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pagamento do tributo devido)

7.6 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

7.6.2 Responsabilidade dos sucessores

§ 7.º A lei poderá atribuir a suj eito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagam ento de im posto ou contribuição, cuj o fato gerador deva ocorrer posteriorm ente, assegurada a im ediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presum ido.

Há responsabilidade por substituição tributária “para frente”, por exem plo, no caso das m ontadoras de veículos que, ao vender o autom óvel para as concessionárias, j á recolhem (em conform idade com as legislações estaduais) o ICMS que seria devido na venda deste m esm o veículo para o consum idor final. Há um adiantam ento no recolhim ento (pagam ento do im posto pela fábrica), antes da ocorrência do fato gerador futuro (venda do veículo da concessionária para o consum idor final).

O Suprem o Tribunal Federal, ao j ulgar a ADIn 1.851/AL, entendeu que a devolução da quantia “adiantada” som ente ocorrerá em caso de não realização desse fato gerador futuro (o art. 150, § 7.º, da CF fala em fato gerador presum ido).

Se essa venda futura (no exem plo da concessionária) ocorrer por um valor m enor do que o presum ido (a concessionária vende o autom óvel abaixo do preço de fábrica, por exem plo), não há qualquer devolução da diferença, segundo o entendim ento do STF, pois o fato gerador presum ido ocorreu.

Note-se que o STJ tem aplicado restritivam ente a j urisprudência do STF, apenas para os casos dos Estados signatários do Convênio ICMS 13/97, que foi obj eto da citada ADIn 1.851/AL. Para os dem ais Estados (não signatários do Convênio: SP, PR, SC, PE), o Superior Tribunal de Justiça tem m antido seu anterior entendim ento, determ inando a devolução de diferenças tam bém no caso de venda a m enor.

7.6.2 Responsabilidade dos sucessores

CTN – Art. 130. Os créditos tributários relativos a im postos cuj o fato gerador sej a a propriedade, o dom ínio útil ou a posse de bens im óveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de m elhoria, sub-rogam -se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrem atação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.

O dispositivo acim a define que os tributos relacionados aos bens im óveis são devidos pelo adquirente, salvo se houver prova anterior da quitação. Até porque, neste caso, supõe-se que não

haj a débito tributário em aberto.

É com um , portanto, que o adquirente de um im óvel faça constar na escritura de com pra e venda referência expressa às certidões negativas de débito tributário atinentes ao bem . Caso o fisco encontre, futuram ente, um débito tributário relativo ao período anterior à transação, e que não constou da certidão negativa por qualquer razão, o adquirente não será responsabilizado, pois tom ou a precaução prevista no art. 130, caput, in fine, do CTN.

No caso da arrem atação de im óvel, o pagam ento do im posto eventualm ente devido será suportado pelo m ontante pago pelo arrem atante, não cabendo, a rigor, falar em sua responsabilidade.

O que deve ocorrer, na prática, é que o j uiz exigirá que o valor depositado pelo arrem atante sej a utilizado para o pagam ento de todos os débitos tributários relativos ao im óvel. Caso sobre dinheiro após o pagam ento de todos os tributos, o saldo é entregue ao credor da execução. Caso não sobre dinheiro, o fisco deverá buscar outros bens do suj eito passivo para tentar recuperar seu crédito. Em quaisquer dos casos, o arrem atante não será responsabilizado por qualquer débito tributário relativo ao im óvel arrem atado (relativo ao período anterior à arrem atação).

Em bora o CTN refira-se expressam ente apenas a bens im óveis, o STJ entende que o afastam ento da responsabilidade do adquirente ocorre tam bém na arrem atação j udicial de bens m óveis.

CTN – Art. 131. São pessoalm ente responsáveis:

I – o adquirente ou rem itente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou rem idos; II – o sucessor a qualquer título e o cônj uge m eeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adj udicação, lim itada esta responsabilidade ao m ontante do quinhão, do legado ou da m eação;

III – o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.

Quanto à responsabilidade do art. 131, é bom salientar a extensão do inciso I, que abrange não apenas os bens im óveis, m as todas as espécies, e sem lim itação quanto ao valor. No caso do inciso II, há lim itação pelo valor recebido pelo sucessor ou m eeira. O espólio (inciso III) responde até as suas próprias forças (o valor total do espólio).

Lem bre-se de que o cônj uge m eeiro não é herdeiro. A rigor, ele não se torna responsável tributário após a m orte, pois j á era proprietário da parcela dos bens a que se refere à m eação.

A responsabilidade do espólio a princípio afastaria a possibilidade de responsabilidade dos sucessores (CTN, art. 131, II), j á que os débitos tributários, em regra, devem ser suportados pelo espólio antes da entrega dos bens aos herdeiros e legatários (CTN, art. 192).

No entanto, pode ocorrer de esses créditos tributários serem conhecidos pelo fisco e constituídos (lançados) apenas posteriorm ente (observado o prazo decadencial). Nessa hipótese, os sucessores poderão ser cham ados a responder pelo débito tributário, lim itando-se sua responsabilidade até o m ontante da herança ou do legado recebido.

adj udicação dos bens aos herdeiros, o fisco federal fiscaliza os rendim entos do falecido e aponta um débito anterior à sua m orte. Neste caso, os herdeiros e legatários responderão pelo im posto de renda não pago até o valor da herança ou do legado recebidos.

CTN – Art. 132. A pessoa j urídica de direito privado que resultar de fusão, transform ação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas j urídicas de direito privado fusionadas, transform adas ou incorporadas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas j urídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade sej a continuada por qualquer sócio rem anescente, ou seu espólio, sob a m esm a ou outra razão social, ou sob firm a individual.

Em caso de extinção da sociedade anterior (fusionada – quando duas ou m ais se unem ; transform ada – de um a m odalidade societária para outra; ou incorporada – um a ou m ais são absorvidas por outra), a nova em presa ou a resultante responde integralm ente pelos débitos tributários daquela. No caso de cisão (divisão parcial ou total) o fisco entende, no m ais das vezes, que há solidariedade entre as em presas resultantes.

Há discussão, nesse caso das cisões, decorrente do disposto na Lei das Sociedades Anônim as (Lei 6.404/76, art. 229, § 1.º) quanto à possibilidade de regulação dos sócios a respeito. De fato, ao decidirem pela cisão de um a sociedade, os sócios (por m eio dos órgãos societários) relacionam os direitos e obrigações a cargo de cada um a das sociedades resultantes. Os direitos e obrigações não relacionados são suportados pelas em presas resultantes na proporção de seus patrim ônios líquidos. O argum ento contrário à inclusão dos débitos tributários nesses acordos de cisão é de que a convenção entre particulares não pode ser oposta ao fisco para m odificação da suj eição passiva (CTN, art. 123).

Vej a-se que o CTN dá im portância ao aspecto econôm ico da exploração da atividade, independentem ente de ela ser levada a cabo pelo contribuinte ou por algum dos seus sócios ou pelo espólio, em caso de extinção (art. 132, parágrafo único). Se houve a extinção, m as a exploração da atividade continuou com algum dos sócios ou com o espólio, estes sucederão o contribuinte extinto.

CTN – Art. 133. A pessoa natural ou j urídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de com ércio ou estabelecim ento com ercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a m esm a ou outra razão social ou sob firm a ou nom e individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecim ento adquirido, devidos até a data do ato:

I – integralm ente, se o alienante cessar a exploração do com ércio, indústria ou atividade; II – subsidiariam ente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis m eses, a contar da data da alienação, nova atividade no m esm o ou em outro ram o de com ércio, indústria ou profissão.

§ 1.º O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação j udicial: I – em processo de falência;

II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação j udicial. § 2.º Não se aplica o disposto no § 1.º deste artigo quando o adquirente for:

I – sócio da sociedade falida ou em recuperação j udicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação j udicial;

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4.º (quarto) grau, consanguíneo ou afim , do devedor falido ou em recuperação j udicial ou de qualquer de seus sócios; ou

III – identificado com o agente do falido ou do devedor em recuperação j udicial com o obj etivo de fraudar a sucessão tributária.

§ 3.º Em processo da falência, o produto da alienação j udicial de em presa, filial ou unidade produtiva isolada perm anecerá em conta de depósito à disposição do j uízo de falência pelo prazo de 1 (um ) ano, contado da data de alienação, som ente podendo ser utilizado para o pagam ento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário.

A m esm a relevância ao aspecto econôm ico da exploração da em presa para a configuração da suj eição passiva é observada no art. 133 do CTN.

O fiscal, ao chegar a um estabelecim ento com ercial, profissional ou industrial, notando que se trata da m esm a unidade econôm ica ou profissional, exigirá o tributo devido, independentem ente de alteração em presarial quanto à propriedade do estabelecim ento. Se houver alienação do estabelecim ento ou fundo de com ércio, m as m anutenção da exploração da atividade econôm ica, o adquirente responderá pelos débitos tributários anteriores exclusivamente se o alienante deixar de explorar qualquer atividade econôm ica com ercial, industrial ou profissional (ou se voltar à atividade em presarial som ente após seis m eses contados da alienação). O aquirente, no entanto, responderá apenas subsidiariamente pelos débitos tributários deixados caso o alienante continue explorando qualquer dessas atividades (ou volte a fazê-lo no prazo de seis m eses).

Por exem plo, im agine-se o caso de Antônio, que tem um a loj a de ferram entas. João adquire o fundo de com ércio de Antônio (ponto com ercial, estoques, m obiliário etc.) e continua a explorar a m esm a atividade (venda de ferram entas). Por conta disso, João passa a responder pelos débitos tributários deixados por Antônio, m esm o que a sociedade em presarial sej a com pletam ente outra (João “abriu” outra sociedade em presarial, com outro nom e e outros sócios, registrando-a regularm ente na j unta com ercial, sem qualquer relação com a de Antônio). João responderá subsidiariam ente se Antônio seguir na atividade em presarial dentro de seis m eses a contar da alienação, m esm o que em outo ram o (ou sej a, o fisco deverá cobrar prim eiro de Antônio e, caso não consiga receber, cobrará de João), m as responderá exclusivam ente se Antônio deixar de atuar em presarialm ente, ou voltar ao m ercado som ente após os seis m eses da alienação.

Com a Lei Com plem entar 118/2005, a responsabilidade prevista no art. 133 não se estende, em regra, ao caso de alienação j udicial em processo de falência ou de recuperação j udicial, nos term os de seus parágrafos. Trata-se de m edida que procura facilitar a recuperação das em presas, privilegiando a continuidade da atividade, ainda que com prej uízo ao crédito tributário.