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METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO SUPERIOR: TBL, SHOW DA FARMÁCIA E PLICKERS

Analúcia Guedes Silveira Cabral

, Doutora em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, Centro Universitário Tabosa de Almeida (ASCES-UNITA), analuciaguedes@asces.edu.br

Carlos Eduardo Miranda de Sousa , Doutor em Ciências Farmacêuticas,

eduardosousafarma@gmail.com RESUMO

A implementação de metodologias ativas em cursos de graduação implica no enfrentamento de múltiplos desafios, desde os estruturais, organizacionais, acadêmicos, e de concepções pedagógicas dos professores e alunos. Neste contexto, o ensino híbrido combina atividades com e sem o uso de tecnologia, possibilitando que o aluno estude sozinho, com o apoio da internet, e em sala de aula, seja em grupo ou com o professor. O objetivo desse trabalho é relatar experiências de implementação de metodologias ativas, desenvolvidas a partir da interdisciplinaridade, por parte de docentes do curso de Farmácia do Centro Universitário Tabosa de Almeida-PE. Trata-se de relatos de experiências, descritivos e reflexivos, referente às atividades desenvolvidas nas disciplinas de Biofarmácia, Química Farmacêutica I e Farmacotécnica, ministradas no sexto período do curso. As atividades propostas foram divididas em diferentes momentos, nos quais os dois docentes das disciplinas entravam juntos em sala de aula e explicavam o que seria realizado. Foi trabalhada em sala de aula, a aprendizagem baseada em equipes (TBL), assim como também, jogos: Show da Farmácia (mimetizando o Show do Milhão) e Plickers. Os resultados foram bastante exitosos, visto que os alunos se mostraram interessados e empolgados durante todas as atividades. Além disso, foi possível trazer o conteúdo técnico-científico abordado ao longo das aulas de forma interdisciplinar e de maneira atrativa para os discentes. O crescimento rápido de conhecimentos e informações exige profissionais com capacidade de aprender rapidamente novas habilidades e estratégias que lhes tornem possíveis aprender novos conhecimentos e formas de acessá-los. Portanto, é perceptível que tais métodos ajudam a melhorar a qualidade do ensino, incentivando a construir de forma criativa o desenvolvimento do aluno e assim formando profissionais além do conhecimento técnico-científico.

Palavras-chave: Metodologia de avaliação. Ferramentas e metodologias baseadas nas TIC. Ensino superior. Professor universitário. Aprendizado baseado na experiência.

INTRODUÇÃO

A aprendizagem é um processo inerente ao desenvolvimento do processo pedagógico- educativo que tem por objetivo corroborar com os objetivos traçados nos planos de estudos e programas de ensino superior, avaliando o conhecimento e as habilidades que os alunos irão adquirir e desenvolver (MONTES et al., 2019).

As chamadas metodologias ativas de aprendizagem surgiram como forma de suprir essa demanda crescente pela efetividade do processo ensino-aprendizagem. A implementação de metodologias ativas em cursos de graduação implica no enfrentamento de múltiplos

desafios, desde os estruturais, organizacionais, acadêmicos, e de concepções pedagógicas dos professores e alunos (LIMBERGER, 2013).

O rompimento com as práticas pedagógicas tradicionais é um dilema para os discentes e docentes, que precisam rever seus conceitos prévios e adaptarem-se às inovações pedagógicas, através das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e outras ferramentas planejadas para o ensino (DEBALD, 2020).

Buscando novas estratégias de melhorias no processo ensino-aprendizagem, docentes de Ensino Superior estão pesquisando, estudando e adaptando diferentes metodologias já descritas na literatura para sua prática educacional (PAIVA et al., 2016).

Neste contexto, este trabalho traz relatos de experiências vivenciadas por docentes do curso de Farmácia de um centro universitário no agreste pernambucano.

OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é relatar as experiências de metodologias ativas, a partir da interdisciplinaridade, vivenciadas por docentes do curso de Farmácia do Centro Universitário Tabosa de Almeida-PE.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As metodologias ativas de ensino-aprendizagem no ensino superior começam a ter espaço, pois há o entendimento de que mudanças são necessárias para aperfeiçoar o índice de permanência dos estudantes nos cursos de graduação, bem como para melhorar a qualidade da aprendizagem (DEBALD, 2020).

A aplicação de metodologias ativas de aprendizagem tem como objetivo auxiliar o professor em suas atividades e beneficiar os alunos, aumentando a interação e a possibilidade de aprendizagem. Isso possibilita colocar que a competência dos alunos é aumentada, particularmente, por métodos ativos de aprendizado que desenvolvam interesses, habilidades e experiências prévias dos aprendizes. Além disso, a capacidade de lidar com dificuldades é desenvolvida, encorajando os alunos a encontrarem soluções para problemas que identificaram pessoalmente (BIGOLIN et al., 2020).

O ambiente de aprendizagem, bem como o espaço da sala de aula mudaram, para acompanhar as inovações, a prática docente precisou ser reformulada, repensada e ressignificada. As salas de aula tradicionais tiveram seu formato alterado, a função docente continua imprescindível, mas com um novo perfil, após a incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) (DEBALD, 2020).

docentes. O aluno por muito tempo foi passivo no processo de aprendizagem, entretanto, o mesmo deve ser estimulado a construir seu conhecimento por meio da avaliação da informação disponível, sendo o professor o responsável pela orientação adequada, pelo acompanhamento e pelo estímulo constante através de um aprendizado de qualidade (LIMBERGER, 2013).

Outro ponto importante a ser considerado é rompimento com as práticas pedagógicas tradicionais pelos docentes, pois estes em sua formação inicial e durante os vários anos de sua atuação profissional, foram orientados por tal modalidade de educação. Alguns desafios têm sido enfrentados principalmente no contexto do conhecimento e familiarização de práticas inovadoras. Portanto, fica cada vez mais nítido que a formação de uma equipe qualificada, apresenta-se como um dos pilares para a promoção de mudanças efetivas nos processos educativos em nível superior, principalmente quando se busca inovar ou alterar as práticas pedagógicas já existentes (DEBALD, 2020).

A questão do ensino não deve ser limitada à habilidade de docentes em ministrar aulas, mas também envolve a efetivação de levar ao aprender. É necessário mencionar que a significação do ensino depende do sentido que se dá à aprendizagem e a significação da aprendizagem depende das atividades geradas pelo ensino. A aprendizagem necessita do saber construído pelo próprio aluno, de forma crítica, consciente, e trazendo para sua trajetória profissional o significado daquele conhecimento (PAIVA et al., 2016).

Assim, algumas inovações vêm sendo incorporadas às práticas de ensino superior, tais como: inovação tecnológica, inovação curricular, e inovação pedagógica. Uma das estratégias de inovação pedagógica que foi utilizada neste trabalho é a Aprendizagem Baseada em Equipes (ABE) ou Team-based learning (TBL). O TBL surgiu em 2001, nos Estados Unidos, e tem como principal característica poder ser utilizado para grupos com mais de 100 estudantes e turmas menores, com até 25 alunos. A Aprendizagem Baseada em Equipes pode substituir ou complementar as aulas expositivas, além de poder ser aliada a outras metodologias (BOLLELA et al., 2014).

Com relação às ferramentas tecnológicas inovadoras, podemos destacar a utilização do aplicativo Plickers. A utilização de computadores, tablets e smartphones, são cada vez mais presentes no cotidiano dos alunos, principalmente no ensino superior. Assim, a proposta do docente utilizar um aplicativo que pode ser acessado pelo estudando do seu próprio celular, estimula a participação dos estudantes em sala de aula, através do uso de tecnologias. Para isto, no entanto, é necessário que o educador adapte suas práticas pedagógicas e seus planos de aulas, facilitando a conexão com os alunos, aumentando o interesse e o engajamento dos

mesmos (SILVA; SALES; BRAGA, 2018).

Convém destacar que, a inserção de uma matriz curricular mais integrada, traz benefícios para o estudante, formando um pensamento crítico, baseado em conteúdos de diferentes disciplinas que conversam entre si. Sendo assim, a interdisciplinaridade caracteriza- se pela intensidade das trocas entre os docentes e estudantes, e pelo grau de integração real das disciplinas dentro de um mesmo curso (TOASSI; LEWGOY, 2016).

Nas últimas décadas, a formação dos profissionais de saúde, bem como a metodologia envolvida nesse processo, tornou-se um ponto importante a ser discutido. Neste sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o curso de graduação em Farmácia, menciona no Artigo 2º que as estratégias utilizadas para a formação devem ser centradas na aprendizagem do estudante, tendo o professor como mediador e facilitador desse processo. Além disso, no Artigo 19º é descrito a utilização das TICs no processo de ensino- aprendizagem, em todo o curso (BRASIL, 2017). A utilização de diferentes estratégias no processo de ensino-aprendizagem, na formação do profissional de saúde, influencia nas tomadas de decisões e resoluções dos problemas que estes profissionais irão enfrentar. Portanto, são formados profissionais mais capacitados, o que corrobora com a melhoria da saúde da população em geral (ROMAN et al., 2017).

METODOLOGIA

Trata-se de relatos de experiências, descritivos e reflexivos sobre a utilização de diferentes estratégias metodológicas no ensino superior. O levantamento dos dados ocorreu em uma Instituição de Ensino Superior (IES) do município de Caruaru-PE, durante os meses de fevereiro a dezembro de 2019. As atividades interdisciplinares foram desenvolvidas nas disciplinas de Biofarmácia, Química Farmacêutica I e Farmacotécnica, disciplinas específicas do curso, que são ministradas no sexto período do curso de Farmácia. As atividades propostas foram divididas em diferentes momentos, nos quais os docentes das disciplinas entravam juntos em sala de aula e explicavam o que seria realizado.

Inicialmente, trabalhou-se na primeira unidade com a aprendizagem baseada em equipes (TBL). Os docentes prepararam uma apresentação com questões de múltipla escolha sobre assuntos abordados ao longo da primeira unidade, nas três disciplinas. Na primeira etapa, os alunos respondem as perguntas individualmente, o que promove a avaliação da garantia de preparo ou responsabilidade individual. Em um segundo momento, as questões foram respondidas em grupos, a divisão dos discentes em grupos foi realizada pelos docentes no intuito de garantir a heterogeneidade dos componentes, sendo cada equipe composta por

05 alunos, totalizaram-se 06 equipes. Foram colocadas 10 questões de múltipla escolha, contemplando os conceitos mais relevantes dos assuntos abordados nas três disciplinas na primeira unidade. Individualmente, cada aluno assinalou suas respostas em uma folha de respostas (Figura 1) que permitiu que eles “apostem” na resposta certa, ou em mais de uma resposta se estiverem em dúvida. Por exemplo: se na questão 1 (com 4 alternativas e valendo 4 pontos), o aluno estivesse em dúvida entre a alternativa “a” e a alternativa “c”, ele poderia apostar 2 pontos em cada uma. Podendo utilizar diversas combinações, pontuando mais se escolher apenas a alternativa correta.

Figura 1. Folha de Resposta para a etapa de garantia do preparo individual (iRAT)e em grupos (gRAT). Fonte: BOLLELA et al., 2014 (Adaptada pelos autores).

A segunda etapa foi realizada em equipes, sendo utilizada uma folha de resposta igual à mostrada na Figura 1, entretanto, nesta etapa a equipe precisava entrar em consenso para escolher a alternativa correta ou como a pontuação seria distribuída ao longo das alternativas.

Na segunda unidade foi trabalhada duas outras estratégias, a primeira foi a utilização do aplicativo Plickers e a seguir foi produzido o Show da Farmácia. O site/aplicativo Plickers se apresenta como uma ferramenta gratuita que permite a criação de bibliotecas de questões elaboradas pelo professor, o cadastramento e acompanhamento dos estudantes organizados em salas, e bases de dados com os resultados obtidos em cada teste. Para isso, os professores

se cadastrararam no site e baixaram o aplicativo no smartphone. Posteriormente, os professores organizaram e adicionaram questões no site, formando um questionário com perguntas referentes às três disciplinas. O site oferece os cartões resposta que foram impressos e distribuídos com a turma (Figura 2). Cada cartão é diferente, com formas e reentrâncias únicas, e a este é atribuído um número que representa o estudante que o utiliza. As legendas do cartão são propositalmente claras, de modo que apenas o aluno ao qual o cartão foi designado possa saber qual opção está sendo mostrada. O estudante escolhe a resposta que julga correta girando o cartão, com cada lado do mesmo representando uma das alternativas possíveis. A leitura do cartão é feita pelo smartfone do professor que scaneia a resposta e já envia os dados para o site, no qual o professor fez o cadastro previamente.

Figura 2. Modelo de cartão resposta. Fonte: www.plickers.com.

O Show da Farmácia foi uma estratégia baseada em um programa de TV (Show do Milhão) realizado no último dia de aula antes da segunda avaliação. Preparou-se uma apresentação com perguntas de múltipla escolha e os alunos foram estimulados a responderem em poucos minutos, até conseguirem alcançar a pergunta que valeria um “milhão”, no decorrer do jogo, os estudantes poderiam pedir ajuda duas vezes aos universitários (monitores das disciplinas).

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