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fisco);

8.3.5 Decadência

A decadência é a extinção do direito de o fisco constituir o crédito tributário pelo lançam ento. Ou sej a, quando há decadência, extingue-se a obrigação tributária antes m esm o da constituição do crédito pela adm inistração fiscal.

Em regra, a decadência ocorre pelo decurso de cinco anos contados do prim eiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançam ento poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173, I).

Caso o lançam ento anterior sej a anulado por vício form al, o prazo recom eça a contar da data em que a decisão se tornar definitiva (CTN, art. 173, II).

Por fim , caso a Fazenda inicie o processo de lançam ento, notificando o suj eito passivo (e não o conclua), o prazo decadencial com eça a correr dessa notificação (CTN, art. 173, parágrafo único).

O prim eiro caso, o do art. 173, I, do CTN, é o m ais com um . Analisem os com m ais cuidado. Com o exem plo, um tributo com o o IPTU, cuj a incidência ocorreu no dia 1.º de j aneiro de 2007, poderia ser lançado, obviam ente, j á nesse m esm o exercício de 2007. Assim , o prazo decadencial passa a correr do prim eiro dia do exercício seguinte a 2007 (1.º de j aneiro de 2008), term inando em 1.º de j aneiro de 2013. A partir desta data (01.01.2013) não existe m ais o direito de a Fazenda Pública lançar o tributo.

Im portantíssim o lem brarm os que, nos tributos lançados por hom ologação (IR, IPI, ICMS etc.), caso haj a efetivam ente a antecipação do pagam ento na form a do art. 150 do CTN, ocorre a hom ologação tácita cinco anos após a ocorrência do fato gerador. Após esses cinco anos, salvo se com provada a ocorrência de dolo, fraude ou sim ulação (CTN, art. 150, § 4.º), o crédito está extinto, não cabendo falar em prazo decadencial para o lançam ento pela Fazenda.

Com o exem plo, o ICMS (tributo lançado por hom ologação) devido por um a em presa no m ês de agosto deve ser calculado e recolhido pelo próprio suj eito passivo em setem bro do m esm o ano. Caso o contribuinte antecipe o pagam ento, na form a do art. 150 do CTN, ocorrerá a hom ologação tácita e a extinção do crédito após cinco anos contados a partir do fato gerador (o term o inicial é agosto). No entanto, caso haj a om issão do contribuinte (ele não antecipe o

pagam ento, na form a do art. 150 do CTN), ou caso o suj eito passivo haj a com dolo, fraude ou sim ulação, não ocorre a extinção do crédito após os cinco anos do fato gerador, aplicando-se o prazo decadencial geral previsto pelo art. 173, I, do CTN (cinco anos contados do prim eiro dia do exercício seguinte).

Com o vim os ao estudarm os a legislação tributária, o STF confirm ou que não cabe à lei ordinária tratar de decadência e prescrição (Súm ula Vinculante 8). Assim , os prazos prescricionais e decadenciais são de cinco anos, previstos pelos arts. 173 e 174 do CTN. Não subsistem prazos prescricionais e decadenciais veiculados por sim ples lei ordinária, com o é o caso daqueles fixados pela legislação previdenciária (de dez anos).

8.3.6 Prescrição

Constituído o crédito tributário pelo lançam ento, com eça a correr o prazo prescricional para o fisco cobrá-lo. Ou sej a, passado o prazo prescricional, o fisco não m ais poderá executar o suj eito passivo, hipótese em que se extingue o crédito tributário.

A prescrição do direito de cobrança do crédito lançado ocorre após cinco anos contados da constituição definitiva. O Judiciário tem entendido que a decisão final no processo adm inistrativo, pelo qual o suj eito passivo contesta o lançam ento (ou a autuação), corresponde à constituição definitiva do crédito, passando a contar-se o prazo prescricional da cobrança a partir daí.

Por exem plo, o contribuinte foi notificado para que pagasse o IPTU no início do ano passado. No entanto, por discordar do valor cobrado, im pugnou o lançam ento por m eio de recurso adm inistrativo, na form a e no prazo previstos pela legislação m unicipal. O recurso foi definitivam ente j ulgado apenas no início do presente ano, desfavoravelm ente ao contribuinte. Neste últim o m om ento, com a decisão adm inistrativa final e a correspondente notificação do suj eito passivo, o crédito foi definitivam ente constituído e passou a correr o prazo prescricional para que a Fazenda Pública exij a-o j udicialm ente.

A prescrição é suspensa durante o período em que o crédito estiver suspenso. Assim , caso haj a algum a daquelas hipóteses de suspensão do crédito (recurso adm inistrativo, depósito do valor integral e em dinheiro, lim inar, parcelam ento etc.), o prazo prescricional tam bém fica suspenso.

A prescrição é interrom pida (i) pelo despacho do j uiz que ordena a citação do devedor, (ii) pelo protesto j udicial, (iii) por qualquer ato j udicial que constitua em m ora o devedor ou (iv) por qualquer ato inequívoco, ainda que extraj udicial, que im porte em reconhecim ento do débito pelo devedor. Nessa últim a hipótese incluem -se as confissões de dívidas, com uns nos pedidos de parcelam ento, situações em que o prazo som ente se reiniciará com o inadim plem ento de algum a das parcelas (Súm ula TRF 248).

Reiteram os que, nos term os do inciso I do parágrafo único do art. 174 do CTN (redação pela LC 118/2005), o sim ples despacho do j uiz que ordenar a citação em execução fiscal interrom pe o prazo prescricional (e não m ais a citação pessoal do devedor). O Código Tributário Nacional prevê, portanto, hipótese de interrupção do prazo prescricional independentem ente da ciência do devedor.

após o térm ino da suspensão, o prazo recom eça a fluir pelo restante.

No direito tributário, a prescrição não extingue apenas o direito à ação, m as tam bém extingue a própria obrigação tributária (ainda que não constituído o crédito).

Ocorre prescrição intercorrente se, durante o processo de execução tributária, não se localizam bens penhoráveis. Em tal hipótese, o processo fica suspenso por um ano. Após este prazo anual, passa a correr o prazo de cinco anos de prescrição intercorrente, findo o qual (sem a localização de bens), extingue-se o crédito tributário (Súm ula STJ 314).

É possível o reconhecim ento de ofício da prescrição intercorrente, desde que a Fazenda Pública sej a previam ente intim ada, para que tenha a oportunidade de im pugnar o entendim ento (art. 40, § 4.º, da Lei 6.830/1980).

Reiteram os que, conform e recente posicionam ento do STF, não cabe à lei ordinária tratar de decadência e prescrição (Súm ula Vinculante 8). Assim , não subsistem prazos prescricionais e decadenciais veiculados por sim ples lei ordinária, com o é o caso daqueles fixados pela legislação previdenciária (de dez anos).

8.3.7 Conversão do depósito em renda

O depósito do m ontante integral, com o vim os, suspende o crédito tributário. No entanto, em caso de vitória do fisco na discussão quanto ao crédito, ocorre a conversão do depósito em renda. Aquele valor depositado pelo contribuinte (ainda que não sej a o m ontante integral) passa a ser renda do fisco, extinguindo o crédito tributário (ainda que parcialm ente).

Lem bre-se de que, em bora o depósito j udicial sej a prerrogativa do suj eito passivo (e não dever), não pode ser levantado antes do trânsito em j ulgado favorável ao depositante. Caso a decisão final sej a em favor do fisco, ocorrerá a conversão do depósito em renda.

8.3.8 Pagamento antecipado e homologação

No caso de tributo lançado por homologação, cabe ao contribuinte antecipar-se, pagando o valor devido (art. 150 do CTN).

Com a hom ologação pelo fisco, efetiva ou tácita, extingue-se o crédito.

A hom ologação expressa ocorre com a efetiva m anifestação do fisco. A hom ologação tácita surge pelo decurso do prazo de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, sem que a adm inistração tenha se m anifestado expressam ente.

Se não houver antecipação do pagam ento por parte do contribuinte, não há falar em hom ologação tácita, nem extinção do crédito por esta m odalidade de lançam ento.

Reiteram os que tam pouco ocorre a hom ologação tácita prevista pelo art. 150, § 4.º do CTN, e a correspondente extinção do crédito, no caso de dolo, fraude ou sim ulação.

Em tais hipóteses (inexistência de pagam ento, ou ocorrência de dolo, fraude ou sim ulação), cabe ao fisco realizar o lançam ento de ofício. Caso não constitua o crédito no prazo do art. 173 do CTN, extingue-se a obrigação por decadência.

8.3.9 Consignação em pagamento

Vim os que o suj eito passivo tem o direito de quitar seu débito j unto ao fisco. No caso de recusa inj ustificada de recebim ento, exigências descabidas, ou na hipótese de dois suj eitos ativos exigirem o m esm o crédito (conflito), o suj eito passivo poderá depositar j udicialm ente o valor que entende devido, por m eio da ação consignatória.

O sim ples depósito, no entanto, não extingue o crédito (no m áxim o suspenderá, desde que sej a integral e em dinheiro). A extinção ocorrerá apenas na hipótese de o j uiz j ulgar procedente a consignatória (situação em que o depósito será convertido em renda do fisco, conform e art. 164, § 2.º, do CTN).

Caso contrário (em caso de im procedência da consignatória), a exigência do crédito será acrescida de j uros e penalidades eventualm ente previstas pela legislação.

8.3.10 Decisão administrativa e decisão judicial

A decisão administrativa irreformável, da qual não caiba recurso, faz coisa j ulgada contra a adm inistração, extinguindo o crédito, quando favorável ao contribuinte.

A decisão judicial transitada em julgado favorável ao contribuinte, que não encerra a discussão quanto à existência do crédito tributário, extingue-o.

Bom ressalvar casos em que a decisão j udicial ou adm inistrativa, favorável ao contribuinte, funda-se em vício form al no lançam ento, e não na inexistência de fato gerador ou obrigação tributária. Por exem plo, a decisão pode ser no sentido de que ocorreu o fato gerador, m as o suj eito passivo foi erroneam ente identificado. Neste caso, em bora ocorra a extinção do crédito tributário, nada im pede que o fisco realize novo lançam ento (corrigindo o erro anteriorm ente com etido), desde que não tenha havido decadência.

Por outro lado, caso a decisão adm inistrativa ou j udicial favorável ao suj eito passivo fundam ente-se na inexistência de fato gerador ou da própria obrigação tributária, não cabe falar em novo lançam ento.

8.3.11 Dação de bens imóveis em pagamento

O CTN perm ite que o contribuinte quite seu débito tributário por m eio de dação em pagamento de bens imóveis.

Esta m odalidade de extinção, no entanto, depende de lei autorizativa, expedida pelo ente tributante, que regulará com o ocorrerá tal dação e quais as condições para tanto.

Para que fique claro: não é possível a extinção do crédito tributário pela dação de bens m óveis (apenas im óveis e nos estritos term os da lei).

CTN – Art. 175. Excluem o crédito tributário: I – a isenção;

II – a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cum prim ento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cuj o crédito sej a excluído, ou dela consequente.

O legislador do CTN previu duas situações em que se im pede a constituição do crédito tributário (casos de exclusão do crédito).

Ou sej a, ainda que ocorra o fato gerador e surj a a obrigação tributária, a lei pode fixar determ inados benefícios (isenção e anistia) pelos quais o crédito não será constituído e, portanto, não poderá ser exigido o tributo ou a penalidade pecuniária.

Este é o entendim ento fixado pelo legislador, em bora haj a forte contestação doutrinária (para m uitos, a isenção, por exem plo, afasta a própria ocorrência do fato gerador e da obrigação tributária, não sendo sim plesm ente um favor legal que im pede a constituição do crédito).

Mais um a vez, o parágrafo único do art. 175 reitera a autonom ia das obrigações acessórias. Assim , m esm o que um a em presa sej a isenta de im posto de renda (não há obrigação principal), deverá escriturar livros fiscais exigidos por lei (obrigação acessória).

8.4.1 Isenção

Para a m aior parte da doutrina m oderna, a isenção ocorre quando a lei, tendo previsto determ inadas situações com o necessárias e suficientes para a ocorrência da obrigação tributária, exclui algum as delas do cam po de incidência tributária. Trata-se de exceções previstas na lei à incidência tributária.

Doutrinadores há, por outra visão, que adotam o entendim ento do legislador do CTN, defendendo que a isenção é caso de dispensa do pagam ento do tributo (exclusão do crédito), em bora tenha ocorrido o fato gerador e surgido a obrigação tributária. A distinção tem relevância na análise da revogação de isenções.

Um exem plo de isenção: a legislação de determ inado Estado fixa a incidência do IPVA sobre a propriedade de veículos. No entanto, um a lei isentiva afasta a tributação sobre cam inhões. A propriedade de cam inhões configura exceção à regra geral de incidência sobre veículos autom otores.

A isenção, salvo disposto contrariam ente, não se estende às taxas e contribuições de m elhoria ou aos tributos instituídos posteriorm ente à sua concessão (CTN, art. 177).

Exceto se concedida por prazo certo e em função de determ inadas condições, pode ser revogada ou m odificada por lei a qualquer tem po (CTN, art. 178, Súm ula STF 544). Im portante fixarm os: se a isenção for dada por prazo certo (por 5 anos, por exem plo) e condicionada (para em presas que investirem em determ inada região, por exem plo), aqueles beneficiados por ela não podem ser surpreendidos por alteração legal.

ou aum ento do tributo, de m aneira que som ente valeria a partir do início do exercício seguinte ao da data da publicação da lei revogadora (princípio da anterioridade). Não é o que determ ina literalm ente o CTN, que prevê a anterioridade apenas para a revogação de isenção dos im postos sobre o patrim ônio e sobre a renda (CTN, art. 104, III), entendim ento esposado pela Súm ula 615 do STF, que dispõe que a revogação da isenção do ICMS aplica-se im ediatam ente.

Tal com o vim os nos casos das m oratórias e rem issões (hipóteses, respectivam ente, de suspensão e extinção do crédito), a isenção pode ser dada em caráter geral ou individual. Nesta últim a hipótese, a autoridade fiscal, verificando o atendim ento aos requisitos legais, deferirá o benefício.

O despacho que concede a isenção individual não gera direito adquirido, podendo ser revogada caso verifique-se o não atendim ento a tais exigências da lei. Havendo dolo, fraude ou sim ulação, o crédito será exigido acrescido das penalidades pecuniárias eventualm ente previstas, não se contando o prazo de concessão para fins de prescrição (ou sej a, não havendo dolo, fraude ou sim ulação, a revogação som ente poderá ocorrer se não houver decorrido o prazo prescricional, não se acrescendo a penalidade pecuniária).

REVOGAÇÃO (REVISÃO) DA