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111categorias20 , distinguindo uma categoria de Loteamentos Populares – L3, para os quais as

exigências relativas ao tamanho do lote e à infraestrutura são menores.

Nos loteamentos populares, segundo a referida lei municipal, pelo menos 70% dos lotes devem ter área de 125m² e declividade de até 30% , sendo admitida variação de até 140m² para os lotes restantes. Nesses empreendimentos não será admitido outro uso senão o residencial unifamiliar, ou seja, cada lote deverá dar acesso a apenas uma residência. A área construída máxima será de 125m² , mesmo que o lote seja maior. Essas exigências tendem a coibir que haja destinação posterior do loteamento para camadas não populares, que poderiam custear moradia em lotes maiores.

Já em relação à infraestrutura, com vistas a atrair empreendedores para o mercado legal de lotes populares, foi prevista nessa lei a redução de exigências para a execução dos mesmos. Redução esta que não significa autorizar a implantação do loteamento sem condições mínimas de infraestrutura, mas reduzir os custos internalizados em sua produção. Admitiu-se as seguintes flexibilizações: a) não execução de rede de saneamento básico se comprovado que a área admite o tratamento adequado das águas servidas por meio de fossas; b) execução da drenagem pluvial apenas nos pontos baixos do loteamento; c) pavimentação das vias com declividade superior a 8% .

Quanto à execução das obras do loteamento, de modo a atender aumentar o prazo necessário para concluí-las, possibilitou-se a opção do interessado pela execução prévia ao registro do loteamento e dos lotes ou pelo estabelecimento de um cronograma e de instrumentos de garantia. Na primeira opção, foi estabelecido prazo de dois anos – prorrogável por mais um ano – para o loteador executar as obras de infraestrutura, e somente depois de concluí-las poderá registrar o loteamento e os lotes no Cartório de Registro de I móveis. Pela segunda opção, foi definido que o loteador deve apresentar um cronograma físico-financeiro da execução das obras e firmar a garantia da execução das mesmas mediante pagamento de caução ou vinculação de 50% dos lotes à Prefeitura. Nesse

20 A Lei Municipal nº 9.413/ 81 prevê as seguintes categorias de loteamentos: a) L1: para o qual

deverão ser atendidas integralmente todas as exigências daquela Lei quanto ao grau de especificação dos projetos e a realização das obras; b) L2: para o qual pode ser executada apenas a parte relativa a drenagem dos pontos baixos e ficam dispensadas de pavimentação as vias com declividade inferior a 6% ; c) L3: nos quais mais da metade dos lotes deve possuir metragem de 125m² ; a execução de obras de saneamento poderá ser dispensada se comprovado atendimento adequado por fossas; a drenagem poderá ser realizada apenas nos pontos baixos; e a pavimentação será obrigatória para vias com declividade superior a 8% ; d) L4: que deverá atender todas as exigências do L1, mas cujas vias executadas e 1/ 3 das áreas verdes doadas a municipalidade poderão permanecer como de uso exclusivo do loteamento por meio da concessão do direito real de uso dado à sociedade que realizou o loteamento enquanto ela existir (este foi o caso, por exemplo do loteamento ‘Parque Cidade Jardim’ na zona sul de São Paulo, onde hoje foram construídos o Shopping Cidade Jardim e o Condomínio Parque Cidade Jardim).

caso, o registro do loteamento seria realizado antes do início das obras, e o registro dos lotes ficaria condicionado ao término das obras conforme projeto aprovado.

Na década de 1980, no sentido de incorporar a cidade informal, conforme aponta Grostein (op. cit., p. 17), teve início “a política de regularização em massa de loteamentos”, para a qual “foi necessária a montagem de novas estruturas especiais, paralelas às existentes, bem como o desenvolvimento de uma cultura pública diferenciada, na busca de identificar caminhos para agir sobre espaços ilegais e complexos”. Entretanto, nessa década e no início da década de 1990, as ações nesse sentido foram realizadas especialmente fora das áreas de proteção aos mananciais, sendo principalmente desenvolvidas a partir da criação do Resolo21 (1991) e da promulgação da Lei de Regularização de 1994 (Lei Municipal

nº 11.775/ 94).

A partir da década de 1990, uma série de dispositivos legais passaram a abarcar a questão da moradia popular. Nota-se, a partir de então, a intenção de proporcionar a ocupação por bairros residenciais populares nas áreas mais consolidadas da cidade e de legalizar a permanência da população de baixa renda, onde já está localizada, em contraposição com o dispositivo da Z8-100/ 1, mencionado anteriormente. Foram instituídas, então, a Lei Municipal nº 10.928/ 91 (Lei Moura) que regulamentou e garantiu condições de moradia em cortiços, e o Decreto Municipal nº 31.601/ 92, alterado pelo Dec. nº 34.039/ 94, que regulamentou loteamentos e edificações de interesse social em áreas públicas. Nesse meio tempo, também em 1992, entrou em vigor o Código de Obras do Município de São Paulo (Lei M. nº 11.228 e Dec. 32 329), que dispôs sobre as características mínimas de habitabilidade e segurança de uma edificação, dentre outras disposições.

Também nos anos 1990, uma série de melhoramentos viários promovidos pelo Poder Público Municipal acarretaram ações de “desfavelamento” de algumas áreas da cidade, especialmente localizadas no setor sudoeste. Segundo Fix (2007, p. 97), entre o final do ano de 1995 e o início de 1996, cerca de 50 mil pessoas foram removidas de favelas ao longo do córrego Água Espraiada. Grande parte dessa população, conforme aponta a autora, continuou morando em favelas, porém em locais mais distantes, inclusive na área de proteção aos mananciais sul. Dentre as favelas removidas, relata a autora, a do Jardim Edith contribuiu para o crescimento da favela do Jardim Esmeralda22, na bacia do Guarapiranga.

21 Precede a criação do RESOLO a Supervisão Especial de Regularização de loteamentos e

Arruamentos – SERLA (1981), ligada ao gabinete do prefeito, e transferida para SEHAB-PARSOLO em 1983.

22 O histórico dessa área, hoje conhecida como Jardim I poranga / Esmeralda, bem como as

intervenções realizadas pelo Poder Público, serão apresentados como estudo de caso no capítulo 5 desta pesquisa.

CAPÍTULO 3 ■  A POLÍTICA URBANA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO E OS MANANCIAIS SUL 

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