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EDUCANDO A COMUNIDADE E MELHORANDO A QUALIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

José Veridiano dos Santos ¹; Rebeca Larissa Nepomuceno Torres ²;

Givanilson da Silva Costa ³; Maria Lara Costa Manso ⁴; Cintia de Carvalho Silva ⁵.

¹ ⁵ Docentes do Centro Universitário Tabosa de Almeida-ASCES/UNITA, Caruaru/PE. veridianosantos@asces.edu.br¹; cintiasilva@asces.edu.br⁵.

² Discentes do curso bacharelado em enfermagem do Centro Universitário Tabosa de Almeida- ASCES/UNITA, Caruaru/PE rebecatorres4004@gmail.com²;

givanilsonsilvacostta@gmail.com³; laramlcm@hotmail.com⁴. RESUMO

Este trabalho é uma oportunidade para demonstrar a importância do uso de técnicas de ensino inovadoras e dinâmicas na construção de projetos de educação em saúde para a formação do discente no curso de enfermagem da ASCES-UNITA. Trata-se de um relato de experiência descritivo, referente a construção e execução de uma técnica de ensino sobre o planejamento de educação em saúde que foi implementada em uma comunidade X, na cidade de Caruaru. A técnica de ensino foi desenvolvida em etapas bem definidas e planejadas no contexto de referenciais teóricos trabalhados em sala de aula. A experiência, portanto, ocorreu explorando elementos básicos e pedagógicos da Educação e Comunicação em Saúde no âmbito da vida comunitária. Enquanto uma atividade que se propôs a desenvolver o caráter educativo da atividade profissional de enfermagem na formação discente, os resultados obtidos foram satisfatórios e cumpriram relevante papel para definir o protagonismo do profissional que exerce sua função no campo da saúde coletiva.

Palavras-chave: Educação em saúde. Promoção de saúde. Comunicação em saúde. INTRODUÇÃO

Educação em Saúde é uma pauta fundamental quando se discute a melhoria na qualidade de vida de qualquer sociedade nos dias atuais. Via de regra, os cursos superiores da área de saúde adotam, de maneira variada, práticas de Educação em Saúde na formação de estudantes do país inteiro, visando qualificar profissionais para o exercício mais efetivo se suas atividades. O curso de enfermagem, por sua vez, é comprometida com a formação ética, humanista e transformadora, também tem levado muito a sério a temática em questão ao inserir em disciplinas, módulos e unidades os elementos básicos (JANINI, 2016; LUBINI, 2017).

As práticas de educação em saúde são permeadas por três segmentos prioritários: profissionais de saúde que valorizem a prevenção de doenças e a promoção saúde tanto quanto as práticas curativas; os gestores que apoiem os profissionais dispostos a realizar essas ações; e os usuários que necessitam refletir suas ações a fim de aumentar sua autonomia nos

cuidados, individual e coletivamente. No entanto, apesar desses elementos se constituírem como fundamentais, a interação entre os três segmentos nas estratégias utilizadas para o desenvolvimento desse processo ainda se apresentam com grande distância entre retórica e prática (FALKENBERG, et al 2014).

Ao mesmo tempo, a realização da atividade é uma oportunidade ímpar para estudantes conhecerem de perto os meandros da vida comunitária em tudo que ela se oferece para aqueles que ali convivem. Essa experiência de campo é também importante para a formação profissional uma vez que os serviços de enfermagem, em grande parte, se realizam em comunidades carentes espalhadas por todo Brasil e onde certamente os futuros profissionais atuarão cuidando de pessoas com qualidade técnica e humana adequados (JANINI, 2016; FERNANDES, 2010).

OBJETIVO

O objetivo do estudo foi demonstrar como uso de técnicas de ensino inovadoras e dinâmicas podem ser essenciais na construção de projetos de educação em saúde com impacto positivo na mudança de comportamento individual e coletivo de pessoas localizadas em comunidades vulneráveis e expostas a diversos riscos e determinantes que incidem fortemente nas condições de vida e saúde. A ideia central baseou-se no trinômio Informar, Educar e Comunicar, como ferramentas pedagógicas com potencial para transformar vidas e situações cotidianas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A prática de educação em saúde teve início no início do século XX, a partir do momento em que os higienistas iniciaram atividades instrutivas para combater endemias e reformular o estado de saúde. Após muitas experiências foi percebido que os números de pessoas doentes foram diminuindo gradativamente, permitindo a continuação de atividades preventivas, uma vez que foi notado que as mesmas traziam benefícios para a qualidade de vida da população. Nesta perspectiva o desenvolvimento de atividades de saúde permitiu que sua definição evoluísse de um conceito mais restrito a prevenção de agravos de doença já instaladas para ações de prevenções de doenças e comorbidades (JANINI, et al 2015; SILVA, 2016).

Nesta perspectiva, a educação possui importância inegável para a promoção da saúde, trazendo uma concepção mais verticalizada dos métodos e práticas educativas, sendo utilizada como ato transformador de práticas e comportamentos individuais, para o desenvolvimento da autonomia e da qualidade de vida do usuário, permitindo a identificação dos fatores de risco

que possam futuramente acarretar em doenças para a população, analisando o indivíduo de forma biopsicossocial e elaborando ações que possam reduzir as situações de vulnerabilidade em diversos momentos e contextos (FALKENBERG, et al 2014; LABEGALINI, et al 2015). As práticas educativas em saúde corroboram com o desenvolvimento da autoconsciência crítica, o qual permite reconsiderar as ideias e valores que já existiam, através de propostas de caminhos alternativos que facilitem a mudança do indivíduo de acordo com a sua singularidade. Além do mais, contribuem para o incentivo dos princípios essenciais do autocuidado, fazendo com que a pessoa busque um estilo de vida saudável através das instruções táticas e lúdicas demonstradas pelos profissionais de saúde, em especial, destaca-se a equipe de enfermagem, por seu contato direto com a população durante maiores períodos, desempenha a função de educador, uma vez que não se pode cuidar sem educar e vice-versa (LUBINI, 2017; FERNANDES, 2010).

O enfermeiro que encontra-se como parte integrante da equipes de Saúde da Família (ESF), desempenham um papel fundamental para execução dessas ações, uma vez que as equipes devem estar empenhadas em conhecer a realidade da população residente em sua área de abrangência e a incentivar a corresponsabilidade e participação social, na busca por construção e fortalecimento de vínculos. Ademais, devem realizar ações de vigilância em saúde referente ao ambiente de moradia e de trabalho dos usuários, realizar acolhimento e atendimento de forma humanizada e criar espaços para a realização das atividades educativas (FERNANDES, 2010; JANINI, et al 2015; MATTOS 2015).

Para que seja realizado atividades de educação em saúde que cativam o público, se faz essencial a utilização de metodologias de ensino-aprendizagem participativas e dialógicas, que envolvam todas as faixas etárias, estas devem ser introduzidas durante a formação acadêmica de todos os profissionais, principalmente na a graduação de enfermagem, para que estudantes aprendam desde o início a desenvolver estratégias coletivas e lúdicas que estimulem a solução dos problemas existentes na comunidade, gerando o empoderamento e o desenvolvimento de um julgamento mais crítico e reflexivo, que resulte em atitudes transformadoras que ocasione independência e autonomia em considerar opiniões e propor decisões no cuidado da sua saúde e coletividade (LUBINI, 2017; FALKENBERG, et al 2014) Por outro lado, no que tange às relações entre comunicação e saúde, é preciso ressaltar que as práticas comunicativas são também ferramentas muito importante para efetivar projetos educativos em comunidades de vez que os profissionais de enfermagem estão entendendo cada vez mais seu papel comunicador. Com efeito, parece, que uma consciência profissional começa a se desenha no horizonte sobre essa temática quando o intuito é a

assistência à saúde (ARAÚJO & CARDOSO, 2007).

A propósito, muitas experiências de educação comunitária com inserção direta de estudantes em projetos de extensão revelam que o contato e a comunicação são fatores essenciais para chamar atenção das pessoas, proporcionando não apenas auto reflexão como ainda mudança de postura e comportamento diante dos problemas de saúde enfrentados individual e coletivamente nessas mesmas comunidades. Para além disso ao desenvolver essas atividades, os estudantes acumulam saberes e experiências determinantes para o exercício profissional com qualidade para promover resultados significativos (LUBINI, V.T. et al, 2018).

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência descritivo, referente a construção e execução de uma técnica de ensino sobre o planejamento de educação em saúde que foi implementada em uma comunidade X em Caruaru, cidade do Agreste de Pernambuco, a qual foi elaborada pelos discentes na Unidade Temática Cinco (UT-05), do segundo módulo do curso de bacharelado em enfermagem da ASCES UNITA. A experiência, naturalmente, foi devidamente monitorada com acompanhamento docente e registrada a partir de fotografias e filmagens divulgadas publicamente em redes sociais como facebook na página Educação e Cidadania. Durante as aulas da UT-05 sobre vivências comunitárias, foi utilizado a metodologia de ensino que consistia na construção de projetos a fim de realizar um planejamento sobre educação em saúde,o qual o principal objetivo seria a conscientização da população sobre sua saúde, em relação a fatores determinantes internos e externos que podiam influenciar diretamente ou indiretamente o indivíduo dentro do seu contexto de vida, tornando-o empoderado e consequentemente, mudando sua realidade

O planejamento da Unidade contempla aulas teóricas de Educação em Saúde e Português Instrumental como também uma atividade prática de Educação em Saúde, cuja culminância é uma intervenção In loco, realizada por estudantes com monitoramento docente em uma comunidade previamente escolhida.

Para tanto, a técnica de ensino foi desenvolvida nas seguintes etapas: 1- Sondagem da comunidade ou área adscrita, para avaliação inicial, através de uma visita técnica, a fim de resultar em um diagnóstico socioantropológico sobre o potencial problema que estava afetando a saúde. Sendo submetido um rígido diagnóstico utilizando técnica questionário e análise de dados. Valorizando a participação da população permitindo assim, desenvolver ações de saúde mais efetivas para a resolução destes problemas. 2- Elaboração do plano de

ação, que consiste na construção de elementos do plano de ensino (finalidade, objetivos educacionais, conteúdos de aprendizagem, técnicas e recursos de ensino, técnicas e instrumentos de avaliação) os quais necessitam obrigatoriamente da primeira etapa para que sua construção.

Por conseguinte, a etapa 3- consistia na execução/implementação do plano de ação na comunidade, o qual foi trabalhado a finalidade dos educadores de acordo com o planejamento e os seus objetivos educacionais, que foram divididos em gerais e específicos, fazendo o uso de materiais e recursos que despertam a atenção da comunidade; 4- Avaliação e reavaliação do plano de ação, como forma de observar se os objetivos propostos foram alcançados e caso haja a necessidade de elaborar um novo plano de ação.

Nesse sentido, a metodologia aplicada permitiu que os graduandos fizessem o diagnóstico da área, levem os resultados para sala de aula e comecem a elaborar o planejamento baseado em ações voltadas para educação em saúde da população, através do uso de tecnologias leves, visto que essas facilitam o entendimento da população e estimula a prática a adoção de hábitos saudáveis para o alcance de uma melhor qualidade de vida.

Para a realização dessa vivência, foi efetuado um convite a população da comunidade oito dias atrás, por meio de um curto bate papo e entrega de panfletos elaborados pelos alunos, o qual explicava como seria a atividade e como iria refletir na qualidade de vida dos participantes, os quais foram muito receptivos e acolhedores durante esse momento, confirmando sua presença para o evento.

Para se comunicar com a comunidade os estudantes lançaram mão de diversificadas linguagens, como teatro, literatura de cordel, música, dança e performances com interação. Para executar os planejamentos de cada grupo foram produzidos, cartazes, mensagens, lembretes, brindes, entre muitos outros. Ao final da execução, os estudantes prepararam um momento especial de confraternização com um lanche saudável, incluindo frutas, sucos, bolos, entre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados pela experiência foram em vários níveis, para estudantes como também para os moradores alvo do projeto. De modo geral, os estudantes obtiveram conhecimentos sobre as rotinas adotadas à assistência de saúde em nível primário, quais estratégias podem ser empregadas para implementar a promoção de saúde na comunidade de forma singular e holística. Somado a isso, a vivência comunitária contribuiu de forma ímpar para a construção dos desempenhos como forma de promover saúde para os indivíduos,

permitindo entender as reais necessidades da comunidade aos futuros enfermeiros educadores assistenciais.

A presença considerável de moradores foi uma outra lição importante de como mobilizar agentes coletivos e para implementar projetos de educação em saúde. Já o envolvimento das pessoas durantes a culminância do projeto, surpreendeu os estudantes e deixou exemplos muito didáticos de quais estratégias e recursos recorrer para tornar efetivo um empreendimento desta natureza.

A receptividade e acolhida das pessoas durante todo processo, mas principalmente durante a culminância do projeto, deixou os estudantes conscientes de seu protagonismo e motivados para participar de muitas outras atividades do mesmo gênero ao longo do curso. Foi bastante visível o amadurecimento de todos que se dedicaram ao projeto, especialmente no momento de auto avaliação e socialização da atividade partilhada.

No que diz respeito aos moradores da comunidade, pudemos identificar, pelo nível de aceitação, colaboração e envolvimento que a universidade e a comunidade podem e devem fazer muitas parcerias com ganhos reais para ambas, de tal sorte que o compromisso com a cidadania e com uma sociedade mais justa e saudável é plenamente possível e desejo de todos que sonham com um mundo mais ético, igualitário e humanos.

As pessoas saíram do evento confiantes e empoderadas sobre suas responsabilidades individuais para com sua saúde e sobre o papel dos poderes públicos na gestão da comunidade e na oferta de serviços a que todos têm direitos. Por outro lado, os deveres e responsabilidades de cada um também foram ressaltados para despertar o compromisso com cidadania e a construção de uma sociedade mais democrática e plural.

A avaliação final do projeto, já no campus universitário, demonstrou a viabilidade e o impacto positivo na formação discente. Em vista disso, a continuidade e o aprimoramento das atividades de educação em saúde seguem com o mesmo propósito e a cada semestre alcança estudante nos mais diversos lugares do interior pernambucano preparados para exercer o caráter educativo da atividade em saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por tudo que foi mencionado, a oferta de vivências comunitárias com projetos de educação em saúde envolvendo graduandos de enfermagem, possibilitou que estes desenvolvessem competências e habilidades para prestar cuidados de forma integralizada aos indivíduos em sua dimensão biopsicossocial, ambiental e espiritual. Foi através desta experiência que os estudantes construíram vínculos com a comunidade, conquistaram o

comprometimento dos indivíduos para participação efetiva nas atividades desenvolvidas e realizaram a busca mútua por aprendizados.

A experiência descrita, ofereceu oportunidades de interação com os usuários, autonomia e independência do ser cuidador, desenvolver habilidades comunicativas, além de capacidade para implementação de estratégias para prevenção de doenças, bem como, promoção e educação em saúde para população, com resultados na melhoria da qualidade de vida. Por fim, foi nessa experiência rica e repleta de aprendizagens significativas que, através dos professores, estudantes e moradores de uma comunidade carente, Ciência, Universidade e Sociedade puderam estabelecer laços e firmar compromissos para construir um mundo melhor e mais solidário.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, I. S.; CARDOSO, J. M. Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. 152 p. (Coleção Temas em Saúde).

DIAS, J.A.A.; DAVID, H.M.S.L.; ACIOLI, S.; SANTOS, R.S.; SANTOS, F.P.A. O pensamento crítico como competência para as práticas do enfermeiro na estratégia saúde da família. Revista Enfermagem UERJ, v. 26, p. 30505, 2018.

FALKENBERG, M.B.; MENDES, T.P.L.; MORAES, E.P.; SOUZA, E.M. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 847-852, 2014.

FERNANDES, M.C.P.; BACKES, V. M. S. Educação em saúde: perspectivas de uma equipe da Estratégia Saúde da Família sob a óptica de Paulo Freire. Rev. bras. enferm., Brasília , v. 63, n. 4, p. 567-573, Aug. 2010.

JANINI, J.P.; BESSLER, D.; VARGAS, A.B. Educação em saúde e promoção da saúde: impacto na qualidade de vida do idoso. Saúde em Debate, v. 39, p. 480-490, 2015.

LABEGALIN, G.C.M. et al. A evolução histórica das práticas educativas em saúde: um caminho para superar saberes e práticas. Journal of Nursing UFPE/Revista de Enfermagem UFPE, 2015.

LUBINI, V.T. et al. Educação em saúde na comunidade: ações extensionistas em uma comunidade do sul do brasil. Extensão em Foco, v. 1, n. 14, 2018.

MATTOS R; VENCO S. Comunidade: objeto coletivo do trabalho das enfermeiras da Estratégia Saúde da Família. Revista Cad. Cedes, Campinas, v. 35, n. 97, p. 611-615, set.- dez., 2015.

SILVA C.S.S.L; KOOPMANS F.R; DAHER D.V. O Diagnóstico Situacional como ferramenta para o planejamento de ações na Atenção Primária à Saúde. Revista Pró- univerSUS, 2016 Jan./Jun.

EXPERIÊNCIA SEMIPRESENCIAL NO CURSO DE ENFERMAGEM: UMA

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