As medidas analisadas neste estudo buscam mostrar como, em um recorte temporal que envolve o Governo Sartori no Rio Grande do Sul, houve diferentes estratégias de privatização da educação, que se manifestaram por formatos distintos e foram intermediadas pelo próprio aparelho estatal. É importante que se destaque que tais políticas foram propostas em um cenário de busca pela venda de empresas estatais (como a companhia de gás Sulgás, a concessionária de energia elétrica CEEE e a companhia de mineração CRM) ao setor privado, de abertura das ações do Banrisul, de constantes atrasos e parcelamentos dos salários do funcionalismo, entre outras atitudes que demostram um desmantelamento do setor público. As estratégias de privatização da educação, dessa forma, fazem parte desse contexto, que favorece o que é privado, enfraquece o que é público e que se usa do diagnóstico de crise do estado para tal.
Propostas como essas, por mais que denotem amplos prejuízos à construção de uma educação pública de qualidade, em sua maioria são aceitas facilmente pela população. Por meio do que Peroni (2013) cita como a “naturalização do possível” - em que, devido à crise e aos poucos recursos as políticas acabam sendo materializadas em ações restritas e que atingem apenas uma pequena parcela da população com serviços de qualidade reduzida -, cria-se um consentimento diante daquilo que seria possível naquele momento, abandonando-se a luta por políticas sociais universais.
Como esse ideário é facilmente incorporado aos discursos e tem aceitação ampla, projetos de restrição de investimento público e de repasse de responsabilidades para a iniciativa privada acabam sendo incorporados às políticas e, consequentemente, ao cotidiano. Todavia, ainda há resistência e uma correlação de forças que consegue, não sem dificuldades, protestar e refutar esse tipo de iniciativa, como a parada de tramitação do Projeto de Lei 44/2016, em que movimentos de estudantes e de profissionais da educação barraram o avanço da proposta na Assembleia Legislativa.
Por mais que geralmente a privatização seja relacionada a um processo forçado pelo mercado, o Estado também facilita esses movimentos, propondo, aprovando e materializando políticas que favoreçam o setor privado. A Educação Básica oferecida por redes públicas tem se tornado alvo constante dessas investidas, o que se justifica pelo alto número de matrículas (mais de 80% dos estudantes estão em escolas públicas) e pelo seu potencial de formação humana e social. Contudo, diante de tais investidas tem se tornado cada vez mais importante a atuação política ativa dos profissionais da educação, dos estudantes e dos demais segmentos das comunidades escolares na construção de projetos educativos voltados à cidadania e à emancipação, criticando e produzindo resistência a iniciativas como as elencadas neste estudo, que prejudicam e enfraquecem a educação pública. Essa correlação de forças em uma sociedade capitalista, além de necessária, prefigura-se como contínua, pelo menos até que haja uma reestruturação da sociedade, com uma
mudança radical no processo de reprodução sociometabólica do capital e de todos os seus modos de vida, como proposto por Mészáros (2011).
REFERÊNCIAS
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Renata Cecilia Estormovski RELAÇÕES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO NA EDUCAÇÃO BÁSICA...
_______. Portaria nº 316/2015. Define normas e procedimentos para o integral cumprimento do Decreto nº 52.605, de 15 de outubro de 2015, que regulamenta o Programa Escola Melhor: Sociedade Melhor. Diário Oficial do Estado, de 11 de dezembro de 2015.
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Joseline Tatiana Both2
Resumo: Este artigo relata as reflexões dos bolsistas do Subprojeto de Pedagogia da Unisc acerca de suas práticas docentes através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, o Pibid. Além disso, aborda as contribuições que o programa traz para a formação e à qualificação do trabalho docente em escolas com o objetivo de fundamentar a importância do Pibid, programa que, entre outros aspectos, fortalece a relação entre a universidade e a escola básica, entre teorias e práticas. A metodologia utilizada para a construção do trabalho foi qualitativa com aporte teórico e entrevistas semiestruturadas com bolsistas do programa mencionado.
O Pibid tornou-se um dos programas que qualifica a ação e reflexão docente, além de aprofundar conhecimentos construídos na universidade aliado às experiências escolares.
Palavras-chave: Pibid. Formação docente. Pedagogia. Reflexões. Experiências.
1 INTRODUÇÃO
A Educação, como toda a sociedade, em geral, vem sofrendo grandes transformações, tanto nas questões relacionadas à metodologia de ensino, quanto nas relações em sala de aula. A escola constitui-se como um espaço de múltiplas aprendizagens e podemos perceber que mais importante do que os conteúdos são as relações e o modo como o professor planeja e executa as suas aulas.
Durante o período de formação acadêmica, além dos estágios e monitorias, ao estudante é oportunizado participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, que tem por objetivo capacitar e aprimorar os conhecimentos da academia através de parcerias com as instituições públicas. Nessas instituições, o acadêmico
1 Graduado em Pedagogia pela Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC. Especialização em Educação: A Pesquisa como Princípio Pedagógico pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense/IFSul, campus Venâncio Aires.
2 Doutora em Letras pela PUC/RS. Mestre em Letras pela PUCRS. Graduada em Letras/Espanhol pela Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC. Professora de Língua Portuguesa do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense/IFSul, campus Venâncio Aires.
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Douglas Miguel Walter, Joseline Tatiana Both AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID/PEDAGOGIA/UNISC PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
pibidiano participa de reuniões semanais coordenadores além de desenvolver as atividades planejadas nos seguintes eixos temáticos que o programa propõe:
monitoria, gestão, oficinas e projeto interdisciplinar. Também ocorrem reuniões semanais com as supervisoras do programa, na Unisc, em que são realizadas, sessões de estudo, relatos de experiências, levantamento de alternativas diante de dificuldades encontradas entre outras atividades.
Nesse sentido, o tema deste artigo de pesquisa trata das contribuições do Pibid, subprojeto de Pedagogia da Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC, para a formação docente. O objetivo geral do trabalho foi o de abordar a relação dos conhecimentos da academia com os desenvolvidos nas escolas, sendo objetivos específicos pensar e problematizar como os bolsistas relacionam os conhecimentos da universidade com as reuniões do subprojeto e qual a sua percepção sobre essa oportunidade de experiência docente ainda na graduação.
O artigo está organizado da seguinte maneira: no início, apresenta-se um apanhado geral do programa e como este é pensado e realizado nas escolas; após, descreve-se sobre o Pibid na Unisc e as suas contribuições para a formação docente, apresentando, também, relatos de bolsistas, além de conversar com autores que fundamentam Programa e as atividades realizadas na escola.