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Cap. 1º

O que toca às experiencias

Presuposto o fim e intento que Nosso B. Padre teue em ordenar o terceiro anno declarado largamente nas instruçoẽs da 5ª e 6ª Congregação Pro his qui acturi sunt ettc. o que per hora pareceo declararse ad prasentem praxim, em quanto se faz no Collegio do Porto, he o seguinte.

1. A experiencia dos exercicios conuem ser a primeira que deuem fazer pera com mais Spirito, entrarem nas outras, e ficarem mais expeditos pera ellas, fazendo primeiro alguãs conferencias, em que tratem como se poderão tomar os exercicios

da Companhia com proveito e fruito Spiritual. [sic] Tambem parecendo assi a seu instructor se poderá fazer repartida em quatro partes, conforme às 4 somanas dos exercicios, pera mais aliuio e não se preiudicar à saude.

2. A das missões se faça de maneira que não andem fora de casa mais que dous pera que fique sempre numero competente pera correrem os exercicios ordinarios dentro do Collegio; senão parecesse melhor em alguã ocasião irem todos no mesmo tempo, o qual será segundo os annos correrem, e as partes principaes a que se deue ir são principalmente as do Bispado do Porto, tambem se poderão estender entre Douro e Minho ao longo do mar ate Viana, per cima do Douro ate Villa Real, per Bousella ate Viseu, pela terra da Feira ate Aueiro, per Lamego ate Tras os Montes.

3. A doutrina farão não só no mes da experiencia, mas todo o anno, ainda em tempo de férias, e não somente nos dias costumados, mas em quaes quer outros da somana que parecer ou nos carceres da Cidade, e da Corte, ou nos hospitaes, ou nas praças, ainda que seia com poucos meninos pera ocasião de exhortar a gente à uirtude, fugir os pecados fazer penitencia ettc. como a Companhia sempre costumou. Tambem o farão aos moços de Casa, e pobres da Portaria.

4. Allem do mes das confissões confessarão na portaria aos domingos e dias Santos polo anno, mas não na Igreia, nem correrão com os penitentes, como seus ordinários confessores.

5. O mes de pregar comprirão fora da Cidade, e pelos arrebaldes della, mas seia sempre quanto for possiuel more Apostolico. No Collegio e dentro da Cidade não pregarão saluo se fosse per acudir a alguã necessidade urgente, em que adoecesse o Padre que auia de pregar, ou semelhante.

6. Não basta pera comprirem com a experiencia do hospital, ir la confessar os doentes mas ha de seruir, uarrer, fazer camas ettc. e depois de satisfazerem com esta experiencia, continuem os dias que parecer ao Padre instructor com uisitar os carceres e hospitais, consolando os presos e doentes com praticas Spirituaes, acompanhando os padecentes, confessandoos ettc. mas não se metão em negoceos de presos, posto que auendo algum de seruiço de Deos, darão conta delle ao Padre instructor, e elle com o Padre Reytor uerão se conuem que algum outro Padre do Collegio faça nelle alguã deligencia.

7. Depois que satisfizerem com a dos officios baixos, não deixarão de continuar com elles, as uezes que parecer ao Padre Instructor (que para isso os mandará auisar) não como officiaes que aião de dar conta delles, mas para exercicio de humildade.

Cap. 2º

Ordens domesticas que hão de guardar

1. Allem da oração ordinaria de pela menhã e à tarde deuem ter toda a mais que as ocupaçoẽs e saude permitirem, registando tudo com o Padre Instructor. Na de pela menhã os uisitará de ordinário o Padre Ministro, na da tarde o Padre Instructor. 2. Os repousos serão em lugar apartado dos do Collegio; e as praticas hão de ser não somente da lista, como as dos mais, mas de homẽs que se actuam em cousas Spirituaes, e se exercitão in schola affectus. E seria de muyto proueito se o Instructor lhe desse ordem, que em cada repouso hum ou dous delles, contasse breue mente algum exemplo, com que todos se consolassem.

3. Quando uierem hospedes os saudarão more solito; mas não lhes entrarão no cobiculo, nem tratarão com elles em particular, e a licençaque tem pera rezarem hũs com outros no cobiculo, se entende so das matinas.

4. Auendo de uisitar enfermos, não o fação de mistura com os do Collegio, nem sem ordem do Instructor. E quando for possiuelse aiuntem entre sy, e retirem dos do Collegio, para escuzar nouas contendas, e outras cousas que não seruem para o que pretendem.

5. Não hão de uisitar, nem ser uisitados de parentes, e amigos, senão fosse alguã saudação breue dentro de casa por parecer do Padre Instructor, e Licença do Padre Reytor.

6. Podemse achar com os mais do Collegio às conferencias dos Casos, mas seia assistindo somente sem argumentar e responder.

7. Uindo algum negoceo cometido a algum delles, ou sendo de cousa sua, a que aos Padres Reytor e Instructor pareça se deue dar alguã aiuda, se dara sempre per alium, [sic] que não seia dos do 3º anno.

8. Quando ouuerem de ir fora a acompanhar padecentes, ensinar doutrina, fazer exercicio, ou ir à quinta, o Padre Instructor, como mais informado do estado de cada hum, nomeará os que hão de ir, e lhes dará os companheiros, mas nestas idas e uindas, não fação digressão alguã, sem leuarem pera isso Licença.

9. O Padre Reytor os não ocupará por tempo notauel sem o dizer ao Padre Instructor pera que saibão o que fazem, e lhe modere outras ocupações.

10. Aia roupetas pardas e pobres pera os exercicios humildes se fazerem melhor, principalmente no mes da experiencia. E espertese o exercicio de penitencias e mortificações, que no tempo dos estudos não podia ser tão ordinario.

11. Ainda que o Collegio não uá à quinta cada mez, uão elles duas uezes em cada hum, e la se retirarão a sua meya hora da tarde pera se encomendarem a Deos. Em outros dias podem ir fazer tambem algum exercicio os que o Padre Instructor iulgar que tem necessidade, fazendoo a saber ao Padre Reytor.

12. Cum à Studiis omnino abstinere debeant, nec vetera recognoscere possint, como diz a regra, terão todos seus cartapacios, e escritos, que não forem de deuoção em lugar seguro e separado, donde quando ouuerem de pregar, ou ir a missão, possão tirar por ordem do Padre Instructor, o que parecer necessario.

13. No mais tempo, em nenhum modo se ocupem em estudar, notar, ou fazer cousa semelhante a esse fim: e entendão que se fizessem, não compririão com sua obrigação, nem com o que delles se espera, e que mostrarião não estimar a merce particularissima, a que Deos Nosso Senhor lhes faz, em a Companhia lhes dar hum anno liure, e desocupado de tudo, deixando por esse respeito a outros mais carregados, pera se darem de tudo ao Spirito, e se formarem dignos instrumentos do diuino seruiço.

14. Ao Padre Reytor terão todo o Respeito e Reuerencia que se deue a Superior seu, e de toda a Casa, e ao Padre Instructor obedecerão prefeita mente nas cousas tocantes à direcção de seu Spirito, segundo as instruções e ordens que lhe são dadas.

Cap. 3º

Cousas tocantes ao Padre Instructor

1. Procurará preceder aos Padres que instrue com tal exemplo e Spirito, que nelle ueião todos o que lhes ensina e pratica, e se afeiçoem ao executar: e quanto for possiuel assista com elles nas cousas cõmuas de casa, oração, meza, repousos, quintas: e ainda alguãs uezes nos outros exercicios particulares de humildade, uarrer, seruir, ettc. 2. Pora diligencia em aduertir nas necessidades dos mesmos Padres, e de tudo o que iulgar em o Senhor, que lhes he necessario assi pera a saude, como pera o mais trata mento exterior de uestido, habitação, ettc. auisará ao Padre Reytor, pera que proueia nelle.

3. Tera hum Liuro no qual assentará o dia em que cada hum começou a fazer o seu terceyro anno, e tambem o em que acabou: no mesmo apontará as experiencias que uay fazendo.

Em memorial particular irá apontando a satisfação com que cada hum faz as mesmas experiencias, pera que ad finem anni possa auisar ao Prouincial, e uer se se procedeo em tal modo que a Companhia se de por satisfeita, pera depois lhe dar grao; ou se (conforme às Constituições) lhe deue estender mais o 3º anno.

4. Dos Liuros que estão declarados que se podem conceder aos Padres que instrue procurará que allem dos mais Spirituaes de exercicios, meditações de Santo Agostinho, e outros semelhantes; tenha cada hum seu particular que entre dia possa ler ad affectum animi, e se não ouer Liuros destes pera todos, procure que aia huã estante publica, em que esteião alguns Liuros dos da lista que podem ter, e a que possam ir ler.

5. Poderá dar licença pera fazerem as penitencias que cada hum por sua deuoção quiser fazer assi secretas, como publicas; as demais que forem por faltas hade remeter ao Padre Reytor.

6. À cerca os podera leuar as uezes que iulgar, e darlhes licença pera priuatim irem la rezar, ou dous e dous, e darem hum passo pera aliuiar a cabeça, limitandolhe o tempo que parecer. O mesmo se poderá conceder aos que estão em exercicios.

7. Tambem lhes poderá dar licença pera poderem tomar hum bocado pela menhã, pera beber entre dia, deitarem se mais cedo, ou leuanterem se mais tarde, quando iulgasse que auia necessidade: e auisará ao Padre Reytor ou Ministro. Nas mais cousas que lhe forem necessarias, fara que recorrão aos Superiores do Collegio, como os mais que nelle estão.

Cap. 4º

Tempo gasto, e Contribuição do 3º anno

1. O 3º anno ha de começar e acabar sempre a oito de Setembro dia do Nacimento da Uirgem Nossa Senhora; assi pera que os Padres que acabão se possão diuidir pelos Collegios, antes de Outubro, em que começam as ocupações, como tambem pera nas tres somanas ultimas terem algum aliuio, e se aparelharem pera ellas.

2. Em quanto o Collegio do Porto não tiuer sinco ou seis Irmãos estudantes hade sustentar ad (?) scrupulos sinco ou seis dos Padres do 3º anno, quando tiuer hum estudante (como agora tem) sostentará quatro, quando dous, tres, ettc.

3. Os mais Collegios contribuirão pera a sostentação dos mais à rezão de trinta e sinco mil reis por soieito. E esta contribuição se fara por uia do Padre Procurador da Prouincia, o qual dara todo o dinheiro della ao dito Collegio em dous quarteis, o primeiro sera em Setembro depois dos Padres terem principiado seu 3º anno, o 2º sera pela Paschoa. Mas no primeiro das 3 partes da contribuição entregará iuntas as duas, pera se poder fazer logo o prouimento necessario.

E em quando o Collegio do Porto sostentar algũs dos Padres à sua conta, não concorrerá pera esta contribuição.

4. Os que uierem fazer o 3º anno hão de uir à conta dos Collegios donde sairem, respeitando a se não dar ao do Porto mais que a trinta e sinco mil reis a cada soieito; e auelos de prouer de todo o necessario, como a qualquer dos seus subditos.

5. Mudandose pelo tempo em diante o 3º anno pera outra parte, não se pedirá ao Collegio do Porto cousa alguã do que se gastou na fabrica, aparelho e compra dos moueis, porque tudo se fez com dinheyro de esmolas, e não à custa da Prouincia: so lhe poderão pedir os Liuros que de alguns Collegios se tiraram (principalmente de Coimbra) que todos tem titulo do Collegio a que pertencem pera se lhe tornarem a restituir: os demais em que se achar este titulo (do terceyro anno) se poderão leuar, porque se comprarão com dinheiro da Prouincia.