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Direito sindical

No documento 1. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO (páginas 83-87)

QUESTÕES SOBRE O TEMA

9.3. Direito sindical

84 Os artigos 8º a 11 do texto constitucional tratam do direito sindical, prevendo alguns princípios que nortearão o tratamento da matéria, a seguir estudados.

9.3.1. Princípio da liberdade sindical

Segundo o art. 8º, I, da CF/88, a lei não pode exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao poder público a interferência e a intervenção na organização sindical.

Esse princípio apresenta duas facetas.

Na relação entre Estado x sindicato, prevê-se a não-intervenção estatal no que tange à autorização para a criação de sindicato. Há apenas a exigência de registro no órgão competente, que seria o Ministério do Trabalho e Emprego.

Já na relação entre sindicato x sindicalizado, temos que ninguém será obrigado a se sindicalizar ou permanecer sindicalizado. Essa regra seria uma extensão do princípio da liberdade de associação, inserida no art. 5º da CF/88.

No Informativo nº 638/STF, encontramos decisão da Suprema Corte no sentido de que o

sindicato, registrado no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, possuiria personalidade jurídica, independentemente de registro no Ministério do Trabalho, sendo, em razão disso, parte legítima

para atuar na defesa dos integrantes da categoria153.

9.3.2. Princípio da unicidade sindical

Pelo princípio da unicidade sindical, é vedada a criação de mais de uma organização

sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base

territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um município.

9.3.3. Contribuição sindical e contribuição federativa

Há duas espécies de contribuição que não se confundem. Para melhor compreensão do tema, recorremos ao seguinte quadro esquemático:

Contribuição sindical Contribuição federativa

Todos os trabalhadores devem pagar, mesmo que não sejam filiados a sindicato.

Ela corresponderá a um dia de trabalho por ano.

Só deve ser paga pelo trabalhador sindicalizado.

São as mensalidades pagas a sindicatos, federações e confederações.

9.3.4. Estabilidade do dirigente sindical

Estatui o inciso VIII do art. 8º da CF/88 ser vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Essa estabilidade vai desde o registro das candidaturas até a eleição (para todos os concorrentes); aos eleitos, estende-se até um ano após o final do mandato. Ela funciona como mecanismo a resguardar a própria categoria, permitindo que o seu dirigente atue sem medo de represálias, de perder seu sustento.

Há também previsão de que a garantia se estenda aos suplentes na chapa.

No entanto, a estabilidade não é absoluta, pois se o trabalhador cometer falta grave poderá ser demitido, após regular tramitação de inquérito para apuração de falta grave.

Quanto ao membro eleito da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –, prevê a norma constitucional (art. 10, II, a, do ADCT) que a estabilidade abrange desde a eleição até um ano após o término do mandato.

153

85 Cabe ainda lembrar que a estabilidade da gestante é prevista no art. 10, II, b, do ADCT. Esse dispositivo diz ser vedada a dispensa da empregada, sem justa causa, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

Para o STF, a estabilidade da gestante também alcança as trabalhadoras em caso de

contrato por prazo determinado154.

O Tribunal também defende que para a trabalhadora ver assegurada a estabilidade no emprego basta a confirmação do estado de gravidez. Nesse compasso, não se faz necessária a

prévia comunicação ao empregador, mesmo quando pactuada em sede de negociação coletiva.155

9.3.5. Direito de greve dos trabalhadores

Prevê o artigo 9º da CF/88 ser assegurado o direito de greve aos trabalhadores, sendo que cabe a eles decidir sobre a oportunidade de exercer esse direito.

A norma constitucional diz ainda que a lei deverá definir os serviços e atividades essenciais. Nessa hipótese, por envolver interesse público (ex.: transporte público, serviços de fornecimento de água), o exercício do direito de greve sofrerá restrições.

Atendendo ao chamamento constitucional, o Congresso Nacional editou a Lei nº 7.783/89, que define a forma de exercício do direito de greve.

Calha ressaltar que o STF, ao julgar mandados de injunção nos quais se buscava que fosse assegurado o direito de greve de servidor público, determinou que os servidores usassem a lei dos serviços essenciais até que o Congresso Nacional regulamentasse o dispositivo constitucional (art. 37, inciso VII, da CF/88)156.

Ainda dentro do direito sindical, dispõe a CF/88 que nas empresas com mais de 200 empregados será assegurada a eleição de um representante para negociação.

Entendemos necessário alertar aos estudantes que a Lei nº 8112/90, ao tratar dos servidores públicos, estabelece que nas entidades com até 5 mil servidores, um pode pedir licença para mandato classista. Se essa entidade possuir entre 5.001 e 30.000 servidores, poderão dois servidores pedir licença. E, caso ela conte com mais de 30.000 servidores, o número salta para três servidores.

QUESTÕES SOBRE O TEMA

1 (TCE/RN / ASSESSOR TÉCNICO DE CONTROLE E ADMINISTRAÇÃO) A CF insere, entre os direitos dos

trabalhadores urbanos e rurais, a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.

2 (AGENTE ADMINISTRATIVO / MDS / 2009) É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores

nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

3 (AGENTE ADMINISTRATIVO / MDS / 2009) É assegurado o direito de greve aos trabalhadores, sendo que os

abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

4 (AGENTE ADMINISTRATIVO / MDS / 2009) Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos da

categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas, e não dos direitos e interesses individuais da categoria.

5 (JUIZ FEDERAL/ TRF 1°REGIÃO – COM ADAPTAÇÕES) Julgue os itens acerca da ordem social e dos direitos

constitucionais dos trabalhadores.

A A CF não prevê, entre os direitos sociais coletivos dos trabalhadores, o direito de representação classista. B De acordo com a CF, a fundação de sindicato rural demanda autorização prévia do poder público e registro no

órgão estatal competente. QUESTÃO 13

6 (TÉCNICO ADMINISTRATIVO / TRE-MT) Assinale a opção correta no que se refere aos direitos sociais.

A Pelo princípio da irredutibilidade salarial, a CF veda a redução de salários, mesmo que por decisão judicial,

convenção ou acordo coletivo de trabalho.

154

RE 287.905/SC, Relator para acórdão Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 30.6.2006.

155

AI 448.572-ED/SP, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 16.12.2010.

156

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B A licença-paternidade é benefício que até hoje não foi regulamentado pela legislação infraconstitucional,

continuando em vigor o mandamento previsto no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que fixou o prazo de sete dias corridos para sua concessão.

C A CF elevou o décimo terceiro salário a nível constitucional, colocando-o na base da remuneração integral, para

o trabalhador na ativa, e do valor da aposentadoria, para o aposentado.

D O salário mínimo pode ser fixado tanto por lei em sentido formal quanto por decreto legislativo, com vigência em

todo o território nacional, que consubstancia a participação do Congresso Nacional na definição do montante devido à contraprestação de um serviço.

E A CF assegura ao trabalhador assistência gratuita aos seus filhos e dependentes desde o nascimento até seis

anos de idade em creches e pré-escolas.

7 (ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/ MS) Uma gestante que tenha pactuado contrato de trabalho

temporário por seis meses não possui o direito à licença maternidade.

8 (ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO / MS) O direito de greve é um direito relativo, pois pode sofrer

limitações, inclusive em relação às atividades consideradas essenciais.

9 (DEFENSOR PÚBLICO 2° CATEGORIA / DPU) Os direitos sociais previstos na Constituição, por estarem

submetidos ao princípio da reserva do possível, não podem ser caracterizados como verdadeiros direitos subjetivos, mas, sim, como normas programáticas. Dessa forma, esses direitos devem ser tutelados pelo poder público, quando este, em sua análise discricionária, julgar favoráveis as condições econômicas e administrativas.

10 (TRE/GO Técnico Administrativo 2009) Não constitui direito social dos trabalhadores urbanos e rurais:

A) a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. B) a garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.

C) o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, excluindo-se a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

D) a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo.

E) a assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até cinco anos de idade, em creches e pré-escolas.

11 (DETRAN Auxiliar de Trânsito 2009) O lazer é um direito social garantido pela CF/88.

12 (PROCURADOR DO BACEN/2009 – COM ADAPTAÇÕES) Acerca de nacionalidade e direitos políticos e

sociais, no ordenamento jurídico brasileiro, julgue os itens.

A É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a jornada de sete horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.

B O ordenamento jurídico nacional não assegura aos trabalhadores o direito de relacionamento com organizações sindicais internacionais nem o direito de filiação a essas organizações.

13 (ANAC Analista Administrativo 2009) No direito de greve, além do fato de o empregado não trabalhar,

incluem-se diversas situações de índole instrumental, tais como atuação em piquete pacífico, passeata, propaganda, coleta de fundos, operação tartaruga e não colaboração.

DIREITOS SOCIAIS

01 C 02 C 03 C 04 E 05 EE

06 C 07 E 08 C 09 E 10 C

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10. DIREITOS DA NACIONALIDADE

Nos artigos 12 e 13 a CF/88 trata da sistemática aplicável à nacionalidade, definindo os critérios para o enquadramento na condição de brasileiro nato e de naturalizado.

Há, também, o estabelecimento de hipóteses que conduziriam à perda da nacionalidade, entre outros temas correlatos.

O direito internacional prevê duas formas de aquisição da nacionalidade: a originária (ou primária) e a derivada (ou secundária).

A nacionalidade originária é conferida àqueles que preencham determinados requisitos ligados ao sangue (jus sanguinis) ou ao nascimento dentro do território do país (jus solis).

No Brasil, o constituinte deu prevalência ao critério do território (jus solis). Tal regra, no entanto, sofre temperamentos, pois, em determinadas situações, foi acolhido o critério de sangue (jus sanguinis), sempre agregado a outra circunstância.

Lembramos que as pessoas podem possuir mais de uma nacionalidade, caso haja permissão pelas regras do país. Vê-se, nesses casos, a figura da dupla nacionalidade. A pessoa será chamada de polipátrida.

Em sentido contrário, há casos em que a pessoa não possuirá nenhuma nacionalidade, quando será chamado de apátrida (ou, do direito alemão, heimatlos).

No documento 1. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO (páginas 83-87)