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CAPÍTULO IV: REVELANDO OS POLICIAIS

4.2 O INGRESSO

4.2.1Contexto de vida no período do seu ingresso na PM

Tabela 4

Qual o seu contexto de vida no período

do seu ingresso na PM? OFICIAIS% PRAÇAS% TOTAL%

Desempregado 40 67 46 Empregado 30 0 23 Estudante 10 33 16 Outros 20 0 15 TOTAL 100% 100% 100% Gráfico 5 Gráfico 6 Qual o seu contexto de vida no período do seu

ingresso na PM? OFICIAIS 40% 30% 10% 20% Desempregado Empregado Estudante Outros

Qual o seu contexto de vida no período do seu ingresso na PM? PRAÇAS 67% 0% 33% 0% Desempregado Empregado Estudante Outros

Na análise da tabela e nos gráficos identifica-se que nenhum dos praças encontrava-se empregado quando ingressou na Polícia Militar, enquanto que 30% dos oficiais já possuíam emprego. Porém, mesmo com esse número, é necessário realçar que 40% dos oficiais pesquisados estavam desempregados. Convém relacionar esses dados com a questão seguinte.

4.2.2 Motivo do ingresso na PMPA

Tabela 5

Por que você ingressou na PMPA? OFICIAIS% PRAÇAS% TOTAL%

NECESSIDADE FINANCEIRA 11 8 10 VOCAÇÃO 46 25 40 ESTABILIDADE 13 42 22 INFLUÊNCIA FAMILIAR 11 0 8 OPÇÃO DE EMPREGO 15 25 18 OUTROS 4 0 2 TOTAL 100% 100% 100% Gráfico 7 Gráfico 8

Por que você ingressou na PMPA? OFICIAIS 11% 46% 13% 11% 15% 4% NECESSIDADE FINANCEIRA VOCAÇÃO ESTABILIDADE INFLUÊNCIA FAMILIAR OPÇÃO DE EMPREGO OUTROS

Por que você ingressou na PMPA? PRAÇAS 8% 25% 42% 0% 25% 0% NECESSIDADE FINANCEIRA VOCAÇÃO ESTABILIDADE INFLUÊNCIA FAMILIAR OPÇÃO DE EMPREGO OUTROS

[...] Por necessidade financeira, custeio dos estudos. (PM 01 – MAJ – 16 anos de serviço).

[...] Houve o ingresso de oficiais R-2 na PM por necessidade da instituição e também pela criação da Academia de Polícia Coronel Fontoura.

(PM 02 – CEL – 23 anos de serviço74

).

Outrora, os oficiais da Polícia Militar procediam de berço humilde. Deste modo, cumpriam seus deveres com amor e discrição, gratos ao espírito de justiça. Como patriotas, foram zeladores da coisa pública e da assistência mútua. Os velhos oficiais do passado legaram aos oficiais de hoje um rico patrimônio de bravura, de desprendimento, de heroísmo, de senso cívico e humano, pleno de austeridade. (MACHADO, 2008, p. 386).

Identifico na questão anterior que nenhum das praças pesquisados estava empregado quando ingressou na Polícia e, nessa questão, a maioria relata que ingressou na Polícia Militar por questões econômicas, visando uma renda e uma estabilidade profissional. Porém, entre os oficiais destaca-se a perspectiva vocacional para o ingresso e a influência familiar.

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A influência familiar é um item interessante por mostrar o sentido de uma carreira familiar nos policiais. E todos os pesquisados que indicaram esse item eram oficiais, mesmo que a carreira do pai fosse de praça, revelando uma busca de ascensão profissional.

[...] Precisava de um emprego que ajudasse a manter o curso de história na UFPA e tive influência do pai que era sargento PM, incentivando – me bastante.

(PM 07– Capitão – 15 anos de serviço).

[...] Por admirar a profissão tendo como espelho meu pai (oficial da PMPA). (PM 39 – Capitão – 14 anos e 4 meses de serviço).

[...] A princípio foi por influência familiar, entretanto com o passar do tempo fui adquirindo amor pela instituição. E hoje sou um convicto policial militar.

(PM 68 – Tenente-Coronel – 20 anos de serviço).

Muitos já tinham passado pelo Exército, ou pelo alistamento, ou mesmo cursado o Curso de Formação de Oficiais da Reserva do Exército (Oficial R2). É interessante informar que antes de existir as Academias de Formação de Oficiais das Polícias Militares, eram esses oficiais que eram incorporados na oficialidade da Polícia Militar. No Pará, em 1990 foi inaugurada a Academia de Polícia Militar Coronel Fontoura75, ingressando no ano de 1992 a última turma de oficiais R2, que fizeram um curso intensivo de formação de oficiais.

4.2.3 Contexto político no período do seu ingresso na PM

[...] Era um governo do PMDB, recentemente havia se consolidado o processo constituinte; na PM, ainda não se compreendia muito bem a Constituição Cidadã. (PM 01 – MAJ – 16 anos de serviço).

[...] Prevalecia e ainda continua a cultura patrimonialista, tanto do ponto de vista interno onde os gestores satisfazem suas necessidades particulares se utilizando dos bens patrimoniais que deveriam servir de instrumento para gerar benefício à sociedade, quanto externo, onde as instituição pm adotava e continua, uma política de conduta subserviente para atender ao imediatismo político partidário e ganhar visibilidade sem qualquer preocupação com planejamento a médio e longo prazo.

(PM 02 – CEL – 23 anos de serviço)

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Antes de ser criada a APM Coronel Fontoura, alguns oficiais fizeram seu curso de formação em academias existentes em outros estados, como: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. E ainda hoje prevalece a prática de intercâmbio entre os estados na formação nos níveis dos cursos obrigatórios para promoção de oficiais, o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais necessário para a promoção a Major e o Curso Superior de Polícia, necessário para a promoção de Coronel. No nível da formação, o Pará não manda mais nenhum oficial ser formado em outra academia.

Esse policial revela um aspecto fundamental de análise do Estado brasileiro, que é o

patrimonialismo, discutido por conceituados autores, ao apontar em sua „fala‟ como ele ainda

persiste mesmo em tempos democráticos, dificultando que o trabalho policial adquira uma característica de função pública, a serviço de todas as classes.

Como nos diz Faoro (2000), na peculiaridade histórica brasileira, a camada dirigente atua em nome próprio, servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal.

No Brasil, o estamento burocrático, fundado no sistema patrimonial do capitalismo politicamente orientado, adquiriu o conteúdo aristocrático, da nobreza da toga e do título. O poder tem donos que não emanam da nação, da sociedade, da plebe ignara e pobre. O Estado, pela cooptação sempre que possível, pela violência se necessário, resiste a todos os assaltos. (FAORO, 2000, p. 376).

Porém, apesar deste caráter patrimonial torna-se fundamental pensar que o Estado “[...] é a condensação material e específica de uma relação de forças entre classes e frações de classe” (POULANTZAS, 1980, p. 148), devendo ser entendido “[...] como um campo e um processo estratégicos, onde se entrecruzam núcleos e redes de poder que ao mesmo tempo se articulam e

apresentam contradições e decalagens uns em relação aos outros” (POULANTZAS, 1980, p.

157).