• Nenhum resultado encontrado

Autores: Companhia de Jesus

Publicação: Ano de 1607

Origem: ARCHIVUM ROMANUM SOCIETATIS IESU

Localização:A.R.S.I., Lus. N.º 80, Fundationes: III – Collegi Eborensis, (fls. 349-349v.)

Contexto: Era rigorosa a escolha dos muitos que pediam a admissão e que pretendiam entrar na Companhia de Jesus. Os Superiores, na sua seleção, olhavam primeiro para as qualidades morais dos pretendentes e examinavam-lhes o talento. Todos estes jovens, que principiavam na religião recolhiam-se para serem devidamente formados nas casas que se chamavam de provação ou noviciado. Em Portugal, existiam três casas de provação; em Coimbra, desde o ano de 1551, no Colégio de Jesus, onde foi reservado um espaço para recolher os noviços; em Lisboa, na Casa Professa de São Roque; e em Évora, desde 1553. Saídos finalmente do retiro do noviciado, aqueles que os Superiores achavam bem instruídos entregavam-se, conforme a sua aptidão e talento, às múltiplas ocupações destinadas na Companhia, desde o estudo, instrução, serviço doméstico ou ministérios sacerdotais.

Ao longo dos séculos XVI e XVII, tal como foi aumentando o número de Colégios e alunos, também foi aumentando o número de membros da Companhia em Portugal, não só os candidatos ao noviciado, mas também a população dos Colégios, (incluindo Jesuítas oriundos de outras Províncias).

Em Abril de 1544, moravam no Colégio de Jesus, em Coimbra, mais de sessenta membros; em Junho de 1546, aumentavam para noventa e cinco; em 1551, rondavam os cento e trinta e, em 1558, cresciam a mais de cento e sessenta. No Colégio de Santo Antão, viviam, em 1560, ocupando os ministérios sagrados e ensino da juventude, vinte e sete religiosos. No mesmo ano, no Colégio e Universidade de Évora, habitavam quase setenta Jesuítas e, na Casa Professa de São Roque, trabalhavam,

além dos noviços, uns quinze sacerdotes e mais catorze Irmãos, ao todo, cerca de cinquenta pessoas. Nos Colégios do Porto e de Braga, começavam nesse ano com os religiosos necessários à sua fundação.

Durante estes primeiros vinte anos em que foi instituída, a Companhia de Jesus, em Portugal, tinha cerca de trezentos e cinquenta membros, tendo em conta os falecidos, os que eram enviados para as missões além-mar, ou os que tinham saído da Companhia.

No ano de 1561, davam entrada nos três noviciados da Província (São Roque, Coimbra e Évora), uns setenta jovens. Em 1567, admitiam mais quarenta e um jovens nos noviciados de Coimbra e Évora. Só em Coimbra, no ano de 1563, contava com sessenta e dois noviços. Em 1574, eram setenta e um em todos os noviciados, em 1608, subiram aos noventa e, no ano de 1615, não passavam dos sessenta e oito1.

No ano de 1571, estaria formada a Província da seguinte maneira: “Ay en la provincia

8 Collegios, Coimbra, Puerto, Braga, Bragança, Évora, Angra de las islas terceras, Funchal de la isla de la madera, en Lisboa el collegio de Sant Anton, y la casa de Sant Roque. Somos por todos 460, los 103 Sacerdotes, 299 maestros y escolares y los demas coadiutores i officiales, del qual numero los 25 son professos de 4 votos, 21 de tres assi de los que segun las constituiciones la han echo como pera ser ordenados hizo profession de quatro votos uno, i de tres 8, los coadiutores spriales son 6 i temporales formados 4”2. Nas Casas de Probação, eram setenta e um noviços. Em

São Roque quarenta e cinco: 15 sacerdotes os restantes noviços. Em 1574, subia o número de membros a 522. No ano de 1578, havia nesta Província “oito Colégios dos

quais sete tem classes em que estudam cinco ou seis mil estudantes de fora, com que se faz tanto serviço [...] além destes oito Colégios à uma Casa Professa, a qual está encostada a outra de Probação a fora as duas que estão anexas aos Colégios de Coimbra e Évora. Trazem os moradores destas Casas número de quinhentos e quinze pessoas, não contando com os de fora são vindos para as Índias e Brasil. [...] fazendo-se neste reino duas missões para fora, hua para o Brasil em que serão dezassete da Companhia [...] a segunda para a Índia [...] os moradores desta Casa

1 Cf. Rosa, Teresa M. Rodrigues da Fonseca, O Colégio da Ascensão de Angra do Heroísmo: Uma

Análise Pedagógica da Companhia de Jesus. Um Contributo para a História da Educação em Portugal,

pp.117-122. Ver também, Rodrigues, Francisco, História da Companhia de Jesus na Assistência de

Portugal, Tomo II, Vol. I, p. 6.

de São Roque são ao presente cinquenta e quatro, vinte e três sacerdotes os demais noviços e coadjutores”3.

Em 1579, o número de membros era de quinhentos e cinquenta, e no ano seguinte desceu para quatrocentos e oitenta e quatro. De entre as calamidades do reino, foi principalmente a peste, que por esse tempo assolou, a principal causa dessa diminuição. Em 1594, eram já quinhentos e setenta. No ano de 1607, contavam-se seiscentos e cinquenta e, passados oito anos, juntava-se mais quinze a esse número. Em 1615, formavam a Província seiscentos e sessenta e cinco membros, sendo duzentos e quarenta e seis sacerdotes, cento e quarenta e um escolásticos, cento e sessenta coadjutores temporais e sessenta e oito noviços. Nos Colégios, também foi aumentando o número dos seus moradores, o Colégio de Coimbra, em 1563, albergava pouco mais de cento e sessenta, no ano de 1594, sustentava duzentos e, em 1615, no Colégio e também nas suas residências, acolhia duzentas e vinte e oito pessoas. O Colégio e Universidade de Évora tinha cerca de cem membros no ano de 1573, em 1594 aumentar para cento e quarenta e, em 1615 para cento e quarenta e quatro4.

Deste modo, crescia e dilatava-se a Província Portuguesa em número de indivíduos, alargando o seu campo de ação no aumento da atividade pelos vários ramos da sua profissão religiosa.

Para entendermos melhor qual a situação em que se encontrava a Província Portuguesa, nos finais do século XVI, podemos analisar os dados retirados do catálogo de 1599: “Ay al presente en esta Provincia 591 de la Companhia repartidos

en una Casa Professa e otra de Probation, 8 Collegios y tres Residencias. En la Casa Professa de S. Roque de Lisboa 41; en el Collegio de S. Anton de la misma ciudad 54; en la Casa de Probacion de Nra. Snõra da Assumpcion de la misma ciudad 21; en el Collegio de Jesu de Coimbra 196; en el del Spirito Santo de Evora 149; en el Collegio del Puerto 20; en el Collegio de Braga 35; en el de Bragança 17; en el Collegio de la Isla da Madera 18; en el de la Isla 3ª, 17; en la Residencia de la Isla de S. Michael 7; en la Angola 7; en la de Pharo 6”5.

3 Idem, ibidem, fl. 43.

4 A.R.S.I., Lus. N.os 39, 43, 44, 51, 52, 53, 80 e 106. Ver Também Francisco Rodrigues, op. cit., Tomo

II, Vol. II, p. 4

Continuou a Companhia de Jesus a crescer e a florescer durante o século XVII. Aumentou o número dos seus membros, no entanto, de uma maneira desigual: em 1625, eram os religiosos da Província Portuguesa cerca de seiscentos e dezoito. No mesmo ano, repartiam-se assim os religiosos pelas Casas, Colégios e Residências: “[...] tem mais

a Companhia à sua conta nesta Província de Portugal, o gouerno do Seminário dos Irlandeses em Lisboa [...] São Roque 60 religiosos; Santo Antão 55; Casa de Prouação 87 sujeitos; Santarém 6; Coimbra 180; Porto 20; Braga 35; Bragança 16; Évora 130; Faro 8; Vila Viçosa 9; Portalegre 7; Madeira 16; Terceira 16; São Miguel 11; Angola 21; Residência de Cabo Verde 8; Seminário Irlandês 5. Sem contar com gente ajudante [...]”6. No ano de 1644, não passavam de seiscentos e vinte e três e, em 1656, contavam-

se nas duas províncias em que se dividira a Província Portuguesa seiscentos e oitenta e sete no total (com trezentos e catorze na Província de Portugal e na do Alentejo ou Transtagana com trezentos e setenta e três). No ano de 1678, subiu o número total a setecentos e oito e, em 1690, descia a setecentos e um. Por esses anos, pedia o Geral Tirso Gonzalez que a Província Portuguesa deveria estar bem provida de gente para as missões de além-mar e para os ministérios da Província; para isso, dever-se-ia criar nos noviciados um número contínuo de oitenta noviços7

Em 1700, seriam cerca de setecentos e dezasseis8. Em 1705, elevava-se esse

número a setecentos e trinta e um9. No ano de 1720, rondavam os seiscentos e

noventa e seis; em 1726, contavam-se setecentos e dezassete; no ano de 1730, cresceram para os setecentos e cinquenta10.

Nos catálogos do Arquivo Romano entre os anos de 1749 e 1770, foi possível atestar ainda o número de indivíduos que residiam nos Colégios. Desta forma, em Coimbra, que compreendia o Colégio de Jesus e o Colégio das Artes, residiam duzentos e vinte e seis indivíduos; no Colégio e Universidade de Évora e residências anexas, habitavam cento e sessenta e quatro religiosos; no Colégio de Santo Antão de Lisboa e residências, residiam sessenta e cinco religiosos; no noviciado do Monte Olivete, em Lisboa, viviam trinta e três noviços; na Casa Professa de Lisboa residiam cinquenta e sete pessoas, no noviciado de Arroios vinte e três noviços; no Colégio de Braga, viviam

6 A.N.T.T., Cartório Jesuítico, Relação II, maço 57, doc. 23.

7 Rodrigues, Francisco, op. cit., Tomo IV, Vol. I, p. 4.

8 A.R.S.I., Lus. N.º 47, Catalogus Triennales, (1700-1726), fl. 2.

9 Idem, ibidem, fl. 63.

quarenta e um religiosos; no Colégio do Porto, existiam trinta e sete religiosos; no Colégio de Santarém viviam vinte e nove membros; no colégio de Bragança, residiam dezoito religiosos; no Colégio do Funchal, vinte e dois religiosos; no Colégio de Todos os Santos, na Ilha de São Miguel, viviam quinze religiosos; no Colégio da Ascensão, na Ilha Terceira, residiam dezoito religiosos; no Colégio de São Francisco Xavier, na Ilha do Faial, viviam dez religiosos e, no Colégio de Luanda, em Angola, existiam catorze missionários, oito sacerdotes e seis coadjutores temporais11.

Contém: Relação das rendas dos Colégios da Província de Portugal no ano de 1607. Informação sobre o número de população existente nos Colégios e o excesso de gente nos Colégios de Évora e Coimbra.

Lembrança a cerca da muita carga de gente,