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Categoria não apriorística 3: Formação continuada para atuação na saúde pública

FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA EM EDUCAÇÃO

3.5 Categoria não apriorística 3: Formação continuada para atuação na saúde pública

Embora os participantes da pesquisa tenham enfatizado a formação inicial, a formação continuada é vista por eles como possibilidade concreta e significativa de contribuir para a práxis.

A formação continuada, as especializações é que me prepararam para esse trabalho, mesmo assim, ainda tem muita coisa que mesmo com as pós- graduações, a gente tem dificuldade em lidar, em trabalhar com a saúde. Então, eu sempre busquei estudar sobre essa área, mas eu sinto ainda hoje necessidade, mesmo com todas essas especializações e pós-graduação de um curso realmente para o trabalho coletivo, porque eu acho que foi uma área que cresceu muito nesses últimos tempos [...]. Então acredito que eu preciso ainda melhorar (PEF2).

Para a Saúde Pública, o PEF [...] está meio que engatinhando na questão da educação continuada. Claro que precisa não só de um olhar nosso, mas também um olhar da secretaria, do órgão público em dar continuidade, em fazer o processo intersetorial [...]. Enfim, é fundamental esse processo de formação continuada, [...] com todos os profissionais, não só de atividade física (PEF4).

[...] no NASF, foi que também estudei mais para os grupos especiais, porque a gente se deparou muito com essa realidade. Precisei estudar, tem muita gente hipertensa aqui, muitos diabéticos, e aí, como vou fazer? [...] mas a pós- graduação ajudou principalmente para o grupo de obesidade. Minha formação continuada foi mais em casa, estudando [...] e com os cursos voltados para área que atuo (PEF5).

Embora os participantes mencionem os cursos de pós-graduação, é importante notar seu entendimento a respeito da formação continuada em serviço e a autonomia para estudo. Santos et al. (2014) relembram que ao SUS cabe a responsabilidade de ordenar a formação de profissionais para atuar na saúde, de acordo com as políticas públicas da área.

Neste contexto, Nascimento e Oliveira (2010) destacam o papel da Residência Multiprofissional em Saúde, curso lato sensu que articula os conhecimentos acadêmicos com a complexidade profissional em Saúde Pública. Para as autoras, a Residência é uma oportunidade ímpar de formação em serviço, pois favorece efetivas trocas de saberes e práticas, contribuindo para o desenvolvimento de competências no trabalho em saúde. Embora a demanda de profissionais seja maior que a oferta dos cursos de Residência, estes têm se mostrado eficazes na formação em serviço.

Ainda assim, a formação continuada do PEF precisa ser ampliada. Um novo perfil de egressos vem mostrando, nos últimos anos, a necessidade de investimentos em formações que abracem a Saúde Pública.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou analisar os desafios na formação inicial e continuada para a atuação do PEF na Saúde Pública. Embora a inserção da EF no sistema público de saúde brasileiro não seja tão recente, este ainda é um tema merecedor de estudos aprofundados. Nos últimos 15 anos, pesquisas sobre o tema, envolvendo diferentes regiões do Brasil, tem destacado a necessidade de mudanças curriculares na formação inicial em EF, com vistas ao desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para atuação na Saúde Pública.

Ainda que pesem as diferenças entre distintas regiões do país, é unânime entre pesquisadores e profissionais de EF que os currículos de formação precisam ser revistos, de modo a contribuir com uma formação mais qualificada no campo da saúde, especialmente para o SUS.

No caso do município de Maceió, a presença de profissionais de EF no sistema público de saúde ainda é mais recente que em vários estados brasileiros. Por outro lado, os profissionais concursados estão empenhados em ampliar sua formação para a melhoria de sua atuação.

Ainda é incerto o rumo da EF neste campo, porém, acredita-se que os profissionais precisam construir uma identidade consistente e forte para a profissão, frente aos desafios da Saúde Pública. Entretanto, este é um caminho que só pode ser trilhado com o comprometimento coletivo das instâncias formativas.

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