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Principais testes de mudança de cor para drogas ilícitas

110 COCAÍNA TIOCIANATO

DE COBALTO II

COMPLEXO DE COR AZUL

Como há baixa especificidade nesse teste, resultados falsos-positivos podem ocorrer com substâncias que não sejam cocaína, como é o caso de outras drogas (heroína), medicamentos (lidocaína, prometazina e metadona) e substâncias lícitas diversas (que compõem alguns cosméticos, papéis e alimentos, por exemplo). Isso ocorre porque a reação com tiocianato de cobalto II é baseada na formação de um complexo de cobalto II, originado quando reage com compostos químicos que possuem em suas estruturas aminas terciárias (como a cocaína, a lidocaína, a prometazina, a metadona e a heroína) (Figura 35) ou sais de amônio quaternário (VIEIRA; VELHO, 2012, p. 25-26).

Figura 34. Reação química entre tiocianato de cobalto II e cocaína em meio ácido.

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COCAÍNA

PROMETAZINA HEROÍNA

METADONA LIDOCAÍNA

Por outro lado, visando mascarar os resultados do teste de Scott, os traficantes podem adicionar substâncias interferentes à droga, como compostos metálicos (especialmente sais de ferro). Estes compostos, dependendo da concentração e composição da amostra, impedem a formação do complexo azul mesmo com a presença de cocaína, resultando em exame falso- negativo. Todavia, esse tipo de situação eleva ainda mais a importância da experiência e do treinamento do perito que está realizando o teste, uma vez que diante de suspeitas da presença de interferentes (ou substâncias mascarantes), ele pode encaminhar a amostra para exame definitivo, dirimindo as dúvidas quanto ao resultado obtido.

Conceição et al. (2014) contribuem ao destacar o papel dos adulterantes e diluentes comumente encontrados na cocaína que, muitas vezes, podem também interferir no tempo de reação ou no resultado do teste de Scott. As redes de tráfico de drogas, visando obter maior lucro, aumentam a “quantidade da droga”, adicionando nela substâncias adulterantes e/ou diluentes, que são visualmente semelhantes à cocaína. Os adulterantes são aqueles que apresentam efeitos de imitação ou potencializam a ação da cocaína, dentre eles: a lidocaína (efeito anestésico, muito parecido com a droga), a cafeína (estimulante), o levamisol (reage sinergicamente com a cocaína, produzindo efeito estimulante) e o ácido bórico (age como anestésico). Já os diluentes são substâncias que não apresentam nenhum efeito similar à droga, sendo usados basicamente para aumentar o rendimento da mistura, tais como: amido, talco, lactose e fermento em pó.

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Também usada para a identificação presuntiva de cocaína e crack, a Reação de Reichard pode ser efetivamente usada na pesquisa de amostras suspeitas. Esse teste acontece pela reação dessas drogas com uma solução básica (com hidróxido de sódio à 40%) de β-naftol, cujo resultado positivo é indicado pelo aparecimento de coloração azul intensa (FARIAS, 2017, p. 115).

Quanto à identificação da maconha, produzida a partir do vegetal Cannabis sativa, dois exames podem ser utilizados: o Teste Fast Blue B e a Reação de Beam.

O Teste Fast Blue B consiste no uso de solução de cloreto de di-o-anisidina tetrazólio com sulfato de sódio anidro. Esta solução ao entrar em contato com derivados canabinólicos (primeiramente extraídos com éter de petróleo e secados em papel filtro), reage e produz compostos que resultam em coloração vermelho ou vermelho-púrpura (próxima ao tom azul, que pode ser melhor observada, adicionando-se solução diluída de hidróxido de sódio) solúveis em solventes orgânicos, como o etanol (BORDIN et al., 2012; IPÓLITO; OLIVEIRA, 2015, p. 30) (Figura

36). Esta reação está intimamente relacionada à presença de fenóis nos derivados canabinólicos, o

que por si só sugere a ocorrência de falsos-positivos com substâncias que contenham esses grupamentos orgânicos.

Já a Reação de Beam consiste na aplicação lenta de solução etanólica de ácido clorídrico (5%) ou de hidróxido de sódio (5%) sobre a amostra suspeita de conter canabinoides. O resultado é positivo se surgir coloração vermelha ou vermelho-violácea, respectivamente (FARIAS, 2017, p. Figura 36. Amostra de maconha e teste Fast Blue B antes (à direita) e após (à esquerda) a adição de solução etanólica

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116). Contudo, apesar de ser simples e usar reagentes bastantes comuns, o teste apresenta baixa especificidade, contribuindo para a ocorrência de muitos falsos-positivos.

Para o exame preliminar de anfetaminas (da qual deriva o ecstasy), metanfetaminas e seus derivados podem ser adotados o Teste de Marquis ou o Teste de Simon.

No Teste de Marquis, usa-se formaldeído em solução de ácido acético glacial (40%) e ácido sulfúrico concentrado. O procedimento consiste em macerar a amostra suspeita de conter a droga e submetê-la à aplicação dos referidos reagentes, cujo resultado é positivo se ocorrer o surgimento de coloração: alaranjada ou marrom para anfetamina ou metanfetamina; amarela- esverdeada ou verde para bromoanfetamina (DOB) ou 2,5-dimetoxianfetamina (derivados anfetamínicos); ou preta para ecstasy (conhecido também como metilenodioximetanfetamina, MDMA) (IPÓLITO; OLIVEIRA, 2015, p. 33).

Para o Teste de Simon, o resultado é positivo caso haja a formação de coloração azul (em diversas tonalidades) na reação entre a amostra contendo metanfetamina, anfetamina ou seus derivados com algumas gotas de soluções de acetaldeído (10%), nitroprussiato de sódio (10%) e carbonato de sódio (2%). No entanto, destaca-se que falsos-positivos podem ocorrer com certos tipos de medicamentos.

O LSD (dietilamina do ácido lisérgico), geralmente encontrado em selos embebidos com a droga para uso sublingual, pode ser preliminarmente identificado através do Teste de Ehrlich. Segundo Ipólito e Oliveira (2015, p. 32), a técnica se dá pela aplicação, sobre a amostra questionada, de solução metanólica de paradimetiaminobenzaldeído e ácido orto-fosfórico concentrado. O resultado é positivo se ocorrer mudança de coloração para violeta.

Por último, a Reação de Wachsmuth é usada para constatar a presença de heroína, inclusive diferenciando-a de demais alcaloides, como o ópio e a morfina. O exame acontece com a aplicação, na amostra, de solução diluída de cloridrato de hidroxilamina e hidróxido de sódio, seguida da neutralização com ácido clorídrico concentrado. Posteriormente, se houver aparecimento de cor rósea-violácea com a adição de cloreto de ferro III, tem-se o indicativo da presença da droga (FARIAS, 2017, p. 116).

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