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A educação em direitos humanos sob o prisma dos documentos nacionais e internacionais

APROXIMAÇÕES PARA UMA PERSPECTIVA CRÍTICA

3.1 A educação em direitos humanos sob o prisma dos documentos nacionais e internacionais

No contexto criado após o término da Segunda Guerra Mundial, foi criada as Nações Unidas (ONU) com a incumbência de, junto com os aliados dos Estados Unidos, criarem instituições de âmbito internacional, objetivando a definição do conjunto básico de direitos que deveriam ser reforçados e protegidos. Algumas instituições deveriam garantir um ambiente seguro e previsível para as transações econômicas internacionais e à outras, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), foram atribuídas funções específicas para tratarem do desenvolvimento dos direitos humanos, da educação, da saúde, da moradia e das condições de trabalho adequadas, conforme se lê em Schwartzman (2004).

Em relação à gênese da educação em direitos humanos em nível internacional, ela nasce no contexto que se seguiu a Segunda Guerra Mundial, vinculada à proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948 pela ONU.

Segundo Comparato (2006, p. 223), a Declaração de 1948 retomou os ideais da Revolução Francesa, representando, então, a manifestação histórica de que se formara, em âmbito universal, o reconhecimento dos valores da igualdade, da liberdade e da fraternidade entre os homens e mulheres, conforme ficou registrado em seu artigo I. No entanto, o autor

faz a ressalva de que “[...] a cristalização dessas idéias em direitos efetivos, como se disse com sabedoria na disposição introdutória da Declaração, far-se-á progressivamente, no plano nacional e internacional, como fruto de um esforço sistemático de educação em direitos humanos.”

A ONU tem vários documentos que tratam do tema dos direitos humanos e da educação em direitos humanos, mas Sacavino (2009) reconhece a UNESCO, dentro do sistema da ONU, como o organismo que mais tem se empenhado na educação em/para os direitos humanos. Para a autora, a preocupação com a temática por esse organismo internacional tem sido constante, tendo desenvolvido numerosas atividades e ações e sempre considerado o tema em seus documentos e publicações.

Na análise de Ugarte (apud SACAVINO, 2009, p. 71), a concepção de educação em direitos humanos da ONU e da UNESCO caracteriza-se

[...] como o conjunto de atividades de capacitação, difusão e informação encaminhadas para criar uma cultura universal na esfera dos direitos humanos. Trata-se de fazer um esforço de educação e informação para construir uma cultura dos direitos humanos através do acesso a conhecimentos e do desenvolvimento de habilidades, atitudes e comportamentos.

A obrigação de educar para os direitos humanos, de acordo com Symonides (2003, p. 70, grifos nossos), aparece formulada no artigo 29 da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), ao afirmar que a

[...] educação deverá estar orientada para imbuir na criança o respeito aos direitos humanos, às liberdades fundamentais, e aos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, além de prepará-la para assumir uma vida

responsável numa sociedade livre dentro do espírito de compreensão, paz, tolerância, igualdade entre os sexos e amizade entre todos os povos, grupos

étnicos, nacionais e religiosos e pessoas de origem indígena.

Ainda, segundo Symonides (2003, p. 70), a 49ª sessão da Assembleia Geral, por meio da Resolução nº 49/184, nos termos formulados pelo Congresso Internacional de Montreal sobre Educação para os direitos humanos e a democracia, afirma que “[...] a educação para os direitos humanos e a democracia é, por si só, um direito humano e um pré-requisito para a realização dos direitos humanos, da democracia e justiça social [...]”.

De acordo com Morgado (2006, p. 1) a educação em direitos humanos preocupa-se em difundir e fomentar, por meio de diferentes estratégias, uma cultura de direitos humanos, uma

vez que as realidades da maior parte dos países do mundo são de constantes violações dos direitos. O discurso neoliberal dissemina entre as pessoas a ideologia do individualismo e incentiva sempre o êxito econômico como alternativa única de felicidade, aprofundando assim as desigualdades sócio-econômicas. “Em uma luta de caráter individual, o discurso ‘do outro’, as atitudes solidárias, a preocupação com o bem estar de todos (as) e a participação na sociedade civil ficam seriamente comprometidos.”

Neste contexto, a educação em direitos humanos desponta como uma importante estratégia para uma cultura de direitos humanos, tendo em vista que o Programa de Ação da Declaração de Viena (1993, ponto 79) dedica uma atenção à questão da educação e dos direitos humanos e faz uma solicitação aos Estados Nacionais:

[...] A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos solicita a todos os Estados e instituições que incluam os direitos humanos, o direito humanitário, a democracia e o Estado de Direito como matéria dos currículos de todas as instituições de ensino dos setores formal e informal.

O papel da educação como fundamento para a cultura de direitos humanos, também, foi destacado pela 44ª sessão da Conferência Internacional sobre Educação, realizada em Genebra em 1994, conforme aponta Symonides (2003). Na sequência, em conformidade com as recomendações da Conferência de Viena, “[...] a 49º sessão da Assembléia Geral, por meio da Resolução nº 49/184, proclamou a Década das Nações Unidas da Educação para os Direitos Humanos, com início em 1º de janeiro de 1995” (SYMONIDES, 2003, p. 70).

Para o cumprimento desse decênio, a ONU elaborou o Programa Mundial para a Educação em Direitos Humanos. Na primeira etapa (2004-2007), o programa focalizou os sistemas de ensino fundamental e médio.

De acordo com documentos internacionais, a cultura de direitos humanos contribui com a formação de novas gerações que tenham por princípio o reconhecimento da dignidade da pessoa humana, com direitos e responsabilidades, e na construção de pessoas de direitos, que reconheçam na outra também os mesmos direitos.

Symonides (2003, p. 17, grifos nossos) compreende a Declaração de 1948 como um marco na história da humanidade, que permitirá o alcance da justiça social e de sociedades democráticas.

O ideal de 1948 deverá estar presente em todas as situações curriculares e em todos os projetos pedagógicos. Será por intermédio de uma nova mentalidade que abreviaremos a luta em direção à universalização da cidadania. Mais ainda. Será por uma reforma do pensamento que, começa com a educação desde a mais tenra idade, que poderemos formar mentes lúdicas e democráticas capazes de operar mudanças há séculos reclamadas,

no sentido de fazermos da justiça social um objetivo que se concretize e que se distribua por igual entre os mais diferentes segmentos sociais.

Com a Constituição de 1988, os direitos humanos são reconhecidos como parte do arcabouço jurídico e institucional, tornando a educação em direitos humanos tema integrante da política de Estado. Assim, tendo como marco a própria Constituição Federal, o final da década de 1980 inaugura um período caracterizado pelo surgimento de uma série de instrumentos legais, voltados para a proteção e promoção dos direitos humanos.

O Brasil tem ampliado processos de ratificação de documentos internacionais de proteção aos direitos humanos e vêm criando internamente mecanismos de proteção aos direitos humanos, como por exemplo: Lei 7.716/89 (BRASIL, 1989) que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor; Lei 8.069/90 (BRASIL, 1990), que trata do Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei 10.741/2003 (BRASIL, 2003) que trata do Estatuto do Idoso; Lei 10.098/2004 (BRASIL, 2004), que define o Programa de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, dentre outras.

No plano político-institucional, o Brasil criou, em 1996, o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Por meio desse plano, pontuam Pinheiro e Neto (1997), o país foi o primeiro do continente americano a pôr em prática a recomendação da Declaração e Programa de Ação da Conferência sobre Direitos Humanos, de Viena (1993). O PNDH (1996), conforme consta no próprio documento tem por objetivo identificar os principais obstáculos à promoção e proteção dos direitos humanos no país, eleger prioridades e apresentar propostas concretas de caráter administrativo, legislativo e político-cultural que busquem equacionar os mais graves problemas que impossibilitam ou dificultam a sua plena realização.

No PNDH são contempladas iniciativas legais e de políticas públicas com objetivo de promover o exercício da cidadania, a proteção do direito à vida e à integridade física, o direito à liberdade, e o direito à igualdade perante a lei, entre outros. Entretanto, o Plano foi muito criticado por enfatizar mais os direitos civis e políticos.

O inciso I, artigo 27, da LDBEN, 1996, faz menção à educação em valores, ao preconizar que os conteúdos curriculares da Educação Básica devam observar as seguintes diretrizes: “[...] a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática.” (grifos nossos).

Em 1997, anunciaram-se os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCNs). A sua elaboração se deu no intuito de torná-los uma referência de

âmbito nacional para o Ensino Fundamental e para as ações políticas do Ministério da Educação (MEC). Na concepção dos PCNs (1997), encontram-se os temas transversais destinados ao trabalho pedagógico com questões que devem perpassar todas as disciplinas. São eles: ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo, e temas de caráter local. Os temas transversais, de acordo com Candau (2000, p. 84, grifos nossos), foram propostos

[...] na perspectiva da educação para a cidadania, como estratégia de introdução das demandas atuais da sociedade, incorporando na sua dinâmica questões que fazem parte do cotidiano dos/as alunos/as, com as quais se confrontam diariamente. Nessa perspectiva, os Parâmetros Curriculares Nacionais, privilegiam os princípios de ‘dignidade da pessoa humana’, que implica no respeito aos Direitos Humanos, ‘igualdade de direitos’, que supõe o princípio da equidade, ‘participação’ como princípio democrático e ‘co- responsabilidade pela vida social’, implicando parceria entre os poderes públicos e os diferentes grupos sociais na construção da vida coletiva.

Jacomeli (2004a) e Falleiros, I. (2005) argumentam sobre a fragilidade da proposta de educação, no sentido de emancipação do ser humano, contida nos PCNs e Temas Transversais. A citação, a seguir, elucida que esses documentos visam a atender os interesses de reprodução do capitalismo no país, por meio da inculcação de valores e representações da ideologia dominante, os quais buscam manter a coesão social sem questionar as diferenças de classe.

[...] A sociedade capitalista, agora sob a égide da globalização do mundo, afirma que o conhecimento especializado não serve mais como referencial para a aprendizagem. O mundo é ‘complexo’ e a complexidade dos conhecimentos deve ser abarcada pelos novos currículos escolares. [...] tal proposta representa uma tentativa de reorganização do discurso liberal, ou neoliberal, em educação. Esse discurso, em sintonia com as políticas sociais, econômicas e culturais do presente momento histórico da sociedade capitalista, propõe que o papel da escola deve ser o de formar o ‘cidadão’ para atuar numa sociedade democrática. Assim, os conteúdos ministrados nela devem passar por um processo de adaptação, de modo a expressar a vida cotidiana dos homens. É essa necessidade de reorganização da escola

que explica a inclusão dos conteúdos dos Temas Transversais no currículo escolar. Esse projeto, agora rearticulado e adotando a expressão ‘neoliberal’,

está calcado em propostas de organizações multilaterais que funcionam como financiadoras da expansão e controle da ‘qualidade’ educacional dos países latino-americanos e outros da Europa, da África e da Ásia. Entretanto, apesar da ênfase que estamos vivenciando políticas educacionais extremamente novas, ou ‘pós-modernas’ [...] são uma adequação do que já foi discutido em outros tempos35, no âmbito das ideologias educacionais liberais, por exemplo, pelos escolanovistas. Algumas questões são certamente diferenciadas, já que também a sociedade atual traz algumas

35Ao longo de sua análise, Jacomeli (2004a) mostra que os Temas Transversais propostos pelos PCNs são, na

verdade, um desdobramento dos chamados estudos sociais de primeiro e segundo graus da década de 1971, da época da ditadura militar, da disciplina Moral e Cívica, que foi proposta pela Lei 5.692/71.

características e exigências que não estavam presentes no seu passado, mas o ‘chão’ teórico ainda é dado pelo liberalismo, através de sua nomenclatura de neoliberalismo. É o caso da visão e do discurso de transformação e adequação da sociedade pela reforma da escola e pela inculcação de valores desejáveis para o presente momento histórico. (JACOMELI, 2004a, p. 18, grifos nossos).

Somente em 2002 foi lançado o Programa Nacional de Direitos Humanos II (PNDH II) pelo governo federal, que incorporou ações específicas no campo de garantia do direito à educação, à saúde, à previdência e assistência social, ao trabalho, à habitação, à alimentação, à cultura e ao lazer, assim como apresentou propostas voltadas para a educação e sensibilização de toda a sociedade, com vistas à consolidação de uma cultura de respeito aos direitos humanos (PNDH II, 2002, p.3). O Programa dedicou uma parte à educação com propostas para curto, médio e longo prazo. Dentre eles, o item 470: “[...] criar e fortalecer programas para o respeito aos direitos humanos nas escolas do ensino fundamental e médio através do sistema de temas transversais, assim como de uma disciplina sobre direitos humanos.”

No ano de 2003 foi criada a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), órgão da Presidência da República que instituiu o Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos36, com a atribuição de elaborar e monitorar o PNEDH, dar parecer e apresentar

propostas de políticas públicas, propor ações de formação, capacitação, informação, comunicação, estudos e pesquisas na área de direitos humanos e políticas de promoção da igualdade de oportunidades. A versão inicial do PNEDH37 foi lançada em 2003 e, após

submissão a um período de consulta, conforme consta no próprio documento, e debate com a sociedade civil, teve sua versão finalizada em 2006.

A partir do PNEDH, fica mais fácil visualizar como a sociedade civil, organizações governamentais e não-governamentais, organismos internacionais, universidades, escolas de educação infantil, do ensino fundamental e médio, mídia e instituições do sistema de segurança e justiça podem contribuir na construção de uma cultura voltada para o respeito aos direitos humanos fundamentais da pessoa humana. (PNEDH, 2003, p. 5).

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Portaria 66, de 12 de maio de 2003.

37O PNEDH é organizado em torno de cinco áreas de atuação: educação básica, educação superior, educação

não-formal, educação dos profissionais dos sistemas de justiça e segurança e educação e mídia. Além de apresentar concepções e princípios dessas áreas, o PNEDH apresenta também ações programáticas para cada uma delas.

O PNEDH (2006) está apoiado em documentos internacionais e nacionais e, embora tardiamente, visa atender à Década da Educação para os Direitos Humanos (1995-2004), prevista no Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos da ONU e seu Plano de Ação. O PNEDH (2006) reconhece que, apesar dos avanços de direitos no plano normativo, o contexto nacional caracteriza-se por desigualdades e exclusões econômica, social, étnico- racial, cultural e ambiental, decorrente do modelo de Estado em que muitas políticas públicas deixam em segundo plano os direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Diante disso, o PNEDH (2006, p. 11) afirma a educação para

o fortalecimento do respeito aos direitos humanos e do ser humano, pleno desenvolvimento da personalidade e senso de dignidade, prática da tolerância, do respeito à diversidade de gênero e cultura, da amizade entre todas as nações, povos indígenas e grupos étnicos e linguísticos e da possibilidade de todas as pessoas participarem efetivamente de uma sociedade livre.

Neste sentido, o PNEDH (2006, p. 17) explicita a sua concepção de educação em direitos humanos como:

[...] um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação dos sujeitos de direitos, articulando as seguintes dimensões: a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre os direitos humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local; b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade; c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente nos níveis cognitivo, social, ético e político; d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais contextualizados; e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das violações.

O PNEDH38 (2006, p. 18) considera que essa concepção de educação busca “[...]

efetivar a cidadania plena para a construção de conhecimentos, o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos, além da defesa socioambiental e da justiça social”. Para tanto, a mesma deve ser promovida em três dimensões:

a) conhecimentos e habilidades: compreender os direitos humanos e os mecanismos existentes para sua proteção, assim como incentivar o exercício de habilidades na vida cotidiana; b) valores, atitudes e comportamentos:

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Dentre os desdobramentos do PNEDH, destacam-se: a criação de Comitês Estaduais de Educação em Direitos Humanos com projetos educativos — dentre eles, o estado de São Paulo, com o Programa de Formação

Direitos humanos nas escolas, desenvolvido por um grupo de professores e professoras da Universidade de

São Paulo — e o Programa Ética e Cidadania: construindo valores na escola e na sociedade, do MEC e da SEDH, mas que não chegou a se disseminar pela maior parte das escolas.

desenvolver valores e fortalecer atitudes e comportamentos que respeitem os direitos humanos; c) ações: desencadear atividades para a promoção, defesa e reparação das violações aos direitos humanos.

Ainda, sobre a educação em direitos humanos, a lei nº 11.525/2007 trata da obrigatoriedade da inclusão de conteúdos que tratem dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei nº 8.069/ 1990, que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente, no currículo do Ensino Fundamental. Em 2009, foi realizada a atualização do PNDH, agora, em sua terceira versão. Ele adota a educação e a cultura em direitos humanos como um de seus eixos temáticos, como estratégia para a implementação do PNEDH.

Nesta perspectiva de reconhecimento da importância da educação em direitos humanos os documentos nacionais e internacionais que tratam do assunto parecem convergir com a opinião de Symonides (2003, p. 170) de que:

[...] quanto mais avançar a educação para os direitos humanos, também avançarão as possibilidades de construirmos alternativas de desenvolvimento que valorizem a vida e a justiça. Certamente a luta por um ideal comum, que começa pelo reconhecimento do direito de todas as pessoas ao patrimônio comum de conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, e que deve possibilitar a todos padrões mínimos que qualificam a existência, configura-se como uma luta incessante em que cada um, cotidianamente, deverá dar sua contribuição. Daí a importância de um processo permanente de educação que acompanhe toda a vida.

Na história nacional e mundial, sob o prisma das legislações, nunca se falou tanto em direitos humanos e de educação em direitos humanos. Contudo, a universalização do discurso não tem correspondido à efetivação dos direitos na prática. Se os anúncios dos vário marcos normativos não podem ser menosprezados, também não se pode negar a realidade contínua de violações de direitos humanos em todo o mundo. No próximo item serão abordadas algumas das limitações encontradas nos próprios documentos que tratam dos direitos humanos.

3.2 Os limites dos documentos internacionais e nacionais para a efetivação da educação