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Componentes das variações na atividade econômica

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Fonte: Adaptado de Taylor e Twomey (1988).

Mas, as novas firmas se instalam sempre em um local, sendo, pois, de vital importância, numa análise minimamente séria do fenômeno da natalidade empresarial, ter em conta a dinâmica espacial. Alguns estudos apontam que a tal efeito responde a introdução da noção de localidade na teoria do desenvolvimento. Por outro lado, os recursos dos quais o local é detentor (potencial

Variação líquida na atividade econômica

Incremento bruto na atividade econômica Decréscimo bruto na atividade econômica

Abertura de novas empresas Nascimento de empresas Empresas de outras áreas Crescimento endógeno de empresas Afluência de empresas de outras áreas Novas plantas (investimento interno) Fechamento de empresas Saída de empresas Transferências de empresas Diminuição de empresas endógenas Abertura de novas empresas Investimento externo

endógeno) não é um elemento privativo das regiões13, quando responder também pelo processo de criação de riqueza em outros micro-espaços produtivos.

1.3.1 Os estudos sobre desenvolvimento a partir dos recursos locais

Tradicionalmente, no planejamento, no sentido de impulsionar o desenvolvimento de uma determinada área, os pesquisadores e políticos colocam seu foco na natalidade empresarial associada à possibilidade de investimento privado externo ou na ação de instituições públicas. No entanto, desde os anos 1980, o reconhecimento da grande incidência do território nos processos de reestruturação, tem levado a considerar a importância que apresenta a inclusão da dimensão local nos âmbitos do sistema produtivo, do mercado de trabalho, da vida comunitária e da forma de administração e gestão dos recursos.

Assim, no mundo acadêmico, o desenvolvimento local tem se convertido em objeto de estudo de primeira ordem, a partir de uma variada gama de enfoques visivelmente inter- relacionados. Nesse sentido, Benko (1995) identifica duas grandes categorias:

a) As aproximações de corte puramente territorial, onde emergem três enfoques diferentes:

os trabalhos sobre distritos industriais e sistemas produtivos locais, fundamentalmente estudados por pesquisadores italianos (Becattini, Bagnasco, Brusco, Bellandi, Dei Ottati, Sforzi, Garofoli, Trigilia, entre outros), franceses (Courlet, Pecqueur, Soulage, Gilly, entre outros) e espanhóis (Vasquez Barquero, Costa, Ybarra); os estudos dedicados aos chamados milieux innovateurs (ou meios inovadores), ligadas a Aydalot e aos estudiosos vinculados ao Groupe de recherche européen sur les milieux innovateurs (GREMI) e ao Institut de recherches économiques et régionales (IRER) da Universidade Suíça de Neuchátel (Camagni, Quévit, Senn, Perrin, Maillat, Crevoisier, entre outros) e os estudos

13 O enfoque do potencial de desenvolvimento regional parte dos estudos de Biehl (1988) em torno da presença de uma região determinada de

recursos, fundamentalmente públicos (infra-estruturas, situação geográfica, vantagens de aglomeração e estrutura setorial), que determinam a renda, a produtividade e o emprego potenciais. Tais recursos apresentam quatro características básicas: indivisibilidade, insubstitutibilidade, imobilidade e polivalência, nas quais poderia acrescentar a durabilidade, existência de um suporte mínimo de eficiência, complementaridade e interdependência entre si. Conforme Castillo Hermosa (1994), uma interpretação equivocada tem levado muitos a considerar este enfoque como uma mera teoria do papel das infra-estruturas no desenvolvimento regional. No entanto, o autor enfatiza a ascensão das fontes de crescimento endógeno sobre as do tipo exógeno, em matéria de desenvolvimento regional, ao considerar, junto às infra-estruturas de transporte, comunicações e urbanas, a vitalidade das vantagens associadas a outros ingredientes de variado valor, tais como: o dinamismo das empresas (marcado por empresários com iniciativa e informação e por pessoas aptas para tarefas de gestão e direção); a oferta de mercado de trabalho; a rede de serviços (informativos, educativos, sanitários etc) disponíveis ou com relatividade proximidade; e a própria estrutura espacial, isto é, o meio ambiente natural e urbano.

sobre a dinâmica territorial de metrópole14 (com Scott, Storper, Walker, Benko, Castells, Hall, entre outros)15.

b) Os trabalhos de inspiração regulacionista, bastante influenciados pelos estudiosos dos distritos industriais. São identificadas três linhas de pesquisa: a centrada nas relações locais entre trabalho e capital (representada por autores como Leborgne e Lipietz); a referente à dinâmica das redes inter-empresariais de escala territorial (com Veltz e Castells como destacados expoentes); e a que se ocupa da análise dos diferentes mecanismos locais de regulação das relações econômicas (vinculada aos aportes do francês Salais e dos norte-americanos Storper e Harrison).

Assim, dos aportes identificados, os que têm obtido maior repercussão correspondem àqueles do primeiro grupo. Junto com os trabalhos dos defensores da tese da especialização flexível (Piore, Sabel, Storper, Coriat etc.) têm sido essas as que romperam com o padrão único e homogêneo de desenvolvimento (baseado na grande empresa verticalmente integrada e concentrada, em geral, no âmbito urbano ou próximo a ele), abrindo caminho para uma discussão mais profunda das relações entre desenvolvimento e território. É nesse contexto onde cabe situar um conjunto de reflexões em torno da diversidade de padrões de desenvolvimento local existentes na geografia espacial resultante da crise, cujos modelos, centrados atualmente em fenômenos da descentralização e dispersão industrial, respondem a uma dupla tipologia: modelos de desenvolvimento local endógeno e modelos de desenvolvimento local exógeno (GAROFOLI e MAZZONI, 1994).

Dentro de ambas as tipologias é possível identificar uma ampla variedade de modelos, processos ou novos espaços industriais (Diagrama 2), todos eles caracterizados por um elevado dinamismo, na medida em que, devido à contínua interação de elementos econômicos, sociais e culturais, estão sujeitos a um processo de crescimento e mudança contínuos.

Assim, poderia se considerar como modelo de desenvolvimento local exógeno, principalmente, os processos de industrialização dominados pela grande empresa, pouco inter-

14 Alguns desses trabalhos, como o de Scott (1985;1988) ou o de Storper e Walker (1989), foram inspirados na teoria dos custo de transação de

Coase (1937) e do institucionalista Williamson (1985), no sentido de encontrar evidências da existência de economias de aglomeração, de acmulação flexível e de desintegração vertical nas concentrações urbanas e nos pólos de crescimento californianos que emergiram praticamente do nada.

15 Entre a bibliografia básica correspondente ao estudo dos distritos industriais, sistemas produtivos locais e meios inovadores cabe destacar

Becattini (1975; 1979; 1987; 1989); Brusco (1982); Garofoli (1983; 1989; 1991); Pyke, Becattini e Sengenberger (1990); Sengenberger, Loveman e Piore (1990); Benko e Lipietz (1992); Pyke e Sengenberg (1992); Vázquez Barquero (1988; 1993; 1999); Costa (1988; 1992); Ybarra (1991);

relacionada com as firmas e o entorno locais. Este é ocaso das áreas de desconcentração produtiva, resultantes da descentralização funcional e da relocalização de grandes companhias externas, das zonas de promoção industrial, sustentadas pelos gastos realizados pela administração do Estado, dos tradicionais pólos de crescimento e tecnológicos.

Nessas experiências, as decisões determinantes do processo de desenvolvimento (com suas repercussões em termos de ocupação e de alteração da estrutura social) são protagonizadas por agentes econômicos externos, correspondendo ao território um papel eminentemente passivo16. Fatores como baixos salários, custo reduzido da terra, deseconomias de urbanização em localização prévia, incentivos financeiros e fiscais, são de crucial importância nas pautas de localização das unidades produtivas, mais do que a existência de potenciais sinergias no ambiente local.

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