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III PRODUTOS E INTERVENÇÕES: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO DAS PRÁTICAS

EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: PESQUISAS E INTERVENÇÕES

III PRODUTOS E INTERVENÇÕES: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO DAS PRÁTICAS

3.1 Pensando e fazendo o Pet Saúde/Saúde da Família UFPA – município de Ananindeua

Na perspectiva de contribuir para um olhar ampliado sobre o lugar e atuação do preceptor no PET Saúde, partindo dos achados e análises da pesquisa realizada (COSTA, 2012), apresenta-se a o projeto “Pensando e fazendo o PET Saúde UFPA” para preceptores atuantes no referido contexto.

Com o objetivo de criar espaços de formação pedagógica para preceptores atuantes no PET Saúde, especialmente aos vinculados ao PET Saúde – UFPA, – Município de Ananindeua- Pará, projeta-se envolver preceptores atuantes no PET Saúde – UFPA.

Foi desenvolvido um planejamento colaborativo da experiência de formação, delineando conteúdos, estratégias de ensino-aprendizagem, período e formato do grupo. O período contemplado de duração do curso será foi definido após o estabelecimento do conteúdo, de forma que o mesmo será fosse incorporado, em concordância com a gestão municipal, nos momentos reservados pelos pólos sanitários às capacitações dos profissionais.

Neste contexto, projetou-se uma experiência formativa que compreendeu um curso de extensão universitária, com encontros presenciais e momentos de discussão em ambiente virtual, sendo desenvolvido no decorrer da preceptoria (abrangendo desde a preparação inicial do preceptor, sua inserção no cotidiano da preceptoria e o movimento de avaliação da prática).

Esta modalidade de trabalho ancora-se em uma compreensão de formação pedagógica que extrapola a mera descrição de técnicas de ensino-aprendizagem, buscando mobilizar os sujeitos aprendentes como protagonistas de suas práticas e saberes sobre suas práticas

(BATISTA, 2005). As atividades planejadas para serem desenvolvidas junto aos preceptores contemplou estudos de casos, rodas de conversa, oficinas, fóruns virtuais de discussão e mostra de experiências.

A avaliação foi prevista abrangendo instrumentos de avaliação, sendo realizados fóruns que visem à reflexão acerca do andamento do projeto e, bem como proporcionando o aprimoramento das atividades ao longo do seu desenvolvimento. Foi incluída nesse contexto a autoavaliação, tanto por parte dos preceptores como dos participantes colaboradores do Projeto.

3.2 Administração pública nas instituições federais de ensino superior: conhecimento dos gestores da administração central8

As novas condições sociais configuradas a partir das diferentes dimensões da vida política, econômica e cultural, redesenham, a partir da globalização e dos avanços tecnológicos, outros processos de formação e qualificação profissional, pressionando as IES a se remodelarem continuamente (ZABOT; SILVA, 2002; ROCHA, 2003).

As Instituições universitárias possuem como características: ambiguidade de objetivos; pressão política com os interesses dos grupos ultrapassando muitas vezes os limites da autoridade formal; participação temporária da comunidade universitária nas decisões; mudança frequente dos gestores (BALDRIDGE et al., 1983; MINTZBERG, 1995; ETZIONI, 1989; HARDY; FACHIN, 1996; SOUZA, 2008; ESTRADA, 2000; BUNDT, 2000; MEYER JUNIOR, 1988).

No Brasil, a partir dos anos 1990, a busca por maior eficiência da Administração Pública é um dos temas emergentes, pois a nova configuração mundial preconiza o Estado mínimo. Isto ocorre também em nosso país, que adota uma política de transferir grande parte da prestação de serviços públicos para a iniciativa privada com o argumento que desta maneira o serviço seria mais eficiente.

Em nosso país, o empenho em modernizar sua administração pública para garantir uma prestação de serviços adequada à sociedade é permanente. Para isso, várias políticas públicas setoriais foram instituídas em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável, como proteção social e saúde. O Estado investe em um serviço público cada vez mais profissional, com pessoas mais qualificadas e capacitadas, e, também, na construção constante de canais de diálogo com a sociedade, no aperfeiçoamento dos arranjos institucionais e do marco legal e em programas de melhoria da qualidade do gasto público.

Nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), definir como o sucesso pode ser alcançado é uma tarefa muito complexa, pois existem muitos fatores a serem avaliados e muitas competências são necessárias para essa avaliação. Competências administrativas e acadêmicas precisam ser integradas e direcionadas para o atendimento das demandas atuais da sociedade. Com a criação dos órgãos controladores do governo federal, as universidades federais vivendo com as mudanças repentinas através do crescimento institucional expansão nas IFES e se adaptando as novas políticas públicas, tivemos falta de tempo para nos adequar. O presente relatório técnico apresentou os resultados de pesquisa realizada no Programa de Mestrado “Ensino em Ciências da Saúde” – modalidade Profissional, do Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde da UNIFESP sobre esta temática.

Os achados desta pesquisa permitem afirmar que o avanço tecnológico e a globalização da educação e da informação têm trazido novas configurações às IFES. A sociedade está se adaptando a isto e cobra destas instituições novas atitudes, novos modelos de gestão e planejamento. Competências administrativas e acadêmicas precisam ser integradas e direcionadas para o atendimento destas demandas, especificamente do mercado de trabalho. Espera-se que dentro da instituição seja desenvolvida uma estrutura na qual cada setor disponha de responsáveis com formação em gestão, os quais devem ter conhecimentos e habilidades adequados para que as tecnologias disponíveis sejam utilizadas adequadamente nas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Para uma boa gestão das IFES é necessária formação de lideranças que possibilitem que a mesma desempenhe o seu compromisso social. Assim, um corpo administrativo preparado e comprometido com esse processo é essencial.

Neste sentido, após a análise dos resultados encontrados, recomenda-se que:

1. Os saberes e o conhecimento dos gestores administrativos sejam valorizados na condução das políticas institucionais;

2. A instituição desenvolva uma política de treinamento e desenvolvimento de pessoal; 3. Seja realizado periodicamente um Fórum sobre Gestão Pública para a troca de

experiências dos Gestores;

4. Sejam desenvolvidas políticas institucionais para elaboração de programas de capacitação dos gestores administrativos;

5. Criem-se, na instituição, indicadores de avaliação de qualidade para desenvolvimento de processos de avaliação do profissional da administração.

3.3 Grupo Interprofissional de reflexão sobre as práticas na RMS (GIRREMUS)9

O produto em tela tem como proposta promover a ampliação de sentidos e significados da prática docente por meio de reflexões de um grupo de residentes, preceptores e tutores envolvidos em Programas de Residência Multiprofissional em Saúde.

Essa ampliação pode acontecer por meio de processos de reflexão a partir da intervenção de mediador(es) a fim de promover, pela interação com os pares, significados e sentidos da prática docente, tornando-os mais claros, mais conscientes. O termo “ampliação”, nesse caso, está relacionado à expansão, à passagem por diferentes momentos de reflexão que fazem com que as concepções sobre prática docente se tornem mais elaboradas na relação com o outro.

A proposta desse grupo de reflexão exige do tutor e do preceptor uma abertura e responsabilidade que, ao refletir e compartilhar, constroem e aperfeiçoam a base epistemológica que dá suporte às suas práticas. Libaneo (2002, p.56) coloca a reflexividade enquanto autoanálise, “capacidade racional de indivíduos e grupos humanos de pensar sobre si próprios”. A figura do mediador sugere alguém que possa conduzir o grupo a fim de permitir que a análise e a reflexão sobre a prática constituam o elo condutor das reuniões que devem propiciar o contato de professores de diferentes áreas de conhecimento para que, em conjunto, possam aperfeiçoar o exercício profissional. A figura do grupo traz novas ideias, novos olhares e possibilidades de ouvir, falar, trocar e aprender.

Com o objetivo de refletir de forma compartilhada sobre as potencialidades e fragilidades das práticas formativas desenvolvidas em Programas de Residência Multiprofissional em Saúde, o Grupo de Reflexão (GIRReMuS) propõe a participação de tutores, preceptores e residentes de Programas de Residência Multiprofissional em Saúde, buscando configurar encontros que sejam promotores da troca de experiências e saberes sobre as práticas formativas desenvolvidas no âmbito da RMS.

No âmbito dos conteúdos, o GIRReMuS parte das situações vividas no cotidiano dos Programas da RMS e no planejamento participativo dos temas que serão objeto de reflexão coletiva. O GIRReMuS sugere encontros mensais, de duas horas de duração, mobilizando dinâmicas e estratégias que privilegiam a reflexão compartilhada: narrativas, rodas de conversa, estudo de situações dilemáticas e incidentes críticos, discussão de texto, filmes e outros materiais que sejam de interesse do grupo.

A coordenação do GIRReMuS, por meio da Comissão de Residência Multiprofissional (COREMU), chama tutores, preceptores e residentes que tenham interesse na participação em

um grupo de reflexão. Durante todo o processo, serão empreendidas práticas avaliativas a partir da elaboração de portfólio do grupo.

3.4 Residência Multiprofissional em Saúde: de diretrizes a espaços de formação10

A estratégia Oficina Experiências, saberes e mapas encontra-se em consonância com a proposta da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, visto que apresenta em seus pressupostos metodológicos a utilização de aprendizagem significativa, a problematização, a educação interprofissional e a reflexão sobre o processo de trabalho no cotidiano (BRASIL, 2018). Assim como a proposta referida, o produto técnico apresentado é uma iniciativa que busca a incorporação de novas práticas, em que torna-se “necessário recuperar os tempos e a educação permanente, que não se esgotam instantaneamente, mas são processos e ferramentas ao longo do tempo” (BRASIL, 2009, p. 58).

A expectativa dessa proposta formativa é instrumentalizar os preceptores, os tutores e os gestores quanto ao manejo de uma ferramenta de ensino e quanto à apropriação do programa de Residência Multiprofissional em Neonatologia, com vistas à promoção de ações em Educação Permanente, à formação para o trabalho em equipe e à integralidade do cuidado.

A proposta é de se constituirem grupos com até dez participantes, dos quais façam parte os preceptores, os gestores e os tutores do programa de Residência Multiprofissional em Neonatologia. Os encontros ocorrerão em horário de trabalho, com a anuência dos gestores em liberar os profissionais para a participação dos três encontros planejados, bem como das rodas de conversa no decorrer do processo formativo, desenvolvido na Residência Multiprofissional.

A opção pelas oficinas foi motivada por esta ser uma proposta de uma metodologia de ensino e de aprendizagem, baseada na realização de tarefas coletivas, em que se promove a investigação, a ação e a reflexão. É possível assim, integrar o conhecimento teórico a sua aplicação prática (VIEIRA; VOLQUIND, 2002 apud REGINA et.al., 2016).

No âmbito do pré e pós-oficinas, planeja-se a realização de rodas de conversa, ferramenta metodológica que teve origem nos Círculos de Cultura de Paulo Freire (1989) e no Método da Roda ou Paideia de Gastão Campos (CARDOSO; CAMPOS, 2010).

Os mapas conceituais produzidos poderão se transformar em material didático para a divulgação dos objetivos da Residência Multiprofissional, dos grupos e dos projetos realizados e para a atualização ou compartilhamento das informações da equipe multiprofissional como um todo. Nessa perspectiva, serão desenvolvidas as Rodas de Conversa Pós-Oficina.

As oficinas foram propostas para acontecer em três encontros, com duração de até duas horas. Devido à profundidade dos conteúdos a serem abordados nos encontros, solicitar-se-á a leitura prévia de legislações, de projetos e de artigos. A agenda temática deverá estar em constante repactuação, todavia terá como ponto de partida os temas que emergiram da pesquisa – “Trabalho em Equipe na Residência Multiprofissional: a perspectiva de preceptores do cuidado perinatal” – e do que foi pactuado nas Rodas de Conversa.