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4 A COMPLEXIDADE DA ESCOLA NO HOSPITAL

5 OS ETNOMÉTODOS DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DAS PROFESSORAS NO HOSPITAL

5.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO HOSPITAL E SUAS CRIANÇAS

5.3.5 Chamada e apresentação

No que diz respeito à localização das crianças, a professora fazia um movimento no início de algumas aulas, para situá-las, atentando para o fato de que estavam dentro de um hospital e de uma escola. Em princípio, algumas crianças se atrapalham em definir o que a professora estava pedindo e diziam que a sala de aula era da “pefessora” e do “médico”. Algumas crianças, por serem bem pequenas e estarem adquirindo a linguagem, ainda não sabiam definir esses espaços como a instituição escolar e a hospitalar:

No início da aula ela perguntou às crianças o que ela era e elas repetiram em um coro bem alto: Professora. Uma criança bem pequena disse: Pefessora. Violeta disse: Eu sou professora e isso aqui é o quê? Olha aí? E começou a fazer um gesto com as mãos para que as crianças observassem a sala. É o

banheiro? Aqui é o banheiro? E as crianças disseram: Não. Violeta: Aqui é o quê? Uma criança disse: Sala. Violeta: É uma sala? Sala do quê? Criança: De pefessora. Violeta: Só sala de professora? Crianças: Não. Dos alunos. Violeta: E o que é que a gente faz aqui? Crianças: Dever. Violeta: E o dever a gente faz aonde? Crianças: Aqui. Na mesa. Violeta: Mas que lugar a gente faz o dever? E as crianças voltaram a responder: Na mesa. Violeta: Mas o lugar aqui, o prédio, a casa que a gente faz o dever? Como é o nome que a gente chama? Uma criança respondeu: Professora. Violeta continuou perguntando: Que a gente acorda, toma banho, se arruma e vai pra onde? Outra criança disse: Escola. E todos repetiram em coro: Escola. Violeta: E nós estamos aqui na escolinha? Crianças: Tamos. Violeta: Mas essa escola fica aonde? Dentro de onde? Crianças: Do médico. Violeta: Do médico? Criança: Da escola. Violeta: Como é o nome desse grandão que gente tá aqui? A gente tá na sala de aula na escola. Mas a escola da gente fica dentro de um outro lugar. Como é o nome do lugar? Criança: Médico. Violeta: Médico. Uma mãe “soprou” e as crianças disseram: Hospital. Violeta: É a escola no hospital. Como é o nome da escola da gente? Criança: É hospital. Violeta: Escola no hospital. E as crianças passaram a repetir: Escola no hospital. Ela disse: Muito bem..

Uma mãe, parceira da escola, ajudou as crianças a responderem. Nota-se neste episódio que a concepção de escola para a crianças estava associada a dever e que o mesmo era realizado na mesa. O espaço da sala de aula era representado como espaço do trabalho. As crianças não fizeram menção à escola como espaço da brincadeira.

Em outra dia, a professora realizou as mesmas perguntas, porém como o grupo de crianças era de idades próximas e algumas já haviam freqüentado as aulas, elas já sabiam como responder as perguntas da professora:

No dia 04/04/200331, Violeta iniciou a aula perguntando às crianças: Qual é

a primeira coisa que a gente faz todo dia? Os nomes, né? Como tem gente nova que a pró não conhece, a pró já disse o nome dela. Como é meu nome? Eles disseram bem alto: Pró Violeta. Eu sou médica, é? Crianças: Não. Violeta: Eu sou o que? Uma criança disse: Professora. Violeta: E isso aqui, como é o nome desse lugar? Crianças: Sala de aula. E a sala de aula é da onde? Da es.. Crianças disseram em coro: Da escola no hospital.

Posteriormente a essa conversa inicial, a professora começou a identificar as crianças através de seus nomes e crachás. Algumas crianças, que já haviam participado da aula, tinham seus crachás fixados na parede. Violeta fez a “chamada” com as crianças perguntando sobre quem estava presente e quem já havia recebido alta, chamando a atenção das mesmas para os nomes escritos dos crachás de seus colegas. É possível notar que a “chamada” da escola no hospital era um pouco diferente das escolas regulares, pois algumas vezes, a impressão é que tinham mais crianças ausentes, que haviam recebido alta, se comparadas as que estavam presentes e que continuavam internadas.

Quando observava a professora realizar essa chamada, me interrogava sobre qual seria o sentimento das crianças que continuavam internadas relembrando seus amigos que haviam recebido alta? Será que elas não ficavam tristes? Todavia, observava que aquela “chamada” estava tão naturalizada naquele contexto, que as crianças ficavam felizes por seus amigos terem voltado para casa. Sendo assim, elas também ficavam na expectativa de um dia receberem alta e serem lembradas pelos amigos que ficavam no hospital. Portanto, poder retornar para a casa, era uma espécie de “presente” para aquelas crianças. O significado da ausência e da presença são questões relativas na escola no hospital. O importante era já ter participado da aula anteriormente e ter compartilhado momentos comuns:

Neste dia, a professora depois de ter realizado a chamada perguntando às crianças sobre os amigos que estavam na aula, foi procurar os nomes dos mesmos nos crachás afixados na parede. Muitas crianças já haviam ido embora e os amigos ajudaram a dizer o nome das crianças ausentes e das crianças presentes. Violeta perguntou: Lua está aí? Cadê o Lua? E os amigos apontaram para ele. Ela pegou o crachá e lhe entregou. Depois perguntou: Gio está aí? Uma criança respondeu: Foi embora. Violeta: Foi embora? Crianças: Foi. Violeta: Ele teve alta? Criança: Foi.. Depois perguntou sobre Glei, Rai e Gei. Violeta: Rog está aí? Crianças: Está no quarto. Violeta: E cadê Rog? Ele está dormindo? Ele não passou bem a noite, não foi? Eu vou deixar o nome dele guardadinho aqui. Depois pegou o nome de Mat que também estava no quarto dormindo. Violeta ficou na dúvida de Vit e Ana Vit. Pois Ana Vit tinha recebido alta. Ism e Lar também tiveram alta, assim como Pau, Dio e And. Depois ela começou a fazer o crachá novo das crianças que chegaram. Iniciou perguntando para as crianças dizerem a primeira letra do nome de Bem. Eles dizeram em coro: B.

A professora também colocava alguns apelidos carinhosos nas crianças e, aparentemente, elas gostavam. Em relação às crianças que haviam chegado naquele dia, ela perguntava os nomes e fazia novos crachás. Neste processo de confecção, perguntava às outras crianças sobre as letras desses nomes:

No dia 22/11/200232, Violeta disse às crianças: Vamos começar a trabalhar?

O que a gente faz de manhã todo dia quando a gente chega na escola? As crianças responderam todas juntas, bem baixinho e o som ficou inaudível não sendo possível a transcrição. Depois a professora disse: Os nomes. Diga aí, Kin. Diga o seu nome para todas as crianças da sala. Diga aí, Kin. E a criança respondeu: Éri. Violeta: Qual a primeira letra do nome de Éri? É de que? Depois solicitou às crianças: Procura alí (e mostrou o abecedário em cima da lousa). Crianças disseram: É de estrela. Violeta: É de Éri e É de estrela. Lia, diga o seu nome? Lia respondeu: Lia. Violeta: Ela repetiu o nome de Lia, depois levantou do sofá e foi pegar os crachás afixados na parede. Pegou o crachá de Lia e mostrou para as crianças perguntando: Qual é o primeiro nome (se corrigiu), a primeira letra do nome de Lia? Uma

31 Crianças que participaram da aula. Idem pág. 144 32 Crianças que participaram da aula. Idem pg. 144

criança respondeu: A letra é lápis33. As crianças riram. A professora

perguntou: Qual o nome da letra? Algumas crianças disseram: LÊ. Glei fala: A letra lê de avião e apontou para o abecedário. Violeta disse à criança: O quê? Lê de avião? Procura alí. Glei insistiu e mostrou: É alí oh. Algumas crianças o corrigiram: Não. Violeta: É LÊ de que? Algumas crianças responderam: É lê de lápis. Violeta: Lápis, olhe o lápis ali em cima (e mostrou o abecedário) Lê de lápis e de Lia. Depois entregou o crachá a Lia.

Neste episódio foi possível verificar que nem todas as crianças estavam familiarizadas com a escrita e buscavam fazer associações das letras com o abecedário que ficava em cima da lousa. Mas algumas vezes, as crianças que não sabiam ler, arriscavam fazer algumas associações das letras, como foi o caso de Glei que associou a letra L com a inicial A de avião e a professora o corrigiu. É preciso destacar também que o método que a professora utilizava era o silábico.

Em outro episódio ocorrido em outra aula, dia 09/06/200334, a professora iniciou escrevendo os nomes nos crachás. Novamente ela reiniciou fazendo “chamada”. Uma criança pequena, Ale, pediu para que ela escrevesse o seu nome e a professora disse que iria dar um papel para escrever. Mas, até o final da apresentação ela não o fez e continuou ela mesma escrevendo os nomes de todas as crianças. A professora era muito preocupada em realizar sua rotina da atividade de fazer os crachás e chamar a atenção das crianças para as letras que compunham os nomes dos colegas:

Violeta fez a roda e iniciou a aula perguntando às crianças o que haviam comido no café da manhã e as crianças foram respondendo. Depois ela começou a se apresentar: O meu nome é Violeta. Eu sou professora da escolinha. Depois perguntou seu nome individualmente para cada criança. Ela disse: Agora que todo mundo sabe meu nome eu quero saber o nome de cada um. A pró vai escrever aqui na parede. Levantou da cadeira, pegou um crachá e disse às crianças: Todo mundo diz o seu nome. A gente vai ver todos os meninos que já estiveram aqui, todo mundo escreve o nome e prega aqui na parede, tá certo? Ale disse: Eu já sei fazer o meu nome sozinho. Violeta: Sabe? Hum.. Então a gente vai fazer daqui a pouco. Uma outra criança bem pequeninha também diz à professora: Eu vou fazer. Violeta: Vai. A pró vai dar o papel prá você fazer, tá certo? Depois ela começou a pegar os crachás nas paredes e foi dizendo: Esse nome aqui é de Jos. Jos já teve alta na sexta feira e foi embora prá casa. Ficou bom e foi embora pra casa. Pegou outro e disse: Esse aqui, ó. Era de Nat. Nat também teve alta e foi embora prá casa. Esse aqui é o de Mat. Mat está aqui? Quem é Mat aqui? Levantou a mão prá pró ver. Cadê Mat? É esse aqui, óh e apontou uma criança que estava sentada e muito tímida. Ela disse, lhe entregando o crachá: Mas esse nome aqui não é desse Mat não. É de outro Mat que esteve internado e já teve alta. Também já foi embora prá casa. Depois ela tentou

33 É interessante verificar que no abecedário fixado a figura do lápis estava ao lado da letra L.

34 Crianças da aula do dia 09/06/2003. Profa. Violeta Gab (5 anos, Cabaceira, não estudava, gripe e febre), Ale (5

anos, Itamira, jardim 1, cirurgia do Testículo), Mat (3 anos, Jauá, não tinha escola na cidade, cirurgia da visão), Ed (2 anos, SSA, creche, pneumonia), Bru (3 anos, SSA, creche, pneumonia), Est (2 anos, SSA, creche, febre)

entregar o nome à Mat da sala, que se recusou a aceitar. Ela lhe perguntou: Quer que eu faça outro? Ele não respondeu. Ela voltou a pegar os crachás e pegou outro dizendo: Esse aqui é de Uam. Quem conhece Uam? Esse aqui foi hoje embora prá casa. Pegou outro crachá e disse: Esse aqui é o nome de Jam. Jam está lá em cima. Ela está lá no centro cirúrgico. Foi fazer uma cirurgiazinha. Eu vou deixar o nome dela guardado aqui que é pra quando ela voltar, estar na sala. Pegou outro crachá e disse: Esse aqui é o de Vit. Vit teve alta esse final de semana e foi embora prá casa. Esse é o de Ril. Ele também foi embora prá casa.

Mesmo que a maioria das crianças tivessem recebido alta, as outras pareciam gostar desta chamada e que a professora escrevesse seus nomes para se sentirem representadas naquele espaço. Nesta mesma aula, a professora, após ter realizado a chamada dos alunos, começou a escrever os nomes das crianças presentes. Uma criança que sabia ler e escrever, Ale, ficou extremamente motivada para que a professora escrevesse o seu nome. Mas, a professora parecia ter uma conduta dúbia em relação a escrita pois, ao mesmo tempo que ela desejava que os alunos aprendessem a ler e a escrever, ela queria que essas ações fossem realizadas a seu tempo, à sua maneira. Nota-se que Ale teve que esperar até quase o final da aula para que seu nome fosse escrito e, quando a professora foi escrever, embora tenha solicitado ajuda da criança para escrever o nome, o corrigiu para que não utilizasse os gestos que fazia, desenhando no ar as letras de seu nome, mas as soletrasse:

Na aula do dia 09/06/200335, a professora Violeta falou: Vamô agora colocá

o nome de quem está aqui no hospital com a gente, na aula? Vamô embora. Então vou pegá.. Ale perguntou à professora: Você também escreve meu nome? Violeta: Vou aprendê agora. Você me diz como é que escreve seu nome? E a criança toda feliz balançou a cabeça afirmativamente. As outras o observaram em silêncio. Ale começou a soletrar as letras de seu nome e desenhar com gestos a escrita no ar. Violeta disse: Espera um pouquinho. Vou escrever o nome de todo mundo. Senão não dá. A gente vai escrever o nome de todo mundo aqui. Violeta estava sentada em frente a roda com o papel em seu colo e dizendo às crianças: Vou escrever a primeira letra do nome de Raf, óh. Levantou o crachá, mostrou para as crianças e disse: Olha a primeira letra do nome de Raf. O Rê de Raf. Agora olha lá pra cima (e apontou o abecedário) e disse: Qual é o bichinho que está alí desenhado? Ale respondeu: Alí, no rato. Re de Raf e Re de Ratinho. Ela voltou a escrever e fazer o crachá de Raf e depois entregou a ele. Perguntou à outra criança o seu nome. A criança ficou tímida e o amigo disse que era Mat. Violeta começou a escrever o nome de Mat e pediu para as crianças olharem no abecedário onde está a letra Mê. Algumas crianças se empolgaram em procurar. Ale logo encontrou. A professora disse: É uma fruta. Que fruta é? E soletrou: Mo-ran-go. Depois ela perguntou à outra criança: Como é seu nome? Diz prá pró o nome? Como é o nome da gatinha, alguém sabe? A criança ficou quieta e não respondeu. A mãe respondeu por ela: É Mar. Violeta: Paula? Que nome bonito Mar? Escreveu e depois lhe entregou. Depois perguntou para Ale: E o seu, como é que a gente vai escrever? E a criança foi lhe dizendo: A .. Depois faz assim e mostrou a escrita com um

gesto com as mãos desenhando na ar. Violeta lhe mostrou: É assim? A criança: É. Violeta perguntou: E depois? A criança novamente fez outro gesto com as mãos. Violeta lhe corrigiu para soletrar a letra e não gesticular: Como é assim? Que letra é essa? Criança: Lê.. A criança parou de fazer os gestos com a mão e começou a soletrar para Violeta que escreveu: Ale. Depois ela finalizou essa parte da aula escrevendo nome de Aim. Ale pegou seu crachá, olhou para o mesmo e disse prá professora corrigindo-a: Isso aqui não tem não. É assim ó? E fez um outro gesto com as mãos. Violeta disse: Pera aí que eu corrijo. Depois ela escreveu o nome de Dud e se esqueceu de corrigir o nome de Ale. Posteriormente ela começou a contar a história da Branca de Neve.

Percebe-se que a professora, assim como solicitou que a criança se desprendesse do gesto para escrever a letra, acabou posteriormente se esquecendo de corrigir o nome de Ale, pois segundo ele, seu nome estava escrito errado. Violeta falou que iria corrigir, mas não corrigiu e começou a contar a história.

Wallon (1995) ao caracterizar o desenvolvimento infantil, define que as crianças de 3 a 6 anos de idade estão na fase projetiva e sentem necessidade de explicar suas ações acompanhadas por gestos. O gesto para Ale representava uma etapa da função simbólica e, em relação ao processo de descoberta da escrita, era uma espécie de pré-história da escrita.

Para Wallon (apud DANTAS,1990) no surgimento da função simbólica na criança existe uma sucessão de etapas, que é composta primeiramente pelos sinais, depois indícios, os símbolos e signos que seriam os degraus ao longo dos quais significante e significado se dissociariam até chegarem a manter apenas o vínculo arbitrário e abstrato, característico da função em sua etapa semiótica. Nesta concepção, as crianças pequenas, entenderiam o mundo dos signos e da cultura através da comunicação com os outros sociais e, como nessas crianças, a atividade mental é ainda incipiente, os gestos as auxiliam nesta comunicação. Por isso, Wallon denomina essas ações como ideomotoras. Para ele: “A ideação apóia-se na motricidade; sua existência ainda bruxuleante precisa da força motriz para não se apagar. Se a gesticulação que acompanha a fala for impedida, o processo ideativo desfalece e interrompe. Wallon (apud DANTAS, 1990, p. 15)

Vygotsky (1989, p. 121) considera que: “ O gesto é o signo visual que contém a escrita”. Portanto, para ele, não somente os desenhos das letras significam a escrita, mas também os gestos que as crianças elaboram para compreendê-la, as garatujas, os desenhos em princípio disformes e posteriormente com características idênticas das letras é que vão se manifestando em um processo evolutivo, como marcas e signos escritos que vão demostrando que as crianças, ao lidarem com esses elementos, vão aos poucos sinalizando a compreensão destes símbolos.

Outro aspecto que merece ser comentado neste episódio diz respeito ao nome da fruta utilizada para as crianças associarem a letra M de morango, a qual possivelmente poucas crianças do hospital tinham acesso. Embora considere necessário mostrar às crianças uma variedade de conhecimentos gerais e não apenas regionais, talvez outro desenho que fosse mais próximo ao universo dos alunos possibilitasse maiores associações para partir do local para o universal.

Nesta outra aula, dia 28/07/200336, foi possível compreender um pouco mais como se caracterizava a metodologia de alfabetização utilizada pela professora:

Violeta: Vocês já me conhecem. Só que tem alguns gatinhos aqui que eu vou querer conhecer. Então prá eu conhecer... Eu vou pedir que cada um me diga o seu nome. Uma criança disse: Eli. Ela falou para a criança: Calma. Me diz o nome para os coleguinhas que a pró vai escrever o nome aqui, óh.. na fichinha. (e mostrou o crachá). Só que tem alguns alunos que a pró já escreveu. Vamos ver? Vamos ver quem veio hoje pra sala de aula? Ela mostrou um crachá para as crianças e perguntou: De quem é esse nome? Algumas crianças leram: Vin. Ela repetiu: Vin. Muito bem. Vin veio hoje na sala? Crianças: Veio. Violeta: Veio? Cadê Vin? Algumas crianças começaram a apontar um garotinho. Violeta disse: Alí. Olha a primeira letra do nome de Vin. Uma criança disse: Vê. Violeta: Vê de que mais? Outra criança disse: Ve de.. Violeta esticou a mão e falou à Vin: Toma aqui o seu nome. Vin era muito tímido, pequeno e estava bem fragilizado. Ele não se levantou da cadeira, mas uma menina maior levantou o pegou o nome por ele. Mas, ela esqueceu que estava presa ao soro e quase se machucou. A professora pediu para que ela tomasse cuidado e sua mãe também. Violeta continuou: Vê de Vit e pegou outro nome – Mat e perguntou quem sabia de quem era aquele nome. Apenas uma criança leu: Mat. Violeta: Tem algum Mat aqui? Crianças: Tem olha ele ali. Violeta: Tem? Ele é novo. E perguntou para a mãe a seu lado: Ele não é novo aqui? A mãe disse que sim. Violeta pegou o crachá que estava na mão e disse: Esse Mat aqui já teve o que? Teve o que Gis? Ela ficou muito tímida e não conseguiu responder.. Violeta: O que Gis? Diga a seus colegas desse Mat aqui? Tá aqui ele? Teve o que? Ninguém sabe. Diga. Você que sabe. Outra criança falou de Gis: Tá com vergonha. Violeta: Ela disse nesse instante aqui. Teve alta e foi pra casa. Ste também, não foi Ste? Ste já esteve aqui, ficou boa, teve alta, ficou um tempão em casa e agora voltou, não foi Ste? Mas vai ficar boa de novo, vai ter alta de novo, depois vai embora de novo. E esse nome: Cai. Outras crianças leram em conjunto. Violeta: Cai está aqui? Crianças: Já foi. Teve alta. Ela mostrou outro crachá: Eri e pediu para as crianças a ajudarem a ler. Ela distribuiu os nome de Eri e foi fazer os novos nomes. Violeta: Como é o seu nome? Criança: Wil. Violeta mostrou o crachá para todos e disse: Olha a primeira letra do nome de Wil. Ó que letra é essa, Gis. Ela lhe respondeu: W. Violeta escreveu o seu nome, mas ele teve que ir até a enfermaria. Ela falou

36 Crianças da aula do dia 28/07/2003. Profa. Violeta. Gis (6 anos, Pojuca, Alfabetização, Calazar), Wel (3 anos,

Campo Formoso, não estudava, Abcesso no pescoço), Gab ( 2 anos, Teresina, Maternal, Rotavírus), Ped ( 3 anos, Teresina, Jd 1, Rotavirus), Mat (7 anos, SSA, 1a série, Cirurgia do ouvido-surdez), Ana (5 anos, SSA, Jardim 1,

Cirurgia de correção da visão), Wag ( 5 anos, Teresina, Jd 2, Rotavirus), Vin ( 3 anos, Camacan, não tinha escola no povoado, biópsia mecacolo), Tai ( 5 anos, Barro Branco, Alfabetização, Amigdalite), Mic ( 6 anos, SSA, Jardim 3, Abcesso no pescoço)

que iria guardar até ele voltar. Depois escreveu o nome de Gis. Chegou uma