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4.3 PLANEJAMENTO DOCENTE EM FOCO

4.3.2 O PLANEJAMENTO VISTO DE DENTRO DA UNIDADE ESCOLAR

4.3.2.3 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NO PLANEJAMENTO DAS AULAS

Escola A

O que foi possível constatar que, na Escola A, os professores tendem a diversificar bastante suas estratégias de aula. De acordo com os relatos eles utilizam a internet, livros, o Caderno do Professor e o Currículo Oficial, fazendo contextualizações e adaptações com o objetivo de promover a aprendizagem dos alunos. Outro fator mencionado é a influência dos cursos realizados pela DE na formação e exercício docente em sala de aula, e o forte papel dos planos para organizar e gerir o trabalho em classe. Merece especial destaque os Guias de Aprendizado. Eles são construídos pelos professores e coordenadores de área e são divulgados aos alunos. Desta forma, há pelo menos uma democratização do acesso ao que será trabalhado, diferentemente do que ocorre em outras escolas da rede pública.

“Aqui a gente usa.. a gente tem alguns CDs, tem a internet, livros didáticos, apostila do estado que a gente usa bastante, aqueles currículos. A gente faz uma complementação com a internet, um curso que e a gente faz na diretoria, né?!” “Aqui a gente trabalha tudo em cima de plano. Para todas as aulas são feitos planejamentos.” (Adalberto, 51 anos, PMA1)

“Hoje as plataformas da SED (Secretaria da educação digital), o Currículo do Estado que já está definido e a contextualização do material didático.” (Agenor, 44 anos, PVDA)

“Aqui nós temos bastante práticas diferenciadas. Bastante coisa diferente. Têm dinâmicas. É bem complexo. Nas eletivas o professor faz o que acha interessante para o aluno e é ele que escolhe. Acho totalmente diferenciada, pois é o professor que cria.” (Angélica, 56 anos, PDA)

“Conhecer a turma para depois direcionar.” “Dependendo da turma eu estabeleço que estratégia usar.” “Pra desenvolver o cooperativismo entre eles, as habilidades um do outro.” “Utilizo o currículo do estado, livros, vídeo-aulas.” (Alessandra, 55 anos, PGA)

“Diversas estratégias: aulas expositivas, Datashow, filmes, dar voz aos alunos...” “O processo do planejamento das aulas é apoiado na construção dos Guias de aprendizagem, na construção da agenda de trabalho, nos programas de ação e nos portfólios construídos ao longo do ano.” (Anacleto, 32 anos, PMA2)

“Baseado na habilidade, uso o que tiver ao alcance.” “Preparo a aula baseado no Caderno do Professor”. “Sempre tento colocar uma metodologia diferente”. “O que atrapalha não é o conteúdo, mas achar metodologias diferentes.” (Aline, 52 anos, PMA3)

“Foco na tecnologia. Currículo oficial. Apostilas, internet e estratégias do professor.” “Seguindo as habilidades propostas, mas pode mudar a estratégia.” “Na plataforma intranet existem algumas sugestões, mas eles também montam. Mas é só o pontapé inicial, não tem muita coisa.” (Amanda, 44 anos, PCoA) “Necessariamente de acordo com a sala. O conteúdo não muda, mas o modo de trabalhar é dependente da sala. Primeiro momento diagnosticando e dentro do conteúdo, você planeja as ações. Montando o projeto e discutindo com os alunos.” “De acordo com a Proposta Curricular do Estado de São Paulo do 1º ao 4º bimestre como fazer e ela tem que ver o caderno do aluno e do professor.” (Almira, 54 anos, PPA)

“Na aula eu utilizo todos os recursos que a escola permitir: vídeo, música, Datashow, dramatização na aula pra chamar a atenção. Aula expositiva não pode ser sempre. Tem que usar os espaços escolares extraclasse.” “Guia de aprendizagem é o que a gente segue. Ele é bimestral. Em cima do guia tem uma agenda. Tem que estar com tudo amarrado, desde o plano de ação até a sala de aula. Conteúdos da disciplina e estratégias que já sabe que dá certo, outras indicadas pelo PEI e outras novas.” (Adriana, 52 anos, PPA2)

Através de uma análise mais atenta da fala da coordenadora (grifada no quadro anterior), observa-se que o Currículo engessa o trabalho docente, por levar ao exercício acrítico das habilidades, competências e conteúdos selecionados pela SEE-SP. Esta frase reforça a linha de pensamento construída ao longo da pesquisa, de que a concepção de autonomia vigente na escola A tem caráter apenas prático.

O que devemos refletir neste momento, é que por conta do Horário de Estudos, os professores da escola A têm tempo para procurar outros materiais e metodologias, bem como realizar a socialização entre os pares das experiências e desenvolver o que eles chamam de “replicação”. Segundo os professores, a replicação se refere à prática de socialização entre os pares e uso de práticas exitosas. Essa realidade, de socializações e períodos para pesquisa e diversificação dos trabalhos, como bem reconhece uma professora, não é possível nas demais escolas da rede atualmente.

Uma reclamação detectada na fala dos professores foi a falta de recursos para manter esta diversificação de práticas em sala de aula. Alguns alegam ter que levar trabalho pra casa e muitas vezes tirar cópias “do próprio bolso” para manter a qualidade do serviço prestado.

“Fala pra fazer, mas muitas vezes sem a estrutura necessária... Ai fica complicado!” (Ana, 41 anos, PMA4) “Mas, como em outra realidade?! Fazer o que?!” (Aline, 52 anos, PMA3)

Escola B

Os professores da escola B também relataram diversificar bastante seus métodos de ensino. Relatam utilizar durante suas aulas recursos como: a sala de informática, textos impressos, vídeos e práticas experimentais. Mas, os professores reclamam, em seus relatos, sobre a falta de recursos disponíveis na escola. Motivo esse que tem reforçado o uso de práticas tradicionais, conforme salientado pela coordenadora.

“Procuro sempre diversificar os métodos de ensino” (Bernardo, 26 anos, PEFB)

“Trabalho na informática, texto...” “Uso tudo de casa, porque aqui não tem recursos.” (Bárbara, 26 anos, PGB) “Bem diversificado. Temos sala de vídeo, informática, projetos, sala de leitura etc.” (Bianca, 55 anos, PDB) “Ciências é mais fácil. Muitos experimentos. É uma aula mais lúdica, experimentações onde eles podem ver os resultados imediatos, as vezes.” (Bonifácio, 33 anos, PCB)

“Todos os métodos. Datashow, internet, biblioteca, sala de informática, vídeo. Mas nesta escola faltam mais espaços (sala de artes e laboratório).” (Berenice, 30 anos, PPB)

Quando questionada sobre os recursos mais utilizados pelos professores da Escola B a coordenadora afirmou que as ferramentas mais utilizadas eram: “uso de Datashow e informática. Mas também tem muita lousa e giz. Tem hora que não dá pra fugir muito disso.” (Betina, 45 anos, PCoB)

Em relação ao processo de planejamento das aulas em si, os professores argumentam utilizar a internet, filmes, apostilas, livros didáticos, o currículo, o CP e o CA. O uso do Caderno do Aluno para a elaboração de aulas contraria a proposta do programa São

Paulo Faz Escola, já que se julga que este material seria apenas um instrumento de apoio para uso dos alunos e que seria, de certa forma, incompleto por só apresentar as atividades e não as sugestões e problematizações que as sugerem.

Escola C

Os professores da escola C relatam utilizar em seu planejamento: o currículo estadual; o CP; pesquisam atividades práticas, músicas e vídeos; livros didáticos; internet; e material didático de escolas particulares. A prática de adaptações e contextualizações do currículo também foi relatada. Mas, algo que chama atenção, é o fato de um dos professores chamarem o CP de Currículo.

O desenvolvimento de projetos também foi citado por uma das professoras, que complementou afirmando que isso possibilita integrar o conhecimento entre as diferentes disciplinas e desenvolver as capacidades e potencialidades de cada aluno. Quando questionada se ela tinha apoio da direção para o desenvolvimento de seus trabalhos, a professora disse que: “a partir do momento que deu resultado, ela começou a ver que a forma como conduzi as aulas, o desenvolvimento dos alunos.. aí ela começou a liberar coisas, que antes não podia.” (PBC)

“O plano de aula eu faço de acordo com o Currículo do estado [Currículo oficial de SP] e com o currículo do professor [Caderno do Professor].” (Camila, 42 anos, PGC)

“O máximo possível. Que a aula seja dinâmica e prazerosa para os alunos. Uso o máximo de materiais para a vivencia e construção do conhecimento deles.” (Caio, 31 anos, PAC1)

“Usava bastante vídeos, músicas e livros didáticos.” (Cecília, 46 anos, PPC)

“Dentro do conteúdo do planejamento, pego a apostila e transformo em outros meios de pesquisa. Construindo associações, é mais fácil trabalhar assim. Utilizando vídeos ilustrados e microscópio.” “Isso é muito importante porque eles se interessam mais em aulas dinâmicas. Assim, toda aula é no concreto. É melhor do que se prender só ao livro didático. No estilo exercício e resposta. Lá fora eles podem observar os ciclos” “Ensino também as normas para eles estarem preparados para o mercado lá fora.” “Trabalha em cima de projetos” “Tudo na maquete e eles pesquisam a parte escrita.” “Isso permite explorar outros conteúdos e tem essa troca. Ter o feedback. Minha disciplina não é isolada das outras. É uma disciplina integrada com as outras, apesar da maioria achar que não.” (Carmem, 54 anos, PBC)

“Vejo o conteúdo, tem que seguir a apostila, e enriquece com o material da escola particular que eu trabalho.” (Cristina, 47 anos, PIC)

“Utilizo o livro didático, mídias, vídeos, filmes, computador. Tem o currículo a ser seguido. Usamos as próprias ideias no currículo.” (Carlos, 25 anos, PMC)

“Internet.” (Caetano, 54 anos, PFC)

A importância da elaboração dos planos para o desenvolvimento das aulas e sua utilização enquanto ferramenta de reflexão e aprimoramento apareceu na fala de uma das professoras entrevistadas. Isto fomenta a ideia do uso da espiral reflexiva, citada por Carr e Kemmis (1988), como forma de desenvolvimento profissional.

“Basicamente a proposta no Caderno do aluno, sites de pesquisa, filmes, produção de texto na própria apostila e a parte prática.” (Bruna, 42 anos, PEFB2)

“Depende do conteúdo. Tem sala de vídeo, acessa... geralmente as estratégias já estão no Caderno do Professor.” (Breno, 51 anos, PHB)

“Não tem recursos suficientes para o aprimoramento e manutenção da escola. Com a crise o dinheiro é cada vez mais escasso.” (Berenice, 30 anos, PPB)

“Procuro fazer os planos. É essencial. É através dos planos que você pode obter uma sequência, quais habilidades e ver se está sendo atingida ou não. Você pode mudar as estratégias. Nós somos muito cobrados pelos planos, mas ele é essencial: como se fosse um piloto.” (Coralina, 50 anos, PAC2)