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Efeitos do álcool, legislação brasileira e teste de alcoolemia

O etanol (CH3CH2OH) é um composto orgânico pertencente ao grupo dos álcoois. O álcool

etílico (ou simplesmente álcool, como é popularmente conhecido o etanol) está muito presente nas nossas vidas, tanto como combustível em veículos automotores, quanto nos alimentos (como massa de pastéis, pratos flambados e trufas de caipirinha e licor, por exemplo), nas bebidas alcoólicas e nos produtos de limpeza (desengordurantes e desinfetantes, principalmente) que usamos no dia a dia.

No entanto, o etanol quando consumido em excesso, como qualquer outra substância, pode produzir efeitos nocivos ao organismo, sobretudo alterações metabólicas que podem atingir a percepção da realidade e a destreza motora dos seus consumidores. Hoffmann et al. (1996), em estudo sobre a epidemiologia do álcool e seus efeitos, relacionaram informações sobre os efeitos

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causados em condutores de veículos de acordo com a variação da concentração alcoólica no sangue (em gramas de etanol por litro de sangue) (Quadro 5).

Quadro 5. Efeitos do consumo de álcool em condutores de veículos de acordo com a concentração no sangue.

Concentração de álcool no sangue (g/L)

Efeitos do consumo de álcool em condutores de veículos Situação Geral

0,1 - Aparentemente não existe área cerebral afetada e a conduta externa é

normal. Efeitos mínimos

(0,1-0,5g/L) 0,2 - Apresenta uma sensação subjetiva de vigor, simpatia e maior

sociabilidade.

0,5-0,8

- Reação demorada, lenta;

- Euforia no condutor, distensão e bem-estar; - Início de impulsividade e agressividade ao volante; - Início de perturbação motora;

- Tendência à inibição emocional; - Pode-se manter certo nível de controle.

Zona de alarme (0,5-0,8g/L)

1,0 - Existe depressão das áreas motoras provocando movimentos oscilantes, passos cambaleantes, grosserias, linguagem descoordenada.

Direção perigosa (0,8-1,5g/L) 1,5

- Estado de embriaguez importante;

- Reflexos muito perturbados e lentidão das respostas; - Problemas sérios de coordenação;

- Perda do controle preciso dos movimentos; - Dificuldades de concentração da vista;

- Diminuição notável da vigilância e percepção do risco. 2,0

- Atinge todas as áreas motoras e o cérebro médio, ficando o alcoolizado instável emocionalmente, com náuseas e controle dos esfíncteres diminuídos.

Direção altamente perigosa (1,5-3,0g/L) 3,0

- O álcool compromete mais, agravando a área sensorial do cérebro; - Embriaguez nítida com efeitos narcóticos e confusão;

- Mudanças imprevisíveis no comportamento: agitação psicomotora; - Perturbações psico-sensoriais e visível confusão mental;

- Vista dupla e atitude titubeante.

4,0-5,00

- Embriaguez profunda;

- Estupor analgésico e progressiva inconsciência; - Abolição dos reflexos, paralisia e hipotermia;

- Pode desembocar em coma. Direção impossível (Maior que 3,0g/L) 5,0-7,0

- O álcool atinge todo o cérebro e provoca a paralisia do centro respiratório e morte;

- O álcool pode provocar ainda o delirium tremens, que é uma encefalopatia aguda em alcoólicos crônicos fisicamente comprometidos.

Fonte: Adaptado de Hoffmann et al. (1996).

Conforme se verifica no Quadro 5, mesmo em pequenas quantidades, o álcool pode trazer sérias consequências aos usuários, especialmente quando estes estão sob direção, o que aumenta exponencialmente as chances de ocorrer acidentes de trânsito, provocando danos, muitas vezes, permanentes (como amputações, para ou tetraplégica, danos neurológicos e problemas psiquiátricos, como: depressão e estresse pós-traumático) ou morte, envolvendo não somente o alcoolizado, mas normalmente muitas outras pessoas, vítimas da imprudência, inclusive os

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familiares. Ademais, acidentes oriundos da mistura entre álcool e direção veicular também impactam financeiramente o Estado, aos quais tem que arcar com a maioria dos custos operacionais e hospitalares envolvidos.

Contudo, para além dos perigos relacionados à ingestão de álcool por condutores de veículos, cabe mencionar que problemas como cirrose hepática, câncer no trato digestivo, alterações hormonais e envelhecimento precoce são alguns dos riscos provocados pelo consumo excessivo e prolongado do etanol. Do mesmo modo, pesquisas apontam também que o uso de álcool durante a gestação aumenta consideravelmente a probabilidade de haver má-formação fetal, problemas neurológicos e de crescimento, além de anomalias comportamentais (MESQUITA, 2010).

Apesar do álcool ser uma substância lícita, inclusive tida como ingrediente de alguns elementos culturais brasileiros (como a caipirinha e o canjinjin), ele é uma droga psicotrópica, já que atua no sistema nervoso central (conforme os sinais e os sintomas já elencados), podendo até causar dependência: o alcoolismo.

Desta forma, visando proporcionar maior segurança no trânsito, algumas legislações foram estabelecidas no Brasil, dentre elas: a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), bem como as suas posteriores alterações, em especial a Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008 (mais conhecida como Lei Seca); a Lei nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012; e a Resolução nº 432, de 23 de janeiro de 2013, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN).

A propalada Lei Seca (BRASIL, 2008) produziu alterações significativas no CTB, estabelecendo medidas mais duras para a prevenção de infrações e combate de crimes de trânsito ocasionados por condutores alcoolizados. Quatro anos depois, com a Lei nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012 (BRASIL, 2012a), houve maior endurecimento da legislação de trânsito, ao qual disciplinou maiores valores de multa e eliminou a concentração máxima permitida de álcool no sangue para os motoristas e motociclistas.

Considerando essas alterações, o referido CTB passou a estabelecer algumas penalidades para o condutor que dirigir alcoolizado ou sob efeitos de drogas, e ainda, para aqueles que confiarem a direção veicular a quem esteja sob os efeitos dessas substâncias. Assim, abarca-se, na legislação, desde infrações de trânsito até medidas administrativas e multas, conforme se observa nos artigos 165 e 166 (BRASIL, 1997):

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Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 e suas alterações

Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que

determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)

Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no

período de até 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa que, mesmo habilitada, por

seu estado físico ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com segurança: Infração - gravíssima;

Penalidade – multa.

Todavia, caso haja crimes (como lesão corporal ou homicídio culposo) decorrentes da direção veicular sob o efeito de álcool ou de outras substâncias psicoativas, poderá ocorrer responsabilização penal do infrator nos termos do Códigos Penal e do Código de Processo Penal, de acordo com os artigos 291, 302 e 303 do CTB (BRASIL, 1997):

Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 e suas alterações

Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste

Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

[...]

§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

[...]

§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

[...]

§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

[...]

§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa

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que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)

Para tanto, as infrações serão aplicadas de acordo com a confirmação da presença de teor alcoólico no sangue ou no ar alveolar (artigo 276), sendo que se comprovada a alteração da capacidade psicomotora do condutor (incisos I e II do artigo 306), este poderá responder criminalmente (BRASIL, 1997):

Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 e suas alterações

Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar

sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a infração for

apurada por meio de aparelho de medição, observada a legislação metrológica. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da

influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a

permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros

meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)

§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)

Esclarece-se, entretanto, que para ser considerado crime, a concentração alcoólica deve ser igual ou superior à 6dg/L, se por exame sanguíneo, ou a partir de 0,34mg/L, se medido através do ar alveolar expirado, além de outras possibilidades, segundo o artigo 7º da Resolução nº 432, de 23 de janeiro de 2013, do CONTRAN (CONTRAN, 2013):

Resolução nº 432, de 23 de janeiro de 2013, do CONTRAN

Art. 7º O crime previsto no art. 306 do CTB será caracterizado por qualquer um dos

procedimentos abaixo:

I – exame de sangue que apresente resultado igual ou superior a 6 (seis) decigramas de álcool por litro de sangue (6 dg/L);

II - teste de etilômetro com medição realizada igual ou superior a 0,34 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (0,34 mg/L), descontado o erro máximo admissível nos termos da “Tabela de Valores Referenciais para Etilômetro” constante no Anexo I;

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III – exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que determinem dependência;

IV – sinais de alteração da capacidade psicomotora obtido na forma do art. 5º.

Portanto, a determinação do teor alcoólico no organismo pode ser realizada por exames clínicos (toxicológicos, por técnicas cromatográficas, especialmente a CG, e por espectrofotometria de absorção na região do UV-VIS) com amostras de sangue, ou ainda, pela quantificação dos níveis de álcool no ar alveolar, por meio de testes rápidos.

Os testes rápidos são feitos com etilômetros (mais popularmente conhecidos como

bafômetros). Os etilômetros são aparelhos portáteis construídos especificamente para a detecção

de alcoolemia a partir do ar expirado pela boca, que é originado nos alvéolos pulmonares (por isso, ar alveolar). De acordo com Balbino et al. (2015), há três tipos de detectores: bafômetros descartáveis, detectores eletroquímicos e semicondutores.

Os bafômetros descartáveis são baseados em reações químicas de oxirredução com mudanças de cor. Para tanto, são constituídos de tubos contento dicromato de potássio (K2Cr2O7)

sólido e sílica em meio ácido (ácido sulfúrico, H2SO4), além de nitrato de prata (AgNO3) como

catalisador. Caso o teste seja feito com um condutor alcoolizado, ao assoprar no bafômetro, ocorrerá reação com o etanol proveniente do seu ar alveolar (Figura 46):

DICROMATO ETANOL ÁCIDO SULFATO SULFATO ÁCIDO ÁGUA DE POTÁSSIO SULFÚRICO DE CROMO III DE POTÁSSIO ETANÓICO

Com a presença do etanol, a coloração que inicialmente era alaranjada, transforma-se em verde (Figura 47) – cuja intensidade da cor está diretamente relacionada à quantidade de etanol ingerido –, uma vez que o íon dicromato (Cr2O72- do K2Cr2O7) sofre redução e vai a íon cromo III

(Cr3+, do sulfato de cromo III, Cr

2(SO4)3), e o etanol é oxidado à ácido etanóico (CH3COOH),

produzindo também água (H2O) e sulfato de potássio (K2SO4).

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Já os detectores eletroquímicos são etilômetros que funcionam como uma célula eletroquímica, da qual “consiste basicamente de uma camada porosa, quimicamente inerte, disposta entre duas finas camadas de platina, conectadas a um dispositivo elétrico para passagem de correte, totalmente submersa em uma solução eletrolítica ácida” (BALBINO et al., 2015, p. 331). Assim, parafraseando o autor, quando o etanol passa pelo dispositivo, ele é oxidado eletroquimicamente a etanal (CH3CHO), gerando uma reposta quantitativa (proporcional à

concentração de etanol) que é produzida pelo fluxo de elétrons (correte elétrica) dessa reação (Figura 48).

ETANOL ETANAL

GÁS OXIGÊNIO ÁGUA

ETANOL GÁS OXIGÊNIO ETANAL ÁGUA

Figura 47. Resultado negativo (à esquerda) e positivo (à direita) da reação química que constitui o

teste de alcoolemia com bafômetro descartável.

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Por último, os etilômetros semicondutores são aqueles que possuem sensores seletivos para detecção do etanol. De acordo com Balbino et al. (2015):

O princípio de funcionamento baseia-se na aplicação de uma reduzida voltagem para produzir uma pequena corrente de fundo quando um óxido metálico (geralmente óxido de estanho) é aquecido em uma faixa de temperatura de 300 a 400◦C. Quando o etanol

entra em contato com a superfície do sensor, este é absorvido e imediatamente oxidado. Esta oxidação é verificada pela alteração da resistividade e da correte, sendo medida pela voltagem, que, por sua vez, é proporcional à concentração de etanol no sangue (p. 332).

Em concordância com a importância do uso dos etilômetros para a fiscalização do trânsito, a legislação brasileira estabelece também a penalidade para quem se recusar a ser submetido ao teste, bem como outros meios para se atestar a alcoolemia de condutores envolvidos em acidentes de trânsito ou aqueles que sejam submetidos a esse tipo de fiscalização (BRASIL, 1997):

Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 e suas alterações

Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro

procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no

período de até 12 (doze) meses. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências

estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas:

[...]

IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;

[...]

Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for

alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência.

[...]

§ 2º A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)

Como consequência da aplicação de leis mais rigorosas, pesquisas demonstraram que o número de acidentes de trânsito com vítimas fatais e com ocorrência de hospitalizados diminuiu consideravelmente um ano após a Lei Seca entrar em vigor. Malta et al. (2010), por exemplo,

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corroboram com esta afirmativa a partir de um estudo que avaliou estatisticamente a mortalidade por acidentes de trânsito terrestres antes (julho de 2007 a junho de 2008) e depois (julho de 2008 a junho de 2009) da implantação da referida lei, cujos resultados indicaram uma variação média do risco de morte de -7,4% para o todo o Brasil e de -11,8% para as capitais, especialmente no Rio de Janeiro, que teve queda de -58,1%.