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Carta de El-Rey sobre a fundação do Colégio de Cabo Verde

Do Agente da Irmandade

9. Carta de El-Rey sobre a fundação do Colégio de Cabo Verde

Autores: Carta de El-Rei Filipe II

Publicação: 16 de Outubro de 1609

Origem: ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO

Localização: A.N.T.T., Cartório Jesuítico, Maço 36, Doc. 86

Contexto: No ano de 1542, foi fundada em Lisboa a primeira casa que os jesuítas possuíram como própria, no mundo: a comunidade do Mosteiro de Santo Antão- o-Velho. No mesmo ano, foi instituída, em Coimbra, com o nome de Colégio de Jesus a primeira casa para a formação de jovens jesuítas. Em Évora, os religiosos da Companhia estabeleceram-se, no ano de 1551. Nesse ano começou de facto a funcionar o Colégio do Espírito Santo, mas apenas como casa de formação para Jesuítas e sacerdotes. O ensino público teve início em 1553, no Colégio de Santo Antão em Lisboa e no mesmo ano em Évora, no Colégio do Espírito Santo, que foi elevado a Universidade em 1559.

No ano de 1555, D. João III entregou ao Provincial da Companhia de Jesus, o Colégio Real das Artes que tinha sido instituído pelo monarca em 16 de Novembro de 1547. Era destinado a administrar o ensino preparatório de ingresso na Universidade de Coimbra e a licenciatura em Artes e bacharelato em Filosofia. Outras fundações se seguiram.

No século XVI foram fundados: o Colégio de São Paulo fundado em 1560, em Braga; o Colégio de São Lourenço fundado em 1560, no Porto; o Colégio do Santo Nome de Jesus fundado em 1561, em Bragança; o Colégio de São Manços dos Porcionistas fundado em 1563, em Évora; o Real Colégio São João Evangelista fundado em 1570, no Funchal; o Real Colégio da Ascensão de Cristo fundado em 1570, em Angra do Heroísmo; o Colégio da Purificação de Nossa Senhora fundado 1576, em Évora; o Colégio da Madre de Deus fundado em 1583, em Évora; o Colégio de São Patrício fundado em 1590, em Lisboa; a Residência de São Miguel fundada em 1591, em Ponta Delgada; o Colégio de São Tiago fundado em 1599, em Faro.

Portalegre; o Colégio de Todos os Santos, em Ponta Delgada e o Colégio de Nossa Senhora da Conceição, em Santarém, foram fundados em 1621; o Colégio de São Tiago fundado em 1644, em Elvas; o Colégio de São Francisco Xavier fundado em 1652, no Faial; o Colégio de São Francisco Xavier fundado em 1655, em Setúbal; o Colégio São Francisco Xavier fundado em 1660, em Portimão; a Escola da vila de Pernes1 fundada em 1662 por uma fidalga, D. Ana da Silva, que deixou uma renda

para se abrir uma escola de latim; o Colégio São Francisco Xavier fundado em 1670, em Beja; o Colégio São Francisco Xavier fundado em 1679, em Lisboa; a Residência da Santíssima Trindade fundada em 1693, em Gouveia.

Nos territórios ultramarinos foram também sendo construídos vários Colégios além do Colégio de Cabo Verde. Fundaram-se: o Colégio de Jesus, em Angola no ano de 1575, o Colégio de Santo Inácio, em São Salvador do Congo, no ano de 1623 e, mais um Colégio na Zona de Moçambique. Na Ásia: 28 Colégios (parte em Goa, parte na Província do Malabar, um no Sião, três em Macau, quatro no Japão e quatro na China). No Brasil foram fundados doze Colégios.2

Contém: Alvará de el-rei D. Felipe II, sobre a fundação do Colégio de Cabo Verde, do ano de 1609, com um dote atribuído no valor de um conto de réis, e com a obrigação de residirem nele doze religiosos.

Que na Ilha de Cabo uerde se funde hum Collegio de Rellegiosos da Companhia que ha por bem dotar hum conto de Reis de renda cadanno consignado no rendimento na mesma Ilha com obrigação de rezedirem sempre nelle doze Relligiosos e se ocuparem em comfessar, pregar, e na com uersão dos gentios que ouuer nella, e de hirem a terra firme uisitar toda a costa, e comfessar, e sacramentar os Portugueses que nella uiuem, e com uerter os gentios. Sem pera a ida, estada, e uolta dos ditos Rellegiosos nem pera outro, efeito algum se lhe auer de dar maes que o dito Conto de Reis.

Com declaração que alem das cazas em que uiuerem e de alguã quinta pera Recolhimento e com ualecençia dos emfermos não poderão ter nem adquerir per uia

1 Cf. ANTT, Cartório Jesuítico, maço 72, doc. 10.

2 Rosa, Teresa M. Rodrigues da Fonseca, O Colégio da Ascensão de Angra do Heroísmo: Uma Análise

Pedagógica da Companhia de Jesus. Um Contributo para a História da Educação em Portugal, 2005,

de compra, doação, testamento ou herança fazenda alguã de rais e que toda a que se lhe doar uenderão dentro em seis meses.

E que a traça, e escolha do çitio se faça com interuenção dos Rellegiosos, e se fara do menos custo que se sofrer, e se pora a obra em pregão e se arematara a quem a por menos a fizer, e não auendo lançadores se aualiara pello mestre que deste Reyno se deue mandar pera a fazer e o dinheiro que for neçessario se dara do que se deue dos duzentos mil reis que se applicarão pera o Seminario assi do que deue a fazenda do Bispo defunto como os depositarios, e que esta se cobre com breuidade e o que faltar pera as obras do Collegio se tomara em quanto se fizer o Conto de Reis do dotte pois em quanto não tiuer gazalhado não poderão rezedir nelle os doze Relligiosos, e pera os que residirem ficara a simquoenta mil reis cada hum despendendosse o maes nas obras, e metendosse em huã arca de tres fechaduras de que huã chaue tera o Bispo, outra o Gouernador, outra o Superior dos ditos Rellegiosos, e nella estara o liuro da Reçeita, e despeza fazendosse cada somana termo da feria que se pagar, e escreuera nella o escriuão da Camara da mesma Ilha assinando nas ferias as pessoas que tiuerem as chaues, e no conto dos Reis emtrarão os 200 Reis que ia possuem do Seminario. E se farão as obras com o dinheiro do Seminario em cazo que se aia de efeituar fazendosse neste Reyno pera os naturaes de Guine, e fazendosse na Ilha se farão as obras com o dinheiro delle, e os duzentos mil reis serão pera se sustentarem sem se despender nada delles, em mestres pois podem aprender no Collegio o qual neste cazo se fara do conto de Reis.

E dos doze Rellegiosos hão de ser oito Sacerdotes de missa e alguns de sufiçiençia que possão insinar hum Latim e outros Cazos.

E a quinta que hão de ter pera comualeçencia sera so pera este efeito e com a moderação que conuem, e não pera grangearia.

10. Visita do Padre João Alvarez