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CATEGORIAS DE ANÁLISE DE TARDIF (2005)

No documento Processos de design e inovação social (páginas 63-66)

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CATEGORIAS DE ANÁLISE DE TARDIF (2005)

CATEGORIA SUBCATEGORIA DESCRIÇÃO

Contexto da

transformação Micro escala e macro escala Mudanças estruturais como crise e rupturas conduzem a formulação de novas alternativas Económico Estruturas económicas locais, regionais e nacionais são transformadas quer pela adaptação, adoção de novos caminhos ou pela criação de novas estruturas de produção

Social Recomposição/reconstrução do vínculo social por meio da adoção de novas práticas e da modificação das relações sociais em situações de dualização, exclusão e marginalização social

Novidade Económico Ligação da inovação nas esferas económica e social em contextos de crises institucionais, empregatícios e dos vínculos sociais

Ação social Novos programas e novas políticas públicas podem encorajar e apoiar o surgimento de novas práticas sociais e económicas; experiências inovadoras com resultados positivos nos campos social e económico podem ser institucionalizadas

Modelo As IS podem proporcionar novos modelos de trabalho, desenvolvimento, governança e economia

Inovação Escala A IS é localizada

Tipo Pode ser do tipo técnico/tecnológico, sócio técnico, social, organizacional e institucional

Finalidade Modificar as interações entre os atores e os ambientes organizacional e institucional com o objetivo de contrariar os efeitos das crises; é necessário conciliar os diferentes níveis de interesse individual e coletivo Atores Sociais Sociedade civil, movimentos sociais, sindicatos,

comunidades, cooperativas, associações, etc. Organizações Empresas

Instituições Estado, normas, valores Intermediários Comitês, redes sociais, alianças Processos Modo de

coordenação

O processo da IS é de aprendizagem coletiva em que são desenvolvidas ações de avaliação, participação e mobilização

Meios Diferentes meios são utilizados para que os atores sejam envolvidos no processo (cooperação); sejam conduzidas negociações (consultas) e acordos formais e informais (parcerias) para viabilizar a governança do projeto de inovação social (fortalecimento e difusão) Restrições Deve ser compreendidas e controladas as restrições

como complexidade e incerteza da dinâmica, resistência dos atores, tensões trazidas pela novidade, requisitos da formulação dos compromissos, e rigidez institucional que limitam os processos de inovação e difusão

Ao comparar as categorias propostas por Dedijer com as dos autores Cloutier e Tardif é visível que os últimos ampliaram as possibilidades de análise incorporando critérios para aprofundar o entendimento sobre a Inovação Social.

As categorias de análise "quem pode fazer" (Dedijer, 1984 apud Rueede e Kurtz, 2012) e "diversidade de atores" (Cloutier, 2003) tratam da multiplicidade de sujeitos que realizam a inovação social, e ambas relacionam-se com as categorias examinadas por Tardif (2005) fragmentadas em "atores sociais", "atores organizacionais", "atores institucionais" e "atores intermediários". A categoria destinada a analisar a "participação dos utilizadores" (Cloutier, 2003) abrange os atores e está relacionada com as categorias que analisam o processo da Inovação Social, especificamente "coordenação das atividades" e "meios de envolvimento" estabelecidas por Tardif (2005).

Dedijer (1984 apud Rueede e Kurtz, 2012) e Tardif (2005) para observarem os processos específicos da Inovação Social estabelecem as categorias "como fazer" (Dedijer,1984 apud Rueede e Kurtz, 2012) e as já citadas "coordenação das atividades" (Tardif, 2005) e "meios de envolvimento” (Tardif, 2005). O critério “restrições dos processos" (Tardif, 2005) relaciona-se com as categorias de Cloutier (2003) "qualidade do resultado" e a "durabilidade da mudança" porque considera as restrições da solução que podem afetar a manutenção, a expansão e os resultados da Inovação Social.

As categorias "propósito da inovação social" (Cloutier, 2003) e “finalidade da inovação" (Tardif, 2005) procuram as motivações que fundamentam a Inovação Social, que por sua vez dialogam com a categoria destinada a analisar os contextos da transformação que partem do "contexto social” (Tardif, 2005), do "contexto económico” (Tardif, 2005) e do “contexto macro e micro” (Tardif, 2005).

Cloutier (2003) diferencia-se de Tardif (2005) e Dedijer (1984 apud Rueede e Kurtz, 2012) ao adicionar a categoria "alvo da mudança”, em que se identifica o público beneficiado pela inovação social. No conjunto da análise proposta por Cloutier (2003) é evidente que o autor procura compreender o processo da inovação social pela perspectiva do envolvimento dos atores e não da gestão de atividades. Por sua vez, Tardif (2005) adiciona as categorias “escala local da inovação" e “tipo de inovação social”, pois defende que a proposição de uma solução à escala local é primordial para a realização da inovação social, e aponta que a inovação social pode ser técnica, sócio técnica, social, organizacional e institucional. O processo para Tardif (2005) é analisado a partir do conjunto de atividades realizadas, o que complementa a análise do processo proposto por Cloutier (2003).

A figura 8 reúne e aponta as relações entre as categorias propostas pelos autores Dedijer (1984 apud Rueede e Kurtz, 2012), Cloutier (2003) e Tardif (2005).

Figura 8

Categorias de análise desenvolvidas por Dedijer (1984), Cloutier (2003) e Tardif (2005)

A partir do cruzamento entre as categorias e subcategorias desenvolvidas pelos autores Dedijer (1984 apud Rueede e Kurtz, 2012), Cloutier (2003) e Tardif (2005) são sintetizadas aquelas que traduzem as principais características para a interpretação das definições (tab. 6). As categorias estipuladas como fundamentais para o exame das definições de Inovação Social são:

— o contexto para a Inovação Social: procura conhecer o porquê da Inovação Social, as circunstâncias que a propiciam como mudanças estruturais na sociedade (crises, rupturas, etc.), a reformulação dos modelos económicos e a reconstrução das relações sociais;

— o objeto da Inovação Social: procura identificar o que é a inovação social, a tangibilidade da inovação social (material ou imaterial), e a novidade oferecida;

— o objetivo da Inovação Social: para identificar para quê surge a inovação social, se o propósito geral é solucionar uma questão social atual ou prevenir um problema futuro;

— os beneficiados da Inovação Social: procura apontar os sujeitos favorecidos pelos processos e pelos resultados, se são indivíduos, grupos ou estruturas de produção;

— o processo e os resultados da Inovação Social: para identificar as formas de envolvimento, a participação dos beneficiados, a qualidade das novas soluções em relação à realidade anterior, a durabilidade (expansão e sustentabilidade) e o conhecimentos das restrições;

— os atores da Inovação Social: para conhecer a diversidade de sujeitos que promovem, participam e colaboram com a inovação social, desde os atores sociais (cidadãos, movimentos sociais, sindicatos, comunidades, cooperativas, associações, etc.), atores organizacionais (empresas), atores institucionais (Estado, normas, valores), atores intermediários (comitês, redes sociais, alianças).

Tabela 6

No documento Processos de design e inovação social (páginas 63-66)