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CAPÍTULO II: O TRABALHO POLICIAL MILITAR NO ESTADO

3.5 CONSELHO ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

O CONSEP foi criado em 1996, pela mesma Lei Estadual n. 5.944/96, que criou o Sistema de Segurança Pública do Pará. Esse conselho foi instituído como um Órgão Superior de Deliberação Colegiada, tendo como missão institucional decidir acerca da política e das ações de segurança pública no Estado.

Ele é composto por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SPDDH, do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECA, do Centro de Defesa do Negro no Pará – CEDENPA, uma das associações de classe que reúnem policiais e um deputado da Comissão Especial de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Estado.

Esses seis representantes são indicados pelas respectivas entidades e nomeados pelo Governador, com mandato de dois anos, renováveis por um período. Ao seu lado, os dirigentes dos órgãos que integram o Sistema (Polícia Militar/ Polícia Civil/ Corpo de Bombeiros Militar/ Departamento Estadual de Trânsito /Sistema Penal / Centro de Perícias Científicas) são conselheiros natos, perfazendo um total de doze, formando o Conselho sob a presidência do Secretário Executivo de Segurança Pública.

Para desenvolver suas atividades, o Colegiado reúne-se, ordinariamente, duas vezes por mês e dispõe de uma estrutura de apoio com secretaria, monitoria, ouvidoria e comissão de controle da segurança pública do Estado. Há uma tribuna à disposição da população, que pode apresentar diretamente ao colegiado suas queixas ou reivindicações. As propostas podem ser apresentadas, por escrito, pelos Conselheiros ou por quaisquer entidades ou indivíduos. Estas são transformadas em processos que, depois de relatados, vão à discussão e, quando aprovadas, tornam-se Resoluções que, em certos casos, são homologadas pelo Governador e têm a força de Decretos.

3.5.1 Alguns atos do CONSEP

As Zonas de Policiamento – ZPOL foram criadas a partir da resolução n. 20/98, do CONSEP, publicada no Diário Oficial do Estado do Pará, no dia 11/03/1998, tornando comum a área de atuação da Polícia Militar e da Polícia Civil, assim como a divisão do espaço físico de trabalho. Na época de sua criação, por conveniência operacional, a circunscrição da Zona foi idêntica à da Seccional Urbana da Polícia Civil.

As instalações das Zonas de Policiamento são da Polícia Militar e o comando está no mesmo nível do Diretor da Seccional Urbana. O prédio é público, pertencente ao Estado e a área necessária foi alocada para a PM. O objetivo central da ZPOL foi integrar ações policiais.

Em termos de efetivo, da Polícia Civil permaneceram os funcionários das seccionais urbanas; e da Polícia Militar os oficiais que a compõem são subordinados e diretamente ligados ao comando do Batalhão, assim como o comandante de ZPOL também pertence a um Batalhão de Polícia Militar. A diferença é que fisicamente estão sediados no comando da zona.

A proposta da ZPOL também visava amenizar as rivalidades entre a Polícia Militar e a Polícia Civil, e apostava-se que o trabalho no mesmo espaço, sentido as mesmas dificuldades e tendo que planejar as ações, fomentaria relações de proximidade, companheirismo e produziria um melhor resultado da ação policial.

Na época no lançamento da ZPOL, existia um panfleto de divulgação, da Secretária de Defesa Social, onde constava:

A palavra de ordem é integração. Estamos demonstrando que é possível trabalhar juntos com outras instituições, de forma integrada, sem perder a individualidade. A Polícia Militar continua independente e altaneia como sempre foi: apenas com visual diferente e melhor.

Em todo Brasil a PM passa por uma fase de pressão e é atacada pelo que faz e não faz. Por isso a mudança de concepção na atuação polícial é indispensável para revertermos esse quadro. No Pará estamos fazendo nossa parte. Só não vê quem não quer.

Toda novidade assusta. Vamos encarar e aprender juntos!

Em 2008 existiam 18 (dezoito) ZPOL na área metropolitana de Belém (capital do Estado), sendo gradativamente esse modelo extensivo aos municípios do interior do Estado. Em relação aos conflitos entre PM e PC, esse modelo apresentou melhoria na qualidade do relacionamento

entre essas duas instituições no estado do Pará. Vale a pena citar que em outubro de 2008, na cidade de São Paulo (Brasil), onde não há o modelo de integração, ocorreu um grande confronto entre essas policiais, fruto de uma intervenção violenta feita pela Polícia Militar aos policiais civis que estavam em greve, reivindicando melhorias salariais.

3.5.2 Direitos Humanos

Por meio da resolução n. 11 de 08 de abril de 1997, do CONSEP, tornou-se obrigatória a inclusão da disciplina Direitos Humanos nas grades curriculares das Academias de Polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros, bem como nos cursos de formação e aperfeiçoamento de praças das Corporações Militares Estaduais.

É válido ressaltar que em 1996 ocorreu o caso “Eldorado dos Carajás”, onde uma ação da

Polícia Militar do Pará, de desobstrução de via ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem- Teto (MST), resultou na morte de 19 (dezenove) integrantes do MST. Fato esse de grande repercussão nacional e internacional, e alvo de várias críticas e denúncias da ação policial, devido a constante prática de violação de direitos humanos. Após esse lamentável episódio ocorreram mudanças significativas nos processos de reintegração de posse, em especial pelas exigências demandadas pela PM, tanto de apoio material, como exemplo de equipamentos não-letais, quanto solicitação da participação efetiva do Ministério Público nos casos.

3.5.3 Ação das corregedorias policiais nos crimes de homicídio envolvendo policiais

A resolução n. 004, de 01 de março de 2000, institui a obrigatoriedade das corregedorias52 de Polícia Civil e Militar encaminhar ao CONSEP, uma cópia do Boletim de Ocorrência (BOP), que no registro conste a prática de homicídio que envolva profissional (is) de segurança pública, seja na condição de suspeito, quanto de autor(es) ou de vítima(s), independente da lavratura do termo de resistência a prisão ou de enquadramento nos caos de exclusão de ilicitudes.

52

As Corregedorias Policiais são órgãos das respectivas instituições, no caso referido, Polícia Militar e Polícia Civil, responsáveis pelas apurações disciplinares e administrativas dos seus integrantes. Sua estrutura e sua composição são do próprio órgão policial.

Essa resolução também fixa o prazo de 48 horas para a remessa, assim como encarrega a Secretaria Executiva do CONSEP de inserir o registro no seu banco de dados, e remeter a cópia do BOP à Ouvidoria53 do SSP/PA para acompanhamento.

3.5.4 Ações decorrentes da lei de tortura

Por meio da Resolução n. 023, de 20 de fevereiro de 2001, o IESP recebeu a determinação de incluir uma disciplina voltada para a interpretação da Lei de Tortura, no currículo de todos os cursos de formação, aperfeiçoamento, especialização e requalificação profissional dos agentes de segurança pública, realizados em suas Unidades Acadêmicas.

Essa mesma resolução determinou que a Ouvidoria do Sistema de Segurança Pública procedesse à lavratura do Boletim de Ocorrência Policial (informatizado) nas denúncias que apontem como autores agentes de segurança pública. E ainda, que as Corregedorias de Polícia dessem absoluta prioridade à apuração dessas denúncias.