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CLUBE DE REVISTA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO NA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Maria Valéria Gorayeb de Carvalho ¹ José Everton Alves de Melo ² Mayara Sabrina Oliveira Cavalcante ³

Jefferson Rodrigo da C. Xavier ³ Raquel Maria dos Santos Silva ³

¹Enfermeira, Coordenadora do Curso de Bacharelado em Enfermagem da ASCES-UNITA e Tutora do Programa de Residência em Atenção Básica/Saúde da Família pelo Centro

Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA.

²Enfermeiro, Preceptor do Programa de Residência em Atenção Básica/Saúde da Família pelo Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA.

³Enfermeiros, Residentes em Atenção Básica/Saúde da Família pelo Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA.

RESUMO

O estágio curricular é o momento da formação que proporciona ao estudante a aplicação da teoria no contexto da prática. A supervisão de estágio é uma estratégia de acompanhamento dos estudantes em seus campos de prática, podendo lançar mão de várias metodologias ativas de ensino aprendizagem para facilitar a atuação e o pensamento crítico-reflexivo desse sujeito. O clube de revista é uma dessas ferramentas de ensino aprendizagem que busca promover o aprofundamento teórico por meio da pesquisa científica e fomentar a prática baseada em evidências científicas. Objetivo: Descrever a experiência do clube de revista enquanto estratégia de ensino-aprendizagem na supervisão de estágio de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde (APS). Metodologia: Trata-se de um relato de experiência descritivo sobre os clubes de revista apresentados durante a supervisão de estágio do curso de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Resultados: A estratégia da utilização do clube de revista na supervisão de estágio proporcionou aos estudantes um maior protagonismo tanto no que diz respeito a pesquisa em bases de dados científicas, como no desenvolvimento de práticas baseadas em evidências.

Palavras-chave: Metodologias ativas. Ensino-aprendizagem. Clube de revista. INTRODUÇÃO

A exigência de um profissional com competências e habilidades, bem como flexibilidade para continuar aprendendo ao longo da vida profissional, é cada vez maior diante de demandas sociais tão complexas, pois requer um crescimento acelerado do conhecimento, capaz de atender os desafios apontados pelas procuras nos atendimentos em saúde. Exige-se que o profissional tenha uma formação sólida que contemple tanto o conhecimento em sua área de atuação, como as habilidades e atitudes construídas. Há uma necessidade de mudanças na graduação do profissional de enfermagem para que seja possível formar os profissionais de forma generalista, humanista, crítica e reflexiva, ficando cada vez mais evidente a fragilidade do modelo de ensino conhecido como "tradicional" ou de transmissão, centrado na figura do

professor que detém e transmite conhecimento, que cria uma distância entre teoria e prática e consequentemente, um desconhecimento da realidade.

As predisposições da área da Educação apontam para a utilização de metodologias ativas de ensino, que têm no estudante o centro do processo ensino-aprendizagem, sendo este o protagonista do seu próprio processo de formação. Duas das principais metodologias ativas utilizadas nos cursos da área de saúde no mundo são a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) ou Problem-based Learning (PBL), onde todo o currículo é planejado de forma a utilizar metodologias ativas, e a Metodologia da Problematização, que pode também ser adotada como norteadora de todo o currículo ou em apenas um referencial teórico. Nestas duas propostas, a utilização de problemas reais (problematização) ou a criação de problemas por uma equipe de especialistas (ABP), são o norte para o processo ensino-aprendizagem. Junto com a integração ensino-serviço, a utilização de metodologias ativas de ensino- aprendizagem é apontada como estratégia para a formação voltada para o mundo do trabalho e para as necessidades da população, visando o aprendizado significativo, ou seja, quando o estudante adquire novos conhecimentos mediante seu próprio esforço, ligando conceitos ou proposições relevantes preexistentes.

O CR enquanto estratégia de ensino e aprendizagem deve ser desenvolvido por indivíduos que se encontram em formação. A primeira evidência formal dessa estratégia data de 1875 (HARRIS et al, 2016) e seu objetivo é propiciar habilidade de avaliação crítica da leitura (SHIFFLETTE & MANGRAM, 2012), conhecimento sobre métodos de pesquisas e atualização do pesquisador. Dessa forma, o CR é uma possibilidade metodológica de educação em serviço e instrumentalização para a prática baseada em evidências e de mudanças organizacionais. Trata-se, ainda, de um recurso educacional efetivo, que pode auxiliar os programas de graduação e pós-graduação a desenvolverem, nos estudantes, competências fundamentais para a formação profissional.

Segundo Friedlander, uma das habilidades intelectuais mais importantes para uma prática baseada em evidências é saber interpretar/julgar relatórios de investigação publicados como artigos em periódicos científicos ou desenvolvidos no formato de teses ou dissertações. A comunidade científica espera que o profissional seja capaz de ensinar e formar novos pesquisadores, realizar novas investigações e produzir ciência. Essas habilidades podem ser desenvolvidas a partir do exercício da leitura crítica de insumos que, muitas vezes, são apresentados no CR e que estimula os aprendizandos a uma prática reflexiva na trajetória profissional.

profissionais de saúde precisam manter-se atualizados, e essa ferramenta é uma oportunidade de selecionar estudos de interesse à luz da criticidade, visto que uma das funções do CR é estimular a discussão sobre a literatura científica disponível.

Nesse cenário, o presente relato se justifica tanto pela escassez de produção científica sobre CR quanto pela possibilidade de contribuir para a replicação dessa estratégia de aprendizagem em grupos de pesquisa de outras universidades.

OBJETIVOS

Descrever a experiência do clube de revista como estratégia de ensino-aprendizagem na supervisão de estágio de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde (APS).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O estágio curricular supervisionado é uma etapa importante na formação dos acadêmicos e é indispensável para agregar conhecimentos, já que proporciona ao estudante vincular a teoria à prática. Nos estágios, os estudantes devem problematizar as situações vivenciadas no campo e propor intervenções e estratégias que contribuam para o serviço no qual estão inseridos (VEIGA et al., 2020). Para isso, é necessário um olhar sensível e atento às diversas situações, competência que deve ser desenvolvida durante a graduação no intuito de formar profissionais mais críticos e capazes de intervir.

Nesse contexto, surge a necessidade de introduzir estratégias de ensino que melhorem a capacidade de interagir, argumentar e interpretar dos aprendizandos. Atualmente, tem sido um desafio para as instituições formadoras a busca pelo desenvolvimento de habilidades que transcendem os aspectos técnicos e desenvolvem a capacidade crítico-reflexiva (ESPERIDIÃO; MUNARI; STACCIARINI, 2002). O uso de metodologias ativas de ensino- aprendizagem é um dos caminhos apontados para dar protagonismo aos estudantes no processo de aprendizagem e fazer com que eles sejam capazes de buscar o conhecimento, tendo o professor como um facilitador. Para isso, é necessário que haja disposição para o aprendizado e que o conteúdo seja significante, para que o estudante, além de armazenar conteúdos, também produza novos significados e construa atitudes profissionais desejáveis (MELLO; ALVES; LEMOS, 2014).

Nota-se, dessa forma, uma tendência das escolas de enfermagem a inserir metodologias que façam dos profissionais do futuro pessoas capazes de buscar o conhecimento, sendo ágeis e criativos na solução de problemas e que tenham as mais variadas habilidades em diferentes campos. Por isso, o uso de metodologias ativas no estágio curricular tenciona a promover mais autonomia ao sujeito que aprende, favorecendo a lapidação de suas

competências (VEIGA et al., 2020). Uma dessas metodologias é o Clube de Revista (CR) o qual tem sido utilizado para ampliar o conhecimento, informar, atualizar e dar embasamento teórico-científico para que os acadêmicos possam exercer seu aprendizado na prática.

Segundo Linzer (1987) o Clube de Revista é um “encontro entre indivíduos que se reúnem regularmente para discutir a aplicabilidade clínica de artigos em periódicos médicos atuais” (LINZER, 1987, p. 475-478). Estes encontros requerem planejamento prévio, tempo pré-determinado e local agradável para acontecer, além de que os artigos devem ser vistos com antecedência (PIAZZOLLA; SCORALICK; SOUSA, 2012). Os CRs criam a oportunidade de discussão a respeito de temas relevantes e contribuem para que os estudantes entendam que as evidências são apoiadas por pesquisas amplas, dando fundamentação teórica à prática baseada em evidências. Além disso, eles possibilitam a capacidade de atender às necessidades de informação em tempo real, dessa maneira, fornecer materiais de aprendizagem relevantes pode levar a uma melhor postura profissional e, consequentemente, melhor atendimento para a pessoa que necessita de cuidados (HARRIS et al., 2011).

Nesse contexto, o CR é uma ferramenta metodológica de educação em saúde, educação permanente e, principalmente, um instrumento importante para a prática baseada em evidências, já que dá uma ampla base teórica ao estudante e futuro profissional. É esperado pela comunidade científica que os profissionais tenham a capacidade de realizar investigações, produzir ciência, ensinar e aprender, avaliar currículos, tais habilidades são desenvolvidas através da prática de leitura crítica e discussão preconizadas pelos CRs (DRAGANOV et al., 2018).

Dessa forma, percebe-se que a utilização do clube de revista como estratégia de ensino na supervisão de estágios curriculares possui uma metodologia baseada na proposta do Arco de Manguerez, uma vez que ele propõe uma metodologia de ensino-aprendizagem baseada na problematização, sendo composto por cinco etapas: a observação da realidade, os pontos- chave, a teorização, as hipóteses de solução e aplicação à realidade (PRADO et al., 2012). Assim, os estágios curriculares são oportunidades dos estudantes realizarem estas etapas na prática dos serviços e, por meio do clube de revista desenvolver a capacidade de basear sua teorização em evidências científicas.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência descritivo sobre os clubes de revista apresentados durante a supervisão de estágio curricular na Atenção Primária à Saúde, do curso de Bacharelado em Enfermagem.

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