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Titulo terceiro — Cousas tocantes ao Nouiciado

Cap. 1º

Exame ao receber, e aos Seis Meses

1. As informações de Natalibus dos que pedem a Companhia se tirem com exacção: o que se fará, depois que se assentar em consulta, que os que pedem, são pera serem recebidos, e não antes disso. E não se consentem os examinadores com dizerem as testemunhas do soieito in genere, que não tem raça, mas seião perguntadas per capítulos particulares.

2. As informações que se tirarem se hão de conseruar com os nomes assi dos examinadores que as tirarão, como com os dos que testemunharão. E todas esteião iuntas em poder do Mestre dos Nouiços, com boa ordem e distinção pera se acharem quando for necessario.

3. Quando algum estudante pede a Companhia, não somente se ha de tomar informação do Mestre, que de presente tem, mas tambem dos que teue, e do Prefeito dos estudos, e ainda dos Substitutos e examinadores do pateo, aonde os ouuer. E se he da Congregação d’Annunciada do Prefeito della, e das mais pessoas que delle podem ter conhecimento.

4. Quando aos 6 meses os Nouiços dão conta de sy, e lem os exames, achando os Mestres que algum não procede bem, ou que piorou, ou que não mostra ter partes pera a Companhia, tratarão com os Reytores se sera bem fazer alguã consulta sobre elle, na qual se consydere se ha d’ir adiante na Prouação. E do que parecer assi aos Mestres e Reytores, como depois na consulta de todos, se fará assento no Liuro em que se fazem os de cada seis em seis meses, pera depois no cabo de dous annos (quando não fosse despedido) se regular diante dos consultores seu procedimento pelos ditos assentos; os quaes todos se lerão na consulta ultima que se fizer pera admittir aos Uotos.

5. Procurem os Mestres dos Nouiços que fora de algum caso extraordinario não aia preças no receber, e que se dee sempre bastante pera se madurarem e prouarem as uocaçoẽs, e a poder constar que são verdadeiras. As consultas com tudo dos que se hão de receber se deuem fazer no proprio dia em que os consultores lhe fallão.

Cap. 2º

Despedir, e admitir aos Uotos

1. Quando se tratar de despedir algum Nouiço, tomese tambem informação do companheiro do Mestre, e no que parecer do Sottominstro do Nouiciado; o mesmo se faça quando se ouuer d’admittir aos Uotos auendo nisso alguã duuida.

2. Se apresentando o Mestre dos Nouiços aos Reytores que algum não he pera a Companhia, uir que se não acaba de tomar resolução sobre elle, consydere muy particularmente se tem adherencias, padrinhos, e amigos que fação alguns officios per elle; a achando nesta parte alguã cousa auise ao P. Prouincial, e ainda a N. P. Geral no que entende ser necessario.

3. Em quanto o Nouiço não fizer os Uotos do Collegio em nenhum modo se dem ou uendão os uestidos que trouxe do secular, e pera que se não percão ou danifiquem assoalhemse alguãs uezes no anno.

4. No Liuro em que se assentão, e fazem os Uotos do Collegio, o dinheiro que trazem os Nouiços com sigo quando entrão, se ha de entregar ao Procurador do Collegio e tambem os das esmolas das peregrinações; fique com tudo d’hum e outro lista ao Mestre dos Nouiços, pera que a seu tempo se lembre ao P. Reytor que ordenase faça delle.

5. No Liuro em que se assentão e fazem os Uotos do Collegio se declare se tem ou não comprido com todas as experiencias, apontando quaes tem compridas e quaes não, quanto lhe falta de cada huã, e porque causa as não comprio. E per mais ocupações que aia no Collegio, não deixem os nouiços per acudir a ellas, de satisfazer com a obrigação das experiencias, que he o primeiro e principal a que se ha d’attender: e não deixem os Mestres dos Nouiços de representar aos Reytores esta obrigação; e não bastando, ao Prouincial.

6. Quando se receberem alguns Irmãos Coadiutores, seia com declaração e desengano, que a todo tempo que constar, que per sua culpa não são de proueito à Religião em algum dos officios pera que ella os recebeo, e pera que delles tem necessidade, ella se poderá descarregar delles.

Cap. 3º

Criaçam dos Nouiços

1. Tenhão os Mestres grande cuidado em os ensinar a meditar pelos exercicios de N. B. Padre em modo que lhes fique em habito, dandolhe as meditações conforme a elles, e não sigão a ordem d’alguns de meditar ao Domingo do Sacramento, à 2ª feira dos Nouissimos, à 3ª da Uida de Christo, à 4ª dos beneficios, etc. gastando todo o anno nesta roda de uariedade de meditações. Mas seião as ordinárias da Uida de Christo N. Snõr, em que se aprende e bebe o Spirito da Companhia, e todas endereçadas pelos exercicios: o que não tira poderse de quando em quando meter alguã das outras segundo as occurrencias e coniunções de tempo.

2. O exercicio na oração mental dos Nouiços, se ha d’acomodar ao que a Companhia com elle pretende, que he habituarem se a saber tratar Spiritual mente com Deos, e fazerem as ocupações da Companhia com o Spirito que ella requere.

3. Não se carreguem os Nouiços com demasiadas deuoções, e exercicios mentaes, com que não hão de continuar no Collegio, entrando nas ocupações do estudo pera que são recebidos, e a solicitude do Mestre se ueia em os adestrar, não só no que delles se espera em quanto Nouiços, mas no em que hão de perseuerar depois no Collegio.

4. Ainda que o fruito da oração dos Nouiços se ha muyto de uer no Recolhimento, deuação, e composição exterior, com tudo mais principalmente na mortificação das paixões, no desprezo de sy, na uerdadeira humildade de Spirito, na promptidão, e cegueira da obediencia, e no exercicio das uirtudes proprias do instituto da Companhia: pera que acabado o Nouiciado se lhes não sinta pouca aplicação a exercicios baixos e humildes, e não se lhes notem presunções, uaidades, e pontos do mundo, que aos quatro dias arrebentão no Collegio nos que não uem penetrados e influidos de Deos, e habituados nas uirtudes que ao diante hão de sustentar.

5. Nas praticas se lhes ha de ensinar não só aguardar a regra e ordem da Prouação, mas a fazer bem tudo aquillo em que a Companhia depois os ha d’ocupar; como hão de estudar com diligencia, aplicação e recta intenção, disputar com modestia; ler e pregar com zelo e humildade; como hão d’aiudar às missas; seruir e ler à mesa; fazer os officios de casa, maxime o dos enfermos, ensinar a doutrina; acompanhar os Padres; tratar com a gente de fora; escreuer cartas; dar e tomar recados; as obrigaçoẽs das oraçoẽs de cada anno, mez e somana; a benção da primeya e segunda mesa; responder aos uersos das ladainhas; e em fim adestralos nas cousas ordinarias de modo, que quando sairem do Nouiciado não seia necessario ensinarem lhe de nouo as cousas, que nelle ouuerão d’aprender, darem lhe outra forma, e cansaremse de nouo com elles.

6. Não se criem os Nouiços com custume de rezarem e fazerem sem distinção o que se manda pelos fundadores e defuntos; antes deuem destra a aplicada mente rezar o que per cada hum se ordena, e andarem apontados nisso.

7. Na criação particular com o Irmão Coadiutor se conformem os Mestres dos Nouiços com o que della se diz no titulo 2º dos Superiores cap. 7 § 1º e 2º.

Cap. 4º

Alguãs cousas uarias

1. Tenhão os Mestres dos Nouiços lista feita com os Padres Reytores dos que podem ir uisitar os que estão na primeira prouação, a qual deue ser de pessoas muyto escolhidas: e não os uisitará alguã outra fora da lista sem especial licença do Padre Reytor. Mas nunca os uisitantes seião mais que dous ou tres iuntos.

2. Não pouse nos Nouiciados gente do Collegio, senão fosse per respeito de nelles com mais cõmodidade e consolação sua tomarem alguns exercicios: e ainda então seia tal, que não faça lá poso.

3. Os dias que os Nouiços tomão de exercicios per sua deuoção, não se hão de contar no mes de experiencia que lhes ordena a Companhia, que este se ha de tomar a este fim, ou todo iunto, ou per partes, respeitandose as forças, idade, e capacidade de cada hum.

4. Procurese que os Nouiços se apliquem de proposito a aprenderem a escreuer muyto bem, incitandoos a isso com alguns premios, e outros meyos Religiosos, e tambem com penitencias quando fossem necessarias.

5. Ainda que os Mestres dos Nouiços podem fazer alguãs praticas às sestas feiras no Collegio, com tudo não seião ocupados em pregar, nem em casa, nem na Cidade, e muyto menos fora della.

6. Os Mestres dos Nouiços são confessores ordinarios de todos elles, ainda que duas ou tres uezes no anno os podião confessar os cõpanheiros. Tambem deuem ouuir todas as confissões geraes dos que recebem, senão sentissem algum inclinado ao fazer com os companheiros, ou com algum outro.