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4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

4.1.2 CARACTERIZAÇÃO ESCOLA B (BAIXO IDESP)

A escola B foi selecionada para este estudo por ter um dos menores IDESP no município de Votorantim em 2015. Ela não é classificada como uma escola prioritária, por ter

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Expansão das Escolas atendidas pelo PEI

EM EF II EF II + EM

tido em 2011 um desempenho no SARESP “ligeiramente superior” ao das escolas prioritárias114. Mas, por sua localidade e desempenho dos alunos, ela é considerada vulnerável. Essa UE atende 1.068 alunos do ensino fundamental e médio em três turnos. Dos 582 que estão matriculados no EF, estão divididos em 18 turmas com, em média, 32 alunos.

Em relação à estrutura física, a escola apresenta, de acordo com o Portal EduDados (2016): um almoxarifado, dois arquivos, três depósitos, duas despensas, um laboratório, um laboratório de informática, pátio coberto, quadra coberta, quadra descoberta, refeitório, quinze salas de aula, uma sala de coordenador pedagógico, uma sala de diretor, uma sala de educação física, uma sala de leitura, uma sala de professores, uma sala de secretaria, sala do Programa Escola da Família, sanitário feminino e masculino para os alunos e funcionários separadamente e zeladoria.

Sobre os funcionários da escola, o Portal EduDados (2016) informa que, em dezembro de 2015, a escola possuía: seis agentes de organização escolar, quarenta e seis professores de educação básica II (vinte e quatro efetivos, dezesseis não efetivos e seis readaptados), um gerente de organização escolar, um agente de serviços escolares, um diretor, três vice-diretores, e dois coordenadores pedagógicos.

Em relação ao perfil dos professores entrevistados foi observado que: a maioria dos professores era do sexo feminino (66%), a média de idade era de 40,4 anos e a média de experiência docente era de 14 anos; 88% dos professores possuía licenciatura plena na sua área de atuação como primeira formação em curso superior, o restante também tinha licenciatura na área, mas já havia desenvolvido uma carreira em outra área antes de entrar na educação; 50% desses profissionais adentraram no magistério por gosto pela profissão, a outra metade escolheu a carreira por facilidades na aquisição e manutenção do emprego.

Especificamente em relação à formação dos profissionais entrevistados, destaca-se que: todos os profissionais concluíram sua formação inicial em instituições de ensino particulares; e que, apesar de todos terem citado a realização de cursos de formação continuada pela DE, somente os participantes da equipe gestora concluíram cursos de pós-graduação (20% dos professores entrevistados). Segundo os professores, os cursos da DE propiciam importantes momentos de socialização de experiências e são, em geral, avaliados positivamente.

“Antes da criação da Escola de Formação [EFAP] online, não havia apoio nenhum.” (Bianca, 55 anos, PDB) “Apoio esses cursos. Neles a gente aprende muito!” (Bianca, 55 anos, PDB)

114 Segundo o Plano de ação para as escolas prioritárias de 2014 emitido pela Coordenadoria de Gestão da

Educação Básica (CGEB), são consideradas escolas prioritárias, as que têm nos anos finais do EF uma porcentagem de alunos em situação de aprendizagem abaixo do básico superior ou igual a 37% na disciplina de português e a 46% na disciplina de matemática. A escola B obteve em 2011, as porcentagens de 29,4% de alunos abaixo do básico em português e 34,5% em matemática.

A partir da observação sistemática foi possível constatar: a presença ostensiva da Polícia Militar (PM) dentro da escola; o chamado dos pais para atender alguns casos “mais gritantes” de mau comportamento, hiperatividade e de agressões dentro da escola; os funcionários da escola têm uma relação de proximidade e de afeto com os alunos; problemas de comportamento e de confronto dos alunos com os professores são constantes; os professores realizam socializações informais115 de conhecimentos e experiências.

Segundo a diretora, no período letivo de 2016, a maioria dos professores era efetivo ou pertence a categoria F. A maioria dos professores entrevistados relatou que o principal motivo para trabalharem na unidade foi a proximidade da sua residência ou a necessidade de complementação de jornada.

“Escolher, não escolhi né?! No Estado, quando você entra, é onde tiver lugar para trabalhar, você vai!” (Berenice, 30 anos, PPB)

De acordo com a Diretora da escola B, o público atendido pela UE “é muito heterogêneo”. Ela afirmou que eles são em sua maioria provenientes do bairro, mas têm uma grande variedade de idades e níveis de aprendizagem. A principal dificuldade de se trabalhar na escola segundo ela é “a pobreza, o nível socioeconômico dos alunos, a violência, as drogas e os lares destruídos” (Bianca, 55 anos, PDB).

“Uma dificuldade é trabalhar com a clientela excessivamente carente e sem o auxílio do governo.” (Beatriz, 54 anos, PVDB)

“Problemas com o bairro. Com o entorno da escola” (Bonifácio, 33 anos, PCB)

“Descaso dos alunos, indisciplina... trazem de casa... é um ciclo que começa em casa e reflete aqui.” (Bruna, 42 anos, PEFB2)

“Este bairro é bem complicado. Todo mundo não enxerga isso... com as drogas, vem a criminalidade, pequenos furtos.” (Berenice, 30 anos, PPB)

Para tentar lidar com esta dura realidade dos alunos, a escola envolve a comunidade através de projetos, dos quais a diretora deu maior ênfase ao Programa Escola da Família e ao Programa Mais Educação. A prática de oficinas atuaria como um forte elemento de luta contra as mazelas daquele bairro, por pelo menos “trazer os alunos para dentro da escola, retirando eles das ruas e do contato direto com as drogas” (Bianca, 55 anos, PDB). Outro problema social também pode ser observado na fala da diretora, que quando se remete ao Programa da Escola da Família, ressalta a inexistência de políticas alternativas de cultura e educação voltadas ao atendimento da comunidade. A diretora acrescenta que todos estes projetos estão articulados com as demais atividades escolares, e afirmou veementemente que estas práticas “têm que agregar”.

115 Essas situações de socialização de experiências são chamadas de informais pelo fato de ocorrerem fora de um

período de tempo destinado especificamente para o diálogo docente. Elas foram presenciadas no horário de mudança de professores (entre as aulas), nos intervalos, após o ATPC, e no horário de entrada e saída de professores.

“[Programa Escola da Família] É bem movimentado. Mais bem movimentado porque eles não têm lugar para ir!” (Bianca, 55 anos, PDB)

Entre os pontos positivos de se trabalhar nessa escola, os funcionários entrevistados apontam a união da equipe para trabalhar e desenvolver projetos.

A escola B foi criada na década de 80, durante o governo de Franco Montoro, para atender a comunidade de um conjunto habitacional localizado em um bairro periférico e de baixa renda do município. Por ser considerada vulnerável ela recebe visitas dos supervisores e professores coordenadores do núcleo pedagógico, da DE de Votorantim, a cada 15 dias116. Nestas visitas, segundo os professores e a equipe gestora, os profissionais da DE acompanham as aulas e as reuniões de professores e diretores, propondo atividades e auxiliando na formação técnica.

“São apenas práticas formativas e cursos.” (Breno, 51 anos, PHB)

De acordo com a diretora, a escola não recebe nenhuma verba de auxílio pela sua situação de vulnerabilidade.

“A escola recebe poucos recursos. Tem muita coisa pra fazer, que a escola não consegue!” (Bianca, 55 anos, PDB)