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Caracterização dos destinatários e Metodologia

I. 1.1 1.Literatura Tradicional de Transmissão Oral

III.1. Caracterização dos destinatários e Metodologia

III.1.1. Caracterização da turma

Para apresentarmos devidamente os alunos que participaram na aplicação prática dos contos, devemos em primeiro lugar falar da escola que os acolhe, a EB1/JI de Igreja. O estabelecimento de ensino situa-se na freguesia de Vila Caiz, Concelho de Amarante e pertence ao Agrupamento Vertical de escolas de Vila Caiz. É uma escola tipo P3, equipada com cantina escolar, onde a maior parte dos discentes almoça. Está bem apetrechada com material tecnológico como: computadores, impressoras, quadro interactivo, projectores, etc.

A turma, na qual foram aplicados os contos é composta por dois anos de escolaridade 1º e 4º. O grupo é heterogéneo, acolhendo crianças de seis/sete anos e crianças de nove/dez anos, perfazendo um total de vinte e quatro alunos. Todos frequentaram o pré-escolar e

nenhuma destas crianças tem necessidades educativas especiais. Temos, então, catorze alunos a frequentar o 1º ano e dez alunos de 4ºano. Verifica-se um certo desequilíbrio entre o sexo masculino e o feminino, prevalecendo uma maioria de meninas. Para esta caracterização ficar mais explícita, observemos os esquemas seguintes:

Todos estes alunos apresentam um percurso regular, sendo a primeira vez que frequentam o ano em que se encontram, à excepção das duas alunas com dez anos, as quais foram retidas no terceiro ano. Os alunos na sua maioria, mostram-se empenhados, muito dinâmicos, predispostos para a aprendizagem, e revelam alguma facilidade na aquisição e aplicação de conhecimentos. Acompanham os conteúdos leccionados, embora com ritmos diferentes de trabalho e de assimilação. As maiores dificuldades centram-se na leitura e na expressão escrita.

Trata-se de um grupo socialmente heterogéneo. O nível sócio-cultural é médio-baixo e tudo indica tratar-se de um meio sem carências graves, contudo, existem algumas famílias com dificuldades, obrigando a que essencialmente os pais apostem na emigração. Assim, temos alguns alunos que vivem apenas com a mãe e os irmãos. Relativamente às habilitações literárias, a maioria concluiu o 2º ciclo do Ensino Básico. Os encarregados de educação (mães) são na maioria domésticas, existindo apenas uma assistente administrativa. Para um melhor enquadramento da escolaridade dos pais, nada melhor que mais um gráfico explicativo:

Os alunos passam a maior parte do dia na escola, ocupados com actividades curriculares com a professora titular e com actividades de enriquecimento curricular como: Inglês, Educação Física e Expressão Musical. Com a elevada sobrecarga horária impõe-se um repensar de estratégias, de forma a motivar os alunos, permitindo que desenvolvam competências e simultaneamente se divirtam.

Dada esta realidade, e visto que são dois grupos com diferentes faixas etárias, é evidente que as tarefas propostas não podem ser as mesmas. Assim, terão de se adaptar as formas de abordagem dos contos, usando-se, pois metodologias e actividades diferentes, como veremos de seguida.

III.1.2 Metodologias

Do corpus textual que anteriormente analisámos, resolvemos trabalhar apenas três contos, dada a impossibilidade de os aplicar durante um período de tempo alargado, ou seja, durante o ano lectivo. Assim, seleccionamos um conto tradicional, Os sapatinhos encantados de Adolfo Coelho e dois contos contemporâneos, Filhos do coração de Alexandra Borges e Luís Figo e Os ovos misteriosos de Luísa Ducla Soares.

Tendo em conta que se trata de alunos com idades dispersas e diferentes ritmos de trabalho houve momentos em que as actividades se desenvolveram em simultâneo e outros em que optámos por trabalhar com cada grupo em momentos distintos. Esta opção prende-se também com a necessidade de existirem actividades em que os alunos podem participar ao mesmo tempo (projecções e leituras) e outras em que é necessário uma abordagem diferente (fichas de trabalho), principalmente, com o grupo de 1ºano. Como são mais novos, necessitam de mais explicitações para que a compreensão seja mais facilitada.

De forma a tornar as actividades mais atractivas e lúdicas, achámos por bem realizar actividades que recorressem a audiovisuais, permitindo a leitura dos contos. Contudo, é certo que o mundo moderno cada vez mais tem diversas solicitações que afastam os mais jovens do livro, sendo necessário incutir-lhes o gosto pela sua leitura. Assim, numa das nossas actividades servimo-nos das potencialidades que o livro nos pode oferecer, como a análise do título, da capa, da contracapa, das ilustrações...

Os contos foram explorados em pequenas sessões de quarenta e cinco minutos e tentámos abordar estratégias e actividades diversificadas, que permitam desenvolver competências bem como as suas capacidades criativas e imaginativas, as quais lhe possam ser úteis futuramente. O nosso objectivo é o de desenvolver capacidades inerentes à compreensão e produção oral e escrita, passando pela concentração, pela capacidade de síntese, pelo espírito crítico. Recorremos também ao reconto da história com o intuito de desenvolver a linguagem, nomeadamente, a articulação correcta de palavras e o desenvolvimento do pensamento lógico.

Para concluir a actividade, foi pedido a cada criança que preenchesse uma ficha de trabalho, a qual foi elaborada com exercícios variados e adequados a cada faixa etária para que a pudessem executar de forma autónoma. Para concluirmos, fizemos uma análise aos

questionários elaborados pelos alunos os quais nos permitiram chegar a ilações ao nível de captação das mensagens transmitidas pelos contos.

Este trabalho permitiu verificar de que forma os contos são recebidos pelos mais novos e como estes possibilitam efeitos perlocutivos na criança, na medida em que alertam para valores tão comuns da vida em sociedade. Além disso, estamos cientes de que a proliferação de actividades lúdicas, recreativas, no espaço escolar, relacionadas com a prática da leitura são essenciais para criar o gosto pela mesma, permitindo desabrochar competências ao nível da oralidade e da escrita e formar leitores.

Desta forma, pretendemos com estas actividades evidenciar que as histórias têm um papel fundamental para a aquisição de competências e que, ao mesmo tempo, a partir do lúdico se podem apreender e alicerçar valores fundamentais na formação do indivíduo, capazes de levá-lo a agir na sociedade de forma interventiva, crítica e justa.