Apesar da rigorosa fiscalização pelos órgãos de controle, muitos postos de combustíveis ainda comercializam produtos adulterados. Nestes locais, o combustível mais comum de sofrer fraude é a gasolina, ao qual geralmente se adiciona uma quantidade de etanol acima do que é estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), ou ainda, pela adição de outras substâncias, como água e metanol.
Atualmente, a concentração permitida pela ANP de etanol anidro combustível na gasolina é de 27%, com margem de tolerância de 1% para mais ou para menos. Os responsáveis pela fiscalização do controle de qualidade dos diferentes combustíveis (gasolina, etanol, óleo diesel e biodiesel) comercializados no Brasil é da ANP e dos laboratórios e centrais analíticas credenciadas por ela (geralmente, laboratórios de pesquisa ligados a universidades federais).
Posto é interditado em Praia Grande por comercializar gasolina com 64% de etanol
“Um posto revendedor de combustíveis foi interditado ontem (24/07) em Praia Grande, no litoral de São Paulo, por comercializar gasolina comum com 61% de etanol e gasolina aditivada com 64% de etanol (o percentual obrigatório atualmente é de 27% com tolerância de 1% para mais ou para menos). O posto também foi autuado por ter sido detectado metanol no etanol e pela ausência de equipamentos obrigatórios, como termômetro, densímetro e balde aferidor certificado pelo Inmetro com a medida padrão de 20 litros.
Os postos autuados/interditados pela ANP estão sujeitos às penalidades previstas na Lei 9.847/99. A interdição é a medida cautelar aplicada em algumas situações, como a venda de combustível com problemas de qualidade. A interdição cautelar objetiva impedir a comercialização de produto em desacordo com as especificações, protegendo o consumidor. No momento em que a ANP identifica que cessaram as causas da interdição, conforme estabelece a Lei nº 9.847/99, procede à desinterdição. Os postos também estão sujeitos a multas, que podem chegar a R$ 5 milhões, a ser aplicada ao final do processo administrativo iniciado com a autuação.
Cabe esclarecer que os agentes autuados e/ou interditados possuem, assegurado pela lei, direito ao contraditório e à ampla defesa. Dessa forma, somente após o julgamento definitivo do processo administrativo, gerado a partir do auto de infração, e em caso de subsistência do mesmo (quando o auto de infração é mantido pela decisão administrativa final), fica constatado que o estabelecimento cometeu, de fato, ato infracional previsto na Lei nº 9.847/99”.
Fonte: ANP, 2018. Disponível em: <www.anp.gov.br/noticias/4636-posto-interditado-25jul2018>. Acesso em 20 de
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Além disso, a fiscalização da ANP é realizada de acordo com protocolos de análise bastante rigorosos, que são checados e certificados periodicamente dado a importância desses procedimentos, já que visam: manter a qualidade dos produtos ofertados aos consumidores, pois o uso de combustíveis adulterados podem trazer sérios danos aos veículos automotores e diminuir a sua eficiência e segurança; e impedir que autuações indevidas aconteçam aos estabelecimentos de distribuição e comercialização de combustíveis – nestes casos, as multas podem alcançar até o valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), conforme estabelece a Lei nº 9.847, de 26 outubro de 1999 (BRASIL, 1999b).
Para tanto, na fiscalização da qualidade da gasolina, por exemplo, a ANP adota diversos parâmetros físico-químicos de análise (como aspecto, cor, massa específica, teor de etanol e de benzeno, destilação, composição química e marcador de solvente), que são condizentes com os métodos preconizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pela American Society for Testing and Materials (ASTM) (LIMA et al, 2012) (Quadro 7).
Quadro 7. Parâmetros físico-químicos adotados pela ANP para a análise da gasolina.
CARACTERÍSTICA
MÉTODO
DESCRIÇÃO DA ANÁLISE
ABNT ASTM
Aspecto - - Indicação visual da qualidade e de possíveis contaminações.
Cor - - Indicação da tonalidade da cor característica da gasolina.
Massa específica a 20○C NBR 7148
NBR 14065
D4052 D1298
Relação entre a massa de combustível e o seu volume. Quanto maior a massa específica, maior o potencial energético, uma vez que maior será a massa de combustível para um mesmo volume considerado.
Teor de etanol anidro
combustível NBR 13992 -
Verificação do atendimento ao dispositivo legal que delimita teores mínimo e máximo de etanol anidro na gasolina. A gasolina com valores inferiores ou superiores de etanol anidro combustível aos especificados pode comprometer o bom funcionamento dos veículos. Destilação NBR 9619 D86
Avaliação da volatilidade da gasolina. Os diversos pontos de destilação especificados visam atender as diferentes condições de operação dos motores.
Infravermelho [MON, RON, IAD, teor de benzeno (ASTM D6277) e
composição (olefinas, saturados e aromáticos)]
Espectrometria por infravermelho
Indicação da concentração de compostos aromáticos, hidrocarbonetos com dupla ligação carbono-carbono (olefinas) e saturados (parafinas e naftênicos). Importante para o controle de emissões de compostos tóxicos, poluentes e que causam danos ao sistema de combustível e câmara de combustão.
Marcador de solvente
Conforme metodologia de identificação do fornecedor
do marcador
Avaliação que verifica se o combustível foi adulterado por adição ilícita de solvente.
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Contudo, muitos outros testes podem e devem ser realizados para atestar a qualidade dos diferentes tipos de combustíveis comercializados no país, tais como: o pH, a condutividade elétrica e o teor de hidrocarbonetos no etanol combustível; o teor de água, a concentração de metanol/etanol e a viscosidade no biodiesel; o enxofre total e o índice de cetano no óleo diesel. E para a gasolina, testes rápidos e presuntivos podem ser observados, como a densidade (analisada com o auxílio de um densímetro) e a concentração de etanol (pelo Teste de Proveta, que se utiliza de uma solução salina para efetuar a separação química entre a gasolina e o etanol numa proveta, sendo este um teste oficialmente recomendado pela ANP).