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O beneficiário não agiu com dolo,

8.3.1 Pagamento, ação consignatória e ação de repetição do indébito

O pagamento é a extinção esperada do crédito tributário, com a entrega do m ontante em dinheiro; o pagam ento indevido é restituído na form a do art. 165 e seguintes do CTN.

Em bora o CTN faça referência ao pagam ento por cheque, vale postal, estam pilhas, papel selado etc., a quitação do crédito depende, sem pre, da entrega de dinheiro ao fisco. Assim , no caso do cheque, por exem plo, é som ente com sua com pensação pela instituição bancária que ocorre a extinção do crédito (art. 162, § 2.º, do CTN).

O prazo para o pagam ento do crédito tributário, se não houver disposição legal, é de 30 dias após a notificação do lançam ento (CTN, art. 160). Havendo inadim plência, aplicam -se j uros de m ora de 1%, se não forem fixados em outro m ontante (CTN, art. 161, § 1.º), além das penalidades previstas pela lei.

Essa regra de j uros m oratórios fixados em 1%é subsidiária, sendo com um a legislação fixar outros índices, em especial a SELIC (caso da União e de alguns Estados – este índice engloba os j uros e a correção m onetária).

Im portante salientar que os acréscim os de j uros e m ultas não se aplicam em caso de pendência de consulta form ulada antes do vencim ento do tributo (CTN, art. 161, § 2.º).

Assim , se o contribuinte tem dúvida relevante quanto ao recolhim ento do crédito e realiza consulta adm inistrativa ao fisco, na form a da lei e antes do vencim ento, o pagam ento poderá ser realizado após a resposta, sem acréscim o de j uros.

Note-se que, em caso de a consulta ser desfavorável ao contribuinte, ele terá o prazo de 30 dias para o pagam ento após a notificação, sem aplicação dos acréscim os. Isso porque, por força do art. 103, II, do CTN, as decisões adm inistrativas entram em vigor após 30 dias de sua publicação. Existindo dois ou m ais débitos vencidos a serem quitados pelo m esm o suj eito passivo em favor do m esm o suj eito ativo, o art. 163 do CTN traz regra para a im putação do pagam ento, apesar de isso ser raro pela sistem ática atual de quitação de tributos, feita geralm ente por interm édio de instituições bancárias, utilizando-se guias específicas. Haveria im putação se o contribuinte recolhesse determ inado valor ao fisco, sem identificação do tributo que está pagando, e houvesse m ais de um débito em aberto:

passivo para com a m esm a pessoa j urídica de direito público, relativos ao m esm o ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou j uros de m ora, a autoridade adm inistrativa com petente para receber o pagam ento determ inará a respectiva im putação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enum eradas:

I – em prim eiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;

II – prim eiram ente, às contribuições de m elhoria, depois às taxas e por fim aos im postos; III – na ordem crescente dos prazos de prescrição;

IV – na ordem decrescente dos m ontantes.

O suj eito passivo tem não apenas o dever, m as tam bém o direito de quitar seu débito j unto ao fisco. Assim , em caso de recusa inj ustificada para o recebim ento, ou na hipótese de dois suj eitos ativos exigirem o m esm o crédito, o suj eito passivo poderá depositar j udicialm ente o valor devido por m eio da ação consignatória. Voltarem os ao assunto m ais adiante.

Em caso de pagam ento indevido de tributos, o contribuinte tem direito à sua repetição, independentem ente de prova de erro ou protesto. Mas, nos casos de tributos que com portem , por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro (conhecidos com o tributos indiretos), o interessado deverá com provar que suportou tal encargo ou tem autorização daquele que o suportou, para a restituição. É o caso dos im postos não cum ulativos, com o o ICMS e o IPI.

O indébito tributário será restituído, acrescido de correção m onetária (calculada a partir do pagam ento indevido) e j uros m oratórios (calculados a partir do trânsito em j ulgado da sentença). No âm bito federal, os indébitos são devolvidos com acréscim o apenas da taxa SELIC (que substitui o índice de j uros de 1% e a correção m onetária).

O prazo decadencial para a repetição é de cinco anos contados da extinção do crédito ou do trânsito em j ulgado da decisão (ou da decisão adm inistrativa definitiva) que houver reform ado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória (CTN, art. 168).

A LC 118/2005, em seu art. 3.º, dá interpretação ao disposto no art. 168, I, do CTN (interpretação autêntica), fixando que a extinção do crédito tributário se dá no m om ento do pagam ento antecipado, no caso de lançam ento por hom ologação, nos term os do § 2.º do art. 150 do Código Tributário. Isso tenta evitar que os contribuintes exij am a repetição até 5 anos após a hom ologação tácita, que, por sua vez, se dá 5 anos após o fato gerador (CTN, art. 150, § 4.º), conseguindo, portanto, a restituição em até 10 anos após o fato gerador (tese do “cinco m ais cinco”).

O STJ j á fixou entendim ento de que a regra veiculada pela LC 118/2005 (prazo de 5 anos para a repetição, contados do pagam ento indevido) som ente se aplica para casos futuros, não podendo retroagir, de m odo que os pagam entos indevidos realizados antes do início de sua vigência continuam subm etidos ao prazo prescricional decenal (tese do “cinco m ais cinco”).

Caso o pedido de restituição tenha sido feito no âm bito adm inistrativo, o prazo prescricional para a ação anulatória da decisão que denegá-la é de apenas dois anos (CTN, art. 169).

8.3.2 Compensação

A compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do suj eito passivo contra o fisco, diferentem ente do que ocorre no direito privado, depende de lei. A lei específica de cada ente tributante poderá perm itir que o suj eito passivo com pense crédito que detenha contra a Fazenda, desde que sej am líquidos e certos (vencidos ou vincendos), com os créditos tributários devidos.

Em caso de créditos vincendos (= a vencer) detidos pelo interessado contra a Fazenda, a lei poderá prever abatim ento (por conta da antecipação desse crédito). No entanto, esse desconto não poderá ser m aior que 1% ao m ês (CTN, art. 170, parágrafo único).

A j urisprudência adm ite o m andado de segurança para assegurar o direito à com pensação (Súm ula STJ 213), m as o art. 170-A do CTN veda a com pensação m ediante o aproveitam ento de tributo, obj eto de contestação j udicial pelo suj eito passivo, antes do trânsito em j ulgado da respectiva decisão j udicial (de acordo com a Súm ula STJ 212).

8.3.3 Transação

A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, que os suj eitos ativo e passivo celebrem transação, afastando o litígio e extinguindo o crédito tributário m ediante concessões m útuas.

Diferentem ente do que ocorre no âm bito privado, a transação tributária som ente é adm itida para a extinção do litígio, nunca para preveni-lo.

8.3.4 Remissão

A remissão é o perdão total ou parcial do crédito tributário, sem pre por lei, atendendo: i) à situação econôm ica do suj eito passivo; ii) ao erro ou à ignorância escusáveis quanto à m atéria de fato; iii) à dim inuta im portância do crédito; iv) às considerações de equidade em relação às características pessoais ou m ateriais do caso.

Assim , os entes tributantes poderão perdoar créditos tributários por lei própria, desde que observadas as situações acim a descritas.

Trata-se de perdão do crédito tributário que, na sistem ática adotada pelo CTN, inclui não apenas os tributos, m as tam bém as penalidades pecuniárias. Querem os ressaltar com isso que o perdão dado pela rem issão pode, nos term os da lei concedente e em conform idade com o CTN, atingir tam bém as m ultas.

Assim com o no caso da m oratória (que é suspensão do crédito por adiam ento do prazo de pagam ento), a rem issão pode ser concedida de m aneira geral ou individual (neste últim o caso, depende de despacho da autoridade fiscal, desde que atendidos os requisitos da lei).

Esse despacho não gera direito adquirido (com o no caso da rem issão), podendo ser revogado caso verifique-se o descum prim ento das exigências legais. Havendo dolo, fraude ou sim ulação, o crédito será exigido com acréscim o de penalidade, não se considerando o prazo de sua concessão para fins de prescrição (por outro lado, se houver sim ples erro, a revogação do ato que deferiu a

rem issão som ente poderá ocorrer dentro do prazo prescricional).

REVOGAÇÃO (REVISÃO) DA