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CONHECIMENTOS DE ARTE

Consultores

Ana Carolina de S. S. D. Mendes Arão Paranaguá de Santana José Mauro Barbosa Ribeiro Leda Maria de Barros Guimarães Margarete Arroyo

Terezinha Losada

Leitores Críticos Lucia Lobato

Sergio Coelho Borges Farias José Sávio Oliveira de Araújo Sérgio Luis Ferreira de Figueiredo

INTRODUÇÃO

Integrando a legislação educacional que se seguiu à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei no 9.394/96, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)

constituem documentos que visam a esboçar as principais linhas de referência para a educação escolar na perspectiva do desenvolvimento do ensino, com a fi - nalidade de orientar a formulação das propostas curriculares das diversas regiões do Brasil, os projetos pedagógicos, as escolas e as ações dos docentes quanto à elaboração do planejamento didático propriamente dito.

Neste documento, procurou-se resguardar os avanços identifi cados nos PCN, garantindo, ao mesmo tempo, a inclusão de propostas há muito reivindi- cadas por aqueles que lidam com o ensino da Arte, em suas diversas instâncias e segmentos, todavia estabelecendo um contato mais estreito com aqueles que se situam na ponta desse processo – o professor. Guiado por esse propósito, o docu- mento foi estruturado com as partes descritas a seguir.

Revisão histórica

Apresentação das principais tendências pedagógicas, desde a visão tradicional até as vertentes contemporâneas, contemplando pressupostos teóricos e propos- tas didáticas relativos às diversas linguagens artísticas – música, teatro, dança, artes visuais e suas repercussões nas artes audiovisuais e midiáticas. Ao mesmo tempo em que se busca uma leitura crítica desse processo histórico, pretende-se, também, resgatar as contribuições desses legados históricos, oferecendo subsí- dios para o professor localizar e repensar criticamente sua prática sob múltiplos referenciais.

Arte, linguagem e aprendizagem signifi cativa

Conforme a Lei n. 5.692/71, o ensino da arte faz parte da área da linguagem. Então denominada de Comunicação e Expressão, passa a integrar, com a ado- ção dos PCN, a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Nessa parte do

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Capítulo

Linguagens, Códigos e

suas Tecnologias

CONHECIMENTOS

DE ARTE

168 ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO

documento, buscou-se discutir as implicações dessa relação, destacando-se dois grandes vetores, quais sejam: o campo abrangente das diversas manifestações da linguagem e o universo específi co da arte. Essas duas perspectivas não são ex- cludentes, pois a arte hoje estabelece vínculos muito estreitos com o cotidiano e com todas as outras formas de saber. No entanto, essas diferenças precisam ser explicitadas para caracterizar a especifi cidade da disciplina Arte, mesmo quando ela aborda temas que não sejam propriamente artísticos.

No primeiro vetor, é salientada a dimensão simbólica e estética do ser huma- no no seu sentido mais amplo. Nesse caso, o estudo sobre as diversas linguagens (visual, sonora, corporal e também verbal) permite a abordagem dos mais diver- sos aspectos da cultura ligados ao cotidiano, ao entretenimento, aos ofícios, às ciências, etc.

No segundo, é destacada a especifi cidade da experiência simbólica e estética da arte, que gera – especialmente na tradição ocidental – um tipo particular de narrativa sobre o mundo, diferente da narrativa científi ca, da fi losófi ca, da reli- giosa e dos usos cotidianos da linguagem.

Essa discussão possibilita um entendimento mais acurado das relações trans- versais e interdisciplinares que a arte estabelece com outros campos do conheci- mento e com a realidade, ao mesmo tempo em que também resgata sua identida- de como forma especifi ca de conhecimento, mediação e construção de sentido.

Experiências didáticas nas diversas linguagens

Ressaltar a importância da contextualização no processo educativo é um legado dos PCN, que remetem às formulações educacionais progressistas de natureza mais geral (Vigotsky, Paulo Freire, etc.) como referentes ao ensino da Arte em particular (Ana Mae Barbosa e outros). A partir das referências históricas e da análise das re- lações entre arte e linguagem, destacadas anteriormente, discutem-se neste terceiro momento as múltiplas possibilidades do trabalho na sala de aula.

Com base em contribuições de especialistas de cada linguagem artística, fo- ram levantados conteúdos específi cos atinentes aos diferentes códigos e canais dessas linguagens, advertindo-se que, na perspectiva do presente documento, esses códigos e canais são atributos gerais que somente fazem sentido nos usos concretos da linguagem, ou seja, em seu(s) respectivo(s) contexto(s).

Para explorar a articulação dos aspectos formais do currículo são apresenta- dos exemplos de atividades didáticas, já desenvolvidas por professores em cada uma das quatro linguagens artísticas, que são analisados diante das possibilidades metodológicas tratadas no decorrer deste texto. Não se pretende com esses exem- plos criarem modelos ou receitas, mas, ao contrário, mostrar que as alternativas

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CONHECIMENTOS DE ARTE

de abordagem são tão variadas quanto os interesses e os objetivos da proposta e do grupo em questão.

Proposições

Nesta seção, são levantadas as principais propostas e reivindicações dos professo- res de Arte, conforme formulado nas suas várias instâncias de representação pro- fi ssional, como, por exemplo, a Federação dos Arte Educadores do Brasil (Faeb), a Associação Brasileira de Educação Musical (Abem) e a Associação Brasileira de Artes Cênicas (Abrace). Nessa pauta, destaca-se a superação da polivalência, frisando-se a importância da formação em nível superior de professores espe- cialistas em cada uma das linguagens artísticas e sua atuação nas escolas de nível fundamental e médio de acordo com sua qualifi cação.

Ressalta-se, ainda, a importância da implementação de uma política de ava- liação contínua e propositiva desses documentos nas instâncias federal, estadual e municipal, visando, não só a diagnosticar a estrita implantação das propostas, mas, principalmente, identifi car as alternativas e mesmo as divergências que por ventura tenham escapado às suas formulações curriculares, revelando possibili- dades que extrapolam seus limites. É fundamental a defi nição de uma política de formação de professores de Arte em várias instâncias: graduação, pós-graduação, formação continuada, bem como o acesso a materiais, equipamentos, informáti- ca e apoio à participação em eventos da área.

Referências bibliográfi cas

Por fi m, entende-se que essas propostas e suas avaliações dependem de um pro- cesso contínuo de experimentação e pesquisa. Apresenta-se, assim, uma biblio- grafi a que indica fontes para professores e pesquisadores, relativa às formulações gerais sobre arte, educação, ensino de Arte e especifi camente sobre o trabalho metodológico com as linguagens, sem pretender exaurir esse repertório, feliz- mente em expansão graças aos crescentes resultados dos programas de pós-gra- duação nas diversas áreas do conhecimento.