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2– REFERENCIAL TEÓRICO

2.5 CIDADES DIGITAIS

O espaço virtualizado permite prolongar a mente humana, sedimentando um novo patamar de relacionamento e aprendizagem” (Lévy, 1993)

As cidades possuem como elementos essenciais: o território, a população e o governo. A unidade territorial ocorre com a interação desses três elementos e deve ser entendida como um todo, um sistema de relações complexas que promovem a associação de seus habitantes em função de determinados objetivos comuns que,

[...] transformam iniciativas individuais, num conjunto de relações sociais que passam a ter significado coletivo, transformando-se numa força de mudança, reforçando a identidade e construindo um sistema de inovações que torna o território competitivo em nível nacional e internacional, melhorando a perspectiva de aumento de renda, trabalho e qualidade de vida da população local. Nesse sentido é que passa a ter maior significado o conceito de capital social, [...] a construção de redes sociais entre os indivíduos e organizações fortalece as relações entre os diversos atores, aumentando o grau de confiança e solidariedade local em função do entendimento de que a cooperação aumenta a capacidade coletiva de sobrevivência... (DIAS e MATOS, 2013, p. 32-38).

Cada vez mais as cidades passam a ser protagonistas tanto na vida política como na vida social, cultural e econômica de uma sociedade. De acordo com Castells e Borja (1996), pode-se falar das cidades como atores sociais complexos e de múltiplas dimensões, que não se confundem com o governo local, mas o incluem e realizam uma articulação entre administrações públicas (locais ou não), agentes econômicos públicos e privados, organizações sociais e cívicas, setores intelectuais e profissionais e meios de comunicação social, ou seja, entre instituições políticas e sociedade civil.

As cidades reais misturam-se com os conceitos de espaço e tempo tal como comenta Lefebvre (1981), socialmente construídas e (re) construídas no entendimento do espaço pelo capitalismo e pelos movimentos sociais. Para Pires (1991), a cidade é um imbricado histórico cuja lógica espacial constitui uma totalidade de relações culturais, econômicas, políticas e sociais, a partir das quais pode-se classificar as cidades pelo que elas representam, sendo que a parte dominante dessas relações pode influenciar nas suas características estruturais. Esse aspecto foi determinante, por exemplo, para o desenvolvimento da cidade industrial, que conduziu a uma complexidade nas cidades atuais como fruto dos problemas gerados pela revolução industrial.

Os problemas se ampliam à medida que aumenta o crescimento urbano o que provoca serviços deficientes para a população carente, resultando, segundo Silva (2004), em contradições socioespaciais, das ações de ordem política de seus gestores e do cotidiano dos grupos sociais.

Silva (2004) complementa que, apesar das diferentes definições de cidade, alguns pontos comuns são percebidos como: a cidade como um espaço material de relações, não poder ser confundida com o urbano, o lugar onde a cidadania faz sentido, um misto de representações, uma referência de lugar, um palco da política e um local onde estão presentes os dilemas do cotidiano.

O desenvolvimento tecnológico que tem caracterizado as últimas décadas do século XX e início do XXI transformaram as cidades que eram essencialmente comerciais e/ou industriais, em cidades baseadas no conhecimento, onde a informação é parte essencial de todo o processo produtivo e social. As cidades digitais surgem a partir da necessidade de se potencializar e complementar a organização das cidades reais.

O surgimento das redes comunicacionais e tecnologias da informação tem impactado diretamente a vida na cidade real, a partir da busca pela compreensão espaço-tempo e de uma presentificação em tempo real, a partir da concepção das cidades digitais. Fato que, segundo Soares (2012) citando Graham (1996), definem as cidades digitais como espaços eletrônicos, que foram desenvolvidos para interligar, de forma explícita, as agendas de desenvolvimento de cada cidade, funcionando como ferramenta política para uma variedade de planos e objetivos urbanos como:

a) marketing urbano global;

b) estímulo ao turismo de negócios e de consumo;

c) melhoria das comunicações entre os cidadãos e os governos locais; d) aumento da competitividade das empresas locais;

e) maior integração das economias locais; f) renascimento do civismo e da cultura local.

De acordo com Holanda et al. (2006), as cidades digitais foram concebidas para prover uma infraestrutura sobre a qual a sociedade informacional pode se consolidar, visando facilitar a vida das pessoas e criar canais democráticos de comunicação e informação.

Atualmente, para Lemos (2006), as tecnologias e redes sem fio imprimem novas transformações sociais (redes de sociabilidade por SMS, micro-blogging), novas práticas culturais (acesso e consumo da informação em mobilidade) e novos desenhos no espaço urbano (zonas de acesso para Wi-Fi e celular, navegação por GPS, mapeamento, geolocalização). As experiências em rede conectando as pessoas, já que a partir do local é possível integrar-se ao global.

Tofler (1995) foi um dos primeiros autores, em 1980, a definir cidade digital como o estágio evolutivo de capacitação de uma comunidade em um sistema tecnológico de informação com o objetivo de reestruturação interativa da vida social.

A partir desse momento surgiram estudos para definição das cidades digitais como o de Zanchetti (2001), que define cidades digitais como um sistema de pessoas e instituições conectadas por uma infraestrutura de comunicação digital que tem como referência a cidade real, cujos propósitos podem incluir um espaço de manifestação política ou cultural, um canal de comunicação entre pessoas e grupos, um canal de comunicação com os governos locais ou um acervo de informações variadas e de fácil acesso.

A infraestrutura de TIC existente nas cidades, a utilização das TIC na gestão e em políticas públicas, a oferta de e-serviços e o uso das TIC para o acesso à informação pública e participação são insumos para reflexão e tomada de decisão nos governos locais. (MIRANDA e CUNHA, 2014 p. 65-70)

As cidades digitais podem, conforme Toru (2000), ser uma plataforma de fomento à formação de redes comunitárias, e ainda permitindo aos seus habitantes, de acordo com Mitchell (2002), viver numa pequena comunidade e estar conectado a uma cidade maior e mais diversificada, um contraponto às tendências globalizantes, uma nova plataforma social.

Guerreiro (2006) traça uma definição do conceito de cidades digitais, aplicado à realidade brasileira:

“ambiente ou plataforma de rede digital (...) que interliga sistemas tecnológicos avançados para conectar serviços públicos, bens, marcas, escolas, organizações do terceiro setor, empresas, micro e macrocomunidades de pessoas, disponibilizando informações em diversas ordens e padrões com o propósito de desenvolver as potencialidades da sociedade de informações e transformar o cidadão em ator e protagonista de uma outra realidade: a virtual” (GUERREIRO, 2006, ps: 221-222).

Para Silva (2004), a cidade digital representa uma projeção de simulacros de diferentes cidades e emerge como uma das forças que contribuem na organização do espaço, surgindo para atender a comunidade em rede, virtualmente criada de acordo

com as necessidades de uma comunidade real e são difundidas a partir de algumas iniciativas que visam caracterizar estes espaços virtuais. Silva (2003), explica que as cidades digitais podem ser governamentais, não-governamentais, do terceiro setor, espontâneas e individuais ou de iniciativas mistas.

Para Silva (2004), no entanto, não se pode entender uma cidade digital como um corredor de serviços a serem acessados, pois ela é caracterizada como uma rizoma (multiplicidade de conexões), é também um espaço de socialidade, de manifestação de poder e um campo de luta como uma projeção da cidade real, sendo que elas podem se caracterizar, quanto a sua formação, de forma mais detalhada como:

a) cidades digitais governamentais de iniciativa do governo local regional (governo como provedor de serviços utilizando as TIC para prestação de serviços públicos online);

b) cidades digitais não governamentais (são comunidades virtuais criadas por grupos organizadores);

c) cidades digitais de iniciativa do terceiro setor (normalmente temáticas e abordando inclusão digital e social);

d) cidades digitais de iniciativas espontâneas e individuais (ingresso espontâneo da comunidade digital local, ainda que desordenadamente mas fruto da dinâmica das relações sociais - os fluxos - da cidade real);

e) cidades digitais de iniciativas mistas (projetos de inclusão digital e social ou serviços através de parcerias entre o público, privado e terceiro setor) que tem sido configurações presentes nas cidades. De acordo com Holanda, Dall’Antonia e Souto (2006), para uma melhor organização e classificação das cidades, os níveis de urbanização das cidades digitais são classificados sob uma perspectiva sociotécnica. Essa perspectiva observa os aspectos tecnológicos e de natureza social desde o patamar mínimo de acesso básico, até o nível pleno chegando ao contraponto com a cidade real com cobertura total tanto para acesso público como individual, serviços públicos integrados e significativas quantidades de recursos de acessibilidade, usabilidade e inteligibilidade (atualmente denominadas cidades inteligentes), além de uma interligação de comunidades e a prática da cidadania digital, conforme quadro 2, que mostra esses níveis de urbanização e as características presentes em cada um desses níveis.

Handlykken (2011), esclarece que as cidades digitais estão além dos prédios físicos e contextos urbanos, contendo uma significação simbólica como uma metáfora, já que tem envolvido no seu conceito as redes digitais e arquitetura física como um espaço híbrido e fluido e são constituídas de múltiplas e inteligentes camadas baseadas em interação em tempo real, comunicação, novas formas de organização, política e relações de poder, controle, localização baseada em conteúdo e informação. Relações que são criadas, co-criadas e renegociadas em tempo real e que vem alterando a concepção de espaço e a vida das pessoas.

Handlykken (2011) complementa que as cidades digitais existem através de fluxos de redes auto-organizadas, camadas e nós de conexão gerando outros espaços e heterotopia, onde o conceito de heterotopia se concentra em outros espaços, contra-

sites, espaços que são inter-relacionados e se cruzam, dominados por oposições como o

familiar e o social, o público e o privado. A heterotopia, hoje, ainda é um problema importante no estudo das transformações atuais da cidade, e enfatiza as possibilidades de interação, e transformação.

Nas cidades digitais, a percepção e a experiência do espaço transgridem as fronteiras físicas da cidade e revelam espaços fluidos e relacionais, onde o físico e o virtual/digital são entrelaçados em um espaço híbrido em uma realidade mista, afetando as interações sociais. “A revolução da Internet não nega o caráter territorial das revoluções ao longo da história. Em vez disso, ela o estende do espaço dos lugares para o espaço dos fluxos.” (CASTELLS, 2013 p. 56)

Na exploração de experiência espacial na cidade digital essas noções são interessantes porque se constroem ativamente, consciente ou inconscientemente, esses espaços, embutidos em experiência espacial e baseando-se em tais oposições, por exemplo, o espaço físico da cidade como real, e o digital como um espaço separado " irreal " .

A concepção, segundo Mcquire (2008), é a criação da cidade líquida, que mapeia diretamente a fluidez do espaço de dados relacionais em constante interação e, moldando as experiências sobre a cidade nas fronteiras do público e do privado.

Nível Características de urbanização digital

PLENO

Integração de cidades, estados e países Construções inteligentes e conectadas

Serviços públicos e privados totalmente replicados em ambiente virtual integrado Integração de comunidades

Novo espaço público

Recursos plenos de acessibilidade, usabilidade e inteligibilidade Cobertura total para acesso público e individual

Sem limitação de banda para acesso público e individual (acesso e backbone)

INTEGRADO

Serviços públicos integrados (Governo Eletrônico integrando todas as esferas e poderes) em ambiente virtual

Serviços privados em ambiente virtual Integração de comunidades (intra-urbana) Novo espaço público

Quantidade e diversidade significativas de recursos de acessibilidade, usabilidade e inteligibilidade

Cobertura total para acesso público e individual

– Sem limitação de banda para acesso público e individual(acesso e backbone) PRÉ-

INTEGRADO

Serviços públicos integrados (Governo Eletrônico integrando todas as esferas e poderes) em ambiente virtual

Alguns serviços privados em ambiente virtual

Recursos de acessibilidade, usabilidade e inteligibilidade Cobertura total para acesso público

Sem limitação de banda para acesso público (acesso e backbone) SERVIÇOS

ELETRÔNICOS

Alguns serviços públicos e privados em ambiente virtual

Recursos mínimos de acessibilidade, usabilidade e inteligibilidade Cobertura total para acesso público

Limitação de banda (acesso e backbone) TELECENTROS Acesso público à Internet (telecentros) Recursos mínimos de acessibilidade

Limitação de número de telecentros e de banda (acesso e backbone) ACESSO

BÁSICO Serviços de telecom para acesso à Internet Limitação de pontos de acesso, banda e provedor de acesso (ISP) Quadro 2: Tipologia das cidades digitais

Fonte: HOLANDA Giovanni M., DALL’ANTONIA, Juliano C. e SOUTO, Átila A. Cidades Digitais: a

urbanização virtual. In SOUTO, Átila A., DALL’ANTONIA, Juliano, HOLANDA Giovanni M., As cidades

digitais no mapa do Brasil – Uma rota para a inclusão social.Brasília – DF: Ministério das Comunicações, p. 72 – 73, 2006.

Para Mcquire (2008), o potencial de ação, criação e transformação está desafiando a visão da Internet e mídia digital como uma sociedade da informação, onde o usuário é visto como um "usuário" e não um criador ativo de conteúdo e tomada de decisão, quando na verdade podem participar ativamente e criar novo ativismo político e resistências. Além de poder criar espaços de heterotropia de criação e transformação (espaços interligados digitais e físicos da cidade, bem como mundos imaginários e virtuais), com o desafio de transferir e capacitar também os excluídos e os pobres, que constituem a potencialidade da multidão.

A cidade digital vem facilitar a ideia de cidade concebida por Castells e Borja (1996), que entendem que a cidade passa a ser entendida não somente como território

que concentra um importante grupo humano e uma grande diversidade de atividades, mas também como um espaço simbiótico (poder político-sociedade civil) e simbólico (que integra culturalmente, dá identidade coletiva a seus habitantes e tem um valor de marca e de dinâmica com relação ao exterior), que, converte-se num âmbito de respostas possíveis aos propósitos econômicos, políticos e culturais e facilitam a relação entre administrações e administrados e promovem a organização dos grupos sociais.

Para Freire e Stabile (2014), nesse contexto as TIC podem ser utilizadas para revigorar processos de coordenação social no âmbito das comunidades locais e para revitalizar a participação comunitária na gestão pública local.

“O novo posicionamento da cidade em relação à tecnologia viabiliza novas formas de participação de todos os atores do processo político – cidadãos, gestores públicos, organizações não governamentais, políticos – na tomada de decisão pública.” (MIRANDA e CUNHA, 2014 p. 65)

Nessa reorganização das cidades existentes, nessa nova relação entre o espaço urbano (e suas práticas) e as tecnologias digitais de informação e comunicação e o governo, há, ao menos no discurso, a promoção de um vínculo social, a inclusão digital, democratização do acesso à informação, permitindo melhor e maior exercício da política pelo indivíduo-cidadão digital, ou o cibercidadão.

Cidadão que encontra amparo na concepção de Gramsci, conforme Nogueira (1998): um agente de atividades gerais que é portador de conhecimentos específicos, um especialista que também é político e que sabe não só superar a divisão intelectual do trabalho, como reunir em si o pessimismo da inteligência e o otimismo da vontade.

Muitas cidades já desenvolvem seu processo de digitalização com iniciativas locais (municipais e/ou estaduais). De forma, porém, a minimizar essas barreiras digitais entre cidades que podem ou não promover sua digitalização e evitar que elas ampliem as desigualdades sociais, permitindo aos cidadãos tornarem-se cidadãos digitais, o poder público tem estabelecido políticas para permitir o acesso às TIC de cidades atualmente excluídas digitalmente. Para o Ministério das Comunicações (2011), uma cidade digital baseia-se nas seguintes premissas:

1. Padrão tecnológico aberto (IEEE), emprego de tecnologia de transmissão sem fio de dados, voz e imagem, aproveitamento de faixas de frequência não licenciadas, utilização de múltiplos protocolos e facilidade de implantação e administração.

3. Utilização de tecnologias wireless para transmissão de dados, voz e imagens, que suportem a realização de teleconferências, telemedicina, teleaulas e televigilância.

4. Acesso rápido a informações e aos serviços disponibilizados através de Governo Eletrônico.

5. Facilitação da troca de conhecimentos e de compartilhamento de informações.

6. Facilitação da comunicação interpessoal.

7. Atendimento ao projeto UCA (Um Computador por Aluno) e a outros programas governamentais de inclusão digital.

8. Valorização dos pequenos provedores e estímulo à criatividade e ao desenvolvimento de serviços e aplicativos para uso em rede de alcance local sem acesso à Internet.

No entanto as cidades digitais são compostas por instituições e pessoas e para Levy (2000), uma cidade digital é uma representação de uma nova forma de tratar o conhecimento e a relação da cidade e o ciberespaço e, pode ser agrupada em algumas categorias como:

a) as analogias entre comunidades territoriais e virtuais;

b) troca de funções da cidade clássica pelos serviços e recursos do ciberespaço;

c) a assimilação do ciberespaço a um equipamento urbano;

d) a exploração dos diferentes tipos de articulação entre o funcionamento urbano e as novas formas de inteligência coletiva que se desenvolvem no ciberespaço.

Nesse sentido para Silva (2004), não haveria a articulação de dois espaços qualitativamente diferentes e sim contradições sociais que se expressam no espaço geográfico e são manifestadas no ciberespaço, enquanto um espaço virtual caracterizado pela unidade na diversidade, pela existência de espaços de controle e espaços representativos de uma ciberdemocracia, podendo servir de ferramenta para melhorar a comunicação entre os cidadãos e os governos locais.

Segundo O’Donnell (1991), as instituições democráticas, as que hoje utilizam processos de Governo Eletrônico, são instituições políticas num sentido amplo; elas têm uma relação direta e perceptível com os principais temas da política: a tomada de

decisões que são obrigatórias num dado território, os canais de acesso a essas decisões e às funções de governo que possibilitam tomá-las, e, a moldagem dos interesses e identidades que reivindicam acesso a esses canais e decisões.

Para Silva (2004), as formas de fazer política ganham força com as ferramentas virtuais, propiciando investimentos estratégicos na imagem política para fazer-se visível, reforçando o local e muitas vezes transferindo as áreas de atuação do gestor local.

De acordo com O’Donnell (1991), os limites entre o que é e o que não é uma instituição política são nebulosos, e tendem a variar com o passar do tempo e de país para país, como uma questão a ser observada, e, que diz respeito ao fato de que as instituições podem ser ou não politizadas em vários tipos e estágios de democratização e isso dependerá da aceitação ou não da participação da sociedade nessas decisões.

Nas últimas décadas, as cidades, através dos governos municipais têm assumido maiores responsabilidades no atendimento às demandas da sociedade, através do processo de descentralização, que remete ao poder local maiores responsabilidade na elaboração e gestão de políticas públicas, de forma a assegurar a qualidade de vida dos cidadãos.

“A cidade constituiu-se como um ator político fundamental e polo central de articulação entre sociedade civil, iniciativa privada e as diferentes instâncias governamentais, devendo ser capaz de incentivar a cooperação social na busca de respostas integradas a diversos problemas.” (DIAS e MATOS, 2012 p. 173)

Em termos de inovações nas políticas públicas promovidas através dos governos locais, há a inclusão de novas áreas no escopo de ação desses governos locais, destacando-se iniciativas voltadas ao atendimento de segmentos da população até então incorporados de maneira periférica, envolvendo, portanto, a busca pela democratização do acesso (através de processos de Governo Eletrônico), como extensão da cidadania a novos segmentos da população.

Os serviços de administração pública disponibilizados eletronicamente constituem um meio eficaz e econômico para melhor servir toda a sociedade. Nas cidades brasileiras, grande parte dos processos administrativos tramita fisicamente em papel, o que introduz os conhecidos “tempos mortos” ou “tempos parados” e atividades não produtivas, puramente burocráticas, tais como atos de comunicação, remessas, arquivamentos e desarquivamentos. [...] As organizações públicas, em geral, ainda não assimilaram as TIC como parte da sua estratégia de gestão. Ainda hoje, é bastante comum as TIC estarem fora dos processos de definição das políticas públicas, de planejamento. [...] uma ação transformadora do modo de vida nas cidades exige infraestrutura tecnológica que ainda está ausente na maior parte dos

municípios brasileiros, mesmo nas capitais. (MIRANDA e CUNHA, 2014, p. 66-68)

A implantação do efetivo Governo Eletrônico nas instituições das cidades enfrenta desafios, que vão além da infraestrutura tecnológica, segundo Budhiraja (2003); Araujo e Gomes (2004) como questões organizacionais, questões jurídicas e principalmente questões culturais, presentes e divergentes em cada cidade digital, já que de acordo com Focault (1978), se queremos mudar o poder do Estado é necessário olhar para os micro poderes que permitem a existência do poder do Estado. Esses poderes constituídos das inúmeras relações de poder que existem na sociedade, geram relações mais complexas e diversificada nos dias atuais.

Handlykken (2011), observa que o surgimento das cidades digitais e a emergência de novas experiências espaciais é um processo moldado pela tecnologia; a tecnologia de ambiente incorporada na cidade e espaço urbano também tem um impacto sobre a nossa