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O objeto de estudo central dessa pesquisa é a participação digital cidadã (e- participação), através dos processos e práticas de Governo Eletrônico da segurança pública nas cidades digitais, que visam a construção da cidadania digital brasileira.

1.2.1 Pergunta de Partida

A questão central que orientou a produção desse projeto de pesquisa, a partir da análise dos conceitos, políticas e contextos dos processos de Governo Eletrônico da segurança pública em cidades digitais e seus arcabouços na construção da cidadania digital no Brasil, pode ser descrita como:

Quais os canais de participação digital cidadã (e-participação) e seus atributos de operabilidade devem ser disponibilizados nos processos de Governo Eletrônico da Segurança Pública, na perspectiva do usuário-cidadão das cidades digitais, que permitam influenciar a construção da cidadania digital nessas cidades?

1.2.2 Pressuposto:

A pesquisa desenvolveu estudos e análises utilizando, como eixo norteador, o seguinte pressuposto:

A participação digital cidadã (e-participação), nos processos e práticas de Governo Eletrônico das atividades de segurança pública em cidades digitais, não tem sido suficiente, por falta de canais estruturados e atributos adequados na ótica do usuário/cidadão, para influenciar a construção da cidadania digital.

1.2. 3 Objetivos da Investigação:

1.2.3.1 Objetivo Geral

O objetivo principal dessa tese consistiu em:

Identificar os canais de participação digital cidadã (e-participação) relevantes e seus atributos de operabilidade, na perspectiva usuário-cidadão, nos processos e práticas de Governo Eletrônico das atividades de segurança pública em cidades digitais, que permitam influenciar a construção da cidadania digital nessas cidades.

O objetivo central dessa pesquisa foi trabalhado através do estudo do programa de Governo Eletrônico no Brasil, no âmbito da segurança pública em cidades digitais, tendo como foco a análise da inter-relação desses três elementos, envolvendo não só as questões de utilização de tecnologia e serviços governamentais como efetivamente a prática da participação digital cidadã (e-participação), de forma a identificar e refletir sobre os canais necessários para essa e-participação e seus atributos de operabilidade, na perspectiva do usuário-cidadão e sua importância para a construção da cidadania digital.

Essa reflexão pode permitir não só a ampliação de conhecimentos sobre essas questões, como a sensibilização dos órgãos governamentais quanto à incorporação e

operacionalização desses canais e atributos de operabilidade, que se trabalhados em constante interação, podem, através da participação digital, implantar e operacionalizar políticas públicas que deem maior eficiência e eficácia a essa atividade.

Essa é uma questão de pesquisa necessária pois, ainda que os processos de e-gov tenham sido amplamente implantados no Brasil,

verificou-se que, no ano de 2012, os portais dos governos dos estados brasileiros, de maneira geral, ofereceram em suas respectivas homepages, sobretudo, links para consulta de informações, com cerca de 90% do total de links disponíveis (excluídos os links inválidos/quebrados). As interações de serviços mal alcançam 10% dos links acessíveis logo na primeira página dos portais. De maneira geral, a maior parte dos portais disponibiliza um conteúdo meramente informativo. (DUFLOTH et. al., 2014 p.43)

O advento da Internet conferiu instantaneidade às comunicações interpessoais, facilitou e ampliou a relação entre instituições públicas e privadas e a sociedade. Hoje vivemos a era da chamada web 2.0, termo que se refere a um conjunto de ferramentas e de novos recursos, como as redes sociais, que facilitaram imensamente a capacidade de um cidadão, usuário comum, emitir opiniões, solicitar atendimento, usufruir de serviços, produzir conteúdo e compartilhá-lo com outros cidadãos com extrema agilidade. A web 3.0 já aparece no horizonte, segundo Hendler (2009), com o advento da Internet of Things (IoT) e a proposta da organização dos conteúdos online de forma semântica e personalizada.

A web 2.0 transformou o cidadão comum em formador de opinião, aumentando seu poder de influenciar pensamentos e comportamentos, individuais e coletivos e de utilizar a Internet cada vez mais de forma mais integrada.

A partir dessa perspectiva, as instituições formais existentes, tais como governos e suas instituições representativas, começam a ser questionadas. São questionadas pela não resposta a seus problemas, por serem instituições mediadas servindo uma geração cada vez mais acostumada a lidar com soluções sem intermediários e principalmente, por uma geração que quer cada vez mais democracia (NORRIS, 2011). O desenvolvimento das TIC tem impactado o funcionamento dos governos e as dinâmicas sociais, econômicas e políticas das sociedades. (FREIRE E STABILE, 2014, p. 48)

O Governo Eletrônico, já implantado antes da realidade da web 2.0, passa a ter um papel fundamental na estruturação da vida pública digital, oferecendo ferramentas, serviços e interações, inclusive através das redes sociais, que podem permitir a participação do cidadão, de forma a revitalizar as relações entre Estado e Sociedade, principalmente nas atividades de segurança pública, que hoje tem como foco a construção da segurança cidadã.

Segundo Freire e Stabile (2014), pesquisas recentes em portais dos Legislativos e Executivos municipais brasileiros e internacionais, mostram que existe um deficit de mecanismos mais arrojados de participação, notadamente de ferramentas da web 2.0, de interação entre governantes e cidadãos. Sobressaem, nesses portais, os tradicionais canais, como e-mails, “fale conosco” e o fornecimento de telefone para contato.

A web 2.0 é fortemente baseada na colaboração, participação e cooperação sistêmica, na qual os usuários geram e debatem conteúdos por meio de uma estrutura descentralizada de diversos tipos de redes (FRASER; DUTTRA, 2008). [...] governo e sociedade devem ter em mente que não basta, por exemplo, criar portais de e-participação e esperar que haja um forte engajamento. [...] a preocupação com a efetividade do processo e da ferramenta deve ser constante, incluindo esforços para melhorar a comunicação, a prestação de contas a respeito dos resultados e, principalmente, o impacto político das discussões. (FREIRE E STABILE, 2014, p.48-54)

O projeto, envolvendo os fatores apresentados, visa, portanto, suscitar a discussão de assunto de grande importância para o desenvolvimento da cidadania e democracia digital no Brasil, no contexto da sociedade do conhecimento.

1.2.3.2 Objetivos Específicos

O projeto apresentou como objetivos específicos:

a) Verificar como se dá a participação digital da sociedade civil, e- participação, via portais, redes ou mídias sociais digitais (canais de contato) nas atividades de segurança pública nessas cidades.

b) Identificar se há efetividade na participação digital cidadã nessas cidades, ou seja, se a participação digital levou a solução de casos ou melhoria de processos de segurança pública.

c) Analisar as dificuldades encontradas para participação digital nos processos de Governo Eletrônico na segurança pública.

d) Identificar os canais de participação digital relevantes, na perspectiva usuário-cidadão que permitiriam a efetiva participação desses cidadãos.

e) Identificar os atributos de operabilidade necessários para a participação digital cidadã, na perspectiva do usuário cidadão.

f) Analisar as semelhanças e divergências na prática da participação digital na segurança pública entre as cidades digitais estudadas.