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Concepções, relações e práticas pedagógicas: a escola 1

OBSERVAÇÕES DO COTIDIANO ESCOLAR: AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

6.1 Concepções, relações e práticas pedagógicas: a escola 1

Para realizar as observações, foi elaborado, junto com a orientadora da pesquisa, um roteiro de observação. As observações realizadas no interior da escola foram registradas e sistematizadas no diário de campo (fevereiro a dezembro de 2007). Os registros eram feitos durante ou após a pesquisadora sair da escola.

As observações ocorreram no período matutino, duas vezes por semana, sempre em dias alternados, para que fosse possível observar uma professora de cada série, uma turma antes e outra após o recreio, alternando.

Desta maneira, foi possível observar a entrada das crianças às aulas, bem como a volta do recreio, e a saída delas após o horário de aula.

Na hora da entrada, antes e após o recreio, bem como na hora da saída, os alunos e as alunas eram sempre organizados em filas, uma de meninos e outra de meninas. Na hora da entrada, organizados em filas no pátio, faziam uma oração e depois cantavam uma ou duas músicas que, na maior parte das vezes, se repetia ao longo do ano (Olha bola e Pindorama – Palavra Cantada). Após o recreio, também cantavam essas músicas antes de voltarem para as salas de aula. De acordo com alguns relatos das professoras, esse procedimento acalmava as

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Vale lembrar que parte da análise dos dados dessa escola encontra-se no Trabalho de Conclusão de Curso. A esse respeito, consultar: JESUS, H. A. de. Educação em direitos humanos: um estudo de caso sobre a concepção de uma escola pública de periferia das séries iniciais do Ensino Fundamental. 2008. 165 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Pedagogia)–Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2008. Neste momento, alguns dados são retomados e aprofundados.

crianças. Uma vez por semana, os alunos e alunas, sempre em filas, cantavam o Hino Nacional na presença das bandeiras do Brasil, de São Paulo e do Município no pátio.

Na hora da entrada, faziam a seguinte oração antes de cantar uma música: Bom dia meu Deus querido,

as aulas já vão começar. Nós queremos que Senhor venha conosco ficar. Aqui estamos juntinhos, vamos já trabalhar. Abençõe nossa sala, nossa escola e nosso lar.

Muito obrigado meu Deus. Muito obrigado Senhor. Não há riqueza maior do que possuir seu amor. Meu anjo da guarda, meu bom amiguinho me leve sempre

para o bom caminho. (Amém).

Em relação às regras em sala de aula, não foi possível observar a sua construção, pois geralmente acontece logo no início do ano letivo, mas em cada sala havia um cartaz, geralmente em papel pardo, no qual estavam descritas as regras da turma. Não estavam descritas as punições previstas no caso de infrações às regras.

Algumas vezes, as professoras, a partir de alguma situação em sala de aula, inseriam um novo combinado, uma nova regra, interrogando os alunos e as alunas se estavam

combinados. Antes mesmo das crianças se pronunciarem, as professoras diziam que então

estavam combinados. Essas situações levantam a hipótese de que talvez os alunos e as alunas desconheçam a construção coletiva de construção das regras, o que contraria(ria) a maior parte das falas das professoras durante a entrevista, que afirmaram a construção coletiva das mesmas.

Foram combinadas escritas e oralmente. (JÚLIA E1, 2007).

Segundo dia de aula nós sentamos. Nós fizemos um cartaz em que eles foram falando o que prejudicaria o andamento da sala, daí eu fui registrando, depois todos registraram, assinaram no caderno, e as regras ficam fixadas na sala. Pelo menos uma vez na semana, nós fazemos a leitura delas. (ESTER E1, 2007).

Eu coloquei entre eles. Eles mesmos já estão acostumados, a maioria que se comporta, que faz isso, tem noção de comportamento, de respeito, de

educação. Então entre eles mesmos foram falando como deveria fazer, o que deve ser feito primeiro, depois o que não pode. (MARIANA E1, 2007).

A atitude das professoras em registrar as regras lembra o registro do contrato

pedagógico103 (uma das maneiras de regular a convivência em sala de aula) proposto por

Aquino (2003), de forma escrita, a fim de evitar possíveis ambiguidades das regras, pois, em caso de dúvidas, é possível consultá-las e, caso haja necessidade, revisá-las. Contudo, é preciso atentar para não correr o risco do faz de conta pedagógico, no qual os alunos e as alunas pensam que constroem as regras, quando na verdade são as professoras que conduzem as suas opiniões para aquilo que acham ser mais produtivo para o desenvolvimento das aulas, sem o necessário debate e construção coletiva das regras, sem a qual torna-se difícil os alunos e alunas se comprometerem a respeitá-las.

Davis e Luna (1991), citado por Aquino (2003, p. 68), explicitam que

Um exercício saudável a ser empreendido em cada escola e cada sala de aula é a explicitação não só das razões pelas quais se considera importante cumprir determinadas atividades, como também das formas através das quais se espera cumpri-las. Estipular em conjunto as regras que pautarão a conduta a ser seguida por todos aqueles envolvidos no processo de conhecer — diretores, professores e alunos — constitui uma rica ocasião para se enfronhar na elaboração tanto de regras comuns como de artifícios para garanti-las, uma vez que a participação coletiva nesse processo legitima a necessidade de obedecer aos resultados.

A prática pedagógica da professora Joseane (E1, 2007), a partir das observações realizadas, parece coincidir com a sua fala, conforme será visto adiante.

Bom de duas formas: houve um pedido entre aspas da escola para que algumas das regras fossem faladas, comunicadas, escritas num cartaz e relidas constantemente, e eu acatei e fiz. Agora, periodicamente, nós vimos conversando sobre problemas que acontecem no dia-a-dia. O ponto forte que eu estou agora é a questão do comportamento agressivo, não é problema tão grave como eu tinha no ano passado104 [...] mas para que não aconteça e não

103A esse respeito, consultar: AQUINO, J. G. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São Paulo:

Moderna, 2003.; MORO, P. A. de B. Contratos em sala de aula: as regras escolares em questão. 2004. 120 f. Dissertação (Mestrado em Educação)–Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

104A respeito da situação que vivenciou com a sua turma de 2006, a professora relatou o seguinte: “No ano

passado eu sofri muito com a minha turminha. Eu tinha uma aluninha que puxava os meus cabelos até o joelho. Prendia o cabelo, mas a franja sempre soltava, aqui [apontou para o tornozelo] era tudo roxo. Só fui

conseguir a atenção da classe e, em especial a dela, no mês de agosto e, por causa da indisciplina, não consegui desenvolver sequer os conteúdos. Foi muito difícil, porque o meu diretor só foi me dar um respaldo

quando a aluna me agrediu, começou a se debater no chão e eu pedi a um aluno que o fosse chamar. Daí ele veio, pegou ela, colocou no carro e a levou para casa. Ele fez isso umas três vezes, até que ela parou. Ia, quando conseguia, conversando com ela, dizendo que quando ela tivesse algum problema, me chamasse para

fique do jeito que ficou nos anos anteriores, eu já comecei a fazer esse trabalho com rodas de conversa: o que é comportamento agressivo, como a pessoa se sente quando ela é agredida, de que forma a gente pode trabalhar, daí aos pouquinhos nós sempre vamos retomando e conversando.

As professoras apontaram como um elemento dificultoso das relações em sala de aula a indisciplina dos alunos e alunas e a agressividade que predominava em situações de conflito. Frequentemente se podia ouvir o alto tom de voz das professoras e as ordens, sempre dadas no imperativo. Contudo, ficou perceptível que havia exceção. Uma das professoras (JOSEANE E1, 2007) procurava sempre conversar com seus alunos e alunas, ainda que muitas vezes sem sucesso, a respeito das atitudes e comportamentos das crianças. Por meio do trabalho diário dessa professora, com diálogos, foi possível observar as contribuições para as reflexões dos alunos e alunas acerca de seus atos, para encontrarem soluções pacíficas para resolução de seus problemas, o que foi contribuindo para relacionamentos mais amistosos com os colegas. Por meio das rodas de conversa, por exemplo, as crianças tinham oportunidade de conversar sobre os problemas que surgiam, dirigindo-se uns aos outros, expondo suas opiniões, desabafando seus sentimentos, até que encontrassem uma resolução para o problema em questão.

A professora estimulava o diálogo, pedindo para cada um se colocar no lugar do outro e os questionava. Em casos de furtos de materiais, explicava que deveriam pedir emprestados e que o colega tinha o direito de não emprestar, mas que não custava nada ajudar o colega emprestando-lhe algum material, além do zelo que se deveria ter pelas coisas dos outros. Certa vez, um aluno viu o colega mexendo na sua mochila e disse que iria bater nele. A professora escutou e foi perguntando quem iria bater em quem. O aluno se apresentou e justificou o motivo. Logo em seguida, a professora sugeriu a ele que colocasse a mochila na frente (abaixo da lousa) porque assim ninguém mexeria e ele não precisaria bater em ninguém. O aluno concordou rapidamente.

Outra atitude dessa professora diz respeito à conversa que teve com os alunos e as alunas em relação às atividades de Educação Física, das quais, na maioria das vezes, eles se recusavam a participar. Ela explicou a importância da participação nas atividades e no cumprimento das regras, uma vez que, se cumprissem as regras propostas e não achassem a aula legal, teriam liberdade de chamar a professora de Educação Física e lhe dizer que não gostaram da atividade e solicitar a troca por outra atividade. Agindo assim, ressaltou Joseane (E1, 2007), a professora de Educação Física não ficaria chateada. Entretanto, a professora de

conversar. Percebi que quando ela estava nervosa, chamava-me puxando pelo braço, apertando-me e falando toda séria: Vem conversar.” (grifos nossos).

Educação Física não gostou quando, após uma de suas aulas, os alunos e alunas se expressaram, dizendo que não gostaram da atividade que foi proposta e que gostariam de mudar a brincadeira. Os alunos e alunas também se mostraram chateados porque tinham obedecido às regras e participado da atividade, conforme a professora Joseane (E1, 2007) havia explicado.

Durante as observações, um aspecto se destacou: a forma como as crianças resolviam seus problemas, bem como também as brincadeiras que praticavam. A violência, de alguma forma, parecia estar sempre presente. Verbalmente, quando xingavam uns aos outros de

burro, idiota, dirigindo-se uns aos outros com palavrões, ou quando discriminavam uns aos

outros por não terem o que comer em casa (um ser mais pobre do que o outro, fazendo gozações) ou pela raça/etnia. Fisicamente, na resolução de conflitos e nas brincadeiras também.

Entre as brincadeiras, estavam a de lutinha, a de enforcamento: um enforca o outro até que um desista; brincar de par ou ímpar: o(a) vencedor(a) dá um tapa (dedo indicativo e médio) no pulso do(a) perdedor(a), sucessivamente até que um sinta dor e desista.

Certo dia, após o recreio, uma professora (JÚLIA E1, 2007) abriu a porta para os alunos e as alunas entrarem, quando percebeu que R$ 1,00 havia caído do seu bolso; voltou pelo corredor para pegá-lo, mas um aluno que o achou disse que era dele. Nesse curto intervalo de tempo, um aluno da quarta série entrou e agrediu um aluno de sua turma, empurrando-o. A criança bateu com a cabeça na quina da carteira. Criou-se um alvoroço entre as demais. A professora percebeu o tumulto e foi socorrer o aluno agredido. Antes, porém, caminhou em direção ao agressor, esclarecendo que ele não poderia entrar na sala dela daquela maneira e agredir um de seus alunos. Ele apenas sacolejou os braços, respondendo: “Ele mexeu comigo”. O outro aluno foi socorrido e ficou bem.

Em outro momento, durante a aula de educação física, a professora Júlia (E1, 2007) comentou sobre o aluno que agredira o seu aluno. Disse que o mesmo tinha um irmão gêmeo, em outra quarta série, e que soubera que a mãe queria apenas um deles. Acrescentou, em seguida, que não entendia o porquê disso, visto que os dois eram terríveis.

Noutro dia, na hora da saída, um aluno pegou outro pelo colarinho, levou-o até a sala de uma terceira série e disse: “Fulano, foi esse moleque que bateu no seu irmão?” Recebendo uma resposta afirmativa, puxou-o para o fundo do corredor da escola, dizendo-lhe: “Não folga mais não, irmão. Da próxima, a gente mata você”. Chamou outros colegas e segurou firme o menino, para que os outros pudessem bater. A vítima começou a gritar desesperadamente, e logo duas professoras surgiram e os apartaram.

Outro caso anotado durante as observações aconteceu em sala de aula, na quarta série. Um aluno respondeu à sua colega de classe com um palavrão. A professora Ester (E1, 2007) reagiu, dizendo que ele deveria ser expulso da escola, porque ali não era seu lugar, uma vez que ele havia aprendido isso em casa, e dificilmente mudaria. Coincidência (ou não), durante a entrevista com um de seus alunos, o mesmo disse que as crianças indisciplinadas não deveriam frequentar a escola. Isso mostra, dentre outras coisas, que toda a relação educativa é permeada por um vínculo moral, à medida que professores e professoras transmitem valores por meio de suas ações, fornecendo modelos, aprovando ou desaprovando condutas através das relações que estabelecem, por exemplo, com os alunos e as alunas.

Parecia que em alguns momentos os alunos e as alunas não eram vistos como pessoas civilizadas pelas professoras, como gente. A professora Ester (E1, 2007) fez a seguinte pergunta à professora de Artes quando essa chegou à sala das professoras, logo após a realização da entrevista: “Você conseguiu dominar a sala? Eles se comportaram como gente?” Abaixo seguem outras falas:

A escola é frequentada por pessoas educadas e civilizadas. Então comportassem como tal. (PROFª DE EDUCAÇÃO FÍSICA E1, 2007). Vocês precisam aprender a se comportarem como gente na hora de fazer a fila, após o recreio e na hora de voltar pra sala. (JÚLIA E1, 2007).

Em relação ao trabalho com os direitos humanos, no âmbito da prática pedagógica escolar, em termos gerais as professoras, a coordenadora e a diretora105 enfocam o ensino de

valores humanos como respeito mútuo, solidariedade, justiça, não violência. Esse ensino ocorre por meio de diálogos e de reflexões conforme as falas a seguir:

Trabalhando a conscientização com o diálogo e explicando para os alunos o que é certo, o que é errado e até onde é que pode ir. (DIRETORA E1, 2007). O trabalho que a gente faz com os alunos, ou seja, quando acontece uma briga, alguma coisa, você traz ele para perto e você vai explicando para eles, por exemplo, um agrediu o outro, eu falo sempre para eles assim, olha você agrediu, você gostaria de ser agredido? Então você faz um trabalho mesmo nesse sentido de reflexão. (COORDENADORA E1, 2007).

Acho que mais no dia-a-dia não tem jeito, na relação do dia-a-dia não tem outro jeito, eu posso até falar, mas somente vão aprender se acontecer o

105 As funcionárias não serão neste momento mencionadas, porque não possuem uma formação acadêmica

específica, mas ressalta-se que as mesmas acreditam que a escola deve trabalhar com a formação de valores e que estes são aprendidos por meio do comportamento e das atitudes de todas as pessoas que trabalham na escola. Assim se expressa Bárbara (E1, 2007): “Aqui eles têm a gente como exemplo. Se um aluno me vê fazendo alguma coisa de errado, ele vai se achar no direito de fazer também. Agora, se eu estiver fazendo tudo certinho, ele vai ver que o caminho é esse, e então vai seguir o meu exemplo.”

problema no dia-a-dia parar e conversar se não, não tem jeito. (JOSEANE E1, 2007).

Uma professora cita a construção de regras como um meio de se trabalhar na perspectiva dos direitos humanos.

Olha, eu penso a partir das regras, se eu estou certa, não sei, né? Então a partir daquilo que a gente [hesitou] qu’eles mesmos colocaram como regras, porque se não for daquela forma pode atrapalhar o rendimento dos alunos, partindo daí não me vem outra ideia de uma outra forma que eu poderia ta trabalhando. (ESTER E1, 2007).

Outra professora apresenta uma resposta vaga, mas parece indicar que a educação em direitos acontece apenas por meio da transmissão de conteúdos. Os conteúdos são importantes, porém insuficientes, para uma prática pedagógica que pretenda colaborar com a construção de uma sociedade mais justa, de incentivo à formação de hábitos de participação, de valores democráticos, de emissão de opiniões, se não houver a oportunidade de vivência prática dessas atitudes.

[Deve] começar assim bem de leve, dando algumas noções, os principais, os mais importantes, e daí eles [os alunos e as alunas] vão gravando com mais firmeza. (MARIANA E1, 2007).

Para a professora Joseane (E1, 2007), é possível trabalhar com os direitos humanos “se for o objetivo da professora”. Durante a entrevista, ela indica situações e temas que podem ser elencados pela professora quando ela quiser abordar algum tema relacionado aos direitos humanos, conforme será visto posteriormente. Já a professora Júlia (E1, 2007) assim se expressou: “Eu acho que isso vem mais de casa”. Uma hipótese para essa resposta pode ser a ideia que talvez permeie a concepção de que a educação em direitos estaria mais voltada para a aquisição de valores, principalmente o respeito e o cumprimento de deveres, que conforme visto em capítulo anterior, os alunos e alunas, na visão de algumas das professoras, não têm limites, os quais deveriam ser dados pelos pais; abusam dos direitos e não têm disciplina. No entanto, afirmou que a professora “fixando bem o comportamento, a educação, o jeito de tratar as pessoas”, pode ter influência sobre a construção de valores e hábitos pelos alunos e alunas.

A professora Mariana (E1, 2007), por exemplo, vê a questão dos direitos como um dos próprios empecilhos para a prática pedagógica.

Bom, os que dificultam é que eles acham que têm direito a tudo, que eles podem tudo, então isso dificulta. Eles vêm com essa noção de que tudo eles podem, então nós não podemos cobrar certas coisas, porque está escrito lá [referindo-se ao ECA] então vai acontecer isso.

A professora acredita que é importante trabalhar com direitos, mas faz a seguinte ressalva: “Deveria trabalhar colocando também os deveres. Você tem direito a isso, mas você tem que fazer isso pra poder conquistar o seu direito.”

Entretanto, para a professora Ester (E1, 2007), é importante conhecer os direitos, pois facilita o acesso a eles.

O que facilita é, você sabe, o que você tem por direito, né? Porque aí você sabendo que é o seu direito, você pode praticá-lo. Agora o que dificulta é você não ter conhecimento, então você pode tá praticando alguma coisa e aquilo não era pra ter sido feito.

A professora Joseane (E1, 2007) citou músicas e livros como auxílios para trabalhar direitos com as crianças.

Tem uma literatura infantil muito joia. Tem uma música, um CD que tem direitos universais das crianças, que tem várias músicas, inclusive uma eu trabalhei no ano passado, agora que eu lembrei que é o direito da maternidade, de ser filho. É bem interessante, mas eu nunca trabalhei assim específico para essa área, eu coloquei como uma coisa, nós conversamos, mas o meu tema central não foi os direitos. Tem um CD do Toquinho, que fala só dos direitos da criança. Então são músicas, são poesias e você pode aproveitar isso para estar puxando, se for o objetivo da aula e da professora. Tem um livrinho de literatura, que também é excelente, que [se] não me engano, cada folha fala de uma história, de um direito. E outras coisas que nem [pensativa] assim esse assunto de direitos, para mim permeia um monte de coisas, como um assunto que aconteceu no ano passado comigo, foi a questão da diferença de raça que faz parte dos direitos humanos. Houve uma grande parte dos meus alunos, nós estávamos fazendo identidade e a foto saiu escura, então grande parte dos meus alunos saiu com a aparência negra. Daí deu buchicho para uma semana. Então eu aproveitei para estar trabalhando. Daí assim, daria muito bem para eu estender esse assunto para

o mês inteiro, que não era o meu objetivo. Meu objetivo era o trabalho com a identidade, tive que fazer só um parêntese, mas dá muito bem para

Essa professora considera a abordagem de determinados temas como uma das dificuldades para desenvolver um trabalho que aborde os direitos humanos, uma vez que alguns deles mexem com aquilo que mais está arraigado em nossa sociedade, marcada pelo preconceito, pela discriminação e não aceitação da diferença, como por exemplo, a questão étnico-racial. Por isso, considera importante a professora estar aberta a essas questões presentes nas relações do cotidiano em sala de aula, pois facilita no momento de abordar