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Impactos da inovação tecnológica na fruticultura chilena

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A FRUTICULTURA NO BRASIL E NO CHILE – TRAJETÓRIAS DIFERENTES

2) Pólos com potencial para expansão

3.2 A tradição da fruticultura chilena: origens e desenvolvimento

3.2.5 Impactos da inovação tecnológica na fruticultura chilena

Sopesadas as questões analisadas no tópico anterior, podemos dizer que a evolução das exportações agrícolas chilenas nos últimos tempos, especialmente as frutícolas, não se pode explicar, conforme apontam diversas análises, somente em função das vantagens comparativas dos países ou da existência de um marco institucional adequado ou de condições internas e externas favoráveis. A história recente indica que estes fatores puderam ser aproveitados à medida que se foram incorporando inovações tecnológicas importantes que abriram novas perspectivas à produção e exportação agropecuárias. Assim, conforme

menciona Méndez (2002), a tecnologia representa um fator importante que objetiva melhorar a competitividade das empresas, redundando em crescimento econômico.

Conforme entrevistas realizadas com atores-chave e observações in loco, tanto no Brasil como no Chile, percebe-se que a tecnologia é um dos elementos essenciais para o crescimento da atividade, para a qual não se tem dado a importância que merece na hora de interpretar o processo exportador recente e extrair conclusões pertinentes. Dessa forma, enquanto não se produziram esses avanços, a fruticultura esteve distanciada dos sistemas de comercialização dos mercados externos, e os problemas de qualidade impediram seu acesso a melhores canais de distribuição.

Dessa forma, na análise abaixo, sustenta-se que a incorporação de novas tecnologias tem transformado o processo de produção, processamento, distribuição e comercialização no setor frutícola daquele país, que, por sua vez, tem transformado por completo a história do próprio setor agropecuário. Além disso, deduzimos que os produtos frescos ainda possuem um futuro bastante promissor, considerando-se que estão dadas as condições para que a

produção futura siga incorporando tecnologias cada vez mais sofisticadas. Vale

ressaltar que os avanços tecnológicos verificados na produção de frutas chilena tem nexo com os aportes teóricos sobre inovação do Capítulo I , visto que a teoria do “meio/entorno inovador” centrou a sua argumentação nos aspectos relativos à organização empresarial e sua capacidade para alcançar o melhor grau de desenvolvimento econômico, entendido aqui como a combinação de crescimento e geração de vantagens competitivas. Fazemos referência aos estudos sobre os sistemas produtivos localizados de Benko e Lipietz(2000) e de Benko e Pecqueur (2001), cujos autores dão ênfase ao protagonismo dos atores locais e a sua identificação, como fonte de introdução de inovações por meio do conhecimento e como forma de renovação das políticas públicas de promoção econômica e desenvolvimento local.

Sustenta-se aqui que a experiência chilena tem transitado com algum êxito pelas primeiras etapas da seqüência inovativa da fruticultura. No entanto, será necessário recorrer a novas etapas para que tal posição perdure. Assim, consideramos que, tanto para o Brasil quanto para o Chile, conhecer o que se tem feito é um passo para essa direção, visto que, para a fruticultura, o desenvolvimento tecnológico foi decisivo no passado, segue sendo no presente e com certeza o será também no futuro.

No que diz respeito à produção, o conhecimento das melhores condições para obter as diversas espécies e variedades, unido à existência de dados confiáveis sobre as distintas áreas agro-climáticas, têm levado a produzir cada produto nas localidades que são mais propícias. Em muitos casos, a localização dos pomares se realiza, na atualidade, de acordo

com critérios mais técnicos e não só tendo em conta a intuição do agricultor. No desenho das hortas, são aplicados padrões de alta densidade, o que tem possibilitado plantar maior número de árvores por hectare. Por outro lado, o sistema de irrigação também tem sofrido grandes transformações, em especial nas localidades onde a água é escassa. Além das modalidades tradicionais de irrigação por gravidade, estão sendo utilizados sistemas de gotejamento, com micro-aspersores.

Na atualidade estão aplicando toda a tecnologia disponível a nível internacional, como por exemplo, os reguladores de crescimento hormonal, raleadores químicos e novos sistemas de controle de doenças, de poda e de fertilização. O maior conhecimento dos aspectos fitossanitários, assim como a determinação da origem de certos transtornos fisiológicos, traduzem-se na criação de novos sistemas de controle de pragas e enfermidades e no desenvolvimento de técnicas de prevenção destes problemas. A colheita se realizada de acordo com os índices de maturação, o que tem melhorado sobremaneira a qualidade do produto. No que diz respeito ao material genético, também se observa inovações dignas de destaque, tais como a importação de material certificado e livre de vírus e a introdução de métodos de manejos de viveiros e controle químico, assim como modernas técnicas de reprodução.

Como conseqüência destas transformações, verifica-se a incorporação de novas áreas geográficas no negócio da fruticultura, inclusive localidades de baixa atividade agropecuária no passado, como é o caso de regiões semi-áridas do norte do país, que têm potencializado suas vantagens climáticas para incorporar linhas muito específicas de produção frutícola.

Como resultados do conjunto destas transformações, obtiveram-se maiores rendimentos por hectare e aumentaram-se a porcentagem de produtos exportáveis em relação à produção total.

No que diz respeito à etapa de processamento (seleção, classificação e embalagem), com o tempo, os desenhos e tamanhos das centrais frutícolas também se modificaram. As novas plantas são construídas com vistas a obter maior funcionalidade, mediante o emprego de novos materiais e a instalação de novos equipamentos e linhas de produção. Verifica-se a incorporação maciça das linhas de seleção mecanizadas e eletrônicas, assim como o controle computadorizado dos processos, introdução de sistemas de resfriamento rápido, que empregam ar e pressão permitindo baixar a temperatura da fruta a níveis bem próximos de zero grau em poucas horas, bem como câmaras de atmosfera controlada e modificada, nas quais se podem conservar melhor os produtos em estado fresco.

Uma inovação de grande importância é a que se refere às mudanças no sistema de embalagens para exportação. Primeiro, se introduziu o sistema de pallets e depois começaram a utilizar caixas de madeira e de papelão de alta qualidade. Desta forma, são alcançados níveis de eficiência antes desconhecidos na distribuição, especialmente na que se realiza por via marítima, o que tem melhorado de forma apreciável a qualidade do produto final.

No tocante à distribuição e comercialização, os avanços tecnológicos incorporados apontam para uma melhoria a cadeia de frios em todas as etapas da distribuição, em geral, entre a colheita e o consumo dos produtos frutícolas verificam-se perdas em quantidade e qualidade e o êxito da sua comercialização dependerá dos procedimentos utilizados para evitar a deterioração dos produtos, ou seja, do esfriamento rápido e o armazenamento em condições adequadas. Estima-se que a magnitude das perdas de pós-colheita em frutas frescas oscilem entre 5 e 25% nos países desenvolvidos e entre 20 e 50% nos países em desenvolvimento, dependendo do produto.

2311 504 2715 558 3041 612 3338 661 3608 692 1995 1998 2001 2004 2006

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