados pelas avaliações externas segundo a concepção do Entrevistado ‘B’ – Coordenador Pedagógico – Município Assis Chateaubriand. O respondente destaca nos fragmentos de texto a seguir que a organização dos trabalhos da secretaria municipal de educação não pautado exclusivamente nos resultados da Prova Brasil e que todas as ações como formação, capacitação trabalho, currículo buscando o melhor resultado sem pensar na avaliação. A Prova Brasil é segundo o relato uma consequência, um resultado do trabalho da secretaria de educação. A fala denota que os resultados se devem ao acompanhamento da aprendizagem e apoio ao aluno. A fala descreve que algumas escolas desenvolvem um atendimento compreendido como se fossem de período integral onde participa de várias atividades de formação.

Não fazemos essa organização apenas pelos resultados da Prova Brasil, é aquilo que eu te falo. Nós, todos os anos, vemos o trabalho que os professores realizam [...] que resultado teve no final do ano com a criança, a senta, faz formação continuada, faz capacitação preparando esses professores para o melhor resultado dentro do que é proposto para ser trabalhado, dentro do nosso currículo, não especificamente para Prova Brasil. A Prova Brasil, ela é uma consequência, ela é um resultado daquilo que é trabalhado além.

A secretaria de educação [...] acompanha muito a questão da aprendizagem do aluno, está sempre oferecendo para escola um professor de apoio que o aluno venha em período contrário, até nós temos três escolas que estão fazendo o trabalho contrário de escola em período integral, onde tem nessas escolas, não são todas. Então é uma iniciativa ainda do município porque nós não conseguimos atender todas, são 14 escolas, nós temos três mil alunos [...]. Mas é um trabalho que é feito já em três escolas que o aluno fica o período integral, onde aquele aluno que tem dificuldade tem um período no período contrário de atendimento para conteúdos, e nós também temos as salas de apoio, que é para trabalhar a questão do aluno que tem dificuldade, e que também vai influenciar lá no resultado da Prova Brasil. Nós temos duas. Na verdade é assim, nós temos duas escolas que já tem, eu acredito que tem em torno de 7, 8 anos que trabalha em período integral, [...] eles são atendidos como contra turno de oficinas, que é as atividades complementares [...]. Nós temos nessas duas escolas. Então essas duas escolas, três escolas, na verdade, elas trabalham com oficinas, aí tem os estagiários que trabalham com as oficinas, essas oficinas são oficinas do próprio sistema, e além de outras atividades que nós fazemos junto com essas crianças que são com esporte, a Casa da Cultura. (Entrevistado ‘B’ – Coordenador Pedagógico – Município Assis Chateaubriand).

Os segmentos de texto a seguir apresentam como foi organizado o processo de construção de políticas educacionais municipais a partir da discussão, sistematização e influência da Prova Brasil e do IDEB segundo a concepção do entrevistado. A respondente destaca novamente em sua fala que os trabalhos da secretaria não são desenvolvidos em função da Prova Brasil e do IDEB, mas pela aprendizagem do aluno como um todo. Os trabalhos segundo a visão do respondente são pautados no plano de ação da prefeitura e da

secretaria municipal de educação. Outras secretarias e órgãos públicos estão incluídos nesse processo e tem, segundo a fala, papel fundamental. Essa forma de organização permite a participação de diretores, coordenadores e professores na formulação de políticas e documentos orientadores da educação. A fala destaca que o processo de organização de trabalhos da secretaria de educação prevê várias atividades como reuniões, formações conforme o calendário escolar. Para contextualizar esse processo a narrativa destaca como exemplo que a construção de uma escola, reformas, capacitações e reuniões são de conhecimento de todos de forma organizada e esquematizada.

[...] Temos uma secretária que pensa muito não só na Prova Brasil, mas na aprendizagem do aluno como um todo. Temos um apoio muito grande do nosso prefeito em todas as ações que o município realiza quanto à educação. Isso é discutido com as outras secretarias [...] isso é discutido, é sistematizado. Agora com o plano municipal, nós estamos até em processo de uma organização dentro da secretaria de ter o nosso próprio projeto político pedagógico dentro da secretaria de educação [...], mas assim, sistematizado mesmo, nós não temos. Isso é pensado junto com a administração, com a secretária, com o coletivo, diretores, coordenadores, e professores [...] com encontros que nós fazemos com os professores nas escolas. [...] é sempre programado no início do ano tantas reuniões e como nós vamos fazer as reuniões [...] temos periodicamente reuniões com os nossos diretores, coordenadores, aonde é repassado tudo que a Secretária discute [...] Por exemplo, se você perguntar para nossos diretores, eles sabem o que acontece em todas as escolas, não é uma coisa fechada.

Não temos uma biblioteca específica [...], não temos bibliotecários, quem atende é o professor da escola. Mas todas as nossas escolas, mesmo que não tem sala, ela tem a biblioteca ambulante.

Não trabalhamos somente para a Prova Brasil, mas ela influencia. Nós temos duas escolas que em 2015 estiveram abaixo da média e tivemos um olhar diferente para essas escolas. O que está acontecendo? Sabemos que temos professores excelentes, que trabalham, mas de que forma nós vamos precisar mudar esse atendimento para que melhore esse resultado? E aí a própria secretaria de educação que faz esse trabalho com professores de apoio, participando vendo o trabalho na escola.

É muito difícil ter evasão escolar, até o quinto ano é muito difícil. Faz cinco anos que eu estou aqui na secretaria, nós tivemos problema de duas evasões nesses cinco anos [...], nós temos casos, assim, de reprova, [...]. É feito um trabalho de procura quando a criança está faltando na escola sendo acionado o Conselho Tutelar.

Nós temos a rede de proteção aqui no nosso município que também que iniciou no ano passado, em 2015, onde essa rede de proteção tem dado, assim, uma força muito grande para as escolas, porque trabalha ali o CRAS, o CREAS, a saúde.

Tem atendimento psicológico, fonoaudiólogo, saúde. Se for o caso de os pais terem problema com droga, são encaminhados para o trabalho de rede [...], um trabalho bom porque não trabalha só a criança, trabalha a família [...].

Trabalhamos muito com as editoras. Esse ano estamos fechando com o IFPR e os professores para a formação continuada com os professores. No ano passado trabalhamos com a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná.

Aqueles temas que nós queremos trabalhar, nós buscamos e fazemos um trabalho em cima deles [...], as nossas formações também vem com o anseio dos professores, não somos nós que propomos.

Nós temos plano de carreira e está para ser reformulado ainda [...], temos o plano de carreira, o plano municipal de educação. Estamos num processo de avaliação do plano municipal de educação [...]. Nosso plano municipal foi elaborado por nós da educação mesmo [...], pensado e discutido em muitos encontros [...]. (Entrevistado ‘B’ – Coordenador Pedagógico – Município Assis Chateaubriand).

Ao ser questionado sobre as bibliotecas a respondente destaca que há bibliotecas em algumas escolas com salas específicas e em outras os livros ficam a disposição dos alunos na própria sala de aula com o auxílio do professor. Quando interpelado sobre os resultados do IDEB o entrevistado destacou novamente que o trabalho da secretaria não é em função da Prova Brasil, mas que esta exerce alguma influência. Nas escolas com baixo índice a secretaria oferece um olhar diferente, buscando saber o que acontece e que mudanças são necessárias e que tipo de apoio à secretaria pode dar. Ao tratar da evasão escolar expõe que esse não é um problema para o município devido ao seu tamanho e que quando ocorre há o apoio de uma rede de proteção formada pelas secretarias municipais, órgãos de segurança pública, justiça, órgãos de proteção da criança e do adolescente e órgãos de saúde. Em alguns casos é relatado que esse apoio é oferecido também às famílias. Na parte final destaca que a secretaria municipal de educação trabalha junto a AMOP para realizar formações e apoio curricular. Sobre a legislação e documentação o entrevistado relata que o município elaborou os projetos políticos pedagógicos, as propostas pedagógicas curriculares, o plano de carreira dos profissionais do magistério, e o plano municipal de educação.