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2– REFERENCIAL TEÓRICO

2.4 GOVERNO ELETRÔNICO

“... um bom governo implica duas coisas: primeiro, fidelidade a seu objetivo, que é a felicidade do povo; segundo, um conhecimento dos meios que permitam alcançar melhor este objeto.” (HAMILTON et al., 1986, p. 153)

A palavra “Estado”, segundo Dias e Matos (2012), refere-se à totalidade da sociedade política, ou seja, o conjunto de pessoas e instituições que formam a sociedade juridicamente organizada sobre um determinado território, já a palavra

“Governo”, se refere a organização específica de poder a serviço do Estado que toma forma através de diversos caminhos, entre eles o Governo Eletrônico.

“O acesso às novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), em particular à Internet e aos dispositivos móveis, é condição necessária para que o governo, organizações e cidadãos operem sob o paradigma da sociedade da informação e do conhecimento.” (ALMEIDA em CETIC, 2013 p. 2). Uma das aplicações das tecnologias de informação é o desenvolvimento de um modelo de governança (governance) que se instituiu e toma forma atualmente por meio do Governo Eletrônico (e-gov) e da prestação de serviços em rede.

Segundo Mossberger, Tolbert e McNeal (2008), o crescimento do e-gov e o crescimento de informações políticas na Internet, tem se tornado um importante recurso para prática de civismo e obtenção de informações públicas, através de web sites dos órgãos governamentais. Essa é uma realidade presente em alguns países e ainda distante em outros, mas como bem coloca Castells (2003), essa possibilidade se bem trabalhada pode se tornar realidade.

Esperava-se que a Internet fosse um instrumento ideal para promover a democracia - e ainda se espera. Como dá fácil acesso a informação política, permite aos cidadãos ser quase tão bem informados quando os seus líderes. Com boa vontade do governo, todos os registros públicos, bem como um amplo espectro de informação não sigilosa, poderia ser disponibilizado on- line. A interatividade torna possível aos cidadãos solicitar informações, expressar opiniões e pedir respostas pessoais a seus representantes. (CASTELLS, 2003, p.128).

Para Jardim (2004), o aparelho de Estado faz uso das novas tecnologias para oferecer à sociedade melhores condições de acesso à informação e serviços governamentais, ampliando a qualidade desses serviços e garantindo maiores oportunidades de participação social no processo democrático. O Governo Eletrônico, assim busca incorporar o conceito de democracia eletrônica com o potencial de conectar mais diretamente o governo com os seus cidadãos, criando novas oportunidades para que esses cidadãos interajam e recebam informações do governo federal, estadual ou local.

Os elementos que surgem dessa breve exposição, segundo Fernandes (2006), podem ser descritos como:

a) G2G (Government to Government), refere-se às relações internas entre diferentes níveis do governo (união, estados, municípios) ou

diferentes departamentos quer em nível horizontal (por exemplo: entre serviços pertencentes a dois ou mais Ministérios) quer em nível vertical (por exemplo: entre os Municípios e Governo do estado); b) G2B (Government to Business), refere-se às relações externas de

interação governo (qualquer instância) e as empresas, envolvem, por exemplo, processos de licitação, compras e estabelecimento de contratos para prestação de serviços por empresas, assim como funções reguladoras e de transmissão de informação (dados fiscais, por exemplo);

c) G2C (Government to Citizens), refere-se às relações externas de interação governo (qualquer instância) e pessoa física - os indivíduos enquanto cidadãos, por exemplo na transmissão de dados do imposto de renda, na prestação de serviços e também em procedimentos de consulta e participação (exemplo: eleições).

Complementando, Sorj (2003) esclarece que, e-governo inclui o conjunto de novos instrumentos que permitem aumentar e modificar a participação dos cidadãos na gestão e escolha das decisões governamentais, bem como influenciá-las. Envolve a e- governança, que se refere à utilização da Internet para aumentar a eficácia, a eficiência, qualidade, transparência e fiscalização das ações e serviços do governo e das instituições públicas; e a e-política, como sendo o impacto da Internet na própria estrutura e possibilidades de organização política da sociedade.

Para Gomes (2005), é importante distinguir os projetos de Governo Eletrônico que podem ser classificados em um dos cinco níveis:

1. Acessível – à informações e serviços públicos baseado na busca pela eficiência da gestão.

2. Consultivo – quando o governo fornece ao cidadão ferramentas de consultas populares, para averiguar sua opinião sobre temas da agenda pública.

3. Transparente – é o modelo que pressupõe um governo com um grande volume de prestação de contas e informações políticas.

4. Discursivo – quando o governo disponibiliza forma de debates populares, para obter subsídios às suas deliberações políticas.

5. Deliberativo – representado pela democracia direta, quando o cidadão passa a ter controle sobre a decisão política.

Tais elementos levam à reflexão sobre a necessidade de implementação de estratégias de Governo Eletrônico orientadas ao uso de princípios de boa governança nos modelos tradicionais de gestão, adaptados para o Governo Eletrônico, seguindo a sugestão de Leitner (2003):

a) Princípio da coerência na concepção de políticas impacta na “facilitação de coordenação de políticas interdepartamentais e interministeriais, com agências governamentais e outros setores da Administração Pública”. (LEITNER, 2003, p.14)

b) “A Democracia participativa ao nível das políticas públicas possibilita o envolvimento ativo dos stakeholders (interessados) nas políticas públicas”, (LEITNER, 2003, p.14) que facilita a implementação cooperativa e em rede de políticas de forma mais rápida e econômica. c) “Transparência e abertura do processo político no seu conjunto. O

Estado informa sobre o que faz, que disponibiliza a informação de forma acessível e com baixo custo”. (LEITNER, 2003, p.14)

Essas estratégias ressaltam a orientação pela transparência na relação governo- cidadão, na discussão e execução das políticas públicas, conforme o Comitê Executivo do Governo Eletrônico (2004), que ressalta a governança eletrônica como elemento de transformação social, pontuando que quer ser tratada como instrumento de transformação profunda da sociedade brasileira, o que obriga a levar em conta os múltiplos papeis do Governo Federal neste processo na ótica desse Comitê, a saber:

1. Papel de promotor da cidadania e do desenvolvimento: deve orientar- se para as demandas dos cidadãos enquanto indivíduos e também, para promover o acesso e a consolidação dos direitos da cidadania especialmente: o direito ao acesso aos serviços públicos; o direito à informação; ao usufruto do próprio tempo pelo cidadão (economia de tempo e deslocamentos); a ser ouvido pelo governo; ao controle social das ações dos agentes públicos; à participação política. (CEGE, 2013) Ressalta-se ainda que o Governo Eletrônico terá nos cidadãos e nas suas organizações os parceiros mais importantes, para definição do conteúdo de suas ações, de forma a implementar uma via de mão

dupla nas relações Estado-cidadão por meio de tecnologias de informação e comunicação.

2. Papel de funcionar como instrumento de mudança das organizações públicas, de melhoria do atendimento ao cidadão e de racionalização do uso de recursos públicos: não devem simplesmente reproduzir as lógicas tradicionais de funcionamento do Estado brasileiro, mas de fazer com que a sua presença na Internet beneficie o conjunto dos cidadãos e, promova o efetivo acesso ao direito aos serviços públicos. Não promover um discurso vazio de “transparência” desqualificada, mas construir capacidades coletivas de controle social e participação política. (CEGE, 2013)

3. Papel de promover o processo de disseminação da tecnologia de informação e comunicação, para que este contribua para o desenvolvimento do país: não funcionar apenas como indutor para a sociedade na utilização de documentos eletrônicos e implantação do Governo Eletrônico, mas efetivamente promover a Inclusão Digital para um número cada vez maior de pessoas. (CEGE, 2013)

Esse mesmo comitê (a gestão do Governo Eletrônico brasileiro é da atribuição do Comitê Executivo do Governo Eletrônico – CEGE, presidido pelo Chefe da Casa Civil da Presidência da República, criado através do Decreto de 18 de outubro de 2000), apresenta sete princípios ou diretrizes estratégicas como referência geral para estruturar as estratégias de intervenção, adotadas como orientações para todas as ações de Governo Eletrônico, gestão do conhecimento e gestão da TI no governo federal. São elas, segundo o CEGE (2013):

1. Promoção da cidadania como prioridade.

2. Indissociabilidade entre inclusão digital e o Governo Eletrônico. 3. Utilização do software livre como recurso estratégico.

4. Gestão do Conhecimento como instrumento estratégico de articulação e gestão das políticas públicas.

5. Racionalização dos recursos.

6. Adoção de políticas, normas e padrões comuns.

“Ressalta-se que a prioridade do Governo Eletrônico é a promoção da cidadania, sendo a Inclusão Digital indissociável do Governo Eletrônico.” (Comitê Executivo do Governo Eletrônico - CEGE, 2004)

Para o CEGE (2004), o Software Livre é um recurso estratégico para a implementação do Governo Eletrônico e, a Gestão do Conhecimento e o Capital Social são os instrumentos estratégicos de gestão das informações e de integração de redes organizacionais do Governo Eletrônico à sociedade brasileira. A Gestão do Conhecimento é compreendida, no âmbito das políticas de Governo Eletrônico, como um conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais, capazes de incrementar a habilidade dos gestores públicos em criar, coletar, organizar, transferir e compartilhar informações e conhecimentos estratégicos que podem servir para a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para inclusão do cidadão como produtor de conhecimento coletivo.

O Capital Social é visto como fator fundamental para melhoria da capacidade de um país obter maiores vantagens competitivas, por meio do estímulo ao capital intelectual e a crescente percepção da sociedade com relação à sua inserção em uma Nova Economia, baseada em redes de informações e os seus possíveis impactos no desenvolvimento do país.

Nesse sentido, torna-se vital enfatizar o papel das políticas de construção do Capital Social para melhor compreender como o Brasil pode adequar-se à sociedade em rede. Para tanto, englobando os conceitos de redes, normas e de confiança compartilhada, o Capital Social facilita a coordenação e a cooperação entre processos, pessoas, fluxos e capacidades, com vistas a produzir ganhos ou resultados mútuos, no qual tem como um de seus principais impactos o estímulo a processos inovadores cumulativos. (Comitê Executivo do Governo Eletrônico - CEGE, 2004)

Desse modo, as políticas de Governo Eletrônico, de acordo com o Comitê Executivo do Governo Eletrônico - CEGE (2004), propõem-se a contemplar uma série de iniciativas referentes à gestão do conhecimento, como:

1. Trabalho em rede de aprendizagem interinstitucionais.

2. Tratamento estratégico da informação produzida no âmbito das administrações públicas brasileiras, bem como aquelas produzidas pelas empresas e pelos cidadãos e suas organizações em seu relacionamento com os governos.

3. Uso intensivo de tecnologias da informação com aplicações relacionadas às práticas de gestão do conhecimento no Governo Eletrônico. As diretrizes alinhadas a essa estratégia são:

a) A definição clara e objetiva de conceitos, referência sobre os princípios afetos à aplicação da gestão do conhecimento no setor público.

b) Sistematicamente identificar, acompanhar e compartilhar as melhores práticas em gestão do conhecimento, entre os atores do Governo Eletrônico (governo, cidadãos e sociedade civil).

c) A gestão do conhecimento no setor público deve ser objeto de política específica no âmbito das políticas de Governo Eletrônico.

4. Racionalização do uso de recursos além de contar com um arcabouço integrado de políticas, sistemas, padrões e normas que garantam a integração das ações de Governo Eletrônico com outros níveis de Governo e outros poderes.

Segundo Oliveira, Araújo e Aguiar (2014),  uma condição importante e fundamental para o avanço das ações de e-Gov em relação à prestação de serviços, é que haja integração entre os aspectos gerenciais e tecnológicos, e, para isso a utilização de padrões, normas e métodos comuns garantirá a interação entre as diversas áreas, poderes e esferas de governo, bem como com a sociedade.

Para um melhor funcionamento dentro do projeto de governo eletrônico estabelecido no Brasil, foram criadas cartilhas com padrões, estabelecendo, segundo Oliveira, Araújo e Aguiar (2014), recomendações que envolvem desenho, arquitetura de informação e navegação; definem um fluxo de criação, desenvolvimento e manutenção na gestão dos sites e portais governamentais; consolidam a interatividade e acessibilidade; e, criam artefatos de acordo com os padrões estabelecidos pelo World Wide Web Consortium. Nessas cartilhas encontram-se os padrões e-PING, e-MAG e e- PWG, que são fundamentais para possibilitar não só a prestação de serviços públicos por meios digitais, como garantir canais adequados para a participação digital do cidadão, de forma detalhada eles são:

a) O Padrão de Interoperabilidade de Governo Eletrônico (e-PING), disponibilizado pela primeira vez em 2004, é um conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas que regulamentam a utilização de TIC na interoperabilidade de serviços, estabelecendo as condições de interação e promovendo um governo integrado e único e que se viabiliza somente com a interoperação. (E-PING, 2015). b) O Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico (e-MAG),

consiste em um conjunto de recomendações a serem consideradas para que o processo de acessibilidade dos sites e portais do governo brasileiro seja conduzido de forma padronizada e de fácil implementação (E-MAG, 2015).

c) Os padrões Web em Governo Eletrônico (e-PWG), são recomendações de boas práticas com o objetivo de aprimorar a comunicação e o fornecimento de informações e serviços prestados por meios eletrônicos pelos órgãos do Governo. A utilização de meios eletrônicos para a prestação dos serviços governamentais exige que sites e portais desenvolvidos e mantidos pela administração pública sejam fáceis de usar, relevantes e efetivos. (E-PWG, 2015).

Segundo Santos (2008a, 2008b), a implementação do Governo Eletrônico passa por uma evolução em três etapas: presença na Internet através de informações básicas, capacidades de transação para indivíduos e empresas e informações e transações integradas com a colaboração de diversas agências.

[...] a grande maioria dos serviços usados são características ainda dos estágios iniciais de classificação, [...]. Existe, segundo Gaspar et al. (2008), um hiato entre as ferramentas tecnológicas do Governo Eletrônico e a realidade constatada nos portais governamentais com maior incidência de comunicação governo-cidadão do que cidadão-governo, uma carência de interatividade entre as partes envolvidas. São serviços basicamente de obtenção de informações, com baixo nível de transações com interações efetivas entre usuários e Governo. (SANTOS e REINHARD, 2011 p.1).

De acordo com Gaspar et al. (2008), e ainda hoje pode ser verificado no Brasil, os governos transacionam muito pouco de forma eletrônica integralmente com o cidadão, poucos mecanismos de canais eletrônicos são disponibilizados para comunicação direta entre cidadão e Governo e praticamente inexiste a participação digital cidadã.

Por isso, a transição para o último estágio é complexa, já que nesse estágio segundo Santos e Reinhard (2011), as aplicações tornam-se mais avançadas, onde um portal de Governo Eletrônico deixa de ser apenas um simples índice de páginas do governo na Internet, e passa a ser um ponto de convergência de todos os serviços digitais prestados por esse governo, bem como o acesso a participação digital, através de canais digitais que possuem inúmeros benefícios para sua utilização, ainda que existam barreiras que precisam ser trabalhadas para a utilização efetiva como pode ser observado no quadro 1.

Benefícios Barreiras

Evitar interação pessoal ainda que tenha maior

personalização do contato Facilidade de uso

Maior controle para tratamento da demanda Apelo visual

Conveniência Acesso ágil

Redução de Custos Habilidade do usuário

Redução de tempo no tratamento das demandas Segurança Quadro 1: Benefícios e barreiras à utilização dos canais digitais.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em GILBERT, David, BALESTRINI, Pierre e LITTLEBOY, Darren. Barriers

and benefits in the adoption of e-government. International Journal of Public Sector Management, Vol. 17 Iss: 4

UK: Emeral Group Publishing, 2004. pp. 290-291.

Mesmo chegando a esse estágio de implementação ainda acontecem problemas, pois, há fatores restritivos apontados por esses autores como: falta e conhecimento da disponibilidade dos serviços, baixa acessibilidade dos portais de governo, assim como seus níveis de maturidade de serviços, além da escassa habilidade por parte dos usuários, aspectos relacionados em parte com os processos de exclusão digital e/ou com o nível de escolaridade e condição socioeconômica.

As desigualdades que surgiram na sociedade online geraram um panorama de disparidade de acesso a computadores e Internet principalmente, segundo o CGI.br (2015), para os moradores de regiões norte e nordeste do Brasil e população mais carente. Mesmo para aquelas que têm acesso, observa-se em analogia com os estudos de Mossberger, Tolbert e McNeal (2008), nos Estados Unidos, um cenário de desigualdade, já que o uso da Internet e seus aplicativos envolvem não só habilidades

técnicas (hardware e software), como habilidades de saber utilizar e avaliar informações complexas.

A transição para o último estágio é complexa e, envolve, portanto, desafios políticos, estratégicos e de cooperação entre os envolvidos para efetivamente abrigar a participação cidadã e prática da cidadania digital.

Essa cidadania digital pode ser ampliada na prática de um Governo Eletrônico que promova governança eletrônica que, para Silva e Corrêa (2006,) tem como foco a utilização das facilidades dessas novas TIC, aplicadas ao amplo arcabouço das funções de governo na busca de uma melhor atuação política e social. Não se trata apenas de disponibilizar serviços on-line ou buscar uma melhor administração pública, mas vislumbra o incremento da participação da sociedade na arena decisória e no controle das ações governamentais.

As condições prévias para as boas políticas de Governo Eletrônico devem tratar, que as relações Estado/sociedade estejam fundadas em conceitos e mecanismos que possibilitem resposta a demandas da sociedade, avaliação da atuação do Estado como provedor de bens e serviços, fiscalização do uso dos recursos públicos e a publicidade das ações, garantindo que essas políticas sejam sucessoras das políticas de reforma do Estado, garantindo distribuição de poder no que concerne à autonomia dos agentes e governos locais. (SANTOS et al., 2010)

“A era da informação tem alterado o conceito de governança já que as TIC podem ser utilizadas para facilitar as operações do governo, bem como envolver a sociedade civil proporcionando melhor transparência, eficiência e maior qualidade nos serviços” (MIMICOUPOULOS et al., 2007, p.2). A informação acessível significa mais transparência, maior participação e mais eficácia na tomada de decisões e sua legitimidade.

Os processos e métodos estão cada vez mais sendo revistos e alterados para atender a uma realidade nova, ágil, cada vez mais digital, com maior número de cidadãos conectados e cada vez mais exigentes, que buscam seus direitos, e não apenas cumprir suas obrigações. Esse movimento traz reflexos diretos nas estruturas de atuação do Estado e na interação deste com a sociedade.

Nesse contexto, diversas reformas e avanços com diferentes características e naturezas, cuja intenção é buscar a modernização e a flexibilização das organizações para adequá-las a novas possibilidades e demandas sociais, sucedem-se nas administrações públicas (GOLDSMITH; EGGERS, 2006). [...] Os dispositivos móveis estão cada vez mais interconectados e acessíveis a uma camada maior da população. A necessidade é de informações e serviços disponíveis de forma instantânea, em qualquer lugar, sem restrições de hardware ou de software, em que aplicativos estão sendo desenvolvidos para atender a diversas áreas e, com isso, o uso adequado das TIC torna-se um dos fatores determinantes para a efetividade governamental. (OLIVEIRA, ARAÚJO e AGUIAR, 2014, p.71-73)

A prestação de serviços públicos de governo eletrônico tem, portanto, como principal objetivo disponibilizar a maior parte dos serviços públicos possíveis em canais digitais, e permitir a comunicação com o cidadão, a qualquer hora, em qualquer lugar e por qualquer dispositivo. Para isso, segundo Oliveira, Araújo e Aguiar (2004), não basta apenas criar portais e digitalizar o serviço, é preciso criar processos inteligentes e ágeis, agregar valor, reduzir a burocracia e simplificá-lo.

Além do desenvolvimento de políticas públicas para fomentar a inclusão digital e proporcionar mais acesso à tecnologia, é importante que os governos usem padrões que reforcem esses aspectos, colocando pressupostos direcionados à melhoria da interação do Estado com a sociedade, tanto em termos de serviços como também voltados para a responsividade, transparência e prestação de contas, com informações claras, precisas e concisas. (OLIVEIRA, ARAÚJO e AGUIAR, 2014, p.71-73)

Para Anjos e Ezequiel (2011) o Governo Eletrônico não deve ser apenas uma nova forma de fazer as mesmas coisas, mas sim uma transformação numa escala que irá alterar fundamentalmente a maneira como os serviços públicos são prestados e administrados, um novo serviço público que supere traços de clientelismo e pessoalismo, utilizando as novas TIC, para permitir uma abertura do Estado ao público, ampliando o acesso aos serviços públicos e permitindo a participação do cidadão no processo político do país.

A governança local tem como foco principal os aspectos orientados a inclusão social e a democratização e esse contato mais próximo entre governo e comunidades, principalmente através da utilização das TIC nos processos de Governo Eletrônico, incentiva o intercâmbio de informações que podem ser usadas para formulação e implementação de políticas e programas públicos.