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Competência privativa da Câmara dos Deputados

No documento 1. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO (páginas 154-158)

QUESTÕES SOBRE O TEMA

14.4. Competência das Casas Legislativas

14.4.2. Competência privativa da Câmara dos Deputados

O TCU é composto de nove ministros. A escolha de um terço (três) cabe ao Presidente da República, enquanto os outros seis membros devem ser escolhidos pelo Congresso.

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

14.4.2. Competência privativa da Câmara dos Deputados

O artigo 51 da CF/88 lista as seguintes competências:

I - autorizar, por 2/3 de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente da República, o Vice-Presidente e os Ministros de Estado.

Veja-se que a Câmara apenas autoriza a abertura de processo. Essa necessidade de autorização, aliás, é também extensível aos julgamentos relacionados aos chefes do Executivo Estadual e Distrital.

Com efeito, entende a Suprema Corte que a abertura de processo contra o Governador há de ser precedida de autorização de 2/3 da Assembleia ou da Câmara Legislativa.259

No entanto, alerte-se para o fato de que a prisão do governador não dependerá de

autorização do legislativo estadual (ou distrital).

Nesse sentido:

PRISÃO PREVENTIVA - GOVERNADOR - INQUÉRITO - LICENÇA DA CASA LEGISLATIVA - PROCESSO. A regra da prévia licença da Casa Legislativa como condição da procedibilidade para deliberar-se sobre o recebimento da denúncia não se irradia a ponto de apanhar prática de ato judicial diverso como é o referente à prisão preventiva na fase de inquérito. 260

259

HC 80.511/MG, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 14.9.2001.

260

155 Tratando-se de crime comum, o julgamento caberá ao STF. De outro lado, será o Senado o órgão responsável para julgar os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República e pelo Vice-Presidente.

Em relação aos Ministros de Estado, cabe uma ressalva: se eles praticarem o crime de responsabilidade juntamente com o Presidente da República ou Vice, serão julgados pelo Senado. Não havendo a conexão, caberá ao STF o julgamento desse agente, tanto no crime comum quanto no crime de responsabilidade.

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República se ele não as apresentar ao Congresso Nacional no prazo de 60 dias após a abertura da sessão legislativa.

Como visto, o Presidente da República deve prestar as contas ao Congresso. Mas, se dentro do prazo de 60 dias após a abertura da sessão legislativa ele não prestar, caberá à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas.

III - elaborar seu regimento interno;

IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva

remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

V - eleger dois membros do Conselho da República. 5.4.3. Competência privativa do Senado Federal

É esta a redação do art. 52 da Constituição Federal:

I - processar e julgar o Presidente da República e o Vice-Presidente nos crimes conexos, bem como os Ministros e Estado e Comandantes das Forças Armadas, nos crimes de responsabilidade conexos (relacionados) àqueles.

Vimos linhas atrás que a autorização para o julgamento dessas autoridades deve ser dada por 2/3 dos membros da Câmara dos Deputados.

Nas infrações penais comuns – aí incluídos os crimes eleitorais, militares ou as contravenções261 – o Presidente e o Vice-Presidente serão julgados pelo STF.

Em relação aos Ministros de Estado, cabe uma ressalva: se eles praticarem o crime de responsabilidade juntamente com o Presidente da República ou Vice, serão julgados pelo Senado. Não havendo a conexão, caberá ao STF o julgamento desse agente, tanto no crime comum quanto no crime de responsabilidade.

II - processar e julgar Ministros do STF, membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o Procurador-Geral da República (PGR) e o Advogado-Geral da União (AGU), nos crimes de responsabilidade;

A condenação por crime de responsabilidade das autoridades listadas nos incisos I e II do art. 52 da CF/88 dependerá de 2/3 dos votos do Senado Federal.

Deve-se lembrar que essa condenação se limita à perda do cargo, com inabilitação para o exercício da função pública por 8 anos. É uma espécie de condenação política, e não penal.

Vale mais um alerta: é que, embora a Constituição tenha previsto a competência do Senado para julgar os membros do CNJ e CNMP em caso de crime de responsabilidade, ela não disse a quem caberia o julgamento dessas autoridades quando praticassem crimes comuns.

Desse modo, não haverá foro por prerrogativa de função para o julgamento de crime comum tão só pelo fato de a pessoa atuar como membro do CNJ ou do CNMP.

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156 É certo que alguns integrantes dos referidos conselhos ostentam o foro especial, mas isso se dá em razão de outro cargo que ocupam. Exemplificando, um Ministro do STJ também integrará o CNJ. Caso ele cometa crime comum, será julgado pelo STF, não pelo fato de ser membro do CNJ, mas, sim, por ser Ministro de Tribunal Superior – art. 102, I, ‗c‘, da CF/88.

ATENÇÃO: no julgamento tanto das autoridades do inciso I, quanto nas do inciso II, a sessão de

julgamento do Senado Federal será presidida pelo Presidente do STF.

III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: a Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c Governador de Território;

d Presidente e diretores do Banco Central; e Procurador-Geral da República;

f titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

A suspensão de eficácia vale para o controle difuso (exercido prioritariamente por meio de recurso extraordinário). Tratando-se de controle abstrato de constitucionalidade – ex.: ação direta de inconstitucionalidade –, não será necessária essa providência por parte do Senado, pois a decisão do Supremo Tribunal nesse caso já é dotada de efeito vinculante erga omnes (contra todos).

Esclarecemos que, em atenção ao princípio da separação de poderes, o Senado Federal só suspende a eficácia da lei se quiser, ou seja, o STF não pode determinar que ele adote essa providência.

De acordo com Gilmar Mendes262, com a crescente abstrativação ou objetivação do controle difuso, esse dispositivo teria sofrido verdadeira mutação constitucional, servindo na atualidade apenas para dar publicidade à decisão da Suprema Corte.

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;

A destituição do PGR antes do término do prazo de dois anos depende de iniciativa do Presidente da República, e deverá ser precedida de autorização de maioria absoluta do Senado.

XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da

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MENDES, Gilmar Ferreira. O papel do Senado Federal no controle de constitucionalidade: um caso clássico de mutação constitucional. Revista de Informação Legislativa. Brasília, v. 41, nº 162, abr/jun 2004, pág. 165. Alertamos aos estudantes que a questão referente à abstrativação do controle difuso, também chamada de transcendência dos motivos determinantes, encontra-se pendente de julgamento no âmbito da Suprema Corte. Há a necessidade de se acompanhar o desfecho da Rcl

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respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes

orçamentárias;

XIV - eleger dois membros do Conselho da República.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

14.5. Reuniões

Durante o período compreendido entre 02/02 a 17/07 e 01º/08 a 22/12 funciona a sessão legislativa ordinária. Fora desse período, ou seja, no intervalo entre 18/07 a 31/07 e 23/12 a 1º/02 ocorre o recesso parlamentar.

O calendário atualmente utilizado teve sua redação conferida pela EC 50/06. Ela foi importante por implementar duas mudanças. A primeira delas foi a redução do período de recesso parlamentar, de 90 para 55 dias.263

A outra, consistiu no fim do pagamento de verbas extraordinárias, conhecidas como jeton, nos casos de convocação extraordinária. Esta, aliás, continua existindo, e pode ser convocada nas seguintes situações:

Hipóteses de convocação extraordinária

Quem pode convocar Hipóteses

Presidente da República

Em caso de urgência ou interesse público relevante, sempre com aprovação da maioria absoluta de cada uma das

Casas do Congresso Nacional. Presidente do Senado Federal

Presidente da Câmara dos Deputados

Requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas

Presidente do Senado

Decretação de estado de defesa; Decretação de intervenção federal;

Pedido de autorização para a decretação de estado de sítio; Para o compromisso e a posse do Presidente e Vice-Presidente da República.

Durante sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, além das medidas provisórias que estiverem em vigor na data da convocação da sessão.

Segundo o art. 57, § 2º, CF/88, a sessão legislativa não pode ser interrompida sem a aprovação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Há também a previsão das situações nas quais ocorrerá a sessão conjunta, abrangendo a Câmara e o Senado. São elas: a) inauguração de sessão legislativa; b) elaboração de Regimento Interno comum; c) criação de serviços comuns às duas Casas; d) receber compromisso do Presidente e Vice-Presidente da República; e e) conhecer do veto do Presidente da República e sobre ele deliberar.

Uma observação: embora normalmente as sessões legislativas comecem no dia 02 de fevereiro, cada uma das Casas deverá se reunir a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da

legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois)

anos, sendo vedada a recondução para o mesmo cargo, na eleição subsequente.

A proibição de recondução dos integrantes das mesas das Casas legislativas, na visão da Suprema Corte, não é norma de repetição obrigatória. Em outras palavras, podem as Constituições Estaduais – no caso do Distrito Federal, a Lei Orgânica – possibilitarem a reeleição para o mesmo cargo.

Nesse sentido:

CONSTITUCIONAL. ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA ESTADUAL: MESA DIRETORA: RECONDUÇÃO PARA O MESMO CARGO. Constituição do Estado de Rondônia, art. 29, inc. I, alínea b, com a redação da Emenda Const. Estadual nº 3/92. C.F., art. 57, § 4º. TRIBUNAL DE CONTAS: CONSELHEIRO: NOMEAÇÃO: REQUISITO DE CONTAR MENOS DE SESSENTA E

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158 CINCO ANOS DE IDADE. Constituição do Estado de Rondônia, art. 48, § 1º, I, com a redação da Emenda Const. Estadual nº 3/92. C.F., art. 73, § 1º, I. I. - A norma do § 4º do art. 57 da C.F. que,

cuidando da eleição das Mesas das Casas Legislativas federais, veda a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, não é de reprodução obrigatória nas Constituições dos Estados-membros, porque não se constitui num princípio constitucional estabelecido.264

No documento 1. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO (páginas 154-158)